Ela reconheceu a caligrafia imediatamente.Quando era criança, tia Patrícia a ensinou a escrever letras de músicas com Geraldo, aquela caligrafia era idêntica à dela. Aurora apontou para as palavras no verso da foto e perguntou:— Quem escreveu isso? Heitor virou a foto e viu uma linha em letras pequenas.[Amigos não apenas no bom senso, mas confidentes, compartilhando intimidades, felicidades e dificuldades] A caligrafia era elegante e forte. Pela escrita, se evidenciava a elegância e pureza da pessoa que a escreveu. No entanto, essa pessoa não era mais a mesma de antes. Uma sombra passou pelos olhos de Heitor. Ele falou em voz baixa: — Foi a Solange. Ao ouvir isso, Aurora olhou pensativa para ele: — Você tem certeza de que foi ela quem escreveu? — Tenho certeza, eu a vi escrevendo. Ela quis dizer com essa frase que nós quatro deveríamos sempre nos apoiar e ajudar uns aos outros. Há algo de errado? Aurora examinou a caligrafia na foto e disse: — Por que a calig
Aurora percebeu a mágoa e a resignação nas palavras dele, acompanhadas por um traço de solidão em seu olhar. Com um toque de compaixão, ela se ergueu na ponta dos pés e depositou um beijo suave em seus lábios sensuais.Sua voz era suave:— Como podemos ver um arco-íris sem passar pela tempestade? Se não fossem por aquelas dificuldades do passado, como saberíamos o quanto nos amamos? E como você saberia que sou a única para você? Heitor, as coisas que passaram, sejam boas ou ruins, são os degraus no caminho do nosso amor. Com eles, nosso amor se tornou insubstituível, não é verdade?Suas mãos delicadas acariciavam o queixo de Heitor, enquanto seus olhos brilhavam com uma luz indissimulável.Naquele momento, ela estava certa de que, mesmo enfrentando mais dificuldades no futuro, nada os separaria.Ela jamais deixaria o homem à sua frente, estariam sempre juntos, nunca iriam se separar.Os olhos profundos e escuros de Heitor refletiam o rosto sorridente e belo de Aurora.Seu sorriso, sua
Relembrando esses momentos, Heitor sentia uma onda de calor se agitar em seu peito. Ele e Aurora estavam destinados um ao outro desde a infância e, apesar de um período de separação, o destino os havia reunido novamente. Ele cumpriu a promessa de se tornar seu marido. Juntos, tiveram um filho. O beijo de Heitor se intensificava à medida que as portas de suas memórias se abriam. Até que a voz de Kauan, do lado de fora, os interrompeu e ele, lentamente, soltou Aurora. Com as pontas dos dedos, acariciou delicadamente o canto avermelhado dos olhos dela, falando com uma voz rouca:— À noite, em casa, vou te amar como se deve.Essas palavras aqueceram ainda mais as bochechas já rubras de Aurora. Nesse momento, Kauan entrou pela porta. Vendo Aurora naquele estado, não pôde deixar de lançar um olhar severo para Heitor.— Ela está grávida, você não poderia se controlar um pouco?Heitor, passando o braço pelo ombro de Aurora, começou a caminhar para fora, dizendo:— Um pouco de intimidad
Sempre gentil e apropriada, essa era a primeira vez que ela demonstrava tanta obstinação.Seu único pensamento era condenar Solange, para que Heitor e Aurora não enfrentassem mais perigos.A cada vez que eles sofriam, seu coração doía junto.Essa dor agoniante era semelhante à preocupação que sentia por Geraldo.Dario, ao ver sua determinação, sombreou seu olhar por um instante.Depois, se virou para Geraldo:— Sou contra essa ideia, pela segurança de sua mãe, eu jamais concordaria com ela se arriscando. Geraldo, o que você acha?Geraldo olhou para Dario com uma expressão complexa.— As preocupações do tio são válidas, mas a decisão de minha mãe já está tomada e temo que ninguém possa impedi-la. Ir à Mansão dos Duarte pode trazer à tona as memórias da minha mãe, mas isso é apenas especulação nossa. Me permita levá-la primeiro para ver, depois decidimos.— Não, ir às pressas para a Mansão dos Duarte é como se estivessem planejando um reconhecimento. E se sua mãe tiver sido abandonada po
Patrícia correu habilmente até o armário ao fundo da sala de estar e retirou o kit médico.Rapidamente, encontrou a pomada para queimaduras, abriu a tampa, aplicou a pomada em um cotonete e passou cuidadosamente na área queimada de Isaac.Embora todos na casa estivessem chocados, ninguém falou, apenas observaram em silêncio cada movimento dela.Após tratar o ferimento, as sobrancelhas franzidas de Patrícia finalmente relaxaram.Ela levantou os olhos e olhou gentilmente para Isaac.— Não é grave, vai melhorar em alguns dias.O criado ao lado estava tão assustado que quase chorava.Com a cabeça baixa, sua voz tremia:— Sr. Isaac, me desculpe, é minha culpa, aceito qualquer punição.Patrícia se levantou, seu olhar era suave ao se dirigir ao criado, e sua voz, serena, sem vestígios de raiva.— Não se preocupe, Natacha, você está na Mansão dos Duarte há tantos anos, quem não comete erros? Limpe isso e pode ir.A forma como ela falava e se comportava era como se fosse a dona da casa, deixand
Geraldo imediatamente olhou para a mão de Manuella, notando um curativo em seu dedo. Ele sorriu levemente e disse:— Sra. Manuella, vejo que se esforçou. Comerei um pouco mais.Manuella, percebendo que ele estava mais amigável do que antes, assentiu satisfeita:— Se você gostou, coma mais um pouco. Na próxima vez que vier, a vovó fará mais para você.Aurora rapidamente pegou um prato e o entregou a Geraldo, dizendo com um sorriso:— Vamos sentar ali para comer.Quando estavam prestes a sair, ouviram a voz de Heitor atrás deles:— Aurora, você só pode comer um pedaço, não mais que isso. Seu exame de glicose estava quase no limite há alguns dias, precisa controlar isso, entendeu? — Ele se aproximou e massageou a cintura de Aurora com um olhar compassivo. — Você veio correndo para cá desde cedo e já está exausta, vá descansar um pouco.Aurora, obediente, assentiu:— Então, posso comer umas batatas fritas?— Não pode.— Posso comer só cinco então? Você não ouviu o médico dizer que manter
Aurora estava entediada há muito tempo. Ao ouvir que iriam sair, como poderia dormir? Seus olhos permaneceram bem abertos durante todo o trajeto, curiosa, observando a paisagem noturna da cidade. O carro saiu da cidade e seguiu para o subúrbio, pelas sinuosas estradas de montanha, até que Aurora adormeceu, embalada pelo movimento.Não sabendo quanto tempo havia passado, ela foi acordada por Heitor.— Au, chegamos.Aurora abriu os olhos sonolentos e se deparou com escuridão à sua frente. Além dessa escuridão, incontáveis estrelas brilhavam. O céu estava escuro e a noite, silenciosa. Sem o barulho da cidade, apenas o som suave e esporádico dos insetos era audível. Foi então que Aurora percebeu que estavam no topo de uma montanha.Acima deles, o céu noturno se estendia sem limites. Ela olhou para Heitor, eufórica:— Heitor, onde estamos?Heitor segurou sua mão enquanto desciam do carro e apontou para uma plataforma de observação à frente:— Este é o melhor lugar em toda a Cidade B pa
Heitor retirou delicadamente uma caixinha de anel do bolso e a abriu.Ele pegou um anel feminino de dentro e o colocou no dedo médio de Aurora, com uma voz rouca e sombria, ele disse:— Este é o anel com o qual você desejava que eu te pedisse em casamento. Apenas quando o encontrei, percebi que você era a Número 11. Sou muito grato à pessoa que tentou se passar por você. Se não fosse por ela, talvez nunca soubesse que minha esposa já me amava há sete anos.Após dizer isso, ele baixou a cabeça e depositou um beijo nos lábios de Aurora:— Me deixe amar você de agora em diante, compensando os últimos sete anos, pode ser?Aurora respirou fundo e perguntou:— Por que você me trouxe aqui?Heitor acariciou suas sobrancelhas levemente, dizendo:— Você me disse naquela época, quando meus olhos estivessem curados, você me traria para ver as estrelas. Au, meus olhos estão curados há sete anos, mas você nunca me trouxe aqui, nem me disse que você era a Número 11, o que me fez ter tanto trabalho pa