Capítulo 2
Ao ouvir essas palavras, a expressão de Heitor imediatamente se fechou. Seus olhos negros e profundos se fixaram em Aurora.

- Eu já te disse que não me casarei. Se não pudia lidar com isso, não deveria ter aceitado desde o início.

Os olhos de Aurora estavam marejados, as pontas tingidas de vermelho.

- Porque no início éramos dois, e agora somos três.

- Ela não tem como te ameaçar.

Aurora riu de si mesma, carregada de sarcasmo.

- Ela só precisa fazer uma ligação para você me deixar para trás, sem se importar se eu viva ou morra. Heitor, me diga, o que se qualifica como uma ameaça?

A raiva era palpável no olhar de Heitor.

- Aurora, uma dor de menstruação é motivo para tanto drama?

- E se eu estivesse grávida?

- Não tente usar uma criança como argumento. Sempre tomei precauções!

A voz de Heitor era gélida, sem vestígios de hesitação.

Se a criança ainda estivesse aqui, ele provavelmente tentaria se desvencilhar dela também.

O último vislumbre de esperança no coração de Aurora foi completamente aniquilado.

Ela apertou as mãos em punhos, as unhas cravando na carne sem que sentisse dor.

Ergueu o queixo, ostentando um sorriso amargo.

- Você disse uma vez que ficaríamos juntos apenas pelo amor, sem mencionar casamento. Se um dia um de nós se cansasse, nos separaríamos amigavelmente. Heitor, estou cansada, vamos terminar!

Ela falou clara e diretamente, sem rodeios. Mas ninguém sabia que, naquele momento, seu coração sangrava.

As veias nas costas da mão de Heitor estavam salientes, seu olhar fixo e incisivo em Aurora.

- Você sabe as consequências de dizer essas palavras!

- Eu sei que você odeia ouvir isso de mim, mas Heitor, estou cansada, não quero um amor dividido.

Anteriormente, ela era ingênua, sempre acreditou que, contanto que houvesse amor, se casar ou não, era irrelevante.

Mas estava enganada, pois o coração de Heitor nunca esteve verdadeiramente com ela.

Heitor segurou o queixo de Aurora com firmeza.

- Pensou que conseguiria me forçar a casar usando esse argumento? Aurora, eu te subestimei, ou você é muito presunçosa.

Aurora o encarou com extrema decepção.

- Pense o que quiser, mas estou me mudando daqui hoje mesmo. - Dito isso, ela se levantou da cama, pronta para partir, mas Heitor a puxou de volta para seus braços.

Lábios úmidos e quentes selaram os dela com precisão. Sua voz baixa e magnética era carregada de um toque de frieza e desprezo.

- Depois de me deixar, não teme que a família Alves volte à sua situação anterior? Foi isso que você trocou por três anos da sua juventude.

Aurora sentiu como se seu cérebro explodisse, incrédula, seus olhos se arregalaram.

- Se explique, o que significam três anos da minha juventude?

Os dedos frios de Heitor brincavam descuidadamente com a marca de mordida em seus lábios, um sorriso zombeteiro surgia em seu rosto.

- Armar uma situação para que eu te salvasse, mesmo sem casamento, disposta a me seguir, não foi para ajudar seu pai a salvar a família Alves? Você tem outra razão que me convença?

Três anos atrás, de fato, a família Alves enfrentou uma crise econômica sem precedentes.

Depois que Heitor começou a se relacionar com ela, de fato proporcionou muitos negócios para a família Alves, ajudando-os a sair da crise.

Na época, ela pensou que era porque Heitor gostava dela, por isso estava disposto a ajudar. Aurora perguntou com os lábios tremendo:

- Então, todos os seus gestos de carinho por mim nos últimos três anos foram apenas uma farsa, sem nenhum sentimento real?

Heitor ficou tão irritado com essa afirmação de Aurora que as veias em sua testa pulsaram.

Com os dentes cerrados, disse:

- Um jogo que é apenas sexual, sem sentimentos, você acha que eu levaria a sério?

Uma frase curta, mas que feriu profundamente Aurora.

Três anos de amor e dedicação, tratados por Heitor como uma transação descarada de sexo por interesse.

Só ela foi tola o suficiente para pensar que ele a amava.

Pensando assim, Aurora sentiu cada pedaço de sua pele doer como se estivesse sendo rasgada por cães de caça.

A tristeza em seus olhos gradualmente se tornou fria.

- Três anos de juventude devem ser suficientes para retribuir a bondade do presidente Heitor. Agora estamos quites, a partir de agora, que cada um siga seu caminho em paz!

Heitor olhava para o rosto teimoso de Aurora, a raiva em seus olhos se tornando mais intensa.

- Aurora, te dou uma noite para pensar bem antes de falar comigo novamente!

O homem, com uma aura fria e severa, se virou e saiu, deixando Aurora sozinha, encolhida na cama.

Lágrimas reprimidas deslizaram inconscientemente pelas bochechas.

Seus sete anos de afeição, três anos de cuidado meticuloso, na visão de Heitor, eram apenas uma transação vergonhosa.

Na relação entre duas pessoas, quem se apaixonava primeiro perdia.

E mais ainda, ela se apaixonou por Heitor quatro anos antes dele.

Ela perdeu miseravelmente, de forma lamentável.

Após sua tristeza, Aurora rapidamente arrumou suas malas e saiu sem olhar para trás.

...

Por outro lado, um Rolls-Royce preto cortava as ruas silenciosas como um raio.

A mente de Heitor estava preenchida com a imagem decidida de Aurora dizendo "vamos terminar".

Só porque ele não comemorou seu aniversário, só porque ela estava com ciúmes.

Ela queria terminar com ele por isso.

Parecia que ele realmente precisava lidar com esse pequeno temperamento.

Heitor, irritado, arrancou a gravata e a jogou para o lado. O toque do celular soou várias vezes antes de ele atender.

- O que foi?

Do outro lado veio uma voz relaxada e irreverente.

- O que você está fazendo, demorou tanto para atender.

- Dirigindo!

Caio riu com malícia:

- Dirigindo qual carro? O da secretária Aurora? Eu te interrompi?

- Você está muito ocioso?

- Não, só estava perguntando, vai ou não para o Bar Noite Sombria? Kauan vai pagar.

Dez minutos depois, no Bar Noite Sombria, Caio passou um copo de bebida para Heitor, o olhando com um sorriso malicioso.

- Sua cara está quase batendo no chão, o que aconteceu, terminou com Aurora?

Heitor olhou friamente para ele:

- Briguinhas de amantes servem para aumentar a intimidade, nunca viu?

- Isso é paixão que nasce na cama, né? Se apaixonou por ela?

Caio enfatizou uma palavra intencionalmente, com um sorriso desavergonhado no rosto. Heitor não teve piedade e o chutou:

- Vai se ferrar!

- Ok, eu vou, mas não diga que não avisei, se você gosta da Aurora, é melhor estabelecer limites claros com a Sarah, não corra para lá cada vez que ela ligar. Se perder sua esposa, não venha chorar para mim.

Heitor franzia a testa:

- Eu disse que ela não pode ameaçá-la, mas ela não acredita.

- Provavelmente nenhuma mulher acreditaria, Sarah é sua amiga de infância, vocês dois tinham até um acordo de casamento desde pequenos. Já viu alguma mulher tolerar seu homem correndo para outra?

Heitor tirou um cigarro do maço, o acendeu e começou a fumar profundamente.

Seus olhos escuros ficavam cada vez mais sombrios.

- Eu e ela...

Antes que pudesse terminar, a porta do quarto se abriu. Kauan Cruz entrou com Sarah ao seu lado.

- Desculpe, Sarah não estava se sentindo muito bem hoje, trouxe ela comigo, vocês não se importam, né?

Caio lançou um olhar para Heitor, cujo rosto estava sombrio, e deu um sorriso sem graça.

- Claro que não, sua irmã é minha irmã. Sarah, venha sentar aqui.

O sorriso no rosto de Sarah era doce e inocente, sem mostrar seus pensamentos.

- Você está sentado bem em frente ao ar-condicionado, está muito frio, vou sentar aqui. - Dizendo isso, ela se sentou ao lado de Heitor.

Ela tirou uma caixinha delicada da bolsa e a colocou na frente de Heitor.

- Heti, da última vez você faltou ao aniversário da sua namorada porque estava me salvando, ela não ficou brava com você, né?

Heitor respondeu secamente:

- Não.

- Que bom. Isto é um batom que comprei para ela, como um pedido de desculpas. Se ela tiver algum mal-entendido, posso explicar pessoalmente.

Heitor nem olhou e recusou.

- Não é necessário.

Ao ouvir isso, os olhos de Sarah se encheram de lágrimas imediatamente.

- Heti, você está bravo comigo por eu sempre te incomodar? Mas eu realmente não quero, é só que às vezes, quando tenho uma crise, não consigo evitar querer te ligar. - Disse isso, e grandes lágrimas começaram a rolar pelo seu rosto.

Heitor lançou a ela um olhar e, franzindo a testa, ele colocou o batom no bolso e disse em voz baixa:

- Vou aceitar por ela.

O humor de Sarah mudou rapidamente, e ela sorriu ao servir um copo de vinho para Heitor.

- Heti, experimente este vinho. Meu irmão o arrematou num leilão no exterior, é de 82.

Quando passou o copo para Heitor, seus dedos tocaram sem querer seu pulso.

Heitor se afastou imediatamente, esmagando o cigarro no cinzeiro. Falando de maneira indiferente:

- Deixe aí.

Sarah viu a rejeição dele, e um frio passou por seus olhos. Mas rapidamente voltou a ser dócil e compreensiva.

Kauan, segurando um copo, brindou com Heitor, dizendo:

- Ainda não conheci sua namorada. Traga ela aqui um dia.

Caio, com um sorriso malicioso, disse:

- Provavelmente não vai dar agora, eles estão brigados.

Kauan olhou para o rosto sombrio de Heitor e disse, sorrindo:

- Brigar é brigar, acalmar é bom. Mas não seja como o marido daquela mulher que salvei outro dia. Ela estava tendo um sangramento grave por causa de um aborto espontâneo, quase morrendo, e ele nem atendia o telefone, dizem que estava com outra mulher.
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