20 anos atrás
Estou sobre a grama chorando enquanto os garotos mais velhos riem de mim e rasgam meu lindo gorro que mamãe me deu. Não consigo reagir as implicações dos meus mal feitores que continuam a zombar de mim e me chutarem, sou muito fraca e covarde e por isso continuo chorando.
_ Ei vocês!- alguém grita de longe- Deixem ela em paz idiotas!Os garotos param de me bater e prestam atenção em um garoto que está gritando._ O que está procurando aqui O'Connel? De o fora antes que eu lhe dê uma surra- o líder do grupinho fala para o garoto que tira a mochila que tinha nas costas e pega um taco de beisebol de dentro dela._ Eu disse pra deixa-la em paz, Roger- o garoto diz e joga a mochila no chão- Pena que não me ouviu.O garoto levanta seu taco e vai em direção aos outros que correm desesperados gritando._Você vai ver só O'Connel, eu vou te pegar! Vamos embora!- Roger corre junto com seu grupinho.Eu ainda estou na mesma posição quando o garoto vem até mim e estende sua mão, eu a pego e ele me ajuda a levantar. Passo as mãos pelo meu casaco tirando a sujeira e a grama que se prendeu a mim._Eles rasgaram seu gorro, sinto muito- ele me estende os farrapos que eram o meu querido gorrinho- mas acho que não vão te incomodar mais ou vou atrás deles de novo, aliás me chamo Hugo O'Connel, é um prazer te conhecer...- ele me olha esperando que eu diga meu nome._Alyssa Campebel- eu pego o gorro de sua mão- Obrigada por me salvar de Roger._ Sem problemas Alyssa- ele sorri para mim- minha mãe diz que não se deve implicar com ninguém, principalmente com uma garota bonita.Minhas bochechas começam a esquentar com o elogiou repentino e eu sorriu de volta para Hugo._ Vamos, eu vou levar você até a sua casa- ele vai até sua mochila guardando o taco e a colocando nas costa em seguida- só para garantir que vai ficar segura._Obri...gada Hugo- eu abaixo os olhos- mas eu não quero atrapalhar você._ Não vai me atrapalhar em nada, e minha mãe disse que isso é ser cavalheiro, eu vou ser um grande cavaleiro um dia- ele pega na minha mão- Vamos Alyssa!E nós corremos em direção a cidade.Atualmente
_Alyssa você não pode negar uma oportunidade dessas!- Minha empresária diz olhando séria pra mim- deixe logo de lado essa sua birra com o Sr.Ramirez e aceite o trabalho.
_ Eu não vou ser modelo daquele ser repugnante e machista, Carmen- olho ainda mais séria que ela- e eu não considero assédio uma birra, jamais vou me associar com ele e sua marca.
_Alyssa, por favor, nós estamos falando de uma campanha de 200 mil dólares- Carmen segura meus ombros- pense direito, são 200 mil!
Olho sorrindo para ela que tem um fiapo de esperança no olhar, pegos suas mãos e tirando elas de meus ombros digo:
_ Nem se ele me oferecesse o dobro eu não aceitaria- o fiapo de esperança morre- eu não faço isso só pelo dinheiro, eu amo meu trabalho Carmen, e tenho princípios. Aceitar esse trabalho vai contra eles.Ela suspira derrotada e sai para atender o telefone que começou a tocar. Sozinha na minha sala penso na minha carreira e em tudo que já passei, tantas humilhações e "portas na cara" que não consigo nem contar, eu batalhei muito para chegar onde estou hoje e jamais desperdiçaria meu esforço trabalhando para aquele crápula.
Para a mídia o Sr.Ramirez é um grande, generoso e gentil empresário, dono de uma elegante marca de lingeries, mas na verdade ele não passa de um assediador nojento. Eu descobri isso na primeira e última vez que fotografei para sua marca, ele invadiu meu camarim durante o intervalo e tentou me agarrar, mas para o azar dele fiz aulas de defesa pessoal, o nocauteie e fui embora, depois liguei para meu advogado e o processei. Desde então não aceito nenhum trabalho que ele esteja relacionado e estranhamente sua marca sempre me manda propostas com valores cada vez maiores, e essa perseguição já está me aborrecendo.
Algumas horas depois, ouço batidas na porta e vejo Joana, minha governanta, indo atender, logo em seguida passos e um falatório vem do corredor e chegam até minha sala. O crápula adentra enfurecido o recinto sendo seguido por Joana.
_ Você não vai recusar essa oferta!- ele diz com sua voz horrorosa de velho fumante prestes a ter um câncer- Não tem essa opção!_ HAHAHAHAHA!- rio com escárnio- Quem é você para decidir o que eu faço? Eu nunca aceitarei trabalhar com você, seu velho nojento! Agora saia da minha casa ou eu vou chamar a polícia!O velho asqueroso não se abala com minhas palavras, pelo contrário, ele assume uma expressão de que tinha exatamente o que queria.
_ Essa é uma ótima ideia- ele senta em uma de minhas poltronas- eu gostaria de ver você explicar para eles como você matou e sumiu com o corpo de Loren Aguileira.
_ O QUE?! EU NUNCA FIZ ISSO!- digo surpresa e sem acreditar
_ Minha querida Alyssa- Ele acende um cigarro fedorento e tira um envelope de dentro do paletó brega dele- não é isso que esses papéis dizem.
Ele me estende o envelope e eu o pego e vejo seu conteúdo. São várias fotos minhas com uma adolescente, e depoimentos de pessoas que eu nunca vi na vida e muitos outros papéis que eu não entendo._ Eu não conheço essa garota, nunca a vi antes- jogo os papéis sobre a mesa de centro- Claramente são falsos, você é tão patético e asqueroso que nem ameaçar alguém você consegue, de o fora da minha casa antes que eu te acuse de invasão de domicílio.
Ramirez pega seu cigarro e o apaga no braço da poltrona fazendo um buraco no couro. Ele junta suas mãos sobre o colo e com seu sorriso presunçoso ele tira outro papel do paletó e uma caneta.
_ Minha acusação pode ser falsa, mas essas provas não são querida- ele coloca a folha sobre a mesinha- e mesmo que você prove que é inocente, sua imagem ficará destruída, nenhuma marca ou agência vai querer contratar uma modelo acusada de assassinato, você vai cair, a menos que assine isso e trabalhe para mim exclusivamente e sem exigências- ele se levanta arrumando as abotoaduras feias igual o resto de sua roupa- Não precisa me responder agora, te darei duas semanas para decidir e pode ficar com essas cópias, elas podem te ajudar na sua decisão.O monstro Ramirez vai embora e eu desabo no sofá, sinto meu peito doer e minha respiração pesada, Joana que estava apenas vendo tudo abismada corre em meu socorro.
Estou perdida! Como posso sair dessa?Como escolher entre trair meu caráter ou perder minha carreira e minha liberdade?Como esse velho nojento pode ser tão baixo e por quê? Por que essa obsessão por mim?Essas dúvidas invadem minha mente como balas e respirar fica cada vez mas difícil, sinto a dor aumentar mais e mais dilacerando meu ser, não a suporto e caiu na inconsciência.Escuto ruídos que pouco a pouco vão se tornando claros, reconheço a voz de Carmen e Joana, elas parecem estar discutindo.
_Ela não pode fazer uma coisa dessas- Diz a voz que parece ser Joana- A menina Alyssa jamais se perdoaria em aceitar esse acordo horrível!
_ Mas a carreira dela irá pelo ralo!- dessa vez parecer Carmen quem fala- Todo os esforços de anos serão jogados ao vento! Aquele crápula nojento! Como sairemos dessa?
Lentamente abro os olhos e uma luz forte me faz piscar algumas vezes, minha visão vai ficando nítida e percebo que estou em um hospital. Carmen é a primeira a perceber que acordei.
_ Oh Alyssa, que bom que acordou!- ela segura minha mão- Fiquei tão preocupada quando Joana me ligou, como está se sentindo?
Eu me sento na maca com o auxílio de Carmen, passo as mãos no rosto me lembrando de tudo o que ocorreu até eu desmaiar e procuro por uma saída dessa situação.
_ O que eu faço?- sussurro para mim- Como eu saio dessa?- Olho para Carmen e Joana- O que eu devo fazer? Como... como eu...- minha voz embarga e as lágrimas começam a cair- Como eu posso escolher entre as coisas que mais me orgulho?
Elas vêem até mim e me abraçam enquanto eu choro copiosamente. Estava tudo tão bem, finalmente estava bem, minha vida, minha carreira e de repente tudo caiu por terra e estou novamente no fundo do poço e dessa vez sem esperanças de subir.
Minha bolha de sofrimento explode quando um celular tocando é estendido para mim, olho confusa para ele e vejo o nome que me era muito distante brilhando._ Atenta querida- Joana que até então só estava observando se aproxima e segura meu ombro- Deve ter um motivo muito importante para ela te ligar, talvez seja até a resposta que estava procurando.
Relutante pego o telefone e aceito a chamada, alguns segundos se passam, eu respiro fundo e tomo coragem para encarar o que eu havia adiado por anos.
_ Alô- respiro mais uma vez- Tudo bem, Mãe?
18 anos atrás _ Espere por mim Hugo! Corro o mais rápido que consigo mas o sol escaldante do verão me cansa mais rápido do que eu esperava._ Ande logo Alyssa ou só chegaremos lá a noite- Ele para e olha seu novo relógio de avião - nós temos que voltar antes das 18 horas ou minha mãe nunca mais nos deixará vir aqui!_ Eu sei, eu sei!- dou um suspiro longo- podíamos ao menos parar um pouco? Acho que vou desmaiar se continuar assim..._ Tudo bem, mas você vai ter que correr mais rápido- Hugo me olha emburrado- Aqui, bebe um pouco de água._ Obrigada resmungão!- pego a garrafa que ele me estende e sorrio.Atualmente_Alô, tudo bem mãe?_ Claro que não Alyssa! O que 
16 anos atrás O vento frio que acompanha a noite é um aviso que o inverno está próximo. Me encolho ainda mais no meu cobertor de flores e contínuo meu caminho até o banco em frente a minha casa. Hugo está sentado lá, um casaco grosso, um gorro e o cachecol verde escondem parte de seu rosto, mas mesmo assim eu vejo que ele estava chorando. Um pouco antes ele havia ligado para minha casa de um telefone público, não passava das 19 horas, mas o céu nublado passava a impressão de era madrugada. Acho que o tempo estava em sincronia com os sentimentos de Hugo. Me sentei ao seu lado e ficamos em silêncio por um tempo, ouvi algumas vezes ele soluçar baixinho e secar os olhos. O vento ficando ainda mais frio e as lágrimas de Hugo mais pesadas, ele tremia mas eu não sabia se era de dor ou frio. Abracei Hugo que afundo seu rosto em meu ombro ainda chorando, o cobertor de flores aquecendo sua tristeza e a nós dois. _ Está ficando muito frio aqui fo
13 anos atrás _ Vamos ver, entre cookes e cupcake, o que você prefere- eu pergunto a Hugo que pensa enquanto come uma pipoca- anda não é tão difícil! _ Claro que é! – ele diz com a boca cheia- se forem os da Tia Rose é impossível decidir entre eles! _ Está bem, não são os da minha mãe, são os da padaria, então, cookies ou cupcake?- pego mais pipoca _ Cookies, sem dúvida- ele come mais um pouco – mas por favor, não coloque a comida da Tia Rose no jogo, eu teria um treco se tivesse que decidir o que é mais gostoso.- nós rimos. Hugo e eu estamos acampando no meu quintal. Sei que parece bobo, mas só assim para que minha mãe concordasse ,”Você não vai passar a noite no meio do mato Alyssa!” foi o que ela me disse, mas Hugo teve a brilhante ideia de ficarmos no quintal, não seria no “meio do mato" mas também não seria dentro de casa. Agora estamos deitados em um pano sobre a grama, comendo e rindo como dois bobões.
6 anos atrásEstou tão animada que literalmente dou pulinhos no meu caminho para casa, a felicidade não cabe dentro de mim, começo a correr para chegar mais rápido em casa, ansiosa para revelar a novidade para mamãe e Hugo. Encontrei ele sentado e distraído no nosso banco em frente a minha casa. Continuo correndo e me sento ao lado dele. _ Wou!- ele coloca o que tinha na mão dentro do bolso- Que felicidade é essa? A Jaque se deu mal hoje?- Jaque era uma garota insuportável da minha turma da faculdade que vivia me perguntando coisas sobre Hugo. _ Bem que eu queria mas não- faço uma cara de nojo por falar nela- Uma coisa muito mais importante aconteceu, na verdade é uma notícia maravilhosa.- digo balançando as mãos em completa animação. _ Então tá- Hugo segura minhas mãos que se agitavam para todos os lados- Vamos entrar primeiro, eu estou sentindo o cheiro do almoço da tia Rose e parece delicioso.- ele me solta e se l
6 anos atrás _ Você acha que eles vão ficar juntos?- pergunto para Hugo que pega mais um pouco de pipoca _ Claro que vão, eles sempre ficam- ele revira os olhos- É um típico clichê que pode ter a possibilidade de um quebra-clichê.- olho para ele confusa _O que é um quebra-clichê? – ele me olha com uma cara de “É sério isso?” _ Me decepciona você não saber- ele respira fundo como se estivesse sem paciência- Um quebra-clichê é quando tem um clichê, como esse, e o autor leva a história para um rumo diferente do que o clichê previa, como esses personagens, você tem certeza que eles irão ficar juntos no final, mas o autor decide matar um deles, um quebra-clichê.- olho fascinada para ele que cora de vergonha- Mas essa tática é bem popular entre os escritores, o que torna ela um clichê também. _ Você sabe bastante sobre clichês para alguém que se sente obrigado a ver um comigo- sorrio faceira – onde aprendeu tudo isso?- ele me olha
2 dias atrás, Los Angeles-CARMEN!- Ramirez invade meu novo apartamento como um búfalo enfurecido- onde ela está? _ Eu não sei, não nasci grudada nela, Ai!- meu rosto ainda está inchado pelo soco da vadia- e como que você vai invadindo a casa dos outros assim? _ Olha aqui sua vagabunda- ele aponta o dedo na minha cara- é melhor você cumprir sua parte no acordo, ou eu vou espalhar todos os seus segredinhos pela cidade, aposto que aquele agiota vai ficar feliz em saber que você tirou a sorte grande- seu olhar nojento brilhando em maldade _ Não precisa me ameaçar, seu velho babão- tiro o saco de ervilhas da minha cara- ela não tem outra opção além de aceitar seu acordo, eu tirei tudo dela- sorrio vitoriosa- tenha paciência, quando você menos perceber ela vai estar na sua mão. _ Pelo seu bem, é bom que tenha razão- ele senta no sofá e acende um cigarro fedorento- Agora que tem o dinheiro, a casa e o homem da sua rival o qu
4 dias atrás, Los Angeles_ Sr. Ramirez, o serviço foi feito perfeitamente- eu bebo um pouco do meu whisky- o pacote foi entregue e as provas estão aqui- ele me entrega um envelope- o plano está correndo como o planejado _ E ela? Suspeita de algo?- levanto uma sobrancelha _ Não senhor, Alyssa não faz ideia do nosso plano, ela está no seu apartamento agora mesmo- ele me entrega um tablet com imagens da câmera de segurança do prédio dela- Ela chego por volta das 5 da tarde e não saiu mais. _ Muito bem, comuniquem Carmen, daremos início a fase 3- devolvo seu tablet- também entre em contato com Malrone, preciso de novas atrações e repor o desfalque na Rubylady. O segurança confirma e sai em seguida, me deito na cadeira imaginado o desespero de Alyssa ao ver que não tem opção a não ser trabalhar para mim, ver seu espírito livre quebrado e submisso. Conheço o tipinho dela, arrogante que se faz de difícil, o meu tipo fa
1 dia atrás, Los Angeles_ Como assim não dá mais?- Carmen grita e bate os punhos na minha mesa- Você não pode terminar comigo assim, do nada!_ Do nada?! Como você pode ser tão sínica?- também grito- você me ameaçou para que eu terminasse com Alyssa e ainda difamasse ela, ou se esqueceu disso?- ela volta para sua poltrona agora retraída_ Eu já te expliquei isso, Eri- torço a boca para o apelido ridículo- Eu também fui coagido a fazer o que fiz, tudo o que eu fiz- seu olhar de indefesa mais falso do que seu mega hair- eu jamais iria querer prejudicar a Alyssa, ela era como uma irmã para mim.-ela começa a chorar_ Por favor Carmen- cruzo os braços- você lembrou da sua “irmã” enquanto dormia comigo- aponto o dedo para ela- esse seu teatrinho não me engana mais, eu sei que você arquitetou todo esse golpe contra a Alyssa, sei também que você tem algum dedo nesse sumiço dela.- as expressão de pobrezinha some da face de Carmen como um sopro dando