ALEXANDER
— Precisamos comprar um telefone para Simon — Caterine disse enquanto cortava as cenouras. Estávamos preparando um almoço apenas para nós dois. Simon estava na escola e voltaria apenas após as três horas, e resolvemos ter um momento para nós.
— Concordo, mas gostaria que fosse uma recompensa para ele, não apenas mais um presente. Talvez quando ele apresentar a primeira prova.
— Telefone é uma necessidade, Alex, ele pode precisar para alguma emergência. Tem mais de um mês que ele está morando conosco, precisa de um telefone — Carter rebateu.
— Eu sei, mas ele tem ido para escola com você e voltado com a amiga dele — Ela suspirou e passou a cortar as cenouras com mais agressividade. Percebi que ela não havia gostado da minha réplica e me aproximei a abraçando por tr&aacu
SIMON— Ok, agora dê a seta. Isso. Diminua a velocidade... isso! Agora freie completamente, coloque em porto morto... Desligue.Perfeito, garoto! — Alexander exclamou feliz ao meu lado quando desliguei o carro que estacionei sozinho dentro da garagem.Ele estava me ensinando a dirigir por mais de um mês.Era legal! Alexander disse que eu tinha muita habilidade para dirigir, o que me deixou ainda mais empolgado. Mas não era apenas aquilo que me fez extremamente feliz ao estar atrás de um volante, embora o motivo que eu tenha pedido para aprender não fosse tão legal, eu estava sendo reconhecido, como ser humano, um cidadão.Eu não sabia explicar, mas saber dirigir, entrar e sair, comer o que quiser, essas coisas, me faziam acreditar que eu era parte de algo.Eu era alguém.E precisei sentar atrás de um volante para sentir que finalme
SIMONEu continuava tendo aulas de direção com Alexander. Era a nossa forma de ter nosso momento de homens. Caterine ficava em casa fazendo o nosso jantar enquanto andávamos pela cidade de carro. Pegávamos as ruas paralelas às principais para evitar qualquer acidente no tráfego fodido de Nova Iorque. Naquele dia eu cheguei empolgado da escola para minha aula com Alex, era um pouco mais cedo já que Kennedy teve uma questão familiar para resolver, quando me deparei com uma cena que me fez querer passar álcool em gel em meus olhos.Pelo menos eles não estavam fazendo sexo.Argh.O hip hop alto ecoava pelo apartamento enquanto Carter e Alexander dançavam colados um no outro, Carter rebolava seu traseiro contra Alexander e aquilo era no mínimo enjoativo. Alex sorria enquanto KitCat cantava a música para ele. Os dois pareciam adolescentes
SIMONNo dia do baile eu me atrasei para chegar à casa de Kennedy, um pouco porque Carter se certificou um zilhão de vezes de que meu terno estivesse alinhado, assim como meus cabelos.E um pouco porque eu não quis acreditar que o prédio onde a garota morava ficava literalmente no centro da cidade. Durante os primeiros meses de escola, Kennedy atravessava Manhattan toda para estudar em Tribeca, não tinha ideia do motivo, mas era estranho.Passei várias vezes em frente ao grande e espelhado prédio sem querer acreditar que Kennedy morava de frente para o Central Park. Foi a isso que Oliver havia se referido? O fato de Kenny ser muito rica e de família influente? Por isso ninguém tinha coragem de negar nada a ela e todos eram seus amigos?As pessoas sempre eram simpáticas com ela. Ninguém lhe dizia não, e nenhum grupo da escola parecia querer esnob&aa
SIMONO beijo era maravilhoso, exatamente como eu imaginava que seria. Seus lábios eram macios, seu gosto doce, sua língua inteligente, como o resto dela, sabendo exatamente como se mover, como encontrar com a minha. Suas mãos acariciaram o meu rosto, meu cabelo e pescoço enquanto as minhas seguravam a sua cintura com força.Um suspiro...Dois suspiros...Mais beijo...Nossas bocas se separam...Nossos olhos se encontraram...Nós sorrimos...E nossas bocas se encontraram novamente.Nos beijamos sem mensurar o tempo, parecia longo. Nada sobre aquela garota era normal. Ela não esperou eu beijá-la embaixo de algum gazebo iluminado, ou sob a luz do luar em um banco no Central Park, ela apenas me beijou em um momento em que eu não esperava, com nada especial para lembrar o momento. Não precisava. Quando nossos lábios se tocar
SIMONMais tarde naquele dia, muito mais tarde, aliás, levantei para ir ao banheiro e novamente parei no corredor ao ouvir Carter e Alex conversando.— Você não está sendo racional. Ele tem dezessete anos. Pode namorar se quiser. — Um suspiro longo se fez e imaginei que seria de Carter. — Caterine, qual o problema, baby? Você sabe que pode conversar comigo.— Eu mal o tive, Alex. Eu nem o tive, na verdade. Ele parece gostar mais de você do que de mim e agora ele tem uma garota... — Ela soluçou.Estava chorando?— Ele não terá tempo para mim, eu não sei ser mãe e nem estou tendo a oportunidade de tentar porque você e a garota estão monopolizando o meu menino.Meu menino.Aquelas palavras me acertaram de uma maneira tão forte que senti meus olhos arderem e minha garganta se f
SIMONAs coisas pareceram se encaixar depois que chamei Carter de mãe, a palavra ainda travava um pouco na minha língua sempre que eu ia chamá-la, mas era um processo. Alexander parecia radiante no dia que ouviu eu a chamando de mãe. Assim que ela saiu da sala, ele me abraçou e agradeceu. Acho que ele entendeu que aquilo era uma chance de verdade. Nós tivemos a visita de uma assistente social que não ficou mais do que quinze minutos em nossa casa, ela pediu para conhecer o meu quarto, perguntou meia dúzia de coisas para mim e foi embora parecendo satisfeita. Nem os Hartnett, digo, meus pais, pareciam preocupados com aquela visita.Eu tive o meu primeiro B em química. O que resultou em uma promessa de carro se eu mantivesse aquela nota em matemática e física também. Bem, eu tinha uma excelente e empenhada professora particular que podia
ALEXANDERSer pai é algo que você poderia achar difícil. Muito difícil.Para mim apenas estava sendo um desafio que devia ser alcançado constantemente. Mas difícil? Não. Simon facilitou tudo.Para a minha esposa, nem tanto.Caterine estava surtando, mas de uma forma totalmente positiva.Eu estava com medo de perdê-la novamente. Conforme a data de morte do nosso bebê se aproximava, ela ia se transformando novamente. No ano anterior tinha sido doloroso, mas com a chegada de Simon, novos gatilhos foram disparados deixando minha esposa cada vez mais insegura.Carter precisava seguir em frente.De um jeito ou de outro.Houve momentos em que poderia ver em seus olhos uma certa decepção por eu não estar lamentando a morte do nosso filho como ela. Ela pensava que eu não sofria, eu só estava sendo forte para sustentar
SIMONO tempo passou rapidamente. Como um turbilhão, eu diria. A escola, minha família e Kennedy tomaram conta de tudo. Eu fui ao orfanato algumas vezes também, ver as crianças e Lori. Ela estava tão feliz em me ver que começou a chorar. Acho que acabei me tornando um símbolo de esperança para ela e as outras crianças mais velhas. Existiam muito mais crianças como eu.Infelizmente, não existiam muito mais seres humanos como os Hartnett.Faltava dois meses para o meu aniversário de dezoito anos e meu pai e eu estávamos caçando um carro bom e barato para mim. Seria o presente de aniversário perfeito, segundo ele.Eu não acho que ele sabia, mas o meu presente eu havia ganhado muito antes, meses atrás quando eu ganhei um bom quarto e uma jaqueta de couro novinha.Quando eu ganhei meus pais.Minha namorad