Minha mãe estava sentada de frente para a piscina, lendo um livro, quando me sentei ao seu lado. Também sorri em sua direção assim que ela parou o que estava fazendo e se virou para mim.— Bom dia — cumprimentei-a.— Bom dia, minha querida. — Passou a mão em meu cabelo, afastando uma mechinha dele para trás.— Hoje faz uma semana desde o noivado. Você está melhor? — perguntei, rindo só de pensar em como ela estava animada naquela noite. A noite que a torturou por quase uma semana.— Nunca mais me deixe beber tanto vinho, por favor. Preciso ressaltar isso.Concordei, lembrando-me de como ela não parava de rir de qualquer coisa que falavam. E nós duas demos uma gargalhada, recordando-nos do momento em que ela disse a Ash que ele era tão bonito, que se não fosse minha mãe, iria querer ficar com ele também.— Foi vergonhoso. — Ela tapou o rosto com as mãos.— Foi engraçado — contrapus.— Mas, então, vocês dois vão mesmo para a casa de seus avós hoje à tarde?— Acha que eu não deveria ter
AshPartia o meu coração apenas imaginar como Blaise poderia ficar após saber de toda a verdade. A questão era que já tínhamos passado inúmeras vezes pela mesma situação, mas eu nunca sabia como reagir a ela da forma correta. Não queria ter lhe mostrado aquilo do jeito que mostrei. Simplesmente, joguei um turbilhão de coisas em suas costas. Porém, não esperei, em nenhum momento, que ela as carregasse sozinha. E nem era a minha intenção que Blaise tivesse visto algo. Eu realmente queria ter essa conversa com ela mais tarde, mas não da maneira como aconteceu. Não foi intencional.E sobre quando a vi com Simon, não é que fiquei com ciúme ou raiva de alguma coisa. Jamais. Todavia, pensei que ele poderia fazer aquela vida dela valer a pena. Perdi as contas de quantas vezes assisti ao amor da minha vida se apaixonando por outras pessoas, casando-se e construindo famílias. Eu a amava e nunca iria querer vê-la sofrendo.Eu me lembro, de cada segundo, de quando olhei nos olhos de Amália e a vi
Meu corpo estava congelado e imóvel, quando minhas mãos empurraram, automaticamente, Ash para longe de mim, abrindo um espaço entre nós e nos trazendo, de onde quer que estivéssemos, para a realidade.— Blaise... — Ele estava se levantando atrás de mim e vindo em minha direção.Respirei fundo e pedi para que ele parasse.— Me dê um tempo, Ash — minha voz foi quase um sussurro, porém firme. — Agora não — falei, impedindo-o de continuar.Eu estava com os pensamentos em frangalhos. Teria feito a mesma coisa que Ash, no sentido de esperar a confiança dele para lhe contar algo assim, se fosse o caso, mas esse era o tipo de coisa que eu nunca havia visto em toda a minha vida. Não estava entendendo nada do que se passava. O que foi aquilo?Minha cabeça girava em torno daquela memória, como se fosse apenas um filme que havia acabado segundos atrás, de tão fresca que estava em minha mente. A garota, eu não conhecia, mas sabia exatamente o que se passava em seus pensamentos e em seus atos. E o
Eu não acreditava no que estava vendo. Sem mais nem menos, minha mãe e meu irmão estavam bem na minha frente. Ela estava com um sorriso enorme entre os lábios e veio correndo para o meu encontro me abraçar. — Mãe, o que...? Você veio — falei, empolgada. Eu sabia que Alfred chegaria naquela noite, mas não imaginei que minha mãe estaria junto com ele. — Bem... Se eu não tentar, nunca vou superar a perda do seu pai. Aliás, sentir um pedaço dele aqui talvez me faça bem. Fiquei tão feliz por ela. — Oi — Alfred disse e eu o abracei também. Ele estava com uma carinha tão desanimada. — Onde está a Meredith? — Ela não pôde vir, infelizmente — afirmou, quase sem ânimo. Antes que eu pudesse tentar dizer mais alguma coisa, Nicole e Simon apareceram atrás de nós e os três se grudaram como crianças. Meu irmão havia ido algumas vezes, com Meredith, para a casa dos nossos avós, portanto não fazia tanto tempo que eles não se viam. Agora, sim, tudo está perfeito — pensei comigo mesma, juntand
AshEstava perdendo minhas lembranças. Isso é algo que eu já havia notado no último mês, antes de reencontrar Blaise. Muitas coisas não faziam mais parte de quem eu era. A cada dia que se passava, essa perda se tornava mais frequente e eu me transformava, cada vez mais, em alguém que eu tinha medo de não reconhecer.A noite foi ótima. A família de Blaise era incrível e ela ficava tão feliz ao lado deles, com os olhos brilhantes e o sorriso o tempo todo no rosto, aproveitando cada segundo. Só que algo estava diferente quando acompanhei Simon até a casa e ela estava lá. De início, Blay não quis me dizer o que estava acontecendo. Eu lhe perguntei, porém sua resposta foi vaga, e entendi que foi porque ela não queria que eu fizesse perguntas, já que os questionamentos seriam dela naquela noite.Após isso, não demorou para que todos decidissem voltar para dentro. Talvez fosse por volta das duas horas da manhã. E me lembro perfeitamente da calma com a qual Blaise se virou para mim, parada na
Nossas mãos se tocavam no alto e eu sentia o peito de Ash subir e descer com sua respiração, enquanto estava deitada sobre ele.Na noite passada, havíamos conversado sobre tudo que ainda estava pendente. Nós, principalmente eu, choramos. Eu chorava como uma criança que pedia o colo de uma mãe. E enquanto ele afagava meu cabelo, eu pedia a quem me ouvisse que nunca o tirasse de mim. Jamais conseguiria esquecer Ash, o amor da minha vida. Sempre haveria uma parte minha que se lembraria de quem fomos. Eu estava pedindo para isso acontecer e acreditei que aconteceria. Poderíamos envelhecer juntos e ter uma família, ou mesmo sermos apenas nós dois; já seria mais que o suficiente.Eu lhe pedi para que me mostrasse mais alguma lembrança, e ele fez isso. Mostrou-me tantas coisas. Mas algumas delas não passavam de vislumbres. Eu sabia que o afetava não conseguir nos manter em sua mente por tempo o bastante antes que aquela memória se esvaísse e se tornasse apenas um vazio entre nós. Prometi que
AshEmma segurava a minha mão, sem força alguma, e eu podia imaginar que era a sua intenção. Sua pele estava pálida e o cabelo quebradiço. Ela estava deitada, apoiada com as costas em meu peito. Nós nos olhávamos e meu rosto estava quente, de tanto que eu havia chorado naquela manhã. Eu queria poder fazer mais por ela, mas a única coisa que eu tinha ao meu alcance eram os seus últimos minutos de vida.Depois, tudo começaria de novo e de novo. No entanto, se eu conseguisse a sorte de não ter que passar por essa situação mais uma vez, entregaria tudo que quisessem. Eu faria isso com todo o resto do meu coração, sem pensar duas vezes.— Asher — sua voz era trêmula e fraca, só que ela não deixava de sorrir mesmo assim.Lembro-me de quando nos conhecemos. Ela estava dando uma aula de francês e eu passei em frente ao seu trabalho. Quando ela saiu de lá, nossos olhares se esbarraram. Foi então que a reconheci. Ela tinha os mesmos olhos e o mesmo rosto; apenas pequenas mudanças a faziam ser d
Repassei as minhas lembranças com Ash naquela manhã. Conforme ia pensando nelas, também ia escrevendo-as em um papel. Talvez, assim, fosse mais fácil não as esquecer. Eu contaria as melhores partes para Ally e Troyan. Teria mais pessoas para se lembrarem de nós e mais memórias para serem apagadas. Também, eu ficava relembrando-as a todo momento.O problema era que eu não conseguia saber se havia me esquecido de alguma coisa. Essa era a pior parte: não saber em qual estaca estávamos. A única coisa que eu sabia, porque tinha passado boa parte da noite passada escrevendo alguns diálogos e pensando em outros, era que, até então, eu só havia me esquecido do nosso começo. Isso já era algo prejudicial, só que, pelo menos, estagnou ali. O restante, por ora, ainda estava intacto.Eu fui, animada, naquela manhã, para o hospital. Mesmo que eu os tenha visto há pouco tempo, sentia muita saudade de Ally e Troyan. Como ficamos juntos durante muitos anos, eles meio que começaram a fazer parte da min