LeonardoBati suavemente na porta do escritório do meu pai, esperando por sua permissão. De dentro, ouvi sua voz grave e firme:— Pode entrar.Abri a porta, sentindo um misto de ansiedade e determinação. Meu pai estava sentado à mesa, revisando alguns documentos, mas ao me ver, tirou os óculos e se ajeitou na cadeira.— Pai, posso conversar com o senhor? — perguntei, mantendo um tom sério.Ele me estudou por um momento antes de responder.— Claro. Aconteceu alguma coisa?Respirei fundo, escolhendo as palavras com cuidado.— Na verdade, estou pensando em algo, mas queria que isso ficasse só entre nós, pelo menos até eu ter certeza da minha decisão.Ele arqueou uma sobrancelha, desconfiado.— O que você está aprontando, Leonardo?Soltei uma risada curta.— Nada de errado, pai. Na verdade, estou pensando em ficar no Brasil de forma definitiva. — Fiz uma pausa para medir sua reação. — Queria saber se existe a possibilidade de tentar uma vaga na sua empresa.O rosto dele se iluminou com um
Leonardo A semana foi tão corrida que mal tive tempo de ver a Manu. Nossos encontros se resumiam às manhãs, quando levávamos Luna para a escola, e, ocasionalmente, no fim da tarde, quando eu passava para buscá-la. Essa rotina me deixava inquieto, sentindo falta do tempo que costumávamos passar juntos.Naquela noite, enquanto terminava de me arrumar, ouvi a voz de Catarina atrás de mim.— Você está um gato. — disse, com o olhar sugestivo, enquanto me observava.Olhei para ela pelo espelho e agradeci educadamente. — Obrigado. Precisa de algo?— Na verdade, pensei que poderíamos ir a um barzinho hoje à noite, aproveitar um pouco. O que acha? — Ela sugeriu, aproximando-se de forma casual, mas claramente intencional.Virei-me para ela, mantendo a voz firme. — Tenho um compromisso. Vou jantar com a Manu.Ela bufou, cruzando os braços com uma expressão de irritação. — Você não tem mais tempo para mim, Leo. Só fica perto de mim quando precisamos trabalhar.Suspirei, tentando manter a paciê
LeonardoAo entrar no restaurante com Manuela, não pude deixar de notar o brilho no olhar dela e o sorriso que iluminava seu rosto. Ela parecia a mesma garota animada e cheia de vida de anos atrás, e isso mexia comigo de um jeito que eu não sabia explicar. Era impossível não sorrir ao lado dela.— É bom estar aqui com você. — Ela disse, com uma sinceridade que aqueceu meu coração.Respondi com um sorriso que refletia o que eu sentia.— Eu concordo. Isso me lembra dos nossos passeios... das nossas noites despreocupadas.Ela riu, e aquele som foi como música para os meus ouvidos.— Vem cá, quero uma foto para lembrar desse dia.Concordei imediatamente, ajustando-me ao lado dela para a foto. Após o clique, peguei sua mão sobre a mesa e fiz questão de registrar mais uma foto, desta vez com minha câmera. Queria guardar aquele momento em todos os sentidos possíveis.Quando o garçom chegou, pedimos a comida. Manu escolheu um vinho que, segundo ela, combinaria perfeitamente com o prato. Eu, p
Manuela Rolei na cama, ainda sonolenta, mas chateada por não encontrar o Leon ao meu lado. Espreguicei-me, deixando escapar um suspiro satisfeito. Usei o lençol para cobrir meu corpo e me sentei, sentindo o calor do momento que compartilhamos na noite anterior.Um sorriso escapou dos meus lábios. Nem acreditava na noite que tive com ele. Foi incrível, tão intenso quanto os melhores momentos que já vivemos.Mas minha tranquilidade foi interrompida por uma voz que me fez congelar.— Leozinho! — Catarina entrou abruptamente no quarto, como se tivesse todo o direito de estar ali.Virei-me para encará-la, completamente perplexa com sua audácia. — Isso é jeito de entrar no quarto dos outros? — Perguntei, mantendo meu tom firme, apesar do incômodo.Ela riu, debochada. — Não é "dos outros", querida. Esse quarto é do Leozinho. Sempre tive livre acesso.Engoli em seco, tentando conter a irritação que começava a crescer. — Aqui não. Então trate de ter o mínimo de respeito.Catarina cruzou os
ManuelaPassaram-se duas semanas desde a última vez em que eu e Leon realmente conversamos, e o vazio que isso deixava era quase insuportável. O Pedro entrou na minha sala no meio do expediente e me pegou enxugando algumas lágrimas teimosas.— Tá tudo bem, Manu? — Ele perguntou, preocupado, fechando a porta atrás de si.Respirei fundo, tentando conter as emoções.— Tá, sim. Só me sinto burra demais.Ele franziu a testa, sentando-se na cadeira em frente à minha.— Por quê? O que tá acontecendo?Suspirei, incapaz de segurar a verdade que vinha me corroendo por dentro.— Desde a noite que dormi com o Leon, tudo mudou. Ele quase não fala comigo, responde seco quando eu mando mensagem e tá sempre com a Catarina a tira-colo. Pelo menos ele ainda tem encontrado tempo pra Luna, mas...Pedro balançou a cabeça, interrompendo meu desabafo.— Não fica pensando besteira, Manu. A Bia disse que ele tem trabalhado muito. Deve ser só isso.— Duas semanas, Pedro. Duas semanas inteiras assim. Não sei ma
Leonardo⠀Depois de almoçar com a Luna, decidi ficar um pouco mais com ela. Sentamos para jogar Uno, junto com Catarina, minha irmã, e o tal Pedro. A cada risada de Luna, eu tentava esquecer o turbilhão de pensamentos que se passava na minha mente, mas era impossível. Eu estava ali fisicamente, mas minha cabeça estava a mil. Em pouco tempo, perdi o jogo, mas, na verdade, isso era apenas uma desculpa para me afastar. Deixei os outros se divertirem e entrei na casa, determinado a encontrar Manuela. Algo dentro de mim estava inquieto.Enquanto caminhava pelos corredores, passei em frente à porta do escritório do meu pai. O tom das vozes que vinha de dentro me chamou a atenção. Sem querer, parei. Talvez fosse apenas uma conversa banal, mas o que ouvi me fez gelar.— Quem diria que a Luna ia conseguir o que não conseguimos — disse meu pai, com uma voz que carregava algo entre satisfação e mistério.— Sempre quisemos o Leon de volta. A Luna foi perfeita em fazê-lo ficar aqui. Ela o conquisto
ManuelaEle se levantou lentamente, mas, antes que eu pudesse reagir, segurou meu rosto entre as mãos. Seus olhos estavam fixos nos meus, tão perto que eu podia sentir sua respiração quente contra minha pele. A intensidade de seu olhar era esmagadora, como se ele estivesse tentando me alcançar de alguma forma.— Me desculpa... — ele sussurrou, e o som daquelas palavras quase me desarmou.— Leon... — tentei dizer algo, mas minha voz saiu fraca, quase um suspiro. Eu podia sentir meu corpo reagindo à proximidade dele, mesmo quando minha mente gritava para que eu me afastasse.Ele inclinou a cabeça, seus lábios roçando meu pescoço de forma quase imperceptível.— Seu corpo ainda reage a mim, doçura... — ele murmurou contra minha pele. — Eu sei que, em algum lugar, ainda existe amor por mim.Fechei os olhos por um instante, tentando recuperar o controle. Meu coração estava em conflito; uma parte de mim queria acreditar nele, mas a outra estava cansada de lutar contra as cicatrizes que ele de
ManuelaEu enxuguei o rosto rapidamente e me forcei a levantar. O peso das emoções ainda estava em mim, mas precisava seguir. Antes que pudesse dar o próximo passo, a porta se abriu, e minha mãe entrou, me envolvendo em um abraço apertado, do tipo que só ela sabia dar.— Não precisava ter vindo, mamãe. Eu estou bem — tentei dizer, mas minha voz soou mais frágil do que eu queria.Ela me olhou com ternura, o tipo de olhar que diz que sabe exatamente o que você está sentindo, mesmo que você negue.— O Leon chegou destruído. — Sua voz era calma, mas carregada de significado. — Achei que você poderia estar igual.Eu suspirei, sentindo as lágrimas ameaçarem voltar.— Não é fácil dizer ao amor da sua vida que você não quer ele perto de você nunca mais. — Minhas palavras saíram carregadas de dor. — Eu só quero que ele caia na real e volte a ser meu Leon.Minha mãe acariciou meu braço, tentando me confortar.— Ele vai, meu amor. Só de ver a forma como ele chegou, eu sei que ele está arrependid