Parte 5...— Sei que não, mas me aborrece mesmo assim - esfregou o rosto com a mão — Você deixou que eu a engravidasse - murmurou olhando para baixo. — De novo eu digo... Eu não sabia sobre essas coisas e você era mais experiente. Eu não sabia como evitar uma gravidez e nem mesmo pensava nisso. — E agora? - ele levantou o rosto — Nós ficamos juntos de novo daquela vez e...— Não se preocupe - tocou sua mão — Agora é diferente. Eu já me cuidei e não vai haver outro deslize.— Não quer mais filhos? - ele se recostou na cabeceira.— Não - apertou os lábios — Eu já tenho os meus dois amores e eles estão em uma idade ótima - ela fez uma cara engraçada — E eles dão muito trabalho, acredite. Apesar do jeitinho fofo, ambos têm um gênio forte.— Imagino - pausou um instante — E se tivesse ficado grávida agora?— Seria péssimo o momento - ela suspirou — Estou muito envolvida em outros projetos, não quero mais filhos - foi honesta.— E você iria abortar?— Provavelmente - foi brutalmente hones
Parte 6...Ele a encarou em silêncio. Não importava mais se ela tinha escrito a carta, se tinha ligado. Já estava a par de tudo, das mentiras, da sujeira que fizeram com ela e que ele tinha participado também, querendo ou não.A dor começou a incomodá-lo de novo. Sentia as pernas formigarem, pesadas. Os olhos ardiam e a cabeça latejava.— Não consigo mover minhas pernas - reclamou baixo.— Tenha calma. O acidente foi grave - disse suave, o encorajando — Daqui a pouco estará de pé. Ainda está fraco e tem que esperar a coluna melhorar por completo. O médico virá amanhã para vê-lo. Não se preocupe tanto. Relaxe a mente.— Não está mentindo pra mim, está? - ele insistiu.— Não - apertou seu braço — Tenho certeza de que vai sair dessa - se inclinou para ele — Seu filho gosta muito de jogar bola e de basquete.Ele assentiu com um sorriso pequeno. Precisava sair daquela cama para ter mais tempo com seu filho.— E depois disso, irá embora?— Provavelmente.— Quando desconfiei que havia algo e
Parte 7...— Eu mudei muito.— Que bom. Quero conhecer a você de agora - ele enrijeceu o rosto — Eu ainda a quero como antes, isso não mudou pra mim. Ainda acho que você me pertence.— Não sou um objeto, Mathias.Ela ainda não entendia se esse interesse era real ou se havia outra intenção por trás. Apesar de gostar dessa iniciativa dele, não havia garantia de sua honesta intenção.— Vou pegar o seu remédio.Ele fechou o semblante quando ela se afastou. Ainda era cedo, ele sabia. Ela não iria abrir a guarda de novo tão rápido. Mas ele estava se abrindo para ela.Não queria perder a empresa, iria voltar a andar e faria uma reunião com os outros associados. Eles iriam lhe dar outra chance. A empresa era da família dele, não queria que fosse administrada por outros. Estavam em uma roda gigante nos últimos anos, com altos e baixos, mas a economia andava instável. Ele tinha cometido alguns erros quando ficou fora de si no passado e mas recente ao rever Anelise, mas tinha sido traído por se
Parte 8...— É a única que eu tenho - respondeu grosso.— Não seja infantil - bateu em sua mão — Fale direito comigo. Não lhe fiz nada.Ele estava irritado, mas acabou rindo.— Não podia ser uma enfermeira? Não gosto de um homem me dando banho de esponja.— Não seja machista, é o trabalho dele - riu — Haroldo ficou doente uma época e teve que ser internado. Um enfermeiro lhe dava banho todos os dias e ele nunca reclamou.— Nossa, que maridinho tão perfeito - ele ironizou.— Ele não era perfeito, tão pouco era um machista exagerado - fez um gesto apertando os dedos — Só um pouquinho.— Por que sempre tem que falar dele - ele bufou apertando a boca chateado — Eu não gosto.— Problema seu. Ele fez parte de minha vida.— Eu sei disso... Mas pode evitar mostrar o quanto ele era melhor do que eu.— Eu não faço isso - fechou o semblante — Eu faço?— Talvez você nem perceba - pegou sua mão — Mas faz sim e eu me sinto um bosta - sua voz ficou rouca — Um incompetente nos negócios e na vida.— M
Parte 1...Ao acordar Anelise viu que estava com a perna em cima dele e retirou rápido, com medo de machucá-lo.— Bom dia - ele disse.— Bom dia - ela respondeu lhe dando um beijo rápido no peito — Vou levantar.— Agora não. Que tal me ajudar aqui? - ele indicou a ereção matutina.— De jeito nenhum. Só quando o médico liberar você.— Chata - ele resmungou e gemeu quando se mexeu.— Viu só? - ela levantou — Vou chamar Vinícius para te ajudar. Não demoro.Ele até ia reclamar, mas ela saiu depressa e retornou com o enfermeiro.— Vou preparar uma bandeja com algumas coisas para você comer. Volto já!O que ele queria mesmo era ficar mais tempo com ela. Acordou durante a madrugada e ela estava dormindo com o braço por cima dele em uma atitude protetora. Ele adorou isso. Foi uma sensação que nunca sentiu antes, porque nunca dormiram toda a noite juntos.O enfereiro preparou as doses do medicamento e a injeção que teria que tomar pela manhã. Felipe entrou no quarto.— Anelise me mandou trazer
Parte 2...Ela sabia que poderia haver um neto e ao ter essa certeza isso tocou fundo, ela mudou um pouco, dava para sentir, apesar de tudo. Não tinha como negar que o baque foi grande.Não poderia deixar que Anelise se fosse e levasse seu filho. Ele a queria ali e teria que fazer algo para que ela visse isso. Ele se recusou a ser digno de pena, mas aproveitou que estava sozinho no quarto e chorou.** ** ** ** **Anelise estava terminando o café com as crianças quando Luiza chegou.— Posso falar com você... À sós? - sorriu para as crianças.— Claro - ela levantou — Terminem tudo e depois vão ficar com Ludimila.As duas foram para a área de trás onde ficava um pequeno jardim e sentaram embaixo da cobertura do gazebo.— Pode falar.— Eu estou pensando... Se você me permite levar as crianças... Para minha casa - ela apertou as mãos ansiosa.— E para que?— Eu gostaria de ter um tempo de avó com eles - ela gesticulou apreensiva.— Não! - ela balançou a cabeça.— Eu sou avó do menino - re
Parte 3...Bianca desceu da cama em um pulo e foi até Ludimila.— Você parece comigo - Alan comentou.Mathias sorriu reconfortado por essa constatação.— Agora não - ele apontou a cabeça raspada de lado e Alan riu — Sabe, eu tenho uma coleção de soldadinhos de chumbo.— Que legal. Você me mostra depois?— Eles estão no meu escritório. Pode ir pegá-los, se quiser.— Posso brincar com eles? - se animou.— Claro. Pode ficar com eles também se quiser.— Oba!A conversa com o pequeno o animou um pouco mais. Seu filho parecia gostar de ficar ao seu lado. Seu coração se apertou. Só faltava a mãe dele também gostar.O enfermeiro entrou no quarto e falou com eles. Avisou que o fisioterapeuta estava chegando. Mathias teria algumas sessões em casa e outras no hospital. Ele ficou sério.— Você não quer fazer o exercício? - Alan perguntou.— Não - ele resmungou — Mas eu preciso.— Minha mãe ficou preocupada com você - sentou mais perto na cama — Ela até chorou quando soube que você estava doente.
Parte 1...Os dias em que Anelise ficou na casa de Mathias, serviram para muita coisa. Ela continuava a trabalhar muito e conseguiu atrasar a reunião, o que lhe deu tempo para analisar sua vida após a morte do marido, em especial com relação à empresa.O tanto de tempo que dedicava ao trabalho e à família. A presença sempre importante de Felipe e Ludimila. Mais do que empregados, eles eram os irmãos de coração que a vida lhe dera.Hugo era um bom cunhado, mas a ganância, o orgulho e o machismo dele, não o permitiam entrar de vez em seu coração. Sempre teve um pé atrás com ela e agora queria lhe dar um golpe final. Triste.Pensou muito em Mathias e no passado que tiveram, olhando por um novo ponto, com cuidado para não se deixar levar pelas emoções, boas ou ruins.As crianças pareciam felizes e gostavam da casa. Bianca era muito falante e percebeu que ela conquistou o coração de Mathias também.Quem ainda parecia preocupa era Luiza, mais até do que a filha. As duas tentavam agradá-la,