************* Capítulo 2 ***********
************* Beatriz **************- Como?Olhei de um para outro, sem compreender o que o mais maduro deles queria dizer com essa afirmação, tanto que achei graça. Fico assim quando estou sentindo que uma encrenca está chegando nesse estabelecimento.- Você. Virá. Conosco. Entendeu?O moreno com pinta de durão se ergueu revelando seu tamanho original, parecia querer me peitar na marra, no estilo homem da caverna. Aparentemente mais velho, dando a entender ser líder da dupla.Precisei levantar a cabeça para encará-lo, quase torci o pescoço para manter meus olhos focados no seu rosto endurecido, beirando a selvageria.- Olha... Já vi de tudo nessa vida. Menos um pedido tão estranho senhor, que fique bem claro. Beatriz não está no cardápio do restaurante do Bil, muito menos seria entregue pra viagem. Compreende?Bati o caderno de notas no peito desde ser que me encarava com fogo no olhar, por um instante avistei um brilho perverso na sua iris, até achei que mudava de cor, porém, entendi que era somente o raio de sol que batia em suas vistas.O homem estalou o pescoço de um lado e depois do outro. Suas mãos haviam se fechado em punhos, chegando a estalar as juntas, e de repente encostou seu corpo incrivelmente atlético ao meu. Abaixando um pouco o rosto na direção da minha boca. Achei que me beijaria a força, e estava pronta para me defender antes que os motoqueiros da estrada colocassem o meu emprego na reta através de brigas de território. Eles não admitiam forasteiros dando em cima das garotas daqui, apenas eles tinham esse direito. Mas comigo nunca rolou. Detesto homens metidos a machos alfas.- Olha aqui se acha que pode me intimidar está redondamente enganado.Desviei o foco da sua face tão próxima e me posicionei no seu ouvido enquanto ouvia-se um tipo de rosnado que me fez um reboliço instantâneo em meu íntimo, mas passou bem rápido essa sensação inusitada.- Te quebro em dois, em segundos aqui, então tenha boas maneiras comigo. - Sussurrei confiantemente.- Algum problema aqui Bea?Antes de responder percebi o movimento do desconhecido indo de encontro ao rei do bando das motocicletas desse fim de mundo, por isso intervir rapidamente, colocando meu corpo no meio desses dois. Fazendo o cara esquisito, com feições animalescos, detrás de mim, suprir sua vontade de esganar um intrometido.- Está tudo bem Estivem, tudo em ordem. - Gesticulei e na hora pude sentir o malandro cheirando descaradamente meus cabelos ruivos.- Não me parece. - Falou com raiva.Ele tentou dá a volta para tocar no homem, sem sucesso porque o cara que até uns minutos atrás se encontrava quieto interceptou, pegando no braço do indivíduo sem muito esforço, torcendo bem diante dos nossos olhares. Fazendo a vítima reclamar de pura dor.- Seu puto desgraçado!! Rapazes acabem com esses merdinhas!!- Não atrapalhe a corte do meu irmão, isso é considerado traição em nosso meio. Por acaso vocês não tem leis por aqui?Estivem foi solto rudemente e logo seus capangas de duas rodas estavam apostos, prontos, munidos com correntes, pedaço de pau, ferro e o velho conhecido; soco inglês.- Beatriz se esconda atrás do balcão com suas amigas. Vamos mostrar quem você pertence. Sabia que teríamos confronto, seu perfume deixa todos loucos nessa espelunca de beira de estrada.- Ei! - Me virei para o cheirador de cabelos. - Que porra é essa? Quem são vocês afinal?- Uma longa história ruivinha. - Disse-me apressadamente mudando seu foco para os motoqueiros.O mais jovem deles, que sustentava uma barba e que tinha um olhar apaziguador desferiu o primeiro soco em um dos caras que havia se aproximado. Fazendo o mesmo virar mingau diante de nós. Todo mole no piso. Ainda bem que não foi lavado hoje, teríamos serviço em dobro.Os demais reagem em conjunto, animando-os na mesma hora que o homem me pega velozmente no colo, pondo de imediato numa mesa perto, só para me proteger do avanço daqueles brutamontes sobre eles.Sem perder tempo fui logo me escondendo, as meninas não estavam atrás do esconderijo de sempre, optaram em ficar trancadas na cozinha, espertas.Foi um Deus nos acuda danado, ouvimos de tudo no estabelecimento, todavia, o habitual quebra mesas, cadeiras e objetos voando pra lá e para cá, não teve. Uma briga fora dos padrões, digamos assim.- Pode sair nossa fêmea encontrada.Fechei os olhos fortemente, abaixada, encostada no balcão, toda encolhida.- Podem ir em paz, o que quebraram eu posso pagar com o meu salário, não se preocupem com isso.- Mas... nos não quebramos nada de valor. - Respondeu o homem raivoso.- Somente as caras e os corpos desses idiotas. - Falou o seu adjunto, contendo uma alegria na voz.Era o que eu temia, e agora? Como vou me sair dessa. Talvez...Me levantei, segurando na beirada, ao avista-los parados ali como se nada houvesse acontecido, o sem noção esticou o braço na minha direção, a palma larga para cima, dedos longos, me chamando. Agiam como se eu não tivesse escolha, a não ser ir com eles.Calmamente fui saindo do meu péssimo esconderijo por sinal, e quando olhei para baixo vi que aqueles caras se encontravam caídos no chão, com hematomas e membros quebrados, tinha até fratura exposta.Coloquei a mão na boca horrorizada com tudo aquilo.- Vocês... - Abaixei a mão olhando disfarçadamente para a porta dos fundos. - ... Mataram essas pessoas?- Não eram pessoas boas! - Argumentou o do temperamento mais difícil. Desconfiado da minha intenção de fuga, parecia farejar tal ação, precipitando meus próximos movimentos.- Beatriz...Olhei o barbudo cruzando os braços na altura do peitoral. Em seguida fez muxoxo.Eles eram bonitos, e até exibem um charme peculiar que despertaria o interesse de qualquer mulher, todavia, não era esse tipo de interação que eu buscava na vida, só queria seguir em paz, terminar os estudos de enfermagem, comprar uma casa humilde, saindo de vez do aluguel do quitinete, talvez até teria um veículo. Morar numa cidade real com pessoas no mínimo decentes. Não era pedir muito para alguém que teve que trabalhar desde cedo para construir seu lugar ao sol.- E melhor vir como meu irmão, Canatre está pedindo ou então...Eles deram dois passos e eu recuei.- Não pertenço a vocês, a homem algum, portanto tirem essa merda da cabeça doentia de vocês dois. - Ditei séria.- Não podemos fazer isso. - Disse Canatre, o mais determinado e o mais frio dos irmãos. - Sua essência nos chamou, está no ponto e queremos seu ventre.- O quê? - Balançei a cabeça, me negando a continuar um papo além da minha compreensão.Então sem mais delongas me virei totalmente, correndo, mas senti um toque minúsculo entre o ombro e o pescoço, tirando vertiginosamente minha capacidade motora, sendo capturas por dois grandalhões... E do nada tudo ficou escuro.************ Capítulo 3 ************************** Beatriz *************Acordei me sentindo estranha e a primeira coisa que reparei foi que não me encontrava mais no restaurante do Bil. Fora que despertei num colchão baixo com algumas palhas em baixo para servir de estrado. Olhei em volta observando a cabana feita por grossas madeiras em forma de longos cilindros de cubos. Todas montadas um por cima da outra de forma alinhada, lisa e envernizada, amarradas juntinhas com cipos de alta qualidade encontrada pelas matas da região mais distante. Um trabalho artesanal de alta categoria. O que eles eram? Carpinteiros maníacos? Era nítido que não estava mais na cidade, mas pra onde aqueles dois loucos me levaram? E por que diabos estou amarrada?Meus braços e pernas estão presas por uma corda que somente seria cortada por uma faca bem amolada. Quando tentou me mover soltando um grito de ajuda, a porta de abre num estrondo, revelando o animal de quatro patas; um lobo branco de olhos gentis
************* Capítulo 4 ************************* Canatre ************Olhava a menina com traços angelicais, branca feito a neve, olhos da cor de uma tarde azulada e acinzentada, avisando calmaria, uma vida sem guerras. Ninguém viria reclamar por ela, nenhum mortal chegaria nas terras do grande chacal da tribo, nosso líder Shifter escolheu essa moradia dias depois dos assassinatos em massa, e desde então temos vivido em paz. Depois das nossas perdas aqui foi o meu santuário, sobrevivendo como lobo, numa única transformação, porque nessa forma podia senti-la... Minha doce Joana. Ainda sentia falta dela, mesmo após longos anos, todavia, olhar a nova futura esposa, meu peito começava a dar um suspiro, um sopro da felicidade roubada, arrancada mortalmente de mim.Deixei meu simpático irmão contando a nossa origem, as lutas contra o homem comum, as perdas, o massacre, o feminicidio. Tirando nossa chance de conseguir perpetuar nossa espécie. Eles queriam nos dizimar, erradicar da face d
************* Capítulo 5 ************************* Beatriz *************Não tinha como fugir de um cerco tão unificado, fortificado. Todas as manhãs os leões permaneciam nas montanhas em volta da aldeia, a tarde era o momento dos tigres, a noite os lobos uivam anunciando seu plantão. Seus objetivos de me manter reclusa e livre ao mesmo tempo, estava surtindo efeito. Eles eram unidos como uma verdadeira família, formado em clãs, somente para identificar os familiares. Cada família vivia na sua cabana, chalé ou tenda, e uma placa informava o sobrenome. Embora não fazerem distinção, eram como uma irmandade.E durante minha estadia de uma semana nessas terras os via em bandos, nunca andavam sozinhos, e acima de tudo usavam roupas na parte inferior, cobrindo suas partes íntimas para não haver mais constrangimentos. Caminhei sendo vigiada pelos animais ao derredor, enquanto os seres híbridos olhavam-me a cada passo dado. Andei sendo admirada por homens amáveis, eles me saudam respeitada
************* Capítulo 6 ************************* Canatre **************Precisei arrumar uma tenda rapidamente para uma família de três irmãos, eles não conseguiram aproveitar a lona improvisada, e me chamaram. Gosto de ajudar, por mim ficaria o dia inteiro na lida, e até a noite se precisasse. Assim os dias passariam menos ansiosos, esperando o dia que a nossa fêmea aceitasse nossa presença em seu leito. Estava cansando de dormir no sofá, enquanto via o Birlan na sua forma mais fofinha para agradá-la. Deitado na palha sem reclamar de nada, pois queria pelo menos estar perto dela de alguma forma. De qualquer maneira. Contudo, Bea, olhava-o atentamente, como se existisse somente ele ali. Só faltava chamar o lobo branco para se enfiar nos lençóis, carregados daquele cheiro tentador de pureza. Inalar esse perfume audacioso todos os dias tem sido meu fardo, além de admirar uma moça extremamente bela andando aos arredores da montanha, sendo cuidadosamente resguardada de qualquer perigo
************ Capítulo 7 ************************** Canatre **************— Não vejo sentindo a fêmea permanecer sozinha numa aldeia somente de machos praticante no cio.— Não exagere Canatre. — Repreendeu o líder. Soltando dela, aliviando um pouco a tensão pré existente na minha alma. — É Canatre, você mesmo afirmou com todas as palavras que todos aqui são de confiança, que podia andar livremente pelas montanhas, florestas e etc... E que nenhum deles tocaria em um fio de cabelo meu.— Eles obedecem as leis.— Então... — Fez carinha doce, juntando as mãos e piscando os olhinhos claros.Me aproximei deles, mantendo o olhar focado nela.— Conseguirás adormecer sozinha sem o seu lobinho branco? — Perguntei num tom debochado.Estreitei o olhar, e ao longe, sem precisar desviar a atenção da minha noiva, ele vinha saltitante. Em sua forma mais apreciativa, aquela pela qual sua predestinada ficava toda derretida.— Talvez... — Sorriu meiga vindo se achegar. Mas sem me tocar. — ... Chame o
************* Capítulo 8 ************************* Beatriz ***************Canatre colocou o símbolo de nossa aliança, talvez uma pequena trégua entre nós. Sei como esse passo poderia ser bastante complicado para ele, visto que o seu irmão mais jovem, agia completamente inverso. Já que nunca teve uma companheira, muito menos a dor da perda de um amor íntimo, entre um homem e uma mulher. Mas sabia do seu luto familiar.Após fazermos as pazes retornamos a janta. E vez ou outra ficava admirando a jóia, analisando seu olhar rústico por cima das garfadas. Comia feito um leão bravo.Birlan não sentia ciúmes, mas avisou que daria um jeito de arrumar uma peça daquela para a sua noiva. - Não se incomode com isso... Eu...- Sei como posso arrumar para você meu irmão. - Disse-lhe sem parar de comer. Super concentrando naquele tempero de manjericão com outras especiarias adicionais. O tomilho dava um requinte exótico ao prato simples. Especialidade do cardápio do Bil as quarta feiras. Sempre q
************* Capítulo 9 ********************** Teddy Sabida ***********Ao chegar na loja de livros, pude cheirar encrenca no ar. Algo esquisito vindo de um certo homem, só aguardava ele aprontar para revelar o que era liderança e respeito. A noite fria deu aquela chuviscada torrencial. Muitos ficariam presos nesse lugar, mas acho que não daria para acontecer uma enchente. Portanto continuei as compras tranquilamente. Antes de entrar consegui um cartão aleatório. Era de um riquinho que passava por ali, e se gabava ao aparelho de comunicação, que tinha tantos cartões para bancar sua farra, que um a menos não faria falta a sua carteira.Os Shifter no geral, não precisam de dinheiro para sobreviver, no entanto, alguns trabalhos voluntários precisavam ser feitos. Só em extrema necessidade. Tipo quando precisamos de roupas depois que voltamos a sermos pessoas. As vestimentas nas cordas de um varal são sempre bem vindas, ou se precisarmos usar outras artimanhas para cobrir nossa nudez.
************ Capítulo 10 ************************* Beatriz ***************Despertei ouvindo um cochicho do lado de fora, parecia uma multidão de homens, curiosos com a fêmea adormecida na cabana dos Hangar. Levantei me espreguiçando, adorando o tempo fresquinho.Precisei buscar no baú dos rapazes algo diferente para vestir, o uniforme de garçonete já estava inapropriada para uso, e me arrependi de não ter incluído vestimentas femininas na lista. Espero que o líder tenha pensado nisso na sua missão, e que esteja bem. Também iria precisar de peças íntimas, camisola e objetos de uso pessoal. Esfregar folha de hortelã nos dentes, e comer uma maçã não dava mais.Peguei um blusão xadrez, cheirei achando que daria para usar. Ao colocar cobriu até os joelhos. Largo, escondia a silhueta, deixando-me totalmente coberta. Não tinha espelho na casa deles, então só olhei para baixo dando uma voltinha. Sorrindo abri a porta, encontrando várias cestas na frete da cabana, contendo tudo aquilo que