Dividindo O Mesmo Teto

************* Capítulo 4 ************

************* Canatre ************

Olhava a menina com traços angelicais, branca feito a neve, olhos da cor de uma tarde azulada e acinzentada, avisando calmaria, uma vida sem guerras. Ninguém viria reclamar por ela, nenhum mortal chegaria nas terras do grande chacal da tribo, nosso líder Shifter escolheu essa moradia dias depois dos assassinatos em massa, e desde então temos vivido em paz.

Depois das nossas perdas aqui foi o meu santuário, sobrevivendo como lobo, numa única transformação, porque nessa forma podia senti-la... Minha doce Joana. Ainda sentia falta dela, mesmo após longos anos, todavia, olhar a nova futura esposa, meu peito começava a dar um suspiro, um sopro da felicidade roubada, arrancada mortalmente de mim.

Deixei meu simpático irmão contando a nossa origem, as lutas contra o homem comum, as perdas, o massacre, o feminicidio. Tirando nossa chance de conseguir perpetuar nossa espécie. Eles queriam nos dizimar, erradicar da face da terra. Estes seres imundos foram mortos, matei até o assassino da minha esposa, a vingança veio tão forte que estracalei a cabeça dele na pedra, usando as longas garras afiadas do enorme tigre que sou, perfurei seu estômago, e ainda com vida puxei suas entranhas. Os covardes ainda pediram clemência, além de nos culpar dizendo que os machos haviam se distanciado, caindo na arapuca deles, deixando as preciosas fêmeas solitárias nas antigas tendas.

Éramos seres nômades, chegavámos invadir terrenos sem saber que aquele pedaço de chão, terreno baldio, tinha dono. Ocasionando numa guerra de territórios. Não tínhamos leis humanas que pudessem nos reger, e pra eles éramos considerados aberrações.

Quando tudo foi estabelecido, mostrando nossa força diante do homem perverso, fomos para este área de preservação. Muitas léguas da onde namorávamos. Joana havia sido enterrada lá, todas as 300 mulheres mortas, fêmeas adultas, prontas para o primeiro acasalamento, ou.... já carregando um rebento no útero.

- Então... - A voz feminina trouxe-me de volta dos pensamentos de terror. - ... Basicamente sou de vocês? Como uma mercadoria?!

Perguntou chateada, olhando de um para o outro, em seguida, como não obteve resposta, bebericando seu chá de maçã nos olhava esperando alguma atitude normal da nossa parte.

A mirava sério, sentado no meu sofá preferido da sala. Nossa cabana era a segunda maior dessa tribo, a primeira era do nosso líder.

Birlan iria oferecer a sua parte da explicação novamente, já que a moça fazia questão de me irritar com sua persistência, indisciplina e o que mais odiava nesse mundo... insolência.

Por ser mais vivido que o meu maninho, adquiri impaciência para certas emoções humanas. Contudo, a mulher por si só calada já me atraia de forma abundante, apenas precisava doma-la, para enfim molda-la do meu jeito.

- Possui dificuldade de compreensão  Bea?

Usei seu nome abreviado, tentando uma solução passageira de estreitar os laços. Bom... Aquele motoqueiro intrometido a chamou assim.

A mesma olhou-me de nariz empinado, na hora pensei em passar a língua de leão na sua cavidade nasal. Por sorte estávamos cobertos, usando uma calça jeans irritante, o traje apertava minhas bolas inchadas, o membro dolorido, apontando a fêmea, mostrando-se, fazendo valer sua escolha. Não podia controlar a pulsação ritmada quando a fitava, por isso evitava ficar muito tempo com os olhos vidrados nela, desviando quando possível, para qualquer canto desse chalé.

- Não, somente não aceito o destino que jogaram no meu colo! - Falou rudemente, encolhendo-se no sofá de madeira feita pelas mãos do nosso artesão.

- Lamento vossa alteza mas terá que aceitar a sua nova vida de salvadora de multidões!

- Calma Canatre.

- Não. Deixarei. Nenhum. De. Vocês. Dois. Me. Tocarem!

Ditou cerrando os dentes, acarretando uma fúria descomunal, destroçando minha alma novamente, tanto que revoltando me ergui apontando para ela.

- Sua gente quis acabar com a nossa nação, nada mais justo reivindicar uma única fêmea do meio deles! Eles tem muitas mulheres, nos nenhuma!

- Concordo.

- Birlan!

Ela o olhou triste, na certa ela nutriu algum tipo de confiança. A ideia de ir vê-la em formato de lobo branco parecia ter criado uma amizade no meio deles.

Quando viu que não podia argumentar mais nada, abaixou a cabeça pondo o copo vazio na mesinha de centro.

- Podem ter me raptado mas não significa que vou ceder aos seus caprichos... - Levantou o rosto, mantendo aquela postura de gelo. - ... Ou pretende valer-se do meu corpo mesmo não querendo ser possuída por vocês? Vão me estuprar para conseguirem seus amados herdeiros? Vale tudo nessa matilha? Essa é a as regras dos Shifter?

A fitamos em conjunto, abismados pela sua horrenda dedução.

Abaixei o dedo, totalmente envergonhado por essa magnífica especie humana pensar isso de seres tão pacíficos.

- Está redondamente enganada. - Adiantou-se Birlan, sentado no mesmo assento dela, numa distância considerável.

Porém, sentia a crescente excitação do meu irmão, não era pra menos, seria sua primeira parceria. Virgem ele teria o direito de desvirgina-la. Essa era uma regra antiga da qual nós dois tínhamos conversado anos atrás. Quero que o meu maninho tenha essa descoberta, do mesmo jeito que eu tive com a Joana. Uma ligação forte nascerá dessa união, e sem ela, eu nem tentaria mais unir-me a nada.

- Como posso acreditar em estranhos, todos machos e com as picas loucas pra foder uma vagina.

Seu rosto virou-se para ele, os dois trocaram um olhar significativo.

- Confia que os irmãos Hangar, filhos de um antigo e nobre colhedor de frutas silvestres, podem perfeitamente te proteger mesmo que os animais fora dessa cabana a respeitam como a Deusa que simboliza para essa gente.

- E os... - Fez um gesto com as mãos, comentando o tamanho da genitália de um Shifter. - ... Como vão se segurar? São animais excitados.

- Nos dois saímos daqui com uma missão.

Sua linda face buscou a minha. Descobrindo-me encantado pela formosura da fêmea premiada.

- De ir buscar uma parideira fértil para a mãe dos seus lobinhos.

Internamente achei gracioso a maneira como se referia as nossas futuras gerações.

- Não... Bea.... Fomos atrás da nossa esperança, encontrar uma boa companheira. - No fim falei mais emotivo, lágrimas banham a vista. - ... Estamos cansados de estarmos sempre sozinhos, sem esposa, de uma cantoria feminina. Da comida feita por mãos delicadas e de um aconchego nas noites frias. Sentimos falta do... Amor, Beatriz.

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