Havia vários momentos na sua vida como pai, que Dom se lembrava com clareza de detalhes. A começar pelo medo no momento em que eles nasceram e já foram levados para longe deles, depressa, sem explicações.
O alívio quando colocou os olhos nos três, ali na incubadora mesmo, e pôde ver que eles estavam vivos, estavam bem, e sobreviveriam, ele tinha certeza.
O desespero no momento em que o coração de Rudá parou, e ele e a esposa só puderam observar o enxame de médicos e enfermeiras em cima do menino, tão pequeno e indefeso.
Se fechasse os olhos, ainda sentia o peito aquece quando lembrava da primeira vez que teve cada um dos três nos braços. Primeiro Susi, quatro dias após nascer; Leon foi o próximo, com oito dias de vida. E Rudá, seu pequeno lutador, já tinha quase duas s
Nita pulou do Uber sem ao menos se despedir do motorista. Não tinham treino naquele dia, mas sabiam onde a treinadora escondia a chave da piscina. A porta já estava aberta, porque ela sabia que Leon estava lá dentro.Quem a avisou do que acontecia foi Elis. Após Rudá chegar aos prantos em sua casa, a Rivera ligou para a amiga e contou o que aconteceu. Quando ela disse que Leon estava na piscina, Nita já tinha solicitado um carro e estava colocando roupa.Do lado de fora fazia bastante frio, mas a piscina era aquecida. Assim que cruzou a porta de vidro, foi apanhada pelo vapor intenso. Ouviu as braçadas fortes do amigo na água e o localizou no extremo oposto.“Leon! Leon!” Chamou alto, mas ele não a ouviu; ou então, fingiu que não e continuou nadando.Ela se preparava para dar a volta e ir falar
O treino de Luan acabou sendo cancelado naquele dia. Então ele e Luna saíram da escola direto para o shopping, onde almoçaram e já entraram no cinema. Quando saíram da sessão, pensaram em ir encontrar os amigos, mas toparam com Maju.“Olá, casal de pombinhos.”“Como vai, Maju?” Luna perguntou, tentando ser simpática.“Surpresa por vocês estarem aqui e não com os trigêmeos.” Disparou ela, chocando os dois.“Por quê? Aconteceu algo com o tio Dom? Ele piorou?” Perguntou Luan, preocupado.“O quê? Vocês não sabem?” Ela fez uma cara de afetada. “Estão sendo tão excluídos assim?”“Fala logo o que aconteceu, Maju!” Mandou Luna, irritada.
Megan Felicia estava sentada em sua cama, folheando uma revista de moda que havia chegado naquele dia.Caique tinha ido para o plantão no hospital, e só chegaria em casa no outro dia à noite, então ela estava matando o tempo após o jantar, até a hora de colocar os filhos na cama.“Mãe?” Elis apareceu na porta do quarto, ansiosa. “Podemos conversar?”“Claro, princesa, pode entrar.” Megan colocou a revista de lado, sorrindo para a filha.A menina entrou e deitou no lugar que geralmente era do pai, e a mãe pôde ver que ela estava nervosa. Arqueou a sobrancelha, preocupada.“Elis, aconteceu alguma coisa, filha?” Perguntou, vendo-a baixar os olhos. “Elis, você aprontou alguma coisa?”“Mãe, eu preciso cont
“O Kaio dormiu.” Valéria entrou na sala, encontrando o marido e os filhos mexendo em alguns álbuns de foto. “O que estão fazendo?”“O Leon quer achar algumas fotos dele e da Nita, quando éramos pequenos.” Explicou Susi, marcando algumas páginas. “Seu filho resolveu finalmente pedir ela em namoro.”“Você quer destruir meu forninho, filho?” Reclamou a mulher, sentando ao seu lado.“Por que, mãe?”“Porque eu não quero meus bebês namorando, mas ao mesmo tempo, eu shippo você e ela em níveis que nem sei explicar.” Ela disse simplesmente, fazendo a família rir.“Ah, amor, desiste... Daqui a pouco, nós perdemos eles três para a Nita, a Elis e o Eric.” Suspirou Dom, encarando as fo
Elis entrou no hospital, cumprimentando os funcionários no caminho. Como o avô era diretor do lugar há anos, e seu pai um dos médicos mais respeitados do estabelecimento, a menina cresceu por aqueles corredores e conhecia a todos.“Mariana.” Ela se apoiou no balcão das enfermeiras. “Você viu o meu pai?”“Oi Elis. Vi agora há pouco... Ele foi até a cafeteria.”“Ok, obrigada.” A menina sorriu, pegando o caminho para o local indicado.Àquela hora, a cafeteria estava praticamente vazia. Viu o pai em uma mesa, lendo algo no celular. À sua frente, um sanduíche natural, suco de laranja e uma xícara de café.“Bom dia.” Saudou, atraindo a atenção dele. “Vim tomar café com você!”<
“Queridos, que bom ver vocês.” Lilian abriu a porta de casa, encontrando o filho, a nora e os netos. “Adorei quando ligaram para almoçar aqui.”“Faz tempo que eu e a Marce estamos falando de vir almoçar com vocês, e hoje deu certo.” Pablo disse, enquanto as filhas abraçavam a avó.“Vovó, você fez lasanha?” Perguntou Luna, com carinha de pidona.“Claro, meu anjo... Eu sei que você adora.” A mais velha beijou o rosto da criança.“Cadê o vovô?” Questionou Luna.“Ele saiu dar uma volta, tomar um ar... Logo estará em casa.” Lilian sorriu. “Podem ligar a TV, se quiserem.”“Vem, Gabe, vamos ver desenho.” A mais velha pegou o irmão caçula, ind
Darlan sentou na sala de sua casa, cansado. Na verdade, tentava se sentir em casa naquele novo apartamento, aquele lugar desconhecido. A primeira coisa que ele e Carola fizeram ao ficar noivos foi comprar um apartamento, em fase final de construção, e se mudar para ele antes mesmo de subirem no altar.Viveram no mesmo lugar por quase vinte anos, começaram sua vida à dois ali, conceberam os três filhos, passaram por toda a loucura da gravidez das gêmeas. Darlan pintou a parede de cada um dos quartos, montou os berços e depois as camas. Apesar de pequeno para cinco pessoas, aquele era o lar deles, o lar no qual sua família se construiu.E agora, seria o lar de outra família, porque não pertencia mais a eles. Porque ele e Carola erraram sem parar, e agora o castigo divino caia sobre eles.Nita e Maju já não conseguiam ficar m
Elis estava sentada no corredor da academia de dança, sozinha. Mesmo com toda a sua preparação física, estava bastante cansada. A audição era mais puxada do que ela imaginava, mais intensa do que tudo o que ela havia vivido até aquele dia.Primeiro foi uma “aula-geral”, com todas as bailarinas pré-selecionadas. Elis não conseguia deixar de se sentir intimidada pelas concorrentes, todas mais velhas e mais experientes. Porém ela se destacava, e sabia disso. Sua postura, comportamento, empenho e dedicação a faziam chamar a atenção dos professores e ela podia se orgulhar desse fato.Agora, Raquel e os demais examinadores estavam reunidos no auditório e cada uma das finalistas podia apresentar um número solo. Das quinze pré-selecionadas, apenas seis receberam essa oportunidade.E