“Não acredito que a Maju bateu no Nico.” Garantiu Leon, sentando na beira da piscina com Nita.
“Depois ela trancou a porta do nosso quarto, e nem com os meus pais gritando ela abriu. Eu dormi no quarto do Nico com ele, e hoje quando nós acordamos, a Maju não estava em casa. Meus pais estão cabreiros com ela, de verdade.” Continuou a Zendaya, chateada. “Eu fico tão triste com isso, Leon.”
“Eu sei... Já é difícil quando um irmão está passando por um momento delicado, mas parece que é ainda pior quando se é seu gêmeo.” O garoto sorriu para ela, enternecido. Nita geralmente era quem o aconselhava em seus problemas e angústias com Rudá, e o mínimo que podia fazer era retribuir.
“Não é só ela, Leon. É só que... Eu também sei a verdade. Nossos pais acham que nós não sabemos, mas nós descobrimos o que aconteceu quando a minha mãe engravidou de nós duas.” Ela desabafou, o surpreendendo.
“E o que aconteceu, Nita? Digo, aconteceu alguma coisa?” Perguntou o garoto, curioso.
“Eles meio que tentaram nos tirar.” Confessou, vendo-o arregalar os olhos.
“O tio Dan e a tia Carola? Tirar você e a Maju?” A menina confirmou, com os olhos marejados. “Impossível, Nita, eles são loucos por vocês! Meus pais sempre disseram que eles são dois bobos e babões, que fazem tudo por vocês.”
“Eu não estou dizendo que não são, Leon, eu sei que eles são. Eles sempre fizeram de tudo pela gente, nunca deixaram nos faltar nada, especialmente amor e carinho... Mas é, é verdade. Meus pais não queriam ter filhos, por coisas que aconteceram entre eles e os próprios pais. Minha mãe tinha um DIU, e quando engravidou, ela ficou louca e meu pai mais ainda. Eles tiraram o DIU, porque era a possibilidade mais segura de o embrião sair naturalmente. Mas, além de não sairmos, eu e a Maju nos dividimos em duas.”
“Ah, Nita.” Leon a abraçou com força, deixando que ela chorasse baixinho em seus braços. “Eu sinto muito.”
“Eles ficaram tão bravos quando descobriram que nós éramos duas, nos destratavam dentro da barriga da mamãe... Até o dia em que alguma coisa mudou, o dia em que eles passaram a nos amar. Foi no dia em que eles nos deram os nossos nomes: Nita, como a boneca favorita da minha mãe quando criança, e Maju, a mãe biológica do meu pai que morreu quando ele era pequeno.”
“E como vocês descobriram tudo isso?”
“Uns dois ou três anos atrás, nós achamos um caderno escondido na gaveta da minha mãe... Lembra daqueles desafios que nós tínhamos que cumprir, que o Eric desafiou todo mundo a ver se tinha camisinhas no quarto dos pais depois que a tia Aline engravidou do Gabe?” Ela perguntou, vendo-o assentir. “Então... Na hora, nós achamos esse caderno, e tinha vários ultras nossos, fotos dela grávida e coisas assim. Era tipo um diário de gravidez, que ela começou por conselho do psicólogo. Eu não quis ler tudo, mas a Maju sim e foi me contando.”
“E seus pais não sabem disso?”
“Nem imaginam. Eles nunca entenderam o porquê de a Maju ter ficado tão rebelde de repente, mas eu sei que foi por isso. E eu não quero que eles descubram, Leon, não quero mesmo. Por mais horrível que isso seja, eu sei que eles se arrependeram, eu sei que eles nos amam muito, tanto quanto amam o Nico. E vai doer muito neles saber que nós descobrimos.” Desabafou Nita, derrotada. “Por isso eu fico cedendo as vontades da Maju, para ela não explodir com eles.”
“Nita, você não pode abrir mão da sua vida pela rebeldia da sua irmã. É a mesma coisa que eu abrir mão de viver a minha vida só porque o Rudá não pode me acompanhar! Nós somos gêmeos, mas não vivemos em função dos nossos gêmeos. Eu sofro muito pelo o que aconteceu com o Rudá, pelas limitações que agora ele tem... E eu tento ajudar ele, tento apoiar, mas não deixo a mim mesmo de lado! E você também não pode fazer isso.”
“Mas e se a Maju contar?”
“Aí você vai abraçar seus pais e dizer que sabe que eles te amam, que você os perdoa... Porque você perdoou, não é?”
“Claro que sim, Leon, eu sei que eles nos amam demais.” Ela disse com um sorriso saudoso. “O papai sempre fala isso, em cada um dos nossos aniversários. Mesmo que a gente divida o resto do dia com vocês, na hora em que acordamos, ele faz uma festa enorme só para nós duas, e diz que nós somos maravilhosas, incríveis, a melhor coisa que aconteceu na vida deles, e que eles nos amam demais. E eu acredito nisso.”
“Então pronto, já sabe o que fazer. Se a Maju contar a verdade dela para os seus pais, você conta a sua.” Leon secou as lágrimas dela, sorrindo.
“Rolland, Zendaya, se já terminaram o desabafo, precisamos treinar.” Heloísa, uma mulher de 45 anos e treinadora da equipe de natação dos dois. “A Araújo e o Cabral já estão aí.”
“Certo, obrigado, treinadora.” Os dois entraram totalmente na água, nadando até os colegas de natação. “Hey.”
“Oi, amor.” Luíza Araújo se atirou sobre Leon, lhe tascando um beijo de desentupir privada, enquanto Nita e Felipe Cabral reviravam os olhos.
“Araújo, o que eu já falei sobre se agarrar durante os treinos?”
“Desculpe, treinadora... É que eu estava com saudade do meu namorado.” Explicou a moça loira, ainda agarrada no rapaz.
“Nós somos só ficantes, Lu, menos.” Riu Leon, se soltando dela. “Vamos começar pelo o quê hoje, treinadora?”
“Crawl, Rolland... Depois passaremos para os treinos individuais. Nossa primeira competição é em um mês, e quero vocês afiados!”
“Nós conseguimos ouro no livre, e prata no medley.” Lembrou Nita.
“Quero ouro nos dois, Zendaya.” Heloísa sorriu. “Vocês são a primeira equipe mista de revezamento que eu treino, e nesses últimos dois anos, me deram muito motivo para orgulho. Vamos continuar assim, ok?”
“Sim, treinadora.” O grupo concordou, indo cada um para sua raia.
~*~
“Então você quer aprender a jogar futebol?” Perguntou Luan, rolando a bola embaixo dos pés.
“Qual é, vai se fazer de lerdo?” Reclamou Luna, emburrada.
“Não, só fazer você implorar mesmo.” Riu o Cavalieri. “Achei que você odiava esportes de uma forma geral.”
“Não sou fã, mas... Meus pais gostam muito de futebol, sempre gostaram. E mesmo que a Luna não seja muito fã, ela joga com eles às vezes, e o Gabe também vai jogar. Eu quero participar disso.” Explicou a Gandia, sem graça.
“Não virar uma Marta da vida, mas pelo menos conseguir chutar a bola e fazer um touchdown.”
“Isso é no futebol americano, aqui nós fazemos gol.” Luan lembrou, começando a fazer embaixadinhas. “Bom, eu posso tentar te ajudar... O que eu ganho em troca?”
“Qual é, Luan, sua mesada é maior do que a minha.” Luna revirou os olhos.
“Não quero dinheiro.”
“E o que você quer?”
“Um beijo.” A resposta do rapaz a pegou de surpresa.
“C-como?”
“É... Você sabe que eu nunca beijei ninguém, Luna, ainda sou BV. E acho que você também é. E eu sempre quis perder meu BV com alguém que eu gostasse, que eu conhecesse... Quem melhor do que a minha melhor amiga?”
Explicou o rapaz, sem graça.
“Mas, Luan, nós somos amigos!” Lembrou Luna, corada. “Eu te amo, mas não desse jeito.”
“Eu sei, Luna, eu também. Mas... É tipo a Sam e o Freddie, sabe? Eles se beijaram como amigos.”
“Mas depois eles viraram um casal.” Os dois estavam sem graça.
“Certo, desculpe.” Luan disse, chateado. “Bom, vamos treinar...”
“Não, espera.” A Gandia o impediu de se afastar, o segurando pelo braço. Suspirou profundamente, levando as duas mãos ao pescoço de Luan, antes de aproximar seus rostos.
“O que você está fazendo?”
“Te dando o meu primeiro beijo. Agora fica quieto.” Pediu Luna, tomando coragem e acabando com a distância entre seus lábios.
Como todo o primeiro beijo, o deles foi desajeitado. Os dois estavam envergonhados por estarem beijando seu melhor amigo de uma vida inteira, mas esse fato também os deixava mais tranquilos e seguros.
Uma hora o ar começou a ser necessário, e eles se separaram. Corados ao extremo, sem conseguir encarar nada que não fosse o chão. Luna tirou as mãos do pescoço de Luan, mas ele ainda manteve as suas na cintura da garota.
“Foi... Interessante.” Disse o garoto, sorrindo de lado.
“É, foi interessante. E bom.” Luna deu de ombros, se afastando mais dele. “Obrigada e... Parabéns.”
“Valeu, para você também.” Luan afinal se afastou, pegando a bola de novo. “Pronta?”
“Deus queira que os genes dos meus pais me ajudem.” Suspirou Luna, alongando as costas. “Vamos lá.”
~*~“Um ano que você começou na ponta, e você já está na sua terceira sapatilha.” Raquel, professora de Elis, sorriu radiante.“Queria que fosse por estarem gastas de tanto dançar, mas é porque meu pé não para de crescer. Eu tenho 14 anos e calço 38!” Reclamou a jovem bailarina, colocando a sapatilha nova.“Ah, esse ano vai ser por isso mesmo.” A mais velha sorriu. “Elis, nós já escolhemos qual vai ser a nossa apresentação desse ano... Faremos A Bela Adormecida.”“Jura? É meu ballet de reportório favorito.” Os olhos da Rivera brilharam.“Eu sei, você diz isso desde os seis anos, quando comecei a te dar aulas. E, por isso, quero que faça a audição para Aurora.&r
“Eu não acredito que seus pais pediram para separar a Maju da gente.” Reclamou Luna, indignada.“Na verdade, quem pediu foi a Maju.” Contou Nita, chateada. “Ela quis ficar com as novas amigas, e de quebra, longe da gente. Ela mesma ligou para a diretora Hagata e fez o pedido. E depois de tudo o que ela falou para os meus pais, eles desistiram e só concordam.”“Espera, ela falou para os seus pais?’ Perguntou Leon, chocado.“Falou o quê? O que o Leon sabe que nós não sabemos?” Perguntou Susi, curiosa.E então, de forma rápida, Nita contou o que tinha contado para o amigo alguns dias antes, durante o treino deles.Assim como Leon, todos ficaram surpresos com a informação.“Isso é uma coisa que nunca nem passa
“Olha o tamanho desse salão, meu Deus do Céu.” Pablo estava chocado, olhando o lugar. “Deve ser maior do que a Escola Gamboa.”“E é, cara, bem maior.” Concordou Caique. “Mas só assim para caber todas as nossas famílias e os amigos deles da escola.”“Mas eles têm os mesmos amigos, pelo amor de Deus.”“Pablo, a lista final de convidados ficou em 400 pessoas.” Contou Darlan, vendo o amigo se escandalizar. “Pois é...”“Isso porque nós ainda não começamos a ver as cifras, meu amigo.” Lembrou Mariano, negando com a cabeça.“Ainda bem que elas começaram a poupança para essa festa há vários anos.”“Eu vou falir assim. Daqui alguns a
Luna estava deitada no sofá da sala do apartamento, com Gabe dormindo em seu peito. Adorava as sextas-feiras por isso, pela tranquilidade que ela trazia e pela chance de desfrutar melhor dos irmãos.Agora, com ela já mais velha, Pablo e Aline confiavam de ir ao mesmo tempo para a lanchonete, por algumas horas, e deixar Luna e Gabe sob os cuidados da irmã mais velha. E ela realmente adorava isso.Por mais que reclamasse, seus irmãos eram as coisas que mais amava no mundo todo. Se lembrava perfeitamente do dia em que os pais tinham lhe contado que cada um deles estava a caminho, e mais ainda do momento em que os segurou no colo pela primeira vez.Luna foi seu presente de cinco anos, após pedir um irmão para os pais por anos. Após o café da manhã, eles a levaram até um laboratório e ela viu a irmãzinha dentro da barr
“Para quem observa, sim.”“E você observa, Lily?”“Você é meu irmão, claro que eu observo.” Ela sentou, animada. “E além do que, eu amo a Luna. Eu queria que ela fosse minha cu... Cu... Como é que se diz?”“Cunhada?”“É, isso aí.” Lily bateu palmas, feliz. “Por que você não namora a Luna, Luan?”“Crianças? Chegamos!” Ouviram a voz da mãe, salvando Luan de responder a inquisição da irmã.“Hey, tudo bem por aqui?” Junior abriu a porta, sorrindo.“A Lily teve um pesadelo e veio ficar comigo.” Explicou o garoto.“Está com medo, princesa?” Junior caminhou at&eacut
“O que você está fazendo, cara?” Leon sentou ao lado de Rudá no sofá, observando o notebook do irmão.“Pesquisando exercícios para a fisioterapia. Sabe, vou me dedicar totalmente em me fortalecer para a dança com a Elis.” Explicou o gêmeo, animado.“Hum, sinto o cheio de shipp!” Susi veio saltitando.“Você está parecendo a mamãe.” Disseram os irmãos, logo rindo junto com ela.“Obrigada pelo elogio.” Ela sentou do lado oposto de Rudá. “Mas e aí... Será que rola?”“Rola o que, Susi?”“Você e a Elis, claro.”“O que? Tá maluca?” Rudá fechou o notebook, revirando os olhos. “Eu? Namorar algu
“Rudá, achei a solução para o seu problema!” Avisou Leon, animado.“E que problema seria esse?”“Você ter privacidade para bater punheta.”“Eu fico abismado com a naturalidade que você fala isso.” Rudá corou, vendo o gêmeo rir.“No começo eu morria de vergonha, mas é natural, cara. O Luan e o Eric também fazem bastante isso.” Dedurou o garoto.“E qual seria sua ideia brilhante?”“Simples: você faz isso na escola.” Os olhos de Rudá se arregalaram.“Pirou, foi?”“Presta atenção, Rudá: na escola, quando você vai no banheiro, quem te acompanha sou sempre eu, certo?” O gêmeo concordo
Abril chegou com um clima mais ameno, mas ainda muito quente. Os campeonatos de natação de Leon e Nita tinham começado recentemente, e em quase todos os finais de semana os dois estavam viajando para algum lugar, para competir com a equipe. O garoto ainda estava enrolado com Luíza, sua colega de equipe, mas a cada dia mais queria acabar com tudo, de tão saturado que estava dela.Luan e Eric também estavam completamente focados nos treinos de futebol e basquete, respectivamente, já que a temporada de amistosos começaria em breve. Os dois treinavam três vezes por semana, e mesmo em casa estavam com a cabeça na preparação.E a audição de Elis para Aurora se aproximava. Seus pais e treinadora estavam sendo fundamentais para mantê-la com os pés no chão nesse momento, já que ela queria intensificar seus trein