Isabelle MattosDesde que fui ao médico, já se passou uma semana e mesmo aparentando estarmos bem... eu estou sentindo Alejandro muito estranho. Então resolvi deixar as coisas esfriarem e não toquei mais no assunto de voltar a trabalhar. Depois do que ele me falou eu tomei a decisão de não voltar a morar em Campo Verde. Por isso, preparei meu currículo para um headhunter aqui de São Paulo e quero voltar a trabalhar aqui mesmo. O cargo de diretora de Projetos e Execuções que me ofereceram lá sempre foi meu sonho, mas agora… Acho que aceitar esse trabalho, principalmente nessa posição, pode atrapalhar muito meu namoro. E isso eu não posso deixar acontecer. Estou cada vez mais apaixonada por Alejandro e feliz ao lado dele. Mas tenho a sensação de que não consigo demonstrar isso o suficiente. O medo de que algo aconteça e nos afaste me corrói. O medo de que a rotina destrua o que temos... que ele perca o interesse ou se canse de mim. Isso acontece o tempo todo com tantos casais... e essa
Isabelle MattosDepois de uma hora e meia de viagem eu chego a Campo Verde, um pouco mais calma, mas com um vazio no peito, uma angústia, uma dor apertando meu coração. Eu não consigo processar o que ouvi. Nada faz sentido. A frase: “Quero aproveitar um pouco mais” não sai da minha cabeça.Quando entro no apartamento, tomo um grande susto ao ouvir uma voz conhecida.— Quando é que você vai parar com essa mania de fugir? — A voz de Alejandro ecoa no silêncio.Acendo a luz rapidamente e vejo que ele está sentado numa poltrona, me olhando. Droga, meu coração acelera só de ouvir a voz dele e de vê-lo. Uma enxurrada de sensações me toma e eu não consigo controlar minhas lágrimas. É um misto de raiva, decepção e amor que me consome.Meu Deus, como eu fui me apaixonar desse jeito por esse homem?— O que é que você está fazendo aqui? Por que não está em casa se organizando para sua viagem? Você não vai embora? Você não tem nada para fazer aqui. — pergunto, tentando soar firme.— Oh, Isabelle..
Isabelle MattosFiquei com aquela caixa na mão por pelo menos dez minutos sem abrir... Eu sabia que, no fundo, ele estava certo. Essa minha mania de perder a cabeça e ser precipitada ainda ia acabar comigo...Tomei coragem e abri a caixa.Coloquei a mão na boca, completamente surpresa com o que estava vendo. Nela continha papeis…Meu passaporte tem autorização para viajar por vários países por pelo menos um ano...Roteiros de passeios em lugares como Portugal, França e até Dubai...E cursos de curta duração... várias opções e locais...Tudo já estava pré-agendado há pelo menos duas semanas.Fiquei olhando aquilo tudo e me senti uma idiota completa.— Porr@! Por que ele não me falou? — murmurei para mim mesma, confusa.Não fazia o menor sentido. Ele achou que eu não iria com ele? Fiquei ali, tentando organizar meus pensamentos, até que percebi que também não havia dito a ele que não queria mais voltar para Campo Verde, porque não queria correr o risco de perdê-lo. Que droga!Agora ele t
Isabelle MattosHoje estamos comemorando seis meses daquele "dia especial". O dia do assalto... Parece uma brincadeira, mas Alejandro insiste que temos duas datas importantes para celebrar: o dia do assalto e o dia do pedido do namoro em Nova York. Então, não posso contrariar... só viver… Confesso que acho isso até bonitinho.Estou me arrumando para o jantar no restaurante onde tivemos nosso primeiro encontro oficial. Alejandro tem sido um romântico incorrigível e, sinceramente, eu amo esse jeito dele. Sempre brinco que, se ele mudar, eu o mato... e ele como sempre gargalha.Estou prontíssima, me sentindo linda. Até o vestido ele mandou para mim hoje à tarde como um presente: um modelo vermelho curto, de uma manga só, extremamente sensual. Tenho certeza de que ele tem péssimas intenções... e estou torcendo para que seja verdade.Ele entra no quarto e fica me observando da porta, seu olhar intenso de desejo. Caminha até mim, segura meu rosto e me beija com paixão. Em seguida, tira do bo
Alejandro GonzálezPlanejei aquela noite por uma semana. Cada detalhe, cada sensação, cada reação que eu queria arrancar dela. E agora, ali estava eu, diante da mulher que há seis meses tinha virado meu mundo de cabeça para baixo. Tudo que eu sabia sobre desejo, prazer e sentimento mudou depois que ela entrou na minha vida. Com Isabelle, tudo era uma descoberta, uma experiência nova, uma intensidade que eu nunca havia sentido antes.Ela estava na minha frente, deitada, quase nua, com os olhos vendados, entregue a mim por completo. Meu peito se encheu de excitação e poder. Peguei uma uva, mergulhei no chantilly e passei lentamente pelos lábios dela. Cada toque meu a fazia estremecer, sua respiração já denunciava o desejo crescente. Fui provocando, mordiscando seu rosto de leve, passando a língua sem realmente beijá-la. Peguei um morango, mergulhei no chocolate e repeti o mesmo gesto, brincando com sua boca.Afastei-me apenas o suficiente para tirar seu sutiã. Seus seios ficaram exposto
Isabelle MattosPassamos a noite inteira fazendo amor. Na verdade, foi muito sexo selvagem de todas as maneiras. Confesso que estou completamente doida. Nossa, meu espanhol me sugou totalmente! Demos apenas um cochilo e acordei com ele com o fogo todo aceso novamente. Ele vai me matar desse jeito, mas o melhor é que eu adoro. Que noite! Começamos na varanda, naquele sofá maravilhoso, depois partimos para a banheira e, em seguida, para a cama. Voltamos para o sofá e terminamos no chuveiro. Agora, pela manhã...— Anjo, vem tomar café! Tem uma mesa deliciosa pra gente. Estou morrendo de fome! — diz Alejandro, com um sorriso no rosto.— Eu também... mas estou morta de sono e cansada. Você realmente falou a verdade... — respondo, tentando abrir os olhos.— O que eu falei? — pergunta ele, intrigado.— Que queria me matar de prazer e cansaço... Estou toda esfolada, espanhol! — digo, fazendo uma cara de manha. Ele ri.— Oh, meu amor... parece que você não gostou.— Não sou doida, mas você qua
Isabelle MatosMesmo sem gostar de ser obrigada a viajar, ir ao Rio de Janeiro não parecia tão ruim assim. Após sair de uma reunião com um cliente — já passava das 18 horas, mas o céu ainda estava claro — decidi pegar um táxi. No entanto, pedi para descer algumas quadras antes do hotel. Queria caminhar um pouco. O fim de tarde estava agradável, e eu precisava organizar meus pensamentos.Enquanto caminhava, perdida em meus devaneios, ouvi um grito abafado vindo de uma ruazinha lateral. Não pensei, apenas agi. Virei na direção do som, movida por um impulso que logo se mostrou um grande erro.Assim que entrei na rua, vi a cena e me arrependi instantaneamente. Um homem alto, visivelmente machucado, estava sendo segurado por dois rapazes. Um terceiro, mais agressivo, segurava uma pistola apontada para ele. Meu coração gelou.Tentei sair dali discretamente, mas meu salto entrou em um buraco no asfalto, quebrando e fazendo um barulho alto. O homem armado virou-se abruptamente, com os olhos f
Dias antesIsabelle Mattos— Marcos, você só pode estar brincando comigo! Viajar agora? Eu não posso assumir mais um projeto no seu lugar. Estou lotada de trabalho! Tenho três projetos em finalização e quatro em andamento que precisam de acompanhamento. E, me desculpe, mas você deveria estar à frente de todos eles, pois essa é a sua função.Marcos me olha contrariado, mas não me intimido. Sustento o olhar, firme, enquanto sinto a frustração crescente de ter que assumir responsabilidades alheias. Trabalhar com dois chefes idiotas, numa empresa tão machista, está me levando ao limite.Pela terceira vez, fui vetada de uma promoção, sempre com desculpas esfarrapadas. No fundo, sei o verdadeiro motivo: sou mulher. O mais revoltante é que eles são promovidos às custas do meu trabalho e do das outras mulheres aqui. Estou saturada.— Não adianta reclamar, Isa. Eu estou muito ocupado, e não tem ninguém melhor do que você para encantar um cliente em potencial e acalmar outro que esteja desconte