Isabelle MattosAcordei sobressaltada, o coração quase saindo pela boca. Por um instante, achei que o prédio estivesse pegando fogo. Respirei fundo e atendi o interfone com as mãos ainda trêmulas. Logo depois, fui até a porta.— Alejandro? — perguntei surpresa, vendo-o ali, àquela hora da madrugada.Ele estava parado, com um sorriso lindo, meio sem jeito.— Desculpa, Isabelle. Acho que meu relógio quebrou... — disse, tentando disfarçar, mas seus olhos denunciavam algo mais profundo.Cruzei os braços, fingindo impaciência.— E isso justifica você estar aqui agora?Ele deu um passo à frente e suspirou.— Não consigo dormir sem você.Meu coração vacilou, mas mantive a pose.— Entra, espanhol. — convidei, com um sorrisinho satisfeito no rosto.Ele parecia querer dizer algo, mas hesitava. Resolvi quebrar o silêncio.— Então, o que foi namorado, desistiu do compromisso?Alejandro balançou a cabeça e se aproximou.— Oh anjo, não é isso. Eu nunca desistiria... de nada. Mas... ultimamente, meu
Isabelle MattosDois meses. Parece que foi ontem, mas já se passaram dois meses desde que minha vida mudou completamente. Deixei meu emprego, mudei meu estilo de vida e, claro, comecei a namorar Alejandro, o espanhol que parece ter vindo direto de um romance de cinema e tras mudanças.Essas mudanças não foram só na minha vida pessoal e carreira. Comecei um projeto pessoal que me trouxe ânimo novamente. Alguns antigos clientes me procuraram, e decidi criar algo próprio, algo que eu pudesse fazer de casa. Trabalhar no que acredito e, ao mesmo tempo, equilibrar minha vida pessoal.Alejandro também trouxe mudanças em outras áreas. Miguel, meu irmão, começou a trabalhar com ele naquilo que chamam de "o grande projeto da vida". Miguel está dividido entre São Paulo e Campo verde, o que o obrigou a contratar uma assistente que pudesse transitar entre as duas cidades. Claro que sugeri Sabrina, e ela não hesitou em aceitar o cargo.Enquanto isso, meu relacionamento com Alejandro segue firme. El
Alejandro GonzálezDirigi pela cidade por horas, com a cabeça a mil e o peito carregado de raiva. Pensava em ir direto para São Paulo, mas a estrada àquela hora parecia um risco que nem mesmo minha irritação justificava. Vinte minutos depois, sem perceber, parei na casa de Miguel. Ele abriu a porta com aquela expressão de quem já sabia exatamente o que estava acontecendo, por me conhecer melhor do que eu mesmo.— Entra aí, cara. Me dá a chave do carro que eu te dou uma dose de uísque – disse ele, estendendo a mão.Entreguei a chave sem hesitar e entrei.— Pra mim chega, Miguel.— Senta aí cara e fica calmo. — Ele falou indo em direção a mesinha que estava a garrafa de uísque.— Só ela não percebe que o Gustavo está caído por ela? E que essa relação é muito mais que amizade. Fui despejando minha raiva enquanto ele me oferecia um copo com gelo.— E o pior é que ela não quer se afastar dele por nós, sabia? Se é assim, então nós dois não somos nada!Miguel ouviu em silêncio, apenas balan
Isabelle MattosAlejandro tem sido um parceiro maravilhoso nos últimos meses. Estamos juntos há cinco meses, e a cada dia percebo o quanto ele está investido em nosso relacionamento. Mesmo assim, sei que sua impaciência às vezes transparece, especialmente em relação à minha amizade com Gustavo.Hoje resolvemos passar o fim de semana em Campo Verde e enquanto ele dirigia e eu tentava cochilar, ele comenta: — Isa, você precisa descansar mais. Estou te achando um pouco abatida.Eu sorri, tentando tranquilizá-lo:— Não se preocupe, amor… Só não dormi muito bem ontem. Prometo que depois da festa de Gustavo eu vou descansar. Vamos aproveitar hoje, que é o dia de comemorar a vitória de Gustavo. Ele merece.Gustavo é o meu melhor amigo. Lutou a vida toda para chegar onde está e finalmente está colhendo os frutos de tanto esforço. Ele venceu uma causa importante e esse reconhecimento ele merece há tempos. Inclusive alguns grandes escritórios de advocacia estão cada vez mais interessados no tra
GustavoHá 14 anos...Sempre fui muito comunicativo. Amigos nunca me faltaram, principalmente na adolescência. Todos os anos sempre vinham estudantes de outras cidades, aumentando a quantidade jovens da cidade.Minha grande amiga desde a infância, Claudinha, sempre foi do tipo maluquinha e vivia conhecendo gente nova. Sabendo que eu era acolhedor — e pegador também, não perdia a oportunidade de me apresentar novas amizades, e, claro, novas gatinhas.— Gustavo, vou te apresentar uma menina que conheci. Ela é bem legal, mas não conhece ninguém. Está bem sozinha. — disse Claudinha, com um tom que já conhecia bem. Era um apelo direto ao meu jeito acolhedor.— No mínimo, é feia pra você estar insistindo tanto assim — provoquei, mexendo com ela.Naquela tarde, fomos a um barzinho bem conhecido da cidade, que pertencia ao pai de um dos amigos da turma. Era nosso ponto de encontro habitual. Claudinha chegou acompanhada de uma garota linda, com um jeito tímido e um sorriso que iluminava o luga
Alejandro GonzálezAquela espera foi a pior espera da minha vida… Uma mistura de dor, por ter autorizado aquele aborto e medo do que poderia acontecer com ela. Todos tentavam acalmar a mim e também o Gustavo que estava visivelmente angustiado.— Meu Deus, está demorando demais… Eu vou atrás de notícias, não consigo ficar aqui parado, sem saber se está tudo bem.— Calma, Alejandro… Tenho certeza que vai dar tudo certo… — Miguel falava tentando me acalmar, mas ele mesmo não estava conseguindo disfarçar a impaciência e nervoso.Quando eu já ia sair para procurar o médico ele entra acompanhado da drª Juliana. — E aí doutor, como ela está? — Gustavo perguntou.— Ela está bem, tudo ocorreu melhor que o esperado.— Ela vai poder ter filho doutor? — Dessa vez foi Carla que perguntou e confesso que meu coração apertou na mesma hora.— Possivelmente sim, mas ela precisará fazer um tratamento. Agora é muito cedo para falar em sequelas. No entanto, ela passará esta madrugada na UTI para ser melh
Drª JulianaNunca imaginei passar por uma noite como essa… Estava vindo de um plantão até calmo, quando recebi um telefonema de Gustavo. Ele tentou me explicar, mas falava sem coerência, e eu não conseguia entender nada.— Juliana, é grave… Isabelle foi encontrada desmaiada na cama. Estamos levando ela para o hospital — disse Gustavo, com a voz embargada.Meu coração apertou. Eu tentava há bastante tempo que Isabelle fizesse o tratamento, se cuidasse, mas o medo e trauma que ela tem de hospital era muito forte. Entrei em contato com os paramédicos que iam acompanhar a transferência dela de Campo Verde até São Paulo e fiquei aguardando eles chegarem. Preparei uma equipe completa para recebê-la com psiquiatra e psicólogo para auxiliá-la, já que sei dos traumas que ela tem em relação a hospitais.Meu maior receio era que ela entrasse em pânico ou revivesse as memórias dolorosas que lutou tanto para superar.Mas quando o médico falou: — Isabelle está grávida. — Eu fiquei em choque. A pr
Alejandro GonzálezAquela madrugada foi a mais intensa da minha vida… E eu que odeio esperar, tive que fazer isso por horas… Mas devido ao cansaço consegui cochilar um pouco, quando fiquei sozinho no quarto.Eram quase 10 horas da manhã, quando acordei com a voz baixa de uma enfermeira:— Senhor, senhor… a paciente está sendo transferida da UTI. O senhor quer ir até ela? — Levantei sobressaltado.— Nossa, que notícia boa! Ela não vem pra cá?— O médico mandou ela para um quarto maior, mais equipado.— Ótimo! Eu vou lavar o rosto e você me leva até ela.— Claro, senhor. Estou lhe aguardando lá fora.Minutos depois, mais animado e com meu coração acelerado de alegria e ansiedade fui até o quarto onde ela estava. Ao entrar, fiquei parado por um momento, observando enquanto os enfermeiros a acomodavam. Ela parecia tão frágil, mas, ao mesmo tempo, havia algo de forte em seu olhar.— Oi, meu espanhol… Vivo te dando trabalho — disse ela com um sorriso tímido.— Oi, meu anjo… Graças a Deus, v