Alejandro GonzálezDirigi pela cidade por horas, com a cabeça a mil e o peito carregado de raiva. Pensava em ir direto para São Paulo, mas a estrada àquela hora parecia um risco que nem mesmo minha irritação justificava. Vinte minutos depois, sem perceber, parei na casa de Miguel. Ele abriu a porta com aquela expressão de quem já sabia exatamente o que estava acontecendo, por me conhecer melhor do que eu mesmo.— Entra aí, cara. Me dá a chave do carro que eu te dou uma dose de uísque – disse ele, estendendo a mão.Entreguei a chave sem hesitar e entrei.— Pra mim chega, Miguel.— Senta aí cara e fica calmo. — Ele falou indo em direção a mesinha que estava a garrafa de uísque.— Só ela não percebe que o Gustavo está caído por ela? E que essa relação é muito mais que amizade. Fui despejando minha raiva enquanto ele me oferecia um copo com gelo.— E o pior é que ela não quer se afastar dele por nós, sabia? Se é assim, então nós dois não somos nada!Miguel ouviu em silêncio, apenas balan
Isabelle MattosAlejandro tem sido um parceiro maravilhoso nos últimos meses. Estamos juntos há cinco meses, e a cada dia percebo o quanto ele está investido em nosso relacionamento. Mesmo assim, sei que sua impaciência às vezes transparece, especialmente em relação à minha amizade com Gustavo.Hoje resolvemos passar o fim de semana em Campo Verde e enquanto ele dirigia e eu tentava cochilar, ele comenta: — Isa, você precisa descansar mais. Estou te achando um pouco abatida.Eu sorri, tentando tranquilizá-lo:— Não se preocupe, amor… Só não dormi muito bem ontem. Prometo que depois da festa de Gustavo eu vou descansar. Vamos aproveitar hoje, que é o dia de comemorar a vitória de Gustavo. Ele merece.Gustavo é o meu melhor amigo. Lutou a vida toda para chegar onde está e finalmente está colhendo os frutos de tanto esforço. Ele venceu uma causa importante e esse reconhecimento ele merece há tempos. Inclusive alguns grandes escritórios de advocacia estão cada vez mais interessados no tra
GustavoHá 14 anos...Sempre fui muito comunicativo. Amigos nunca me faltaram, principalmente na adolescência. Todos os anos sempre vinham estudantes de outras cidades, aumentando a quantidade jovens da cidade.Minha grande amiga desde a infância, Claudinha, sempre foi do tipo maluquinha e vivia conhecendo gente nova. Sabendo que eu era acolhedor — e pegador também, não perdia a oportunidade de me apresentar novas amizades, e, claro, novas gatinhas.— Gustavo, vou te apresentar uma menina que conheci. Ela é bem legal, mas não conhece ninguém. Está bem sozinha. — disse Claudinha, com um tom que já conhecia bem. Era um apelo direto ao meu jeito acolhedor.— No mínimo, é feia pra você estar insistindo tanto assim — provoquei, mexendo com ela.Naquela tarde, fomos a um barzinho bem conhecido da cidade, que pertencia ao pai de um dos amigos da turma. Era nosso ponto de encontro habitual. Claudinha chegou acompanhada de uma garota linda, com um jeito tímido e um sorriso que iluminava o luga
Alejandro GonzálezAquela espera foi a pior espera da minha vida… Uma mistura de dor, por ter autorizado aquele aborto e medo do que poderia acontecer com ela. Todos tentavam acalmar a mim e também o Gustavo que estava visivelmente angustiado.— Meu Deus, está demorando demais… Eu vou atrás de notícias, não consigo ficar aqui parado, sem saber se está tudo bem.— Calma, Alejandro… Tenho certeza que vai dar tudo certo… — Miguel falava tentando me acalmar, mas ele mesmo não estava conseguindo disfarçar a impaciência e nervoso.Quando eu já ia sair para procurar o médico ele entra acompanhado da drª Juliana. — E aí doutor, como ela está? — Gustavo perguntou.— Ela está bem, tudo ocorreu melhor que o esperado.— Ela vai poder ter filho doutor? — Dessa vez foi Carla que perguntou e confesso que meu coração apertou na mesma hora.— Possivelmente sim, mas ela precisará fazer um tratamento. Agora é muito cedo para falar em sequelas. No entanto, ela passará esta madrugada na UTI para ser melh
Drª JulianaNunca imaginei passar por uma noite como essa… Estava vindo de um plantão até calmo, quando recebi um telefonema de Gustavo. Ele tentou me explicar, mas falava sem coerência, e eu não conseguia entender nada.— Juliana, é grave… Isabelle foi encontrada desmaiada na cama. Estamos levando ela para o hospital — disse Gustavo, com a voz embargada.Meu coração apertou. Eu tentava há bastante tempo que Isabelle fizesse o tratamento, se cuidasse, mas o medo e trauma que ela tem de hospital era muito forte. Entrei em contato com os paramédicos que iam acompanhar a transferência dela de Campo Verde até São Paulo e fiquei aguardando eles chegarem. Preparei uma equipe completa para recebê-la com psiquiatra e psicólogo para auxiliá-la, já que sei dos traumas que ela tem em relação a hospitais.Meu maior receio era que ela entrasse em pânico ou revivesse as memórias dolorosas que lutou tanto para superar.Mas quando o médico falou: — Isabelle está grávida. — Eu fiquei em choque. A pr
Alejandro GonzálezAquela madrugada foi a mais intensa da minha vida… E eu que odeio esperar, tive que fazer isso por horas… Mas devido ao cansaço consegui cochilar um pouco, quando fiquei sozinho no quarto.Eram quase 10 horas da manhã, quando acordei com a voz baixa de uma enfermeira:— Senhor, senhor… a paciente está sendo transferida da UTI. O senhor quer ir até ela? — Levantei sobressaltado.— Nossa, que notícia boa! Ela não vem pra cá?— O médico mandou ela para um quarto maior, mais equipado.— Ótimo! Eu vou lavar o rosto e você me leva até ela.— Claro, senhor. Estou lhe aguardando lá fora.Minutos depois, mais animado e com meu coração acelerado de alegria e ansiedade fui até o quarto onde ela estava. Ao entrar, fiquei parado por um momento, observando enquanto os enfermeiros a acomodavam. Ela parecia tão frágil, mas, ao mesmo tempo, havia algo de forte em seu olhar.— Oi, meu espanhol… Vivo te dando trabalho — disse ela com um sorriso tímido.— Oi, meu anjo… Graças a Deus, v
GustavoMiguel conseguiu me tirar a contragosto do hospital para comer e acabou me levando ao apartamento de Alejandro para tomarmos um banho.Quando voltei, fiquei sabendo que Isabelle tinha sido transferida para o quarto e que Alejandro estava com ela. Pensei em entrar lá, mas resolvi deixá-los sozinhos.No começo da relação dos dois, confesso que não gostava, pois eu conhecia bem o conquistador confiante e frio que Alejandro era. Mas Isabelle conquistou o espanhol de um jeito que ninguém imaginaria que fosse possível.Contudo, o ciúmes que ele sente de mim desde o começo foi exagerado. Ele nunca compreendeu que eu daria minha vida por ela e que nunca a vi como mulher...— Como Miguel costuma dizer: Isabelle é uma pérola. — murmurei para mim mesmo.Para mim, Belle é perfeita, mas nasceu para ser minha irmã, minha amiga, minha parceira. Desde que a conheci, sempre foi assim. Meu papel é protegê-la e valorizar a companhia de uma pessoa tão especial.De repente, Miguel se aproxima e di
Isabelle MattosHoje eu tive alta do hospital e apesar dele ser quase um hotel de luxo, eu não via a hora de ir pra casa. Alejandro saiu pouquíssimo do meu lado, apenas para compromissos que não podia adiar ou delegar para Miguel. E sempre me deixava com Carla ou Gustavo, nunca sozinha.Ele me levou para seu apartamento e não tive nem como contrariá-lo, pois ele tinha tomado todas as providências, como colocar uma enfermeira exclusivamente para cuidar de mim, fora a Marta que estava pronta para me bajular.Quando ele disse que ia cuidar de mim, ele não estava brincando...MartaJá faz um mês que Dona Isabelle voltou do hospital e está hospedada aqui... Fico muito feliz que o menino Alejandro encontrou essa moça. Ele sempre foi um homem conquistador, de muitas mulheres que, na maioria das vezes, se apaixonavam por ele... Mas, ele sempre demonstrou estar imune ao apego e à paixão... O que sempre me deixou triste, porque conheço seu coração, ele é um homem maravilhoso e merecia amar e s