Alejandro GonzálezSaí da casa dela com o coração pesado, uma mistura de alívio por ter tentado me explicar e frustração por saber que, talvez, não tivesse sido suficiente. Isabelle parecia tão ferida, tão distante... Eu não sabia se havia conseguido alcançar seu coração ou apenas aprofundado as cicatrizes.Pelo menos me senti aliviado por ter me explicado, mesmo sabendo que não é suficiente… Dirigi sem rumo por um tempo, até perceber que meus pensamentos só me levariam para um lugar: a casa do Miguel.Quando toquei a campainha, já passava das três da manhã.Miguel abriu a porta com uma expressão de sono e confusão.— Alejandro? Cara, você sabe que horas são? Tá tudo bem?— Não, mas posso dormir aqui? — perguntei, direto.Ele suspirou e abriu espaço para eu entrar.— Claro, a casa é sua. Mas antes de mais nada, o que você está fazendo na rua a essa hora?— Me dá uma dose de uísque, por favor. Tô precisando.Ele riu baixinho, ainda sonolento, enquanto balançava a cabeça.— Uísque? A es
Isabelle MatosFui para o trabalho com a cabeça fervendo, depois da conversa que tive com Gustavo. Apesar de estar aborrecida e me defendendo muito do Alejandro, eu não podia deixar de admitir que ele era um homem livre e eu provoquei nosso afastamento.Lembrei mais uma vez do pedido que ele me fez: Nos dê mais uma chance.— Isabelle, você quer ter outra chance com Alejandro? Ou está apenas com o orgulho ferido? — Perguntei para mim mesma em voz alta e tomei uma decisão: Vou resolver essa história de uma vez por todas… Peguei o celular e mandei uma mensagem pra ele.Mensagem enviada para Alejandro: — Bom dia. Quer almoçar comigo hoje?Trinta minutos depois, ele respondeu:Alejandro: — Oi, anjo. Aceito sim. Que horas e onde?Isabelle: — Pode ser aqui em Campo Verde?Alejandro: — Onde você quiser…Marcamos às 13h em um restaurante próximo. Quando cheguei, lá estava ele: impecável, com um sorriso que me desarmava. Ao me ver, levantou-se, deu um beijo suave no meu rosto e segurou minha mã
Alejandro GonzálezCombinei de almoçar com Miguel em Campo Verde para discutirmos os detalhes do projeto de expansão dos negócios na América do Sul, algo que venho planejando há anos. É mais do que um projeto profissional — é uma promessa para minha mãe. Ela sempre dizia: “Meu filho, quando puder, invista no Brasil. Aquele país precisa de emprego e educação.”Esse sonho dela agora também é meu. Prometi a mim mesmo que vou fazer muito mais do que ela imaginava. Enquanto penso nisso, uma brisa perfumada invade o espaço. Por um instante, é quase como se fosse um sinal — ou talvez só minha mente brincando comigo.No início da noite, estávamos no escritório de Miguel, debatendo detalhes do projeto. Entre uma ideia e outra, mandei uma mensagem para Isabelle, perguntando se podíamos conversar. Queria ouvir sua voz, sentir sua presença, mesmo que à distância. Mas ela, delicada como sempre, respondeu que estava atolada de trabalho e que não poderia naquele momento. Entendi, mas confesso que fi
Quinta-feiraIsabelle MatosQuase meio-dia e minha mente está a mil. Nem sei por que me dei ao trabalho de abrir os e-mails hoje. Nada nesse escritório faz mais sentido, e cada segundo que passo aqui parece um martírio. Mal consigo me concentrar; só penso no final de semana.Ontem na pizzaria, o Alejandro me convidou para passarmos o final de semana juntos em São Paulo e isso não sai da minha cabeça. O pensamento me traz um sorriso breve, mas logo volta a realidade: provavelmente vão inventar algum compromisso de trabalho e me prender aqui no sábado. Ultimamente é sempre assim.Respirei fundo, revisei meu cronograma e enviei os e-mails com as entregas programadas para terça-feira. Avisei ao Martins e aos dois "palhaços" do setor que, no sábado, não contem comigo.Senti um pequeno alívio. Peguei o celular e, sem pensar muito, escrevi:Mensagem: “Oi, espanhol, convite aceito. Beijos.”Enviei. Pronto, agora é oficial.Cheguei em casa por volta das sete da noite, exausta como sempre. Um b
Sexta - Feira, 11hIsabelle MatosQue ódio! Estou com um humor de cão! Hoje é um daqueles dias que já começam mal. Passei a manhã visitando três clientes que, na verdade, eram compromissos do Marcos. Ele simplesmente resolveu viajar por motivos particulares e deixou tudo para mim, como se minha agenda estivesse vazia.Entro na minha sala, respiro fundo e olho em volta. Está cheia de demandas acumuladas, e eu ainda nem tomei café. E para piorar eu não conseguia tirar Alejandro da minha cabeça… Em breve ele estará viajando para Nova York, e tudo que eu queria era ir com ele. Abri meu computador, mas logo um e-mail chamou minha atenção.Abro a mensagem e leio com cuidado:De: MartinsAssunto: PromoçãoIsabelle, bom dia.Gostaria de convidá-la para um almoço amanhã, aqui em São Paulo. Surgiu uma oportunidade para a promoção de gerente sênior, e o cargo será concedido a você. Será importante apresentá-la oficialmente durante este almoço no clube, com a presença das pessoas mais importante
Isabelle Mattos11h15. Na sala de Isabelle.Quando li o e-mail com o título: “Promoção”, pelo menos umas dez vezes, foi como se a minha vida profissional estivesse sendo projetada em minha frente, como um filme. Tudo parecia tão claro.Lembrei-me da felicidade que senti quando consegui meu primeiro estágio ali, na grande empresa. Era um sonho realizado, o começo de tudo. E depois? Depois vieram as promoções, os brindes com Gustavo e Miguel. Quem poderia esquecer aquele dia em que me tornei coordenadora? Fizemos uma festa improvisada na minha casa. Carla ficou furiosa porque Miguel, embriagado, não conseguiu nem voltar para casa. Foram tempos de intensidade, conquistas e sacrifícios.Por essa empresa, deixei de lado meu trabalho voluntário na ONG. Afinal, o tempo era escasso e minha dedicação tinha que ser total. Disse a mim mesma que seria apenas por um ano. Agora, seis anos depois, percebo que me vendi. Fiz isso para crescer, para financiar meu apartamento, comprar meu carro, conquis
Isabelle MattosO trajeto até o restaurante foi tranquilo, Alejandro passou o caminho me fazendo carinho. O restaurante tinha uma atmosfera romântica que me envolveu de imediato: um salão sofisticado, com luz baixa, velas acesas sobre as mesas e uma música suave preenchendo o ambiente. Era como estar em um filme romântico. Nunca imaginei viver algo tão lindo.Alejandro me conduziu até uma mesa com uma vista deslumbrante para a Estátua da Liberdade. Sentada ali, sob a luz cálida das velas, era impossível não me sentir a mulher mais sortuda do mundo. Ele pediu um vinho, e brindamos com sorrisos cúmplices.De repente, um pensamento me invadiu como um sopro gelado. E se tudo isso desaparecesse? Um medo inesperado apertou meu coração, e meu sorriso vacilou. Alejandro percebeu de imediato.— O que foi, meu anjo? — perguntou ele, com uma preocupação genuína nos olhos. — Ficou triste de repente... algo lhe aborreceu? — Balancei a cabeça, tentando desviar o olhar.— Não, está tudo perfeito.—
Isabelle MattosAinda estou no chão do banheiro, com o coração pesado e lágrimas insistentes que não param de cair. Tudo o que consigo pensar é em voltar para casa, para o meu refúgio, onde essa confusão não me alcança. Foi quando o celular tocou, quebrando o silêncio da noite. Olhei para a tela e vi o nome de Carla.— Oi, amiga... — atendi com a voz embargada. — Se você ligou para me convencer a sair daqui e falar com ele, nem adianta. Você não viu o que eu vi — disse, começando a chorar novamente.— Isabelle, só me escuta, por favor — pediu Carla, em um tom firme, mas cheio de carinho.— Fala... — respondi, tentando controlar o soluço.— Estou do seu lado e sempre estarei, não importa o que aconteça. Jamais tenha dúvidas disso, tá? Agora, escute bem: Vá tomar um banho e tente dormir. Mas me promete uma coisa, amiga, por favor.— O quê? — perguntei, limpando o rosto com a mão.— Não tome nenhuma decisão precipitada sem a gente conversar amanhã, combinado?Hesitei por alguns segundos