Haiden — O que diabos você tem na cabeça, garoto? – A explosão dele foi como uma bomba relógio, todos sabiam quando iria explodir – casar bêbado e não se lembrar com quem se casou? E se essa mulher for uma prostituta, uma criminosa? — O senhor quis que eu me casasse. — Mas não com a primeira que aparecesse na sua frente – ele gritou tão alto que todo o prédio conseguiria ouvir. Vi Jeffrey se aproximando com as mãos levantadas e se direcionando a Ramon. Era incrível que todos conseguiam tirar alguma coisa boa do meu pai, menos eu. Eu só conseguia abstrair seu ódio e seu desprezo. — Você sabia disso, Jeffrey? – Ramon agora suava de nervoso – como você não conseguiu impedir que ele fizesse isso? — Que culpa o Jeffrey teria? – eu me levantei e arranquei minha gravata – não foi ele que me pressionou a construir uma família com a ameaça de nunca ocupar o seu lugar. Não há outros culpados a não ser o senhor. Agora minha voz era um grito abafado, como se eu colocasse para fora toda a d
Daphne Saí do escritório de Haiden e fui em direção à pessoa que eu sabia, espalharia a notícia sobre a visita de Ramon bem rápido. Penélope tinha uma beleza desejável, mas ela era metida e maior do que os seus seios era sua língua. Eu ri da maneira como ela correu para contar aos outros funcionários o que estava prestes a acontecer. Minha missão estava cumprida. Eu vinha evitando Evangelina desde o momento em que ela encontrou o exame de gravidez. Ela fazia perguntas que eu não podia responder, mas fiquei surpresa quando a vi na roda de conversa misturada com as mulheres mais fofoqueiras da empresa. Fui inteligente quando não contei a ela a verdade. Eu estava na dispensa para tomar um café e tirar um pouco da tensão daquele dia. O lugar, normalmente vazio, estava agora agitado. Estavam todas reunidas, com os seus celulares em mãos, rolando rapidamente seus telefones. — O que está acontecendo? – uma delas perguntava assim que entrei – porque não encontramos informações sobre o n
Daphne Me incomodei com o olhar de Jeffrey sobre mim. Por que todo mundo ficava me observando e me analisando como se eu fosse uma criminosa? Eu não estava sabendo disfarçar e Jeffrey era um bom advogado, ele conseguia perceber os sinais. — Você está agindo estranho desde o nosso almoço – eu não queria ouvir o resto de suas palavras, eu queria fugir dali rapidamente. — Muitas coisas acontecendo na minha vida ao mesmo tempo – eu disse, apressando minhas palavras, enquanto estava cheia de pavor e pânico. — Você quer me contar algo, Daphne? – ele perguntou com a preocupação soando em sua voz – você descobriu algo sobre o paradeiro da esposa do Haiden? — Podemos não falar disso só por hoje? – eu disse enquanto minhas bochechas ardiam de vergonha. — Sabe que pode confiar em mim – Jeffrey insistiu e eu sabia que ele desconfiava de mim. — Eu não sei de nada, se soubesse já teria dito - respondi com urgência e um pouco impaciente – eu só estou tensa devido à venda da casa do meu pai e
Daphne — O que você está fazendo, Daphne – as mãos de Evangelina me agarraram tentando me impedir – vai ser demitida agindo desse jeito. — Estou torcendo para isso acontecer. Balancei o braço com força e a forcei a me soltar, caminhando apressadamente até o elevador antes que Jeffrey ou próprio Haiden saísse do escritório e me vissem fugindo. Era exatamente isso que eu estava fazendo, fugindo. Dos sentimentos ruins que fluíam dentro de mim, do que sabia, da realidade que eu estava vivendo nesse momento. Eu deveria estar muito louca mesmo quando decidi me casar com um desconhecido, passando pela Ember, quando eu havia acabado de ver o meu noivo me traindo com minha própria irmã. Era o sentimento de rejeição que fazia meu peito rasgar de dor. Eu havia sido rejeitada por Vincent e agora estava sendo rejeitada por Haiden. A minha família me rejeitou a vida inteira. Senti as lágrimas quentes escorrendo pelo meu rosto quando a porta do elevador se abriu. Precisei enxugá-las rapidament
Haiden Jeffrey ainda falava sobre Daphne e na possibilidade de ser ela a minha esposa secreta. Fiquei aborrecido com a relutância dele, não havia nenhuma chance de uma coincidência assim acontecer, quer dizer, ser a Daphne a mulher que eu procurava e saber quem eu era, por que ela não se revelaria? Eu estava pronto para encerrar o assunto quando um murmurinho se instalou do lado de fora do meu escritório e foi se intensificando até uma das funcionárias invadir minha sala, com o rosto vermelho e lágrimas cobrindo suas bochechas. Eu lembrava do rosto dela no primeiro dia em que cheguei na empresa. Seu crachá revelava seu nome, Penélope. Ela se vestia com roupas justas, revelando seu corpo mais do que deveria. Seus cabelos negros cumpridos realçavam ainda mais seu poder de sedução, mas tinha alguma coisa em Penélope que me incomodava e anulava qualquer interesse que eu poderia ter por ela. — O que está fazendo no meu escritório? – eu me levantei e lancei a ela um olhar reprovador.
Daphne — Nunca mais vou me apaixonar de novo – murmurei para mim mesma, enquanto desviava o caminho indo em direção à praia ao invés de ir para casa. A imagem de Haiden veio direto na minha cabeça e eu fechei os olhos, mesmo dirigindo, por um segundo, na esperança de apagá-lo da mente. No dia seguinte, eu iria até a empresa e pediria demissão sem pestanejar, e ninguém me convenceria de desistir da ideia. Estacionei em frente à praia e desci. Segurava na palma da mão a aliança que valia milhões, mas que eu estava prestes a jogar no mar para esquecer a loucura que fiz naquela noite. Fiquei observando as ondas indo e vindo, molhando os meus pés descalços, enquanto eu ensaiava jogar aquele anel bem longe, mas não tive coragem. — É só uma droga de aliança que vale milhões, passado de gerações, não tem nenhum significado para mim. Levantei minha mão para jogá-la. — Eu não posso – lamentei em um murmurinho – quando Haiden souber que perdi a aliança da família dele, vai me caçar como
Haiden Olhei para ela, metade do seu rosto sendo coberto pelo seu cabelo. Agora, Daphne nem tinha coragem de olhar para mim. Meus olhos se arregalavam em choque. Eu não esperava que ela fizesse isso, era como se Daphne estivesse correndo e se escondendo de um perigo. — Está assumindo a culpa pelo que aconteceu ontem? — O quê? – ela finalmente olhou em meus olhos – é claro que não. A Penélope mereceu aquele tapa. O senhor pode não se importar com os boatos, mas estou cansada dele. — Então por que está pedindo demissão? - ela ficou em silêncio, com os lábios abertos sem dizer nada – você parecia estar satisfeita com o trabalho, o que fez mudar de ideia. — Eu… – ela parou por alguns segundos – eu consegui um emprego melhor com um salário maior. Sendo assim, eu quero minha demissão. Me senti desconfortável com a mentira que Daphne contava. Eu sabia que não havia outro emprego nem outro salário, os motivos dela eram outros, mas eu não consegui decifrar. — Eu estava realmente pensand
Daphne Saí do escritório antes que ele pudesse dizer outra palavra. Meu coração saltou desenfreadamente. Eu não acreditava que havia cedido tão facilmente e aceitado ser sua acompanhante em uma missão fracassada. Eu sentia como se tivesse sido derrotada, enquanto me arrastava para fora do escritório de Haiden. Assim que saí, vi aqueles olhos negros em cima de mim, prontos para me eliminar. Como se eu não tivesse problemas o suficiente, Penélope aparecia para me lembrar o quanto eu odiava trabalhar naquele lugar. Penélope estava toda de preto, como se vivesse um luto. Colocou as mãos na cintura e me olhou dos pés à cabeça. Parecia que ela estava ali há horas, como se soubesse que eu estava com Haiden, ela esperava uma resposta, mas eu não pretendia trocar nenhuma palavra com ela. Eu a olhei sem dizer nenhuma palavra, não acreditando que a presença dela podia ser uma ameaça. Eu a subestimava. Depois do tapa que dei nela, deveria ser óbvio que Penélope não podia se aproximar, que eu