Augusto Eu encarei o carro parado no meio do galpão, as luzes fracas piscando no teto enquanto meus homens se movimentavam ao redor dele. Aquele veículo agora era um problema, e eu não podia permitir que ele continuasse existindo. — Se livrem disso. Agora. — Minha voz saiu firme, sem espaço para discussão. Lucas e Júlio trocaram um olhar rápido antes de assentirem. Eles já sabiam o que fazer. O carro precisava sumir o mais rápido possível, e eu confiava neles para resolver isso sem deixar rastros. Júlio se aproximou de mim, cruzando os braços. — E agora? A gente dá um tempo mesmo? Respirei fundo, tentando manter a calma. Alexandre já estava desconfiado demais, e eu não podia arriscar que ele começasse a investigar mais a fundo. — Sim. Vamos esfriar as coisas. Durante um tempo, vocês dois vão sumir. Sem perseguição, sem planos. Quero vocês longe da Lara e do Alexandre. Lucas bufou, não muito satisfeito com a ideia. — E o que a gente faz nesse tempo? Fica de braços cru
LaraA noite estava agradável, e o vento fresco soprava suavemente enquanto caminhávamos em direção ao restaurante. Desde que tudo começou, desde que assinamos aquele contrato maldito, parecia que eu e Alexandre estávamos presos em um jogo perigoso, onde sentimentos e obrigações se misturavam de forma confusa. Mas hoje, por algum motivo, ele quis sair para jantar comigo. Para esquecer as coisas que estavam acontecendo.O restaurante era sofisticado, com luzes baixas e um ambiente acolhedor. O cheiro de comida refinada se misturava ao aroma sutil do vinho servido na mesa ao lado. Eu me sentei de frente para Alexandre e o observei por alguns segundos. Ele parecia cansado, mas tentava disfarçar.— Não precisava fazer isso — murmurei, mexendo distraidamente no guardanapo.Ele arqueou uma sobrancelha.— O que exatamente?— Me trazer para jantar para tentar me fazer esquecer dos acontecimentos. Eu ainda quero saber o que aconteceu.Alexandre soltou um pequeno sorriso, mas algo nos olhos del
LaraO caminho de volta para casa foi silencioso, mas não um silêncio desconfortável. Era como se ambos estivéssemos tentando absorver tudo o que tinha acontecido. O jantar, o hospital, a revelação... nossa vida tinha mudado completamente em questão de horas.Olhei pela janela do carro, vendo a cidade iluminada passar diante dos meus olhos. Meus pensamentos estavam embaralhados, e meu coração ainda batia acelerado. Alexandre segurava minha mão sobre o banco de couro, o polegar traçando círculos suaves contra minha pele. Era um gesto simples, mas carregado de significado.Quando finalmente chegamos à mansão, ele desceu primeiro e deu a volta para abrir a porta para mim. Aquele pequeno ato de cuidado fez meu peito apertar. Respirei fundo e saí do carro, sentindo o vento noturno soprar contra minha pele.A casa estava silenciosa quando entramos. As luzes estavam baixas, e tudo parecia diferente. Talvez porque eu estivesse diferente.— Vem — ele disse, entrelaçando os dedos nos meus e me
LaraA noite passou em meio a risadas, fatias de pizza e muita conversa. Júlia não parava de fazer perguntas.— Você já sabe se é menino ou menina?— Ainda não — respondi, rindo.— Eu acho que vai ser menina! — ela decretou, cruzando os braços como se tivesse certeza absoluta.Thiago arqueou a sobrancelha.— Eu acho que vai ser menino. Quero ensinar ele a jogar videogame e futebol.— Como se fosse você quem decide — provoquei, rindo.Ele deu de ombros, fingindo indiferença.— Bom, alguém tem que ensinar esse bebê a fazer algo legal.Júlia bufou.— E quem disse que se for menina ela não pode jogar também?— Ah, não sei... — Thiago provocou.— Seus dois tontos — interrompi, rindo. — Ainda temos um longo caminho até lá. Mas eu prometo que vocês vão poder participar.Os olhos deles brilharam de empolgação. Era bonito de ver.Mesmo assim, no fundo, eu ainda sentia aquele medo incômodo. Como seria daqui para frente? Como minha vida mudaria?A vovó Cecília percebeu meu silêncio e segurou min
Alexandre Peguei o celular e fiquei olhando para a tela por um instante antes de finalmente ligar para minha mãe. Eu sabia que ela ficaria curiosa, talvez até desconfiada, mas não tinha como adiar essa conversa. Respirei fundo e apertei o botão para chamá-la.O telefone chamou algumas vezes antes de ela atender com sua voz sempre atenta e afetuosa.— Alexandre! — Ela disse, surpresa. — Que milagre você me ligando a essa hora! Está tudo bem?Sorri levemente, já prevendo sua reação ao que eu ia dizer.— Está tudo ótimo, mãe. Na verdade, eu liguei porque quero marcar um jantar com vocês. Eu tenho uma notícia importante para dar.Houve um silêncio curto do outro lado da linha antes dela perguntar, num tom ainda mais curioso:— Uma notícia importante? Que tipo de notícia? O que aconteceu?Ri baixinho. Minha mãe nunca foi do tipo paciente quando o assunto envolvia mistério.— Calma, mãe. É uma surpresa boa, eu prometo. Mas quero contar pessoalmente.— Alexandre, você sabe que eu não gosto
Luiza Assim que minha mãe desligou o telefone, um aperto se formou no meu peito. Olhei para a tela do celular por alguns segundos, como se tentasse encontrar uma explicação lógica para o que acabara de acontecer.Alexandre tinha marcado um jantar com toda a família. Disse que tinha algo importante para contar.Isso não era comum.Respirei fundo, mas minha mente já estava acelerada. Alexandre nunca foi o tipo de pessoa que reunia todo mundo sem um motivo sólido. Ele não gostava de desperdiçar tempo com encontros desnecessários, e essa urgência na voz da minha mãe me deixou ainda mais inquieta.— Augusto! — Chamei, minha voz soando mais firme do que eu queria.Ele estava no sofá, distraído no celular, e ergueu os olhos para mim com uma expressão neutra.— O que foi?— Minha mãe acabou de ligar. O Alexandre marcou um jantar de última hora. Disse que tem uma notícia importante.Ele franziu a testa, parecendo refletir sobre aquilo.— Notícia importante? Que tipo de notícia?— Ele não diss
Luiza Eu sabia que precisava manter a calma. Precisava agir como se nada estivesse errado. Mas, enquanto eu me arrumava para aquele jantar, sentia meu estômago revirar de ansiedade. Algo me dizia que essa noite traria uma reviravolta – e não seria a meu favor. Quando Augusto e eu chegamos ao restaurante, encontramos a família já reunida em uma mesa reservada. O ambiente era sofisticado, com uma iluminação agradável e garçons bem vestidos servindo taças de vinho e pratos refinados. Minha mãe, Beatriz, estava radiante, conversando animadamente com meu pai, Alfredo, enquanto Alexandre e Lara trocavam olhares cúmplices. Eu e Augusto nos sentamos, forçando sorrisos educados. Alexandre parecia mais confiante do que o normal. Isso me incomodava. — Bom, já que estamos todos aqui, acho que posso começar — Alexandre disse, entrelaçando os dedos sobre a mesa. Eu segurei a respiração. — Lara e eu temos uma notícia importante para compartilhar. Ele olhou para a esposa, que sorriu, e então
LuízaEu ainda não conseguia processar direito o que acabara de acontecer. O jantar que era para ser uma comemoração tranquila se transformou em algo que eu não tinha como prever. Alexandre anunciando que ele e Lara estavam esperando um bebê foi a cereja do bolo. E, como se isso não fosse suficiente, meu pai e minha mãe decidiram, de forma surpreendente, passar o controle total da empresa para ele. Era como se a minha vida inteira tivesse sido virada de cabeça para baixo em um único momento.Olhei para a mesa ao meu redor. Alexandre e Lara estavam sorrindo, trocando olhares cúmplices, como se tudo estivesse perfeito. Meu pai, Alfredo, parecia orgulhoso, como se estivesse cumprindo uma missão importante, e minha mãe, Beatriz, estava radiante, praticamente brilhando de felicidade. Eles estavam exultantes, comemorando a boa nova com entusiasmo.Mas o que eu sentia não era felicidade. Era uma sensação de traição. O que mais me incomodava não era o bebê em si,