Lara Entramos em casa, e a atmosfera parecia diferente. O jantar com minha família trouxe um pouco de normalidade para nossas vidas conturbadas, mas agora, sozinhos novamente, era impossível ignorar a tensão que ainda pairava sobre nós. Alexandre fechou a porta e se encostou nela, me observando com um olhar carregado de algo que eu conhecia bem. Desejo. Mas não só isso. Havia carinho, necessidade, aquela urgência silenciosa que nos conectava sempre que estávamos juntos. — Foi bom estar com sua família — ele disse, a voz rouca. — Foi sim — respondi, me aproximando. Ele segurou minha cintura e me puxou para perto, e eu senti seu calor me envolver. — Mas agora eu quero você só pra mim. Minha respiração vacilou quando ele roçou os lábios nos meus, sem pressa, como se quisesse saborear cada segundo. O beijo começou lento, terno, mas a intensidade logo aumentou. Alexandre sempre teve esse jeito de me fazer esquecer de tudo ao nosso redor. Seus dedos deslizaram pelas minhas costas at
Alexandre Acordei sentindo um calor gostoso no peito. Lara estava aninhada contra mim, a respiração leve e tranquila. Meu braço envolvia sua cintura, e nossos corpos ainda estavam próximos da noite que compartilhamos.Olhei para ela, admirando seu rosto sereno. Como era possível alguém ter tanto poder sobre mim? Nunca me senti assim antes. Com nenhuma outra mulher.Passei a ponta dos dedos pelo seu rosto, traçando sua bochecha macia. Ela suspirou e se mexeu, abrindo os olhos devagar.— Bom dia — murmurou com um sorriso preguiçoso.— Bom dia, amor.Ela riu baixinho e se aninhou ainda mais em mim.— O que vamos fazer hoje? — perguntou, a voz ainda sonolenta.— Pensei em sair, passar o dia juntos. Só nós dois.Seus olhos brilharam.— Gosto da ideia.Selamos o momento com um beijo lento e cheio de promessas para o resto do dia.---Depois de um banho demorado e de um café reforçado, saímos sem um destino exato. Só queríamos aproveitar o dia.Começamos com uma caminhada à beira-mar. O sol
Alexandre Meu telefone tocou assim que entramos em casa. Lara seguiu para o quarto, exausta depois do dia maravilhoso que tivemos, enquanto eu olhava o visor do celular. Era o detetive. — Boa noite, Detetive Mello. Alguma novidade? — atendi, sentindo um frio na espinha. — Boa noite, senhor Alexandre. Sim, e acho que vai querer ouvir isso pessoalmente. A seriedade na voz dele me fez travar. — Isso não parece bom. O que descobriu? — Confirmei a origem das mensagens e dos bilhetes. Posso provar quem está por trás disso. Minhas mãos se fecharam em punho. — Quem? — O ex-namorado da sua esposa, Lucas. Fechei os olhos por um momento, contendo a raiva que começou a borbulhar dentro de mim. Eu já suspeitava, mas ouvir aquilo de uma fonte confiável transformava suposição em certeza. — Tem provas? — Muitas. Vou te mandar agora. Meu celular apitou com a chegada de arquivos. Abri as mensagens e comecei a visualizar tudo. Havia capturas de tela, registros de IP e um rastreamento deta
Alexandre Passei um longo tempo sentado no sofá, revendo todas as provas que o detetive Mello havia enviado. A cada nova informação, a tensão no meu peito aumentava. Lucas estava por trás das ameaças, manipulando tudo desde a Itália, mas agora havia outra peça nesse jogo. Alguém próximo, alguém que estava ajudando ele diretamente do Brasil. Meus olhos voltaram para a foto de um homem parado na esquina, perto do restaurante onde eu e Lara havíamos jantado. A imagem estava um pouco borrada, mas dava para ver claramente que ele observava o local com atenção. — Quem é você, desgraçado? — murmurei, cerrando os punhos. Peguei o telefone e disquei o número de Mello. O detetive atendeu no segundo toque. — Imagino que tenha visto as fotos e os relatórios — ele disse, direto ao ponto. — Vi. E quero mais detalhes. Como conseguiu rastrear a mensagem? — O IP veio de um servidor na Itália, o
Alexandre O telefone tocou enquanto eu estava sentado, completamente perdido nos meus próprios pensamentos. Eu estava pensando no que poderia fazer com as novas informações que Mello havia me dado. Eu sabia que Lucas estava por trás das ameaças, mas eu precisa descobrir quem era o homem da foto.— Alexandre, eu tenho algo importante para te contar.A tensão na voz dele estava inconfundível.— Fala logo, Mello. O que você descobriu?— A investigação sobre o cara que está ajudando Lucas revelou algo. O nome dele é Júlio Amaral.Eu não pude deixar de franzi o cenho. Júlio? Eu não conhecia nenhum Júlio na vida de Lara, mas ele parecia estar envolvido de alguma forma.— Júlio Amaral? Quem é esse cara?Mello fez uma pausa antes de responder.— Ele era o ex-agente de Lara. Trabalhou com ela quando ela estava começando na carreira de modelo. Eu sei que ela nunca comentou muito sobre ele com você, mas ele tem um passado bem sujo.Eu me levantei de repente. Não conseguia entender como ela pode
Alexandre Eu sabia que precisava contar tudo para Lara. Já não dava mais para esconder. Ela tinha o direito de saber quem estava por trás dessas ameaças e, principalmente, o motivo. Mas eu sabia que essa conversa não seria fácil. Ela estava sentada no sofá da sala, descalça, com as pernas dobradas e o olhar perdido na tela do celular. Quando levantei da cadeira e fui até ela, já sentia a tensão pesando sobre nós. — Lara, a gente precisa conversar. Ela ergueu os olhos para mim, e sua expressão mudou no mesmo instante. Ela percebeu que algo sério estava por vir. — O que foi? Você descobriu alguma coisa? Eu sentei ao lado dela, peguei sua mão e respirei fundo antes de dizer: — Sim, descobri. O Lucas está por trás de tudo isso. As ameaças, as mensagens, tudo começou com ele. Ela arregalou os olhos, o corpo ficando tenso de imediato. — Aquele desgraçado… murmurou entre dentes. Eu apertei sua mão com firmeza antes de continuar. — Mas tem mais, Lara. Ele não está fazendo isso soz
Augusto Júlio Amaral estava sentado à mesa de um restaurante discreto, um daqueles lugares onde ninguém fazia muitas perguntas e onde as sombras eram tão acolhedoras quanto as paredes. Lucas estava ao seu lado, mexendo inquieto no copo de uísque à sua frente, enquanto Augusto, com um sorriso calculista nos lábios, os observava como se estivesse prestes a dar um xeque-mate.— Eles já sabem que estamos por trás disso. — Júlio começou, apoiando os cotovelos na mesa. — O detetive do marido da Lara conseguiu rastrear as mensagens até você, Lucas.Lucas bufou, passando a mão pelos cabelos.— Ótimo. Agora estamos sendo vigiados.— Relaxa. — Augusto interveio, com uma tranquilidade que irritava Lucas. — Isso só significa que precisamos agir mais rápido.Lucas olhou de canto para Júlio, que bebia calmamente seu uísque, como se toda a situação não o afetasse.— E qual é o plano, então? — Júlio perguntou, cruzando os braços.Augusto sorriu, inclinando-se levemente para a frente.— Está na hora
AUGUSTO O carro estava estacionado a uma distância segura, com os vidros escuros garantindo nosso anonimato. Júlio estava no banco do passageiro, analisando a tela do tablet com a rotina da família de Lara. Lucas, no banco de trás, roía a unha do polegar, impaciente. Eu, como sempre, mantinha o controle. — O moleque tem uma rotina fechada — Júlio comentou, ampliando uma foto de Thiago saindo do prédio da escola. — De manhã, ele estuda. Sai sempre no mesmo horário, meio-dia e quinze. O motorista já está esperando na porta. — E o segurança? — perguntei, sem tirar os olhos da tela. — Sempre dentro do carro. Nunca sai. — Isso complica um pouco — Lucas murmurou, inclinando-se para ver melhor. Eu sorri, porque nada realmente complicava quando se tinha um bom plano. — Não precisa ser difícil. O erro deles é achar que segurança é suficiente. Criança se distrai fácil. Júlio franziu a testa. — Esse garoto tem 12 anos, não 6. Ele não vai sair falando com qualquer estranho. — Eu sei — re