Os dias passaram tão rapidamente e foram tão atarefados que mal tínhamos tempo para diversão ou descanso. Tudo estava muito agitado com os preparativos da festa. Nesse meio tempo, Ícaro e eu mal nos víamos, encontrando-nos apenas nas refeições em que todos estavam presentes. O clima na casa estava mais ameno; no entanto, Ross e Rose pareciam mais distantes, como se escondessem algo de nós. Sinceramente, não estava interessada em me envolver em brigas conjugais que não eram minhas; que eles se acertassem sozinhos.— Você viu quem chegou segunda? – Ricky pergunta enquanto me ajuda a pegar as maçãs da árvore.— Não sei se você percebeu, mas estou a duas semanas sem ter uma folga. – O encaro sarcasticamente. – Então, não. Não estou acompanhando as novidades rurais do rancho.— Eita humor do cão! – Ricky ri, jogando uma maçã na cesta.— Diga de uma vez, agora estou curiosa! – Bufei irritada.— Melanie apareceu aqui no rancho segunda. Aparentemente, ela está de passagem na cidade, chegou no
— Anna, por favor, não vai embora. Deixa eu explicar tudo! – Ícaro implora, segurando a porta do carro impedindo que eu a feche.— Não vê, Ícaro. Anna não quer falar com você! – Arthur fala com sarcasmo antes de dar a volta no veículo.— Calado, idiota. Isso é entre a minha garota e eu! – Ícaro grita apontando o dedo para Arthur.— Ícaro, você não está vendo? Essa garota mimada não está dando a mínima pra você! – Melanie diz com deboche.Ícaro solta a porta do carro, a fecho com rapidez enquanto ele dirige sua atenção a Melanie.— Não fale assim dela! – Ícaro esbraveja. – Não dê sua opinião aqui, Melanie!Arthur entra no veículo o ligando, Ícaro se vira em desespero tentando abrir a porta do carro.— Anna, por favor. Converse comigo! – Lágrimas rolam de seu rosto. – Por favor, só te peço 5 minutos!Fecho a janela do carro, ignorando a súplica de Ícaro. Ele continua pedindo, visivelmente angustiado. O grego soca o vidro da janela do carro, mas finjo não me importar com sua atitude.— N
— Anna, por favor, fale comigo. – A voz de Ícaro me alcança como um sussurro distante.Abro os olhos lentamente, tentando desvendar o nevoeiro que envolve minha mente. Percebo que estou fora do carro, mas como cheguei aqui?— Não se mova, estou chamando uma ambulância. – Sua voz, repleta de aflição, ecoa ao meu redor.— Eu... eu estou bem. – Digo, esforçando-me para me sentar.Minha visão permanece turva, e o cenário ao meu redor é uma mistura confusa de formas e cores. Aos poucos, as peças do quebra-cabeça começam a se encaixar, e a realidade se revela, ainda que de maneira embaçada. Melanie surge em meu campo de visão, e uma onda de raiva percorre meu corpo, lembrando-me do que aconteceu.— Anna, você está bem? – Ícaro pergunta, seu rosto exibindo uma mistura de preocupação e culpa.Furiosa, levanto-me, ignorando as tentativas de Ícaro de me acalmar. Melanie, com uma expressão surpresa, tenta justificar-se.— Anna, se acalme. Não temos nada entre nós, foi apenas um acidente. – Mela
— Anna, deixe-me falar com você! – Ícaro grita enquanto o empurro para fora do quarto.— Eu te odeio, saia daqui! – Digo entre soluços, jogando-me na cama, sentindo meu coração doer a cada batida. Era como se todo o meu mundo desabasse em minha cabeça.Deitada na cama, soluçando e me sentindo uma idiota por ter acreditado nas mentiras de Ícaro, cada respiração era como um peso em meu peito, uma lembrança constante da traição que dilacerou meu coração.(...)O tempo passa, e finalmente chega o sábado, dia do aniversário da minha avó. Enquanto termino de arrumar o arranjo de flores sobre a mesa, Rose entra na sala com um sorriso misterioso.— Alguém quer falar contigo lá no quintal dos fundos. Descubra quem é! – Ela ri e sai da sala, deixando-me intrigada. Será mais uma das suas tentativas de organizar minha vida amorosa?Curiosa, saio da sala e vou até o quintal. Meus olhos se enchem de lágrimas ao ver minha irmã, Sophia, parada ali. Corro em sua direção, e ela me pega no colo, girando
Ícaro, com uma expressão determinada, acena afirmativamente e se afasta para chamar reforços. — Ícaro. – O chamei fazendo parar seus passos. – Obrigada por me ajudar.Seu sorriso sem graça faz meu coração acelerar e uma onda de sentimentos me invadir.— Eu sempre irei proteger você, pequena. Mesmo que não estejamos mais juntos. – Sua voz doce faz lágrimas brotarem em meus olhos.O abraço com força sentindo as lágrimas que segurei durante muito tempo saírem como uma cascata. — Ícaro, eu estou com medo… eu … – Minha fala é interrompida por um soluço. Seus braços me envolvem em um abraço e seus lábios pousaram em minha testa.— Ei, fique calma, pequena. Eu não vou deixar ninguém te machucar. – Sua voz é suave e seus olhos brilham.— Meu medo é não ter você em minha vida. – Confesso em um sussurro, mas ele parece não me ouvir.— Irei ligar para a polícia e chamar o chefe da segurança com descrição, Otto não pode desconfiar que estamos agindo pelas costas dele. – Ícaro diz me afastando
A tensão aumenta à medida que a noite avança, e a presença dos policiais na propriedade é uma constante lembrança da ameaça iminente. Enquanto cumprimento os convidados, sinto os olhares curiosos dos policiais, e a ansiedade se intensifica.O policial responsável pela investigação se aproxima novamente, e a seriedade em seu rosto é palpável.— Senhorita, investigamos as alegações feitas por você, mas até o momento, não encontramos indícios que corroborem sua versão dos fatos. Visitamos a propriedade da família de Otto e o encontramos em um jantar com a família de sua noiva no momento em que você alega que ele a ameaçava aqui. – Ele declara, avaliando minha reação.— Isso não prova nada! Ele poderia ter voltado para casa depois de me ameaçar. – Digo, incrédula com a falta de compreensão.Os policiais se entreolham, e a desconfiança paira no ar. Ícaro se aproxima, sua expressão séria evidenciando seu apoio.— Eu acredito em Anna. Ela não mentiria sobre algo assim. Além disso, semanas an
— Vamos procurar por evidências, falar com Zoe a garçonete da lanchonete, encontrar qualquer coisa que corrobore a nossa versão dos fatos. Não podemos desistir. – Ícaro mantém a esperança, mas a incerteza paira sobre nós.— Vocês têm que fazer algo! Eu não posso simplesmente esperar que esse pesadelo acabe. – Exclamo, sentindo-me impotente diante da situação.— Vamos dar um jeito, Anna. Não vou deixar que nada de ruim aconteça com você. – Ícaro segura minhas mãos, buscando transmitir confiança.— Ninguém entende! Ninguém sabe do que ele é capaz, do quão doente ele é. – Desabafo, com lágrimas nos olhos. – Ele me ligou, falou sobre a minha família. Ele é capaz de qualquer coisa para me atingir.Ícaro aperta ainda mais minha mão, demonstrando solidariedade.— Vamos encontrar uma forma de mostrar a verdade, Anna. Ele não vai sair impune, prometo. – Ícaro tenta confortar, mas a sombra do medo persiste.— Você é a única pessoa que acredita em mim, Ícaro. Todos os outros estão cegos, e Otto
O silêncio pesado paira na sala enquanto encaro o vazio. Minha mente está turva, e as palavras de Melanie ecoam como um grito estridente em meus ouvidos. Sophia me segura com ternura, tentando acalmar a tempestade que se formou dentro de mim.— Anna, estou aqui. Vai ficar tudo bem. – Sophia sussurra, seus dedos acariciando meus cabelos.Me afasto do abraço dela, olhando em volta para os rostos perplexos que testemunharam a explosão de emoções. Ross e Rick trocam olhares sérios, enquanto Rose mantém uma expressão preocupada.— Precisamos conversar. Sozinhas. – Sophia olha para os primos, sua determinação evidente.— Nem fudendo. Quero saber que merda tá acontecendo aqui. – Ricky diz irritado— Ricky, vamos deixar as meninas a sós. – Arthur fala em um tom calmo e o veterinário o olha com raiva.— Nem pensar, quero saber o que aconteceu. Não vou embora enquanto Anna não dizer! – Ricky diz ignorando os chamados de Rose e Ross.— Deixa ele... vou ... vou explicar. – Falo envergonhada.Soph