— Anna, por favor, fale comigo. – A voz de Ícaro me alcança como um sussurro distante.Abro os olhos lentamente, tentando desvendar o nevoeiro que envolve minha mente. Percebo que estou fora do carro, mas como cheguei aqui?— Não se mova, estou chamando uma ambulância. – Sua voz, repleta de aflição, ecoa ao meu redor.— Eu... eu estou bem. – Digo, esforçando-me para me sentar.Minha visão permanece turva, e o cenário ao meu redor é uma mistura confusa de formas e cores. Aos poucos, as peças do quebra-cabeça começam a se encaixar, e a realidade se revela, ainda que de maneira embaçada. Melanie surge em meu campo de visão, e uma onda de raiva percorre meu corpo, lembrando-me do que aconteceu.— Anna, você está bem? – Ícaro pergunta, seu rosto exibindo uma mistura de preocupação e culpa.Furiosa, levanto-me, ignorando as tentativas de Ícaro de me acalmar. Melanie, com uma expressão surpresa, tenta justificar-se.— Anna, se acalme. Não temos nada entre nós, foi apenas um acidente. – Mela
— Anna, deixe-me falar com você! – Ícaro grita enquanto o empurro para fora do quarto.— Eu te odeio, saia daqui! – Digo entre soluços, jogando-me na cama, sentindo meu coração doer a cada batida. Era como se todo o meu mundo desabasse em minha cabeça.Deitada na cama, soluçando e me sentindo uma idiota por ter acreditado nas mentiras de Ícaro, cada respiração era como um peso em meu peito, uma lembrança constante da traição que dilacerou meu coração.(...)O tempo passa, e finalmente chega o sábado, dia do aniversário da minha avó. Enquanto termino de arrumar o arranjo de flores sobre a mesa, Rose entra na sala com um sorriso misterioso.— Alguém quer falar contigo lá no quintal dos fundos. Descubra quem é! – Ela ri e sai da sala, deixando-me intrigada. Será mais uma das suas tentativas de organizar minha vida amorosa?Curiosa, saio da sala e vou até o quintal. Meus olhos se enchem de lágrimas ao ver minha irmã, Sophia, parada ali. Corro em sua direção, e ela me pega no colo, girando
Ícaro, com uma expressão determinada, acena afirmativamente e se afasta para chamar reforços. — Ícaro. – O chamei fazendo parar seus passos. – Obrigada por me ajudar.Seu sorriso sem graça faz meu coração acelerar e uma onda de sentimentos me invadir.— Eu sempre irei proteger você, pequena. Mesmo que não estejamos mais juntos. – Sua voz doce faz lágrimas brotarem em meus olhos.O abraço com força sentindo as lágrimas que segurei durante muito tempo saírem como uma cascata. — Ícaro, eu estou com medo… eu … – Minha fala é interrompida por um soluço. Seus braços me envolvem em um abraço e seus lábios pousaram em minha testa.— Ei, fique calma, pequena. Eu não vou deixar ninguém te machucar. – Sua voz é suave e seus olhos brilham.— Meu medo é não ter você em minha vida. – Confesso em um sussurro, mas ele parece não me ouvir.— Irei ligar para a polícia e chamar o chefe da segurança com descrição, Otto não pode desconfiar que estamos agindo pelas costas dele. – Ícaro diz me afastando
A tensão aumenta à medida que a noite avança, e a presença dos policiais na propriedade é uma constante lembrança da ameaça iminente. Enquanto cumprimento os convidados, sinto os olhares curiosos dos policiais, e a ansiedade se intensifica.O policial responsável pela investigação se aproxima novamente, e a seriedade em seu rosto é palpável.— Senhorita, investigamos as alegações feitas por você, mas até o momento, não encontramos indícios que corroborem sua versão dos fatos. Visitamos a propriedade da família de Otto e o encontramos em um jantar com a família de sua noiva no momento em que você alega que ele a ameaçava aqui. – Ele declara, avaliando minha reação.— Isso não prova nada! Ele poderia ter voltado para casa depois de me ameaçar. – Digo, incrédula com a falta de compreensão.Os policiais se entreolham, e a desconfiança paira no ar. Ícaro se aproxima, sua expressão séria evidenciando seu apoio.— Eu acredito em Anna. Ela não mentiria sobre algo assim. Além disso, semanas an
— Vamos procurar por evidências, falar com Zoe a garçonete da lanchonete, encontrar qualquer coisa que corrobore a nossa versão dos fatos. Não podemos desistir. – Ícaro mantém a esperança, mas a incerteza paira sobre nós.— Vocês têm que fazer algo! Eu não posso simplesmente esperar que esse pesadelo acabe. – Exclamo, sentindo-me impotente diante da situação.— Vamos dar um jeito, Anna. Não vou deixar que nada de ruim aconteça com você. – Ícaro segura minhas mãos, buscando transmitir confiança.— Ninguém entende! Ninguém sabe do que ele é capaz, do quão doente ele é. – Desabafo, com lágrimas nos olhos. – Ele me ligou, falou sobre a minha família. Ele é capaz de qualquer coisa para me atingir.Ícaro aperta ainda mais minha mão, demonstrando solidariedade.— Vamos encontrar uma forma de mostrar a verdade, Anna. Ele não vai sair impune, prometo. – Ícaro tenta confortar, mas a sombra do medo persiste.— Você é a única pessoa que acredita em mim, Ícaro. Todos os outros estão cegos, e Otto
O silêncio pesado paira na sala enquanto encaro o vazio. Minha mente está turva, e as palavras de Melanie ecoam como um grito estridente em meus ouvidos. Sophia me segura com ternura, tentando acalmar a tempestade que se formou dentro de mim.— Anna, estou aqui. Vai ficar tudo bem. – Sophia sussurra, seus dedos acariciando meus cabelos.Me afasto do abraço dela, olhando em volta para os rostos perplexos que testemunharam a explosão de emoções. Ross e Rick trocam olhares sérios, enquanto Rose mantém uma expressão preocupada.— Precisamos conversar. Sozinhas. – Sophia olha para os primos, sua determinação evidente.— Nem fudendo. Quero saber que merda tá acontecendo aqui. – Ricky diz irritado— Ricky, vamos deixar as meninas a sós. – Arthur fala em um tom calmo e o veterinário o olha com raiva.— Nem pensar, quero saber o que aconteceu. Não vou embora enquanto Anna não dizer! – Ricky diz ignorando os chamados de Rose e Ross.— Deixa ele... vou ... vou explicar. – Falo envergonhada.Soph
Nossos beijos são interrompidos por uma batida na porta. Arthur se levanta, ajustando sua roupa, e eu faço o mesmo.— Oi Anna. – Sophia diz entrando no quarto, seu sorriso é fraco, cauteloso. – Como você está, irmã?— Eu... eu estou bem.... melhorando. – Digo, temendo que ela tenha percebido alguma coisa.Sophia suspira e me analisa brevemente antes de negar com a cabeça, a decepção e desgosto estavam estampados em seu rosto.— Você estava tão linda... o idiota do Ícaro e aquela vagabunda tinham que estragar tudo. – Sophia ri sem humor. – Pelo menos não estragou o vestido, é só refazer a maquiagem e seu penteado.... vem, vou te ajudar.Sophia me olha com expectativa, esperando que eu me sente na cadeira em frente à penteadeira. Agradecia mentalmente por minha irmã ser tão distraída. Enquanto Sophia se concentrava em arrumar meu cabelo e maquiagem, Arthur e eu trocamos olhares furtivos, cientes do segredo que compartilhávamos.Arthur permanece em pé, observando a cena com uma expressão
Observo Ícaro entre os convidados, aparentemente alheio ao caos que sua mentira causou. A dor da traição se manifesta em minha expressão, mas tento manter as aparências para não chamar a atenção.As palavras de Arthur ainda ecoam em minha mente, um lembrete da verdade que tentei ignorar. Enquanto sorrio para familiares e amigos, meu coração se debate entre a decepção e a tentativa desesperada de encontrar algum conforto nesta celebração tumultuada.Sophia percebe minha luta interna e me lança um olhar solidário. Ela sabe que, por trás do sorriso forçado, há uma tempestade de emoções que ameaça me consumir.Ao cruzar olhares com Ícaro, sua expressão indiferente me atinge como uma punhalada. A ferida da traição está fresca, e não consigo evitar reviver os momentos compartilhados com ele, agora manchados pela traição e pelas mentiras.Enquanto a vovó recebe elogios e presentes, minha mente está mergulhada em um turbilhão de perguntas sem resposta. Como pude ser tão ingênua? O que acontec