O Medo e a Promessa 2 Na manhã seguinte, acordo antes do sol nascer. Há algo de mágico nesse momento do dia, quando o céu ainda está tingido de sombras suaves, mas a promessa de luz já dança no horizonte. Saio da cama silenciosamente para não acordar Théo e caminho até a varanda do nosso quarto. O ar fresco da madrugada acaricia minha pele, e a visão diante de mim me enche de uma paz profunda. A Fazenda Feitiço do Sol Nascente sempre foi meu refúgio, mas agora parece diferente. Agora, cada detalhe tem um significado novo, como se eu estivesse enxergando esse lugar com os olhos do meu filho. As vastas planícies ondulam até onde a vista alcança, cobertas por um tapete vibrante de verdes e dourados, banhados pelo orvalho da noite. Árvores frondosas se erguem ao longe, seus galhos dançando suavemente com a brisa. Mais perto da casa, os jardins transbordam vida. Flores silvestres crescem em uma profusão de cores de tons quentes de laranja, vermelho e dourado, refletindo as mesmas n
O peso da ameaça Eu me apoio na mesa de madeira escura do escritório, observando os rostos ao meu redor. O barulho do gelo batendo nos copos é a única coisa que quebra o silêncio pesado. Heitor, Horácio, Teodoro, Javier e Arturo estão todos aqui, reunidos como sempre, mas nunca tão tensos. Algo que nunca imaginei ver – e que, agora, não consigo ignorar. A ameaça que paira sobre nós parece quase palpável. A explosão no hotel, os minutos que nos afastaram da perda irreparável de nossas mulheres… Está claro que fomos pegos de surpresa. Ninguém esperava um ataque tão bem arquitetado. Ninguém previu que um inimigo, qualquer que fosse, tivesse conhecimento suficiente sobre nós para atingir um dos nossos maiores orgulhos. — Como diabos deixamos isso acontecer? Javier quebra o silêncio, a voz carregada de frustração. Ele aperta o copo, como se pudesse quebrá-lo com a força do ódio que sente. — Eu ainda estou tentando entender. Heitor murmura, sua expressão tão fechada quanto a minha.
A Caçada Começa A manhã seguinte chega fria e cinza, sem a promessa de sol. Eu caminho pelos corredores da fazenda, a tensão ainda estampada no meu rosto. A reunião com Arturo e os outros ainda paira sobre mim, uma lembrança do peso do que estamos prestes a fazer. Cada passo parece mais pesado, como se o próprio chão estivesse sentindo o peso das decisões que temos pela frente. A casa está em silêncio, o que é raro. Normalmente, o som das atividades diárias ecoa pelos corredores, mas hoje, há apenas o murmúrio distante de passos e vozes. Eu sei que todos estão se preparando, mas a ideia de que estamos indo para a caça me deixa inquieto. Não sei se é o medo de falhar, de ser o responsável por falharmos, ou se é o ódio que cresce dentro de mim. Um ódio tão grande que transborda, que me consome, me faz questionar até onde sou capaz de ir para proteger o que é meu. A explosão, o ataque, as mulheres quase perdidas para sempre, a dor. Cada uma dessas lembranças me aperta o peit
Reunião de TitãsJavier.A manhã segue fria e pesada na Fazenda Feitiço do Sol Nascente. O céu, de um cinza carregado, parece refletir a tensão que paira no ar. As terras vastas da fazenda, normalmente um refúgio de paz, agora são palco de algo maior, algo que está prestes a acontecer.No estúdio, a grande mesa de madeira escura domina o espaço, tão usada para Javier criar suas esculturas hoje terá um outro propósito. O ambiente é aquecido pelo fogo brando da lareira, mas o calor não chega a dissipar a tensão crescente entre os que estão ali. Arturo está sentado à cabeceira, sua postura firme e imponente. Ele observa os documentos espalhados à sua frente com olhos afiados, enquanto eu, Théo, Mateo e os outros mais jovens ocupamos os assentos ao redor.O silêncio é cortado pelo barulho de pneus na entrada principal. Heitor, Horácio, Teodoro, Fernando e Éder acabaram de chegar. O som das portas de carros se fechando ecoa pelo corredor, e em poucos segundos, eles atravessam a porta
Teias de Mentiras A noite cai sobre a fazenda, trazendo consigo um frio cortante. O vento uiva entre as árvores, e a lua mal consegue perfurar a espessa camada de nuvens. Estamos reunidos novamente na mesma sala, agora mais focados, mais determinados. Mapas estão espalhados pela mesa, junto com relatórios e fotografias. — Precisamos de um plano Diz Horácio, analisando os documentos. — Não podemos simplesmente chegar lá atirando. — E nem podemos confiar em qualquer informante. Acrescenta Heitor. Théo tamborila os dedos sobre a mesa, pensativo. — A melhor forma de conseguir informações é nos infiltrarmos. — Mas como? Questiona Joana. Fernando sorri de canto, puxando um tablet e exibindo uma série de imagens de um cassino em Córdoba. — Os Cordobeses controlam um cassino ilegal. Dinheiro, apostas, informações… Tudo passa por lá. Se quisermos respostas, é lá que devemos estar. Mateo assente, os olhos brilhando com um misto de curiosidade e determinação. — Então precisamos de u
A Jogada Começa O frio da madrugada envolve a fazenda enquanto todos se preparam. O plano está traçado, mas ainda há uma tensão no ar. Arturo caminha até Fernando e Mateo, avaliando-os. — Vocês sabem no que estão se metendo? — Sabemos. Responde Mateo. — E estamos prontos. Théo se mantém ao meu lado, sua postura protetora mais evidente do que nunca. — Cuidado. Digo a eles. — Não sabemos exatamente com o que estamos lidando. Joana, que sempre foi mais observadora, olha ao redor e murmura: — Algo me diz que há mais nisso do que estamos vendo. Ela não está errada. Algo ainda não encaixa. Mas, por enquanto, tudo o que podemos fazer é seguir o plano e esperar que o disfarce funcione. A escuridão da madrugada torna tudo mais intenso. O ar gélido carrega um silêncio pesado, quebrado apenas pelos passos calculados de cada um de nós. Sei que todos sentem silencioso movimento. Sei que ele ainda não gosta da ideia de eu estar envolvida, mesmo que seja dos bastidores. Seu maxilar e
A Jogada Começa O frio da madrugada envolve a fazenda enquanto todos se preparam. O plano está traçado, mas ainda há uma tensão no ar. Arturo caminha até Fernando e Mateo, avaliando-os. — Vocês sabem no que estão se metendo? — Sabemos. Responde Mateo. — E estamos prontos. Théo se mantém ao meu lado, sua postura protetora mais evidente do que nunca. — Cuidado. Digo a eles. — Não sabemos exatamente com o que estamos lidando. Joana, que sempre foi mais observadora, olha ao redor e murmura: — Algo me diz que há mais nisso do que estamos vendo. Ela não está errada. Algo ainda não encaixa. Mas, por enquanto, tudo o que podemos fazer é seguir o plano e esperar que o disfarce funcione. A escuridão da madrugada torna tudo mais intenso. O ar gélido carrega um silêncio pesado, quebrado apenas pelos passos calculados de cada um de nós. Sei que todos sentem silencioso movimento. Sei que ele ainda não gosta da ideia de eu estar envolvida, mesmo que seja dos bastidores. Seu maxilar e
A Última ReuniãoO dia seguinte traz consigo a ansiedade que, até então, havíamos conseguido afastar. Hoje, a reunião será decisiva. No velho celeiro, disfarçado como um centro de encontro secreto, nos reunimos com os mais próximos: Paola, Mateus, Jonh, Joana e, claro, Théo. O ambiente que por fora parece decadente esconde o que existe de mais sofisticado em tecnologia, laboratório e fisioterapia.Cada um de nós está ali por um motivo, cada um com uma missão a cumprir. A segurança da fazenda, o futuro do bebê, as ameaças externas… Tudo isso pesa sobre os nossos ombros, mas não podemos demonstrar fraqueza. Não podemos deixar que a incerteza nos vença.Paola começa a reunião, sua voz clara e firme, como sempre. Ela nos orienta sobre os últimos passos, as decisões a serem tomadas, enquanto Mateus e Jonh discutem as possíveis estratégias. A tensão é palpável, mas, mesmo assim, cada um de nós sabe o que precisa ser feito. Não podemos falhar.Enquanto todos discutem, eu me pego refletin