Uma dor e um cartão misterioso.
O barulho de alguém batendo na porta da frente me desperta. Eddie tinha me dispensado depois que contei sobre minha cólica. O mais surpreendente foi ele pedir para eu voltar só quando meu período acabasse. Nem tive como discutir, por mais que quisesse. Ele parecia constrangido ao dizer aquilo, e eu preferi não piorar uma situação que já estava longe de ser boa. Ana está no trabalho, como sempre. Estou preocupada com as diárias que estou perdendo. Sem conseguir um segundo emprego, ficar sem pagamento é uma merda. Levanto com o estômago se revirando. Essa cólica tá diferente de todas as outras. Mais intensa, mais cruel. No primeiro dia, cheguei a considerar ir pro hospital. A dor me deixava à beira de desmaiar. Só apaguei depois de tomar três analgésicos e, graças a isso, consegui ignorar o tormento por algumas horas enquanto dormia. Arrasto os pés até a porta, com o corpo sensível e dolorido. — Senhorita Elise? Entrega para você. — Um rapaz ruivo me olha, e eu faço que sim com a cabeça, confusa. — Pode assinar aqui? — Pode me dizer quem mandou? — Pergunto, com um nó na garganta. — Eu só faço a entrega. — Ele responde, meio sem jeito. Sem querer torturar o coitado, assino e pego a cesta enorme, envolvida em um plástico preto bonito. — Obrigada. — Murmuro, e ele acena antes de se virar. Fecho a porta com o pé e coloco a cesta na mesa de jantar de Ana. Rasgo o plástico com pressa. Lá dentro, há uma variedade absurda de chocolates, biscoitos amanteigados, sachês de café, capuccino e chás. Parece que quem enviou não sabia do que eu gosto, então mandou um pouco de tudo. Também encontro duas cartelas de comprimidos para dor, um óleo essencial de lavanda — que me faz erguer uma sobrancelha — e, no fundo, um cartão preto. — Que porra...? — Sussurro, atônita. O pequeno quadrado cheio de poder parece rir da minha cara. Até uma pé rapada como eu sabe o que um cartão desses significa. Quem diabos mandaria isso pra mim? Minha respiração fica curta. Mordo a ponta do dedo, andando de um lado para o outro, o coração disparado. Não sei por que, mas minha mente vai direto para Malachi, o homem que tem me perseguido até mesmo nos sonhos. Apoio as mãos na mesa, tentando organizar os pensamentos, mas é impossível. Meu corpo está tenso, a dor no ventre ainda latejando, e agora isso? Uma cesta cheia de coisas que eu não teria coragem de comprar, junto com um maldito cartão preto? Pego o cartão com dedos trêmulos, virando-o entre as mãos. Não tem nome, só um número de contato gravado em dourado. Um daqueles que parecem especiais, feitos pra pessoas que nunca precisam esperar. Meu coração acelera mais um pouco. — Não faz sentido... — Murmuro para mim mesma. De repente, uma ideia absurda me invade. Será que Eddie mandou isso? Não, impossível. Ele mal consegue disfarçar o desconforto quando falo da minha vida pessoal, e certamente não teria coragem de me enviar algo tão... pessoal. Isso não é um presente casual. Não acredito que tenha condições suficientes para isso também. Largo o cartão na mesa, como se ele queimasse meus dedos, e volto a andar pela sala. Meu corpo dói, mas a agitação não me deixa parar. Respiro fundo, tentando me acalmar. Se não foi Eddie, e nem Ana, quem mais poderia ser? O nome dele volta como um sussurro na minha mente. Ele está em todo lugar ultimamente. Nos meus pensamentos, nos meus sonhos… até mesmo em meus pesadelos. Naquele sorriso insolente que parece conhecer cada um dos meus segredos. Não quero admitir, mas algo em mim sabe que ele é o culpado. Caminho até o sofá e me deixo cair, sentindo o peso da situação. O que diabos ele quer comigo? Por que me mandar isso agora? Não sei se ligo pro número no cartão ou se finjo que nunca recebi essa merda. Olho para a cesta, o cartão ainda brilhando sobre a mesa como um desafio. Meu peito aperta. Parte de mim quer jogar tudo no lixo e esquecer, mas a outra... Ah, a outra tá morrendo de curiosidade. — Foda-se. — Sussurro e me inclino pra pegar o celular. Seguro o cartão com uma mão, o telefone na outra. Por sorte, coloquei crédito no chip novo recentemente, então disco o número e espero. Cada segundo parece uma eternidade. Até que, enfim, uma voz masculina e firme atende do outro lado. — Elise, que bom que ligou. — Ele sabe meu nome. A voz é calma, mas cheia de algo que não consigo identificar. Controle, talvez. Ou algo mais sombrio. — Quem você pensa que é? — Disparo, sem rodeios, mesmo que reconheça a voz grave e grossa. — Alguém que quer cuidar de você. — A resposta é simples, mas o tom me arrepia até a espinha. Cuidar de mim? Quem esse desgraçado pensa que é? — Não quero nada de você, seu maldito! Vou devolver tudo, e se não aceitar, jogo essa merda no lixo! Tá achando o quê? Que vai me comprar com isso? Não achei minha buceta no lixo, porra! Me deixe em paz! — Grito, furiosa, antes de desligar a chamada com força. O celular vibra de novo na mesma hora, mas eu ignoro. Aperto o aparelho contra o peito, tentando recuperar o controle, mas o ódio borbulha. Levanto de um salto e vou direto pro meu quarto, sem olhar pra trás. Me jogo no colchão, afundando o rosto no travesseiro como se isso pudesse me acalmar. Malachi Fenrir. O nome dele é como veneno na minha mente. Um cretino arrogante, insolente, e agora também um manipulador barato. Se ele acha que vai conseguir o que quer tentando me subornar, está muito enganado. Seguro o travesseiro com força, como se pudesse estrangulá-lo, e respiro fundo, tentando não deixar a raiva me consumir. Não sei o que esse desgraçado quer comigo, mas de uma coisa eu sei: ele não vai ter um caminho fácil. Se Malachi acha que pode brincar comigo, ele não perde por esperar. Cometi um erro terrível uma vez, e não seria idiota de repeti-lo.Olá, queridos leitores! Estou iniciando minha jornada aqui, e gostaria de contar com vocês para me apoiar. Se gostarem, comentem e me acompanhem. A história emocionante de Malachi e Elise está apenas começando. Embarque nessa jornada comigo, em busca do "felizes para sempre" do nosso casal! Bjs, DC RIBEIRO 🫶🏻
Black Card e problemas. “Não quero nada de você, seu maldito! Vou devolver tudo, e se não aceitar, jogo essa merda no lixo! Tá achando o quê? Que vai me comprar com isso? Não achei minha buceta no lixo, porra! Me deixe em paz!” As palavras furiosas se repetem em minha mente. — Não diga nada! — Aviso a Kiran, que sorri e já abre a boca. — Eu preciso dizer, ou vou sufocar e morrer. — Então morra. — Rosno, irritado. — Irmão, você realmente achou que mandar um black card pra ela seria um bom primeiro passo? — Solta, e só não arremesso algo na cabeça dele porque seria perda de tempo. — Ela deve estar pensando que você tá chamando ela de prostituta. — Só quero cuidar dela! — Digo, frustrado. — Depois do que Eddie disse, não pensei muito, só agi. — Bem, você se lascou. Agora vai ter que voltar à estaca zero. Ah, não, espera... você nunca saiu dela! — Provoca, gargalhando. Elise definitivamente foi de me ignorar pra me odiar. Não imaginei que ela levaria o presente como uma ofensa tão
Lobo x Humano Olho para Eddie, que me encara de volta. Após quatro dias, estou de volta ao trabalho. Ainda não entendo por que ele me pediu para retornar depois que meu período acabasse. Apesar de ser uma atitude antiquada, não posso reclamar. Nunca tive um ciclo tão maluco antes. Meu corpo ficou absurdamente sensível, as cólicas pareciam virar meu útero do avesso, e o tesão… senti que poderia escalar paredes. Ainda não me sinto completamente normal, mas preciso das diárias para me sustentar e pagar o aluguel. O "presente" de Malachi continua no meu quarto, intocado. Não contei nada para Ana. Só quero devolver aquele desaforo para o canalha e fingir que nada aconteceu. Não sou ninguém neste mundo, mas ser tratada de forma tão ofensiva é demais para mim. Achava que essa história de homens ricos querendo comprar a atenção de mulheres só existia em livros, mas estava enganada. — O que é isso? — pergunto a Eddie. — Seu pagamento — responde, direto. — Não trabalhei por dias, e aqui t
O preço a se pagar. Minha cabeça lateja como se fosse explodir, e o pedaço de merda na minha frente está prestes a perder a dele se continuar me encarando com esse desprezo. — O que foi que disse? — pergunta, o desdém estampado na cara. Ele é a porra do chefe do conselho humano. E como preciso que concorde com os novos termos, engulo meu orgulho e respondo de novo. — Temos algo chamado parceiros predestinados: pessoas escolhidas como reflexos, destinadas a nos completar e dividir a vida. — explico com firmeza. — E encontrei a minha parceira. Uma humana que chegou recentemente na cidade. — Você sabe que não pode se envolver. — dispara, enfático. O encaro até que comece a se contorcer. Só paro quando vejo o rosto dele ficando vermelho. — E você sabe que desvio de mercadoria é crime, não sabe? — digo, sem mexer um músculo. — Do que está falando? — questiona, fingindo confusão. Cruzo os braços, deixando meu tom mais incisivo. — Recentemente, recebi um pedido suspeito. Imagine min
Passado.Avisos: Esse capítulo fará menções sobre os abusos passados da personagem. — 90 pratas. — O atendente informa, e entrego o valor. Ele embala tudo e me devolve as sacolas. — Obrigada. — Murmuro o agradecimento.Depois do constrangimento que passei na última vez que vi Malachi, usei metade do pagamento generoso de Eddie para comprar algumas roupas e trocar aquela maldita bolsa.Não posso reclamar. Cheguei nesta cidade com uma mala pequena e nada mais. Agora, vivo com Ana, tenho um teto sobre minha cabeça, comida e um emprego. Ainda preciso de tempo para me reerguer; as marcas do passado estão fixadas em mim, me impedindo de ser feliz e seguir em frente.Foram quase dois anos de abuso físico e mental. Trevor não é um bom homem, e demorei muito tempo para perceber isso. Na primeira agressão, três meses depois que nos conhecemos, ele alegou que foi sem querer, que estava irritado e bêbado. Eu, burra e carente, aceitei. Depois disso, entrei em uma repetição de desculpas e hematom
Um conselho amigo. O teto do quarto é branco, assim como as paredes. Minha cama é um colchão que o vizinho da Ana doou, e minhas roupas estão numa caixa de papelão que peguei na loja de conveniência. Ainda assim, é a primeira vez que me sinto verdadeiramente feliz. A vida está longe de ser perfeita, e tenho muito o que conquistar, mas, pela primeira vez, não sou dominada pelo medo. A luz da lua cheia entra pela janela aberta, e meus pensamentos insistem em trazer Malachi para a realidade. Depois de Trevor, não achei que voltaria a sentir atração por alguém tão cedo, mas há uma força enigmática que o impregnou na minha mente. Ele é lindo, com um corpo forte, uma estrutura poderosa e olhos negros misteriosos. O presente que ele enviou está perto da caixa com minhas roupas, como se me desafiasse a devolvê-lo. Desde que me seguiu após o trabalho, não o vi mais, e quero distância de Davie. Nunca mais vou ignorar sinais claros para me afastar de quem pode me fazer mal. Não sei qual é a i
Kiran e um conselho. — Ela disse isso? Que você queria comprá-la como uma prostituta particular? — Kiran ri, a voz ecoando em minha mente enquanto percorremos a floresta em nossa forma de lobo. Como Alfa, tenho o poder de me conectar à mente da minha alcateia enquanto estivermos transformados. Posso escolher a quem me conectar, e agora, apenas Kiran compartilha essa conversa mental. — Sim, ela disse. — repito, seco. — Aposto que isso balançou seu ego. — provoca, desviando quando tento mordê-lo, mas ele escapa no último segundo. — Duvido que tenha passado despercebido. — Nunca ouvi reclamações. Sei muito bem como agradar uma mulher. — retruco, irritado, sentindo minha paciência se desgastar. — Na cama, talvez. — Kiran dispara, rindo. — Mas fora dela… um verdadeiro desastre, irmão. — Sua risada irônica ecoa em minha mente. — O vilarejo está em alvoroço com as mudanças. Alguns estão até animados com a chance de encontrar seus predestinados entre os humanos. — Oliveira deve estar em
Uma decisão. É surpreendente. Sinto exatamente quando Malachi entra na taverna. O ar pesa de repente, meu corpo se arrepia inteiro, e nem sei o motivo, mas parece que tenho reagido cada vez mais a ele. É como se fosse um imã me atraindo de um jeito que foge da razão. Continuo servindo as bebidas, fingindo prestar atenção no que Eddie diz sobre a nova remessa de cerveja amanteigada que chegou hoje. Mesmo assim, não consigo evitar a tentação de buscá-lo com os olhos. Pergunto a mim mesma se seria tão ruim dar uma chance a ele. Conhecê-lo sem as comparações de sempre. Quero entender quem sou, me reerguer, mas também quero descobrir como é amar de verdade. Sentir o amor e ser amada. E nunca vou saber se deixar Trevor continuar me assombrando. Já deixei meu passado e até meu verdadeiro nome para trás. Talvez esteja na hora de libertar meu coração também. Nossos olhares se encontram quando ele se senta no balcão, os braços fortes apoiados ali, sem pressa. — O que vai querer? — pergu
Um encontro. — Já decidiu aonde vai levá-la? — Aiden pergunta, sentado na cadeira em frente à mesa do meu escritório. Levanto o olhar dos papéis em minhas mãos e o encaro. — Estou pensando sobre isso. — respondo e não contenho o sorriso. Elise finalmente aceitou, e o lobo dentro de mim está exalando satisfação. Vi o quanto ela lutou internamente, ponderando se deveria ou não aceitar meu convite, até que me surpreendeu ao dizer sim. Consigo sentir que ela guarda muito dentro de si, como se erguesse barreiras a cada tentativa minha de me aproximar. A curiosidade sobre minha parceira só cresce, assim como o frenesi que me domina sempre que a vejo. Tudo em mim se rebela na sua presença. Quero marcar sua pele da maneira mais profana possível, levá-la à loucura com minha boca e língua até que me confesse seus segredos. — E quando vai contar a ela que não é um homem comum? Suspiro. Não há uma resposta simples para sua pergunta, e, sinceramente, nem sei como Elise ainda não ouviu