Uma decisão.Elias tinha uma foto antiga minha no celular e estava me procurando. Isso só podia significar uma coisa: Trevor está por perto. Sinto o sangue fugir do rosto, deixando minha pele mais pálida que o normal.As vozes da Taverna desaparecem, transformando-se em um eco distante. Nunca imaginei que ele fosse tão longe, mas, se está me perseguindo desde que fugi, era questão de tempo até chegar em Valmont. Elias me observou demais. Mesmo com a cor do cabelo diferente, meus olhos e minha voz podem ter me denunciado.Preciso trabalhar, mas o medo me paralisa. Não consigo me mover.— Elise, quem é aquele cara? — sussurra Eddie, com a expressão carregada de seriedade.Encaro-o, umedecendo os lábios antes de responder:— Ninguém importante. — Minha voz sai rouca e entrecortada.— Não acredito em você. — Ele retruca, cruzando os braços. — Se não me contar, expulsarei todos os clientes e chamarei Malachi.— O que Malachi tem a ver com isso? — Balanço a cabeça, indignada com sua
O verdadeiro nome de Elise.As palavras de Elise reverberam dentro de mim. Ela sai porta afora sem olhar para trás, os passos apressados a levam para longe rapidamente.— Fique em alerta. — digo a Eddie, que apenas acena com a cabeça.Vou atrás de Elise, que parece me odiar neste momento. Não posso culpá-la; fiz uma promessa de que nunca desistiria dela, mas a deixei sozinha para processar tudo o que aconteceu e descobriu.Desde a morte de Luan, tudo desabou sobre mim e a alcateia. Realizamos sua despedida e entregamos sua alma à deusa Luna, mas o peso da nossa realidade apenas aumentou. O conselho humano exige retratação, e agora boa parte dos humanos sabe sobre os shifters lobos em Valmont. Apesar de termos respeitado as leis do acordo e nos mantido afastados no vilarejo a maior parte do tempo, tudo explodiu. Se antes éramos ignorados, agora querem nos expor como assassinos.A discussão na reunião foi enfadonha, uma repetição cansativa de acusações entre homens humanos, todos te
Alma marcada.Malachi me encara como se eu tivesse confessado um crime hediondo. Os últimos acontecimentos passam na minha mente a mil por hora, e meu coração parece que vai explodir pela boca. Mas acima do medo, está a raiva.Eu me recuso a deixar aquele desgraçado controlar minha vida de novo, mas sei bem do que ele é capaz. Toda a merda que sofri nas mãos dele ainda está comigo, como uma marca que não se apaga. Quando finalmente comecei a me reerguer, abrindo espaço para novas possibilidades, ele aparece.Filho da puta!— Do que está falando? — Malachi pergunta, sua voz um sussurro rouco.— Pouco depois de fazer dezoito anos, saí do orfanato. É assim que funciona: se você não foi adotado até lá, é mandado embora. Fiquei sozinha, carregando traumas de uma infância fodida num orfanato que só aceitava crianças para lucrar com elas. Morei num abrigo por um tempo, consegui um emprego numa lanchonete, e foi lá que conheci Trevor. — começo a dizer.A expressão de Malachi fica tão pes
Reviravolta e revelações.Tudo desaparece da minha mente.Seguro o pescoço de Elise com minha mão; meus dedos o rodeiam com firmeza. Sua pele macia está quente, sua pulsação agitada.Seus lábios são um paraíso contra os meus. Ela abre a boca e timidamente guia sua língua para a minha. Recebo tudo que ela me dá como um homem faminto, sedento por cada migalha que ela oferece.Com a mão livre, seguro sua cintura com firmeza. Suas revelações ecoam pela minha mente, e seu beijo é a única coisa que me mantém no controle. Sua presença é a corda que me amarra, impedindo-me de procurar o filho da puta que a fez sofrer e cometeu as piores atrocidades contra minha parceira.Cheguei à conclusão, depois de tudo que aconteceu na alcateia e agora com Elise, que não quero estar em paz com humanos que não nos respeitam ou com aqueles que ferem os nossos. Quero vingança, o sangue de cada um que entrar em meu caminho.O acordo pode ir para o inferno. A prova de verbena nas amostras de Luan já basta
Bagagens e sentimentos.— Amber... — Ana começa, nervosa. — Isso é mesmo uma boa ideia?Suspiro, sentindo o peso da ansiedade sobre meu peito. Como eu poderia dizer que não tenho certeza de mais nada?Ao que tudo indica, sou uma fodida destinada a viver nessa vida sem um pingo de paz. Meu ex-namorado abusivo não me deixa em paz, aparentemente sou parceira predestinada de um homem-lobo que nunca nos meus sonhos achei ser possível de existir, e agora estou indo morar com ele, no vilarejo de sua alcateia fora da cidade.Então não, não tenho certeza se estou fazendo a escolha certa. Talvez seja melhor fugir outra vez, desaparecer no mapa e mudar meu nome para Genoveva, raspar o cabelo e usar lentes de contato, mas foda-se, não vou fazer isso.Malachi me fez uma promessa e garantiu segurança. Sua vida como alfa parece estar uma bagunça, mas ele ainda assim está me colocando como prioridade. Posso estar sendo ingênua, uma tola de coração mole, mas vou dar o benefício da dúvida para ele.
Ansiedade e Música.Consigo sentir o nervosismo de Elise, quase palpável, aumentando a tensão dentro do carro. Ela falou pouco enquanto ajudava a colocar as coisas no porta-malas.— Quer ouvir música? — pergunto, e ela assente. — Tem preferência?— Não sei, nunca tive muitas oportunidades de conhecer bandas ou cantores. Antes, ouvia o que estivesse tocando. — confessa, e o aperto das minhas mãos no volante aumenta.— Tudo bem, querida. O dispositivo tem Spotify, pode se aventurar e descobrir. — Tento não deixar minha raiva transparecer na voz. — Em casa, você vai ter muito tempo e liberdade pra isso.Ela acena de novo, sem muita energia. Apesar das confissões que trocamos, Elise não confia muito em mim.Ou devo chamá-la de Amber? Devo perguntar isso?Minha mandíbula tensiona. Lembrar das revelações dela ativa uma parte de mim que tento esconder e manter sob controle. Kiran vai descobrir quem é Trevor, e se ele estiver na minha cidade, não vou hesitar em ir atrás dele. Tenho algo
Mudanças.Corro os olhos pela sala de estar, logo na entrada da casa de Malachi. Esse lugar é diferente do que imaginei. Tudo exala vida: os sons dos moradores e suas conversas animadas, as crianças correndo nas ruas. Há estabelecimentos; vi inclusive uma pequena loja de conveniência, que Malachi explicou ser tipo um centro de distribuição para os moradores que preferem não sair do vilarejo.Aqui, as casas e cabanas são todas de madeira, mas nenhuma está em mau estado. Nesta, as paredes estão pintadas de branco e, aqui dentro, consigo ver que tem mobília por todo lado. Tudo de muito bom gosto: decorações e porta-retratos. Aproximo-me do balcão que divide a sala da cozinha e admiro o tamanho da geladeira, que é quase do tamanho do homem ao meu lado. E isso é bem grande.— Vou pegar suas coisas no carro, ok? — Ele diz, e sinto sua total atenção sobre mim. — Sinta-se em casa.Olho-o de relance e confirmo com a cabeça. O impressionante é que sinto a personalidade de Malachi em cada can
Planos de matança. — Para alguém que tem um caminhão de merda para resolver, você não deveria sorrir tanto. — Kiran provoca, e Aiden ri. Educado, mostro o dedo do meio para os dois. Nem mesmo toda a merda que estamos enfrentando será capaz de tirar minha felicidade por ter Elise em minha casa. Minha parceira, minha mulher, dormindo debaixo do mesmo teto que eu. — Desista, ele vai andar por aí com essa expressão de apaixonado. — Aiden diz. Kiran solta um suspiro dramático. — Está quebrando muitos corações pelo vilarejo. — Cale a boca, Kiran, antes que eu faça isso por você. — resmungo, e ele bufa. — Mais alguém teve alterações de humor? — Ninguém mais surtou, se é o que quer saber. Por enquanto está tudo tranquilo. A próxima reunião com o conselho humano será interessante se não surgirem novas evidências. — Meu irmão responde. — Em algum momento, quem estiver tentando nos incriminar tentará agir outra vez. Estejam atentos. Aiden, reforce a ordem de saírem o mínimo