Mudanças.Corro os olhos pela sala de estar, logo na entrada da casa de Malachi. Esse lugar é diferente do que imaginei. Tudo exala vida: os sons dos moradores e suas conversas animadas, as crianças correndo nas ruas. Há estabelecimentos; vi inclusive uma pequena loja de conveniência, que Malachi explicou ser tipo um centro de distribuição para os moradores que preferem não sair do vilarejo.Aqui, as casas e cabanas são todas de madeira, mas nenhuma está em mau estado. Nesta, as paredes estão pintadas de branco e, aqui dentro, consigo ver que tem mobília por todo lado. Tudo de muito bom gosto: decorações e porta-retratos. Aproximo-me do balcão que divide a sala da cozinha e admiro o tamanho da geladeira, que é quase do tamanho do homem ao meu lado. E isso é bem grande.— Vou pegar suas coisas no carro, ok? — Ele diz, e sinto sua total atenção sobre mim. — Sinta-se em casa.Olho-o de relance e confirmo com a cabeça. O impressionante é que sinto a personalidade de Malachi em cada can
Planos de matança. — Para alguém que tem um caminhão de merda para resolver, você não deveria sorrir tanto. — Kiran provoca, e Aiden ri. Educado, mostro o dedo do meio para os dois. Nem mesmo toda a merda que estamos enfrentando será capaz de tirar minha felicidade por ter Elise em minha casa. Minha parceira, minha mulher, dormindo debaixo do mesmo teto que eu. — Desista, ele vai andar por aí com essa expressão de apaixonado. — Aiden diz. Kiran solta um suspiro dramático. — Está quebrando muitos corações pelo vilarejo. — Cale a boca, Kiran, antes que eu faça isso por você. — resmungo, e ele bufa. — Mais alguém teve alterações de humor? — Ninguém mais surtou, se é o que quer saber. Por enquanto está tudo tranquilo. A próxima reunião com o conselho humano será interessante se não surgirem novas evidências. — Meu irmão responde. — Em algum momento, quem estiver tentando nos incriminar tentará agir outra vez. Estejam atentos. Aiden, reforce a ordem de saírem o mínimo
Caça e o Caçador.Chego em casa, a frustração dominando minha mente. Não conseguimos encontrar Trevor e seu comparsa; quando chegamos ao hotel, ambos já haviam desaparecido. Eddie me ligou minutos depois, dizendo que havia encontrado um bilhete no balcão da Taverna, endereçado a "Amber" e não a Elise. Corri até lá, e o conteúdo fez o ódio se espalhar como fogo em minhas veias.O bilhete dizia:“Vou encontrá-la, cadela.”Agora, nem que eu precise deixar Valmont e viajar até Elarion para procurar esse desgraçado, não vou encontrar paz. Minha lista de vingança só cresce. Por muito tempo, nunca imaginei que teria uma, mas hoje percebo que esse momento chega para todos. Ser um alfa tranquilo não me leva a lugar algum com os humanos; talvez seja hora de mostrar quem realmente comanda.Arranco meus coturnos e os deixo de lado. O vilarejo está silencioso, são mais de quatro da manhã e, por isso, me surpreendo ao ver Elise deitada no sofá, segurando um livro.Paro e a observo, virando a p
Dramas e AbsorventesQuero me jogar na frente de um carro em alta velocidade, mas nem isso posso fazer, já que estou em um vilarejo de via única, onde os carros andam a vinte por hora.O plano era fazer uma visita, conhecer as lojas e a cafeteria que ele disse que tinha aqui. Contudo, como a vida gosta de me ferrar, mal levantei e senti aquela sensação bem conhecida de quando a menstruação desce de uma vez.Pior: estou presa no banheiro do corredor porque não tenho absorventes. Com a decisão apressada da mudança e a correria para arrumar tudo, ir ao mercado ou à farmácia nem mesmo passou pela minha mente.Mordo a ponta do meu polegar e balanço a perna. Não posso ficar sentada na privada para sempre.— Elise? — Solto um grito e cubro a boca com a mão ao ouvir a voz de Malachi. — Está tudo bem?Tudo o que desejo agora é que alguém me dê um tiro. Meu rosto esquenta, e penso nas minhas alternativas, que, claro, são bem limitadas.— Elise? — Ele chama outra vez, e encaro a porta.—
O Recomeço.Reviro os olhos para o segundo bêbado da noite que derruba a caneca parcialmente cheia no chão. O barulho ensurdecedor das vozes misturado ao cheiro forte de álcool e cigarro não me incomoda, mas cada olhar dos homens ao redor, como se eu fosse um pedaço de carne, me faz querer sacar o pequeno canivete preso ao meu tornozelo.O que diabos há com esses caras?Não é a primeira vez que me faço essa pergunta hoje. Minha primeira noite no novo emprego, nessa cidade estranha, tem sido... peculiar. Ana havia me alertado que havia algo de diferente nesse lugar, mas ainda não tinha descoberto o quê.Eu sinto essa diferença no ar. Algo indefinível, mas presente. Até eu, com minha percepção pouco aguçada, consigo notar a estranheza que parece impregnar o ambiente.— Mais uma! — Berra outro bêbado, batendo a caneca vazia no balcão. Eu sei o que ele quer sem precisar perguntar, e me viro para servir, ignorando o jeito nojento com que ele percorre meu corpo com os olhos.Todo homem
Humana.Nem mesmo nos meus piores pesadelos imaginei que minha parceira predestinada poderia ser uma humana.Duas noites atrás, quando entrei na taverna de Eddie — um beta —, fui invadido pelo cheiro mais doce e um sentimento avassalador. Procurei pelo recinto até que meus olhos a encontraram.Alta, esbelta e loira. Seus olhos verdes marcantes, boca sensual repuxada em desgosto, parecendo querer estar em qualquer lugar, menos ali, servindo um bando de brutamontes bêbados. E o detalhe mais importante: totalmente humana.Seu cheiro não escondia isso, mesmo que diferente dos outros humanos, já que seu aroma doce me parece tão malditamente atraente.— Pare de encarar. — Kiran rosna ao meu lado. Estamos sentados no fundo da taverna.— Não consigo. — Retruco, irritado.Desde que entrei aqui novamente, recebendo um olhar de desdém de Elise, meus olhos se recusam a desviar. Ela é hipnotizante, movendo-se com eficiência atrás do balcão, servindo bebida atrás de bebida.Cerro os punhos q
O nome do homem rude.Ele está aqui outra vez. Caminha até o balcão com uma expressão indecifrável, mas os olhos brilham de um jeito perigoso.Aquele puxão que senti na primeira vez que o vi parece ainda mais forte. Irritante e impossível de ignorar.Quero dar as costas e fingir que ele não existe, que nem mesmo o conheço, mas não consigo esquecer como foi rude na primeira vez.Meu turno está chegando ao fim, e hoje não vou ficar até tarde, nem que me obriguem. Meu ciclo está por vir, e o desconforto da cólica já começa a se manifestar.Eddie percebe minha expressão desgostosa, mas o atende, enchendo as canecas. Ainda assim, ele não vai embora.— É nova na cidade? — Ouço a pergunta e quase admiro a falta de vergonha dele.Primeiro, me humilha. Agora, quer saber da minha vida.— Se não me responder, perguntarei a Eddie — pressiona.— É assim que manipula as pessoas para conseguir o que quer? Parece coisa de valentão.— Estou tentando conversar com você — se defende, e eu solto
Uma mão amiga. É sexta-feira, e Eddie me deu o dia de folga. Coincidentemente, Ana também está em casa. — Então, ele foi um babaca ao te conhecer e, depois, quis puxar assunto? — Ana pergunta, tentando entender. Apenas confirmo com a cabeça. — Homens nascem com uma falha de comunicação e uma inclinação para desvio de caráter, mas isso a gente já sabe. — Ah, sim. Não me surpreende. A maior parte do tempo, ignoro. Todo mundo me encara como se eu fosse um pedaço de carne. Ele é só... Insistente. — Você disse que o nome dele é Malachi Fenrir? — Pergunta, enquanto olha a tela do celular. — Foi o que ele disse — Respondo, bebendo o café forte na minha xícara, apreciando o sabor que desliza pela minha língua. — Caramba, ele é o dono da madeireira da cidade. Um dos homens mais ricos daqui. — Ana me mostra a tela do celular, exibindo a foto do mesmo homem que vi duas vezes na Taverna. — Bonito, gostoso e rico. O sonho de muitas mulheres. — Acrescente arrogante, prepotente e baba