Sílvia hesitou por um instante:- Esta é a melhor solução. Eu vi os comentários nas redes sociais e acredito que seria prudente para o Grupo LH aproveitar esta oportunidade para estabelecer sua imagem social.Ela se expressou de maneira bastante casual, como se não estivesse falando de si mesma.Apenas Dora, com uma expressão de preocupação, a observava. De fato, Dora podia compreender o motivo de Sílvia estar agindo assim, especialmente após ter uma noção da situação financeira de Sílvia durante a visita ao hospital.- O Grupo LH não precisa recorrer a um assunto tão trivial para construir sua imagem. - Marcos rejeitou a ideia quase instintivamente.Sílvia o encarou calmamente, sua voz ficou neutra:- Se você está preocupado que eu possa denegrir a imagem da empresa, estou disposta a assinar um novo acordo de indenização com você.A sala de reuniões mergulhou em um silêncio total.Eles já haviam presenciado a empresa demitir funcionários para se afastar de relações problemáticas.Cont
Na empresa, na verdade, poucas pessoas sabiam onde Sílvia morava.Ana disse:- A casa de Sílvia e a do Presidente Marcos estão no mesmo condomínio, numa área residencial de alto padrão no sul da cidade.Essa informação era muito significativa, afinal, todos sabiam que o Residencial Alvorada, onde Marcos morava, era um dos condomínios mais famosos e luxuosos da Cidade J, onde muitos trabalhadores dedicados passam a vida inteira trabalhando apenas para poderem comprar um banheiro nesse condomínio.A compra da casa de Sílvia foi gerenciada por Ana, então ela sabia que tinha sido Marcos quem a comprou para Sílvia, mas ela não estava a par dos detalhes subsequentes.Por isso, Ana sempre teve uma atitude muito positiva em relação a Sílvia na empresa, afinal, além de Sílvia, ela não tinha visto Marcos comprar uma casa para nenhuma outra mulher.A verdadeira afeição de um homem por uma mulher, em grande medida, pode ser percebida pela sua disposição em gastar dinheiro com ela.Juliana, ao ouvi
Sílvia observava a porta do apartamento, selada com fita, com os lábios firmemente pressionados.Ela se recordava das palavras de Isabel, mas não esperava que ela fosse tão longe.Ligou para a administração do prédio, que respondeu com uma atitude sutil:- Desculpe, Srta. Sílvia, somos apenas a administração. Creio que se tem algum problema, deveria resolver com o Senhor Marcos.No Residencial Alvorada, a maioria dos moradores são pessoas abastadas, muitas das quais acomodam suas amantes ali.Casos de amantes descobertas por familiares, que acabam por reivindicar os imóveis, provocaram muitas cenas desagradáveis, e a administração testemunhou muitas dessas situações ao longo dos anos.Ademais, essas pessoas abastadas são difíceis de lidar, e eles, sendo pessoas comuns, não podem se dar ao luxo de ofendê-las. Assim, diante dessas situações, eles geralmente agem de acordo com o status social e fazem vista grossa.Sílvia desligou o telefone e saiu do condomínio.Felizmente, ela tinha seu
Sílvia estava prestes a conversar com Enrico sobre o projeto quando escutou a risada abafada de Íris.Ela tocou o ombro de Sílvia, tentando conter o riso, e disse:- Isso é tão a sua cara, Sílvia. Deve ser a primeira mulher a falar com Enrico nesse tom.Sílvia hesitou:- Há algo de errado nisso?- Não, é apenas que parece especialmente como se você realmente valorizasse e fosse grata a alguém. - Íris continuava rindo.Sílvia então ficou quieta; ela não era habilidosa em lidar com esse tipo de brincadeira.Enrico, que por natureza era reservado, também não se envolveu na conversa de Íris.Ele pegou uma garrafa de água da mesa e a entregou a Sílvia:- Ainda tenho alguns desenhos para finalizar. Há livros no escritório, caso você ache que eles estão sendo barulhentos, pode ir ler lá.Sílvia se levantou também:- Há algo em que posso ajudar? Lembro que você mencionou que havia bastante material para organizar? - Ela aceitou a garrafa de água que Enrico lhe ofertou, falando de maneira pausa
Sílvia hesitou por um momento ao ouvir falar do novo morador, mas logo se recuperou e voltou ao seu quarto para arrumar suas coisas. Todos os pertences do seu avô estavam numa caixa. Ela abriu ela para verificar se nada havia sido esquecido antes de começar a arrumar os seus próprios.O apartamento fora um presente de Marcos logo após a sua efetivação no trabalho. Naquela época, Sílvia ainda residia numa casa antiga no norte da cidade, e Marcos, incomodado com o tempo que ela despendia no trânsito, simplesmente fez com que ela se mudasse para o Residencial Alvorada.O apartamento dela foi dado por Marcos logo após ela ser efetivada no trabalho, ele simplesmente entregou as chaves para ela se mudar.A maior parte das coisas eram de Marcos.Roupas e gravatas deixadas por ele, medicamentos para ressaca que Sílvia preparava, o difusor de aroma favorito dele, abotoaduras do seu estilo preferido, o copo do qual ele bebia água e muitos outros itens. A presença de Marcos estava por toda pa
A voz de Jorge foi engolida pela música animada que começou a tocar repentinamente, e somente Marcos, que estava mais próximo, conseguiu ouvir claramente.Marcos fez uma pausa, sem aumentar o tom de voz:- Estou ocupado.Jorge perguntou:- Zeca te chamou de novo? É estranho, sua mãe e a família Fernandes não são próximas, mas você tem uma conexão especial com eles. - Jorge fez uma pausa antes de continuar. - Seu tio vai vir para Cidade J em breve? Eu vi as notícias anteontem.As pessoas ao redor ouviram isso e começaram a rir:- Veja só, Jorge também assiste às notícias.- Eu sou um homem de muitos conhecimentos. - Jorge disse, entrando na brincadeira e debatendo com eles. Naquele momento, um homem rico que havia falado antes lançou um olhar para Bruna e, surpreso, a cumprimentou alto:- Bruna, você também está aqui? Quer se juntar a nós?As pessoas de famílias ricas da Cidade J também têm seus próprios círculos sociais; apesar de todos se conhecerem, raramente se misturam em momentos
Sílvia ficou surpresa. Apoio financeiro?Parecia que a sua relação com Marcos era percebida pelos outros dessa forma.Mas seria de fato raro alguém ser “mantido” e acabar na situação dela.Ela abaixou os olhos, ocultando a autoironia.Percebendo que Sílvia não reagia, Bruna se deu conta de que havia sido demasiado direta e bateu na própria testa, frustrada:- Sílvia, não queria dizer nada com isso, esquece o que falei. Fui bona ao dizer aquilo, desculpa.Sílvia se manteve em silêncio.Bruna se acalmou e ficou quieta ao lado, mexendo no celular.Até que Enrico chegou com o carro, Bruna guardou o celular e abriu a porta de trás para entrar.Havia uma mala de Sílvia no porta-malas, o que a fez hesitar por um instante antes de perguntar:- Enrico, você está se mudando?- É minha. - Disse Sílvia, entrando no assento do passageiro.Bruna massageou a cabeça, recordando:- Ah, é você que está se mudando.Se lembrava de ter encontrado Sílvia no hotel, quando ela mencionou que tinha sido expuls
Sílvia dormiu muito bem e acordou pouco depois das sete da manhã, enquanto Íris ainda estava a dormir profundamente. Sílvia se levantou com movimentos suaves, tentando não fazer barulho.Ela não fora ao hospital ontem e decidira ir hoje para evitar que seu avô ficasse preocupado.Ao descer, notou que não havia ninguém na sala de estar, provavelmente porque todos tinham ido dormir tarde e ainda não tinham acordado.Assim que chegou ao quintal, viu Enrico de costas, falando ao telefone.Ao ouvir o barulho da porta, Enrico se virou e, ao terminar a ligação, caminhou em direção a Sílvia, perguntando:- Por que acordaste tão cedo?Sílvia respondeu:- Estou a planear ir ao hospital ver meu avô.Enrico acenou com a cabeça:- Estou a caminho de ver um cliente, posso te levar.Sílvia estava prestes a dizer que não queria incomodá-lo, mas Enrico já estava a caminhar em direção à garagem.A mansão de Enrico era grande e bem localizada, mas o interior parecia uma casa nova, como se ninguém morass