Quando Henrique ligou, Sílvia estava deitada no sofá, dormindo profundamente. Acordada pelo toque do telefone, ela mal conseguia abrir os olhos, o interior estava escuro, as cortinas da sala não estavam fechadas, e só podia ver vagamente graças à luz dos postes lá fora.Sílvia seguiu o brilho da tela do celular até atendê-lo, e a voz preocupada de Henrique logo chegou:- Sílvia, você está bem?Esfregando o rosto, que estava frio, ela fez uma pausa antes de responder:- Eu estou bem.- Não se preocupe com o vídeo na internet, eu e Enrico já estamos procurando amigos para lidar com isso. Enrico me contou sobre o problema com sua mãe, não é sua culpa.A voz calma e serena de Henrique soava especialmente reconfortante à noite. No entanto, Sílvia captou o ponto principal, perguntando:- O que aconteceu na internet?Henrique pausou por um momento:- Alguém postou um vídeo seu com sua mãe esta tarde no Facebook, está causando bastante alvoroço.- Além disso, descobriram que você é secretári
Sílvia murmurava, sem saber se falava com o avô ou tentava se confortar.A agitação nas redes sociais não parava de crescer, e muitos blogueiros famosos começaram a discutir o assunto. Sílvia foi bombardeada por mensagens no celular, entre dúvidas, consolos e perguntas indiretas.Ela colocou o celular em modo silencioso e o atirou sobre a mesa. Sua mente estava uma bagunça a noite inteira, e agora precisava se esforçar para se acalmar e pensar em como lidar com a situação.Porém, quanto mais pensava, mais confusa se sentia, até que a dor de estômago, pela manhã, a lembrou de que havia pulado várias refeições.Foi até a cozinha e pegou um pedaço de pão, indiferente ao fato de estar frio, vindo direto da geladeira, e o colocou na boca.Contudo, por mais que tentasse, só conseguiu comer metade da fatia, sentindo náuseas ao tentar engolir mais um pedaço.Quando Dora ligou, Sílvia estava sentada na varanda, tentando se distrair com a leitura.Ao ver o nome de Dora, seus olhos piscaram ant
Sílvia compreendeu o que Marcos queria dizer; a decisão estava em suas mãos.Mas o que ela deveria fazer? O que poderia fazer?A mente de Sílvia estava tão confusa quanto uma máquina em pane, sem conseguir pensar com clareza.De repente, o som estridente do telefone soou, era o celular de Sílvia.Ela, como se tivesse encontrado uma chance para respirar, atendeu o telefone quase imediatamente e se levantou, dizendo em voz baixa:- Desculpe, preciso atender esta ligação.Somente após sair da sala de reuniões, a atmosfera opressiva e asfixiante se dissipou, e Sílvia atendeu o telefone sem sequer verificar quem era.A voz ansiosa de Gilberto ecoou de imediato:- Srta. Sílvia, o Sr. Gustavo foi sozinho ao encontro da sua mãe! Após conversar com ele pela manhã, ele disse que iria confrontá-la, mas conseguimos detê-lo. - Gilberto fez uma pausa antes de prosseguir. - No entanto, no almoço, não prestamos a devida atenção, e ele desapareceu de repente! O segurança afirmou que não viu para onde e
No hospital, fora da sala de emergência.Sílvia estava sentada no banco, com Gilberto e Danilo a seu lado.Gilberto, observando a expressão vazia nos olhos de Sílvia, não sabia como confortá-la.Quando chegaram ao hotel, Gustavo começou a ter convulsões incontroláveis e foi levado ao hospital, onde os médicos disseram que a situação era preocupante.Gustavo já sofria de hipertensão, além de várias sequelas de condições anteriores e algumas doenças crônicas, por isso os médicos enfatizaram que ele deveria evitar emoções fortes.Isabelly estava sentada sozinha em uma cadeira do outro lado, com a cabeça baixa, esfregando as mãos entre as pernas, perdida em seus pensamentos.Gilberto suspirou:- Srta.Sílvia, tente se acalmar, talvez o Sr.Gustavo apenas necessite de alguns dias de repouso para se recuperar. Afinal, ele é uma boa pessoa e certamente receberá boas graças.Sílvia mal conseguia ouvir sua voz; sua mente estava turbulenta, e permanecer sentada ali já era um grande esforço.A imag
Danilo cedeu seu lugar, sinalizando para que Sílvia se aproximasse.Contudo, ao fitar o avô deitado no leito hospitalar, Sílvia se estava tão abalada que mal conseguia dar um passo à frente.Ela foi criada sob os zelos do avô, que a levava para se divertir nas águas em dias chuvosos e empinava pipas ao seu lado sob o sol radiante.Ele lhe contava histórias, confeccionava bonecas para ela.Mas agora jazia ali, na cama do hospital, tão debilitado que lhe era penoso até falar.Na juventude, o avô era um homem de beleza e charme notáveis, características essas herdadas tanto por Isabelly quanto por Sílvia.Sílvia, postada ao lado do leito, tremia sutilmente. Ela observava o idoso à sua frente, cujo semblante se encontrava parcialmente alterado por conta de um AVC, com um dos cantos da boca tracionado para um ângulo incomum.Ainda assim, o avô se esforçava para mover os lábios, como se tivesse inúmeras palavras a dizer a ela.Sílvia teve que se inclinar, aproximando o ouvido aos lábios do
Sílvia hesitou por um instante:- Esta é a melhor solução. Eu vi os comentários nas redes sociais e acredito que seria prudente para o Grupo LH aproveitar esta oportunidade para estabelecer sua imagem social.Ela se expressou de maneira bastante casual, como se não estivesse falando de si mesma.Apenas Dora, com uma expressão de preocupação, a observava. De fato, Dora podia compreender o motivo de Sílvia estar agindo assim, especialmente após ter uma noção da situação financeira de Sílvia durante a visita ao hospital.- O Grupo LH não precisa recorrer a um assunto tão trivial para construir sua imagem. - Marcos rejeitou a ideia quase instintivamente.Sílvia o encarou calmamente, sua voz ficou neutra:- Se você está preocupado que eu possa denegrir a imagem da empresa, estou disposta a assinar um novo acordo de indenização com você.A sala de reuniões mergulhou em um silêncio total.Eles já haviam presenciado a empresa demitir funcionários para se afastar de relações problemáticas.Cont
Na empresa, na verdade, poucas pessoas sabiam onde Sílvia morava.Ana disse:- A casa de Sílvia e a do Presidente Marcos estão no mesmo condomínio, numa área residencial de alto padrão no sul da cidade.Essa informação era muito significativa, afinal, todos sabiam que o Residencial Alvorada, onde Marcos morava, era um dos condomínios mais famosos e luxuosos da Cidade J, onde muitos trabalhadores dedicados passam a vida inteira trabalhando apenas para poderem comprar um banheiro nesse condomínio.A compra da casa de Sílvia foi gerenciada por Ana, então ela sabia que tinha sido Marcos quem a comprou para Sílvia, mas ela não estava a par dos detalhes subsequentes.Por isso, Ana sempre teve uma atitude muito positiva em relação a Sílvia na empresa, afinal, além de Sílvia, ela não tinha visto Marcos comprar uma casa para nenhuma outra mulher.A verdadeira afeição de um homem por uma mulher, em grande medida, pode ser percebida pela sua disposição em gastar dinheiro com ela.Juliana, ao ouvi
Sílvia observava a porta do apartamento, selada com fita, com os lábios firmemente pressionados.Ela se recordava das palavras de Isabel, mas não esperava que ela fosse tão longe.Ligou para a administração do prédio, que respondeu com uma atitude sutil:- Desculpe, Srta. Sílvia, somos apenas a administração. Creio que se tem algum problema, deveria resolver com o Senhor Marcos.No Residencial Alvorada, a maioria dos moradores são pessoas abastadas, muitas das quais acomodam suas amantes ali.Casos de amantes descobertas por familiares, que acabam por reivindicar os imóveis, provocaram muitas cenas desagradáveis, e a administração testemunhou muitas dessas situações ao longo dos anos.Ademais, essas pessoas abastadas são difíceis de lidar, e eles, sendo pessoas comuns, não podem se dar ao luxo de ofendê-las. Assim, diante dessas situações, eles geralmente agem de acordo com o status social e fazem vista grossa.Sílvia desligou o telefone e saiu do condomínio.Felizmente, ela tinha seu