A dor da impotência lhe consumia o pouco de sono que tinha. Por toda sua breve vida, supriu uma raiva dos nobres, mas naquele momento odiava um. Queria ir para bem longe daquele ser, ao mesmo tempo gostaria de vê-lo pagar por todos os seus pecados enforcado em praça pública. Sabia que era apenas desejos poluindo seu coração.
Logo após deixar Triana na casa de Calixto, Dilany convenceu ao seus pais a não pernoitar no velório. Toda aquela situação lhe causava angústia, precisava regressar para casa
Cícero e vários camponeses foram dispensados das atividades com os nobres para acompanhar o enterro dos corpos. Para Dilany e alguns, era nítido que algo os nobres querism esconder com excessiva generosidade. Por muitas vezes, soube dos enterros com a carne putrificada do morto, pois os parentes espervam um pai, um filho... Sair do palácio para enterrar seu ente querido.
Iria se levantar, parar de pensar nessa gente que se dizia nobr
Por DilanyFaz muito tempo que a minha vida vem se repetindo em um ciclo. Na verdade, são dezoito anos aonde tudo estava errado. Sentia-me faltando um pedaço. Ser quem não eu era, me fazia um ser humano quebrado e defeituoso.Entretanto, tudo piorou quando me despi e tirei a minha máscara masculina. Como é difícil ser mulher! Dilany mal renasceu e a aprisionaram dentro de um corpo feminino.Não podes trabalhar...Não podes amar...Seja donzela...Não podes vestir o que quer...Arrume os cabelos...Como Dilan, a maior obrigação que tinha além do trabalho, era curva-me reverenciando um povo soberbo e tolo, que acreditam ter sangue azul.Como Dilany até meu pai virou um ditador. Culpa dele? -- Não, óbvio que não -- senhor Cícero me ama.
Havia um clima diferente na humilde casa dos Ziran. Dilany e Salvador toleravam-se mais, contudo não agiam como uma casal. Trabalhavam na plantação, conversavam pelos cantos, porém dormiam separados.Cícero queria intervir, perguntar o que estava se passando. Sua filha andava por aí vestida de homem como se fosse natural. Tudo bem para se proteger, mas agora não haveria necessidade e toda aquela atitude lhe causava estranheza."Creio que seja mais prudente deixar que eles se resolvam." De alguma forma, Bertha tenta acalmar Cícero."Ainda sou o pai dela. Dilany ao ficar maior de idade, tem dado mais trabalho do que nunca.""Sim és o pai e sempre será. Mas agora não podes passar por cima do marido dela.""Minha intenção é ajudar somente. Nada mais que isso. Essa menina esperava o aniversário com afinco para trajar um vestido e agora que pode usar, vive fantasiada de Dilan."As pal
Madame Irlanda saiu do cômodo de Salvador, com uma rapidez notória."Já!" Cícero se surpreende."Sim ele é forte como um touro. O senhor mais do que ninguém sabe disso.""Verdade. Depois de tudo o que esse homem passou na cachoeira de cristais, realmente ele é bem forte.""Poderia chamar Bertha para ensinar os procedimentos medicinais."Cícero chamaria sua esposa na cozinha, porém foi impedido por Dilany que por ali aguardava noticias de Salvador. "Não precisa pai. Eu mesma cuidarei dele. Minha mãe já tem muitos afazeres na casa e a responsabilidade é minha."Cícero assente satisfeito com a decisão da filha. Dilany não poderia continuar na tratar o marido e seu senhor como estranho -- assim o camponês pensou."Pois bem. Deves dar o chá
Eram tantas vozes ao mesmo tempo, que ficava difícil entender o que se passava. Dilany aguardava ao lado de fora, conforme prometera a Salvador. Contudo, após um curto período de obediência, ouvira o início de embates e resolvera entrar.Empurrou a porta do pequeno templo a fechando de costas. Quando virou-se, a discussão acalorada cessou, deixando em seu lugar um silêncio constrangedor. Naquele instante os olhos curiosos daqueles que por ali estavam, eram voltados para si.Olhos curiosos por assim dizer. Pois na verdade, muitos eram de desdém. Aqueles homem olhavam por cima a afronta da mocinha invadir uma reunião de suma importância. Nenhuma mulher deveria está ali -- pensavam -- nem mesmo as trajadas de calções e galochas, como despojava Dilany.Alguns nem perguntaram, entenderam que Cícero fizera de sua filha homem para protege-la. Mas havia aqueles que não entendiam bem qual era a verdadeira natureza de Dilany Ziran.Para total confusão de mu
Eram muitas dificuldades. Alguns poucos camponeses portando armamentos de pouco poder, contra uma guarda real muito bem armada. Tal discrepância poderia terminar em mais desgraça. Contudo, três fatores os fizeram seguir em frente. O trunfo, o efeito surpresa e a estratégia.O trunfo nada mais era que o príncipe de Arbória ao lado dos campônios, o efeito surpresa seria a total ignorância da realeza de uma possível retaliação. Já a estratégia, Salvador estava sendo totalmente contra."Meus sobrinhos e cunhada não tem nada haver com as atrocidades de meu meio-irmão. Atacamos ele e somente ele." Discorre convicto."Oras! Vossa alteza diz está do nosso lado e já está dando para trás no plano que nem começamos ainda." Questiona Joafram."Estou com vocês como a semanas atrás ao revelar-me para todos. O que não quero é, covardia com mulheres e crianças. Vós aqui estão justamente em reprova as atitudes de Nuno. Vamos o
"Haa" Os arreios eram frouxos, assim Raia disparava levantando poeira pela estreita estrada. Ao pensar no que sua vida transformara, cavalgar com Raia, era uma de suas poucas felicidades. Mesmo esse passeio não sendo recreativo, ainda sim lhe dava prazer a companhia de sua égua.No final da senda, avistava o carro que estaria Laureano, no meio de todos os homens do grupo, seria certo dizer que o pai de Josephine era o mais sensato, ou mais tranquilo como muitos diziam. Por isso fora escolhido para ficar com Dilany junto a rainha Catléya e seus filhos.O plano seguia seu curso, prenderiam a família de Nuno, apenas para que ele confesse seus crimes. Não os machucariam, a rainha e os pequenos príncipes, não poderiam ser punidos pelos erros atroz do rei.Ao aproximar-se, a camponesa vai puxando os arreios devagar, fazendo a égua parda frear a intensidade do galope. Dilany desceu do animal, ao lado do carro que
Apolo parecia mais feliz que Salvador, quem o visse diria que o animal negro de pêlo vistoso sabia que estaria de volta ao lar. A todo momento acenava para alguém que passava rumo a festa, alguns lhe conheciam e ficavam estupefatos, outros nem imaginavam de quem se tratava e simplesmente ignorava.No caminho, os sinais que tudo deu certo com o plano. Os pais revoltados estariam ao lado de fora apenas como prevaução. Salvador sabia o quão fraco era Nuno, via a cena em sua cabeça. Seu meio irmão gritaria fazendo eco pelo palácio, mas quando entendesse que nada salvaria sua família cederia em tudo o que lhe pedisse.Ao sair do caminho verde, a estrada que ficava no meio da mata bruta, Salvador já podia avistar toda a frente de pedra do palácio. No lombo de Apolo, emocionou-se com lágrimas que rolavam pelo seu rosto, em breve tudo o que tentaram lhe tirar e era seu por direito, estaria de vo
Serena, Dilany dormia na cabana aonde seria o cativeiro da realeza. Tinha algumas escoriações por conta da queda na ribanceira, mais nada demais. Estava sendo muito bem cuidada, apenas mantida desacordada, pelo tempo que fora necessário.A esponja que umidecia seus lábios, tinha a mesma erva que a deixou tonta e desnorteada quando partia com Madame Irlanda, era necessário que Dilany não acordasse, aquela que todos chamam de bruxa, não permitiria. 👑👑👑👑👑 Nuno repreenderia quem entrou em seu quarto. Todos sabem que aquele era o horário de suas orações e não gostava nem um pouco de ser interrompido. Estava de joelhos diante do oratório. Quando levantou-se, virou em cólera para ver de quem se tratava. Titubeou como se fosse cair novamente. Não podia acreditar quem ali na sua frente estava. Chegou a pensar em uma alucinação.<