Escorreguei os dedos pelo rabo do escorpião tatuado no antebraço esquerdo de Jonah. Aquele homem sentado ao meu lado no interior do veículo luxuoso e blindado, escoltado por um carro cheio de segurança e duas motos, era como um veneno que me fazia sentir como a música do Alice Cooper: especialmente viciada em cada aspecto de sua acidez.
Atraído pelo movimento que eu fazia em seu braço, Jonah estreitou os olhos verdes como a grama da mansão repleta de estátuas brancas de deuses romanos e colunas cilíndricas de mármore. Certamente ele não estava contente e eu podia ver o amargor dentro de seus olhos.
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Eu passava a maior parte dos meus dias em casa, lendo relatórios, sendo informada pelos olheiros da Giostra, me envolvendo pouco pessoalmente nos assuntos da máfia. Prioridade máxima: proteger o meu bebê.A rotina se instalou rapidamente. Meu tempo ficava dividido entre treinar com Benito e meus tios todas as manhãs, com atividades voltadas para defesa pessoal de mulheres grávidas, depois almoçava com Jonah — o que de vez em quando era uma reunião de negócios, visto que ele era meu braço direito (e o esquerdo, às vezes) —, ia para o escritório com ele, onde passava o final da tarde dividindo minha atenção entre cavar informações dos homens do Carosello e escolher a decoração do quarto do bebê.E
Como todo homem italiano preso ao carrossel da máfia, Ricci me levou até um restaurante tradicional italiano. Sim, um sushi-italiano. Nunca tinha visto um! A entrada se parecia com um beco escuro, onde vasos de flores estavam instalados até a porta, de onde vinha a luz. Segurei firme no braço de Ricci enquanto estava atravessando o corredor e ele me encarou com um sorriso de canto, sedutor.— Calma, ragazza. Não vou te sequestrar. — Ele até olhou por cima do ombro, onde os meus seguranças (homens treinados pelo meu tio e da equipe de Benito) estavam nos seguindo a uma distância básica para manter privacidade em nossa conversa. —A cozinha aqui é muit
— Isso não faz o menor sentido, Cicci. — A voz de Liam do outro lado da linha soou exausta. — Além disso, pelo que Nero me falou, Maestro está fora de alcance. Ninguém sabe onde o maldito se escondeu.— Cazzo, Liam! Preciso falar com ele. — Caminhei com a mão nas costas, esticando um pouco a barrigona. Eu estava apenas de calcinha, camiseta branca sem mangas e um penhoar de seda, bem leve, arrastando os pés descalça pelo tapete.Olhei pela janela, vendo os funcionários preparando a piscina que eu havia dito que quer
Todos os olhares voltaram-se na minha direção no momento que atravessei o suntuoso hall de entrada da mansão dos Murino, adentrando o proibido território do Conde de Abruzzo. Eu estava com um lindo vestido folgado na barriga, de panos drapeados, na cor azul, usando uma clutch prata como meus sapatos cravejados de cristais.Adoraria que os olhares fossem de surpresa porque eu estava incrivelmente estonteante ao lado do meu Sposo, igualmente bem vestido, de terno lustroso de cetim e sua imponente bengala... Mas não, aqueles olhares eram de pavor mesmo! Peguei todos de surpresa, forçando um sorriso simpático como se eu tivesse sido convidada para a festa.
O pescoço esguio e branco girou acompanhando o movimento dos corredores. Piera desgarrou da sala onde as mulheres estavam conversando e interceptou Maestro antes que ele pudesse entrar no salão:— Amore! — Suas mãos pequenas e delicadas com esmaltes de boa-moça seguraram-no no peito. — Você não deveria estar de pé, não combinamos que ficaria descansando?Fiquei parada no hall, ao lado de Ricci, eu estava segurando um copo de água gelada e procurando conter as emoções, mas tive tempo o suficiente para percorr
Abri os olhos devagar, reconhecendo o quarto da maternidade em Abruzzo. Encontrei com os olhos de minha mãe e minhas duas irmãs deram um salto:— Cicci! — Martina, com uma camiseta cinza com a estampa da boca icônica da banda Rolling Stones e calça jeans preta, era o contraste perfeito com Melissa.— Parabéns! Parabéns! Que bebê lindo que você teve, é a cara da nossa família! — Minha outra irmã, comportada e sentada no sofá, de vestido sem mangas cinza e calça legging com sapatilhas vermelh
Afundei como uma âncora pesada no oceano no instante em que vi Maestro. O ar faltou de imediato e coloquei a mão na garganta. Ali estavam, frente a frente, duas pessoas que viveram tanto e em tão pouco tempo... Juntos, porém distantes.Parecia que eu estava em outra realidade, vivendo uma vida que não me pertencia, mas era apenas o sabor salgado do destino que tinha dado tantas voltas e tantos nós que havia se transformado em uma bagunça.A princípio só nos olhamos. Maestro exibia olheiras pesadas de quem dormiu mal e estava angustiado pel
— Você está sendo um pouco injusta com Maestro, prima. — Liam estava sentado no sofá me observando arrumar as malas, afinal, eu teria alta em algumas horas. Revirei os olhos encarando a figura de meu primo deslizando a mão pela gravata azul clara que deixava seus olhos ainda mais brilhantes. — Sério.— Maestro nunca se sacrificou por mim. — Disse enfiando uma das muitas sapatilhas que usei ali dentro.— Acho incrível você acreditar mesmo nisso, de forma tão enfática.