Todos os olhares voltaram-se na minha direção no momento que atravessei o suntuoso hall de entrada da mansão dos Murino, adentrando o proibido território do Conde de Abruzzo. Eu estava com um lindo vestido folgado na barriga, de panos drapeados, na cor azul, usando uma clutch prata como meus sapatos cravejados de cristais.
Adoraria que os olhares fossem de surpresa porque eu estava incrivelmente estonteante ao lado do meu Sposo, igualmente bem vestido, de terno lustroso de cetim e sua imponente bengala... Mas não, aqueles olhares eram de pavor mesmo! Peguei todos de surpresa, forçando um sorriso simpático como se eu tivesse sido convidada para a festa.
O pescoço esguio e branco girou acompanhando o movimento dos corredores. Piera desgarrou da sala onde as mulheres estavam conversando e interceptou Maestro antes que ele pudesse entrar no salão:— Amore! — Suas mãos pequenas e delicadas com esmaltes de boa-moça seguraram-no no peito. — Você não deveria estar de pé, não combinamos que ficaria descansando?Fiquei parada no hall, ao lado de Ricci, eu estava segurando um copo de água gelada e procurando conter as emoções, mas tive tempo o suficiente para percorr
Abri os olhos devagar, reconhecendo o quarto da maternidade em Abruzzo. Encontrei com os olhos de minha mãe e minhas duas irmãs deram um salto:— Cicci! — Martina, com uma camiseta cinza com a estampa da boca icônica da banda Rolling Stones e calça jeans preta, era o contraste perfeito com Melissa.— Parabéns! Parabéns! Que bebê lindo que você teve, é a cara da nossa família! — Minha outra irmã, comportada e sentada no sofá, de vestido sem mangas cinza e calça legging com sapatilhas vermelh
Afundei como uma âncora pesada no oceano no instante em que vi Maestro. O ar faltou de imediato e coloquei a mão na garganta. Ali estavam, frente a frente, duas pessoas que viveram tanto e em tão pouco tempo... Juntos, porém distantes.Parecia que eu estava em outra realidade, vivendo uma vida que não me pertencia, mas era apenas o sabor salgado do destino que tinha dado tantas voltas e tantos nós que havia se transformado em uma bagunça.A princípio só nos olhamos. Maestro exibia olheiras pesadas de quem dormiu mal e estava angustiado pel
— Você está sendo um pouco injusta com Maestro, prima. — Liam estava sentado no sofá me observando arrumar as malas, afinal, eu teria alta em algumas horas. Revirei os olhos encarando a figura de meu primo deslizando a mão pela gravata azul clara que deixava seus olhos ainda mais brilhantes. — Sério.— Maestro nunca se sacrificou por mim. — Disse enfiando uma das muitas sapatilhas que usei ali dentro.— Acho incrível você acreditar mesmo nisso, de forma tão enfática.
Com as pontas dos dedos escolhi um gomo verde de uva e puxei, levando-o à boca. Mordi, sentindo o líquido azedo escorrer pela língua, o que me fez comprimir os ombros e estremecer. Desviei das frutas cítricas e peguei um pote com morangos, framboesas e amoras, despejando um creme de iogurte batido por cima.— Uau. — Liam parou do meu lado, pegando um pouco de suco. — A noite com Maestro foi muito boa? Você está cantarolando.— Não estou cantarolando! — Virei-me para encarar meu primo, com os cabelos cacheados bagunça
— Pensei que íamos tomar café da manhã juntos, sair para ver as coisas do bebê, e não tratar de assuntos da máfia! — Resmunguei prendendo o velcro do colete preto e pesado no corpo por cima da minha camiseta branca. Os movimentos ficavam um pouco presos com uma placa dura no peito e na barriga.— Pode ser apenas uma questão da máfia para você e para a maioria das pessoas, mas para mim é uma questão bem pessoal. Se trata da minha família. — Maestro municiou a pistola cromada, fazendo um click audível. A claridade que refletia pelas janelas do galpão me fez fechar os olhos. Tirei o capacete preto e apoiei na moto, analisando o local. Os grandes portões de pintura desgastada no porto não eram uma entrada convidativa. A corrente que os mantinha unidos e fechados era o lembrete de que ninguém deveria entrar. O cheiro da maresia parada, como um aquário morto, incomodava minhas narinas.O local parecia abandonado, mas se Nadia estivesse certa não havia local mais reservado para ser o cativeiro da minha irmã. Nenhum soldado estava presente, mais um indicativo. Desci da moto absorvendo com uma puxada de ar firme aquela atmosfera de decadência. Não houve na máfia uma fam&iCapítulo 48: Maestro | Bastardo rei.
Meu sangue estava fervendo de raiva e as lágrimas estavam queimando em meus olhos, porém, eu estava irada demais para fraquejar. A palma de minha mão ficou marcada no rosto de Maestro e um filete de sangue escorreu pelos seus lábios já machucados, ele não me olhou como quem quer pedir desculpas, afinal, ele não queria.— Bastardo maldito! — Gritei.— Último capítulo