Sarah e Guillaume estavam concentrados, preparando cada detalhe do ritual. A lua brilhava intensamente no céu, um farol prateado que parecia guiar suas intenções. Eles haviam estudado cada passo com meticulosidade, pois sabiam que qualquer erro poderia ser fatal. O vento cortante da noite soprava contra suas peles, mas ambos ignoravam o frio, focados na cerimônia que estavam prestes a realizar.O local escolhido para o ritual era uma clareira afastada da matilha, onde a energia da terra pulsava mais forte. O ar estava carregado, vibrando com uma força invisível. O vento assobiava entre as árvores, como se sussurrasse advertências sobre o que estava prestes a acontecer. O chão estava coberto por folhas secas e galhos, que se quebravam sob os pés dos presentes. Todos observavam com expectativa, alguns mais receosos do que outros.Cada ponto cardeal foi marcado com um dos quatro elementos essenciais. No Norte, um pedaço de carvão representava a terra, a base sólida de tudo o que existe.
— Você já está no caminho certo, Eidan. Sua salvação está próxima.— Ela deslizou o olhar sobre todos ali, antes de dar um passo para trás. Antes que pudessem dizer mais alguma coisa, a presença da deusa começou a se dissipar. Seu corpo se desfez em sombras que se ergueram aos céus, sendo absorvidas pela lua escurecida. Aos poucos, a escuridão que cobria a clareira começou a se dissipar, e a luz prateada voltou a iluminar a noite.O ritual havia acabado.Eidan sentiu seus músculos relaxarem. Ele respirou fundo, tentando recuperar o fôlego. Sarah e Guillaume se entreolharam, exaustos. A clareira estava em silêncio absoluto, todos ainda absorvendo o que tinham acabado de testemunhar.Eidan ficou de joelhos, olhando para suas próprias mãos, como se buscasse respostas que ainda não estavam ali. Ele sabia que sua luta estava longe de acabar. Mas, ao menos, olhando para Loren, ele sabia que tinha um caminho a seguir. A clareira agora estava silenciosa, mas a tensão no ar era palpável. Os m
Alguns dias depois de tudo ter finalmente se acalmado, a paz que tanto sonharam parecia ter se materializado naquele lar acolhedor e cheio de histórias. A casa de Clarck e Clarice, na aconchegante alcateia, estava preparada para receber os amigos e familiares que, de alguma forma, haviam participado de uma jornada difícil, mas que hoje transbordava alegria e renovada esperança. Era uma noite de celebração, onde cada sorriso e cada olhar revelavam o alívio de ver a tempestade se dissipar.Loren chegou primeiro, seus passos leves marcando a trilha até a porta, a casa de Clarck e Clarice era uma das maiores da matilha e não ficava tão longe da sua, já que ela havia retornado a viver na Garra sangrenta. Seus olhos brilhavam com a emoção do reencontro e, ao cruzar o limiar, foi recebida com um abraço caloroso de Clarice, que imediatamente transmitia a sensação de lar. — Que bom te ver! Estava ansiosa para nosso jantar, precisávamos de uma comemoração! Finalmente as coisas se acalmaram. —
Ambos se afastaram por um breve instante, rindo da coincidência quase cômica. O clima que antes era de uma paixão quase palpável se transformou num misto de ternura e diversão. Clarck segurou a taça de vinho ainda na mão e, com um sorriso maroto, disse:— Parece que o nosso pequeno já quer participar dessa dança também!Clarice, ainda rindo, respondeu:— Acho que Caleb tem meu senso de humor. Ele não podia escolher um momento melhor para nos lembrar que a família é o que realmente importa.Quando os risos diminuíram e a sensação de intimidade voltou a envolver o ambiente, os dois se prepararam para subir e conferir o que o bebê estaria aprontando. No entanto, antes que pudessem dar o primeiro passo, uma voz doce e animada ecoou pela escada.— Mamãe, papai, Caleb está chamando! — exclamou Edla, aparecendo na escada com um sorriso radiante no rosto, como se sempre soubesse a hora exata de reunir a família.Sem hesitar, Clarck, Clarice e Edla se dirigiram juntos ao quarto de Caleb. A con
A manhã se levantava com um sol dourado e suave, banhando a clareira onde a matilha Garra Sangrenta se preparava para celebrar um dia que ficaria marcado para sempre na memória de todos. Depois de tantos desafios, lutas e rituais, os membros agora encontravam forças para sorrir. Hoje, a festa não era apenas uma comemoração de vitórias, mas o anúncio de novos laços e de um futuro promissor.Dois casamentos seriam celebrados naquele dia. Ao longe, o som alegre de risos e conversas misturava-se aos uivos que a natureza, como se quisesse participar da festa, entoava em harmonia. A decoração era primorosa, arranjos florais cuidadosamente dispostos, luzes cintilantes penduradas nas árvores e um tapete de pétalas que guiava os convidados até o altar improvisado em meio à natureza.No centro de toda essa celebração, duas uniões que se entrelaçavam com laços de sangue e afeto. Sarah, que se preparava para unir sua vida a de Gael, e Loren, que, com os olhos brilhando de emoção, aguardava o mome
Eiden, com a voz trêmula, mas decidida, completou: — Eu prometo cuidar de ti e proteger-te com todas as forças que me restam. Hoje, deixo para trás as sombras que me atormentavam e abraço, com toda a sinceridade, o amor que você me oferece. Que juntos possamos construir um caminho repleto de luz e esperança.As declarações foram acompanhadas de aplausos emocionados dos presentes. O altar se encheu de uma aura mágica, como se a própria natureza respondesse ao amor que ali se celebrava. Enquanto os votos eram selados com beijos ternos e sorrisos compartilhados, Clarice, que assistia a tudo com os olhos marejados, mal conseguia conter a felicidade. Para ela, ver Sarah e Loren unindo-se de forma tão profunda significava não só a concretização de um sonho, mas o início de uma nova família, uma família que, de tão unida, ultrapassava os laços de sangue e se transformava em puro amor.Após a cerimônia, os convidados foram conduzidos para a área do banquete. As mesas foram decoradas com simpl
Enquanto a festa seguia, Clarice subiu até um dos terraços que margeava o salão, de onde podia ver toda a clareira iluminada pela luz suave da lua. O ar fresco da noite a envolvia, e naquele instante ela se permitiu respirar fundo, sentindo cada emoção percorrer seu corpo. Foi então que seus olhos se depararam novamente com a figura de Sidônia, a deusa da umbra, que observava de longe, sobre um manto de sombras e luz.Sidônia parecia abençoar o evento com um olhar que misturava ternura e a firme certeza de que aquela união era apenas o começo de algo muito maior. Em seu semblante sereno, havia a promessa de que as histórias que se entrelaçavam naquele dia se transformariam em lendas, em memórias que atravessariam gerações.Com o coração em festa, Clarice murmurou para si mesma: — Que assim seja, que o amor nos guie e que cada nova história seja escrita com a tinta da esperança.Ao retornar para o salão, ela encontrou Sarah e Loren que a aguardavam com sorrisos amplos. As três se abraç
15 anos depoisA noite se fazia silenciosa e enigmática, com um céu sem lua, mas salpicado de incontáveis estrelas que, como pequenas lanternas, iluminavam a mata com um brilho tênue. Edla, aos 23 anos, corria pelas trilhas do bosque com uma determinação que misturava liberdade e um sentimento inexplicável de inquietude. Seus longos cabelos negros esvoaçavam a cada passo, e seu olhar, carregado de memórias e segredos, refletia a intensidade de uma alma que já havia vivido demais. Filha adotiva de Clarice, ela sempre fora parte de algo maior: a alcateia Garra Sangrenta. Porém, naquela noite, seu destino parecia conduzi-la para fora dos limites seguros que sempre a protegiam.Edla tinha o hábito de sair para correr longe do olhar atento de seu pai e das regras rígidas da alcateia. Sempre corria na forma de sua loba, Serenity, que se movia com velocidade. Pelo tamanho, ersa uma loba menor que o normal, era muito rápida e correr era como voar para ela. A conexão entre elas era profunda; S