Em meio a tanta emoção, o grupo se acomodou em um amplo salão improvisado, onde mesas de madeira e cestas simples aguardavam o banquete que seria preparado para celebrar a união dos novos membros. A luz suave das tochas penduradas nas paredes criava sombras que dançavam e brincavam, como se estivessem contando histórias ancestrais de coragem e superação.John, agora diante de todos, ergueu a voz para pronunciar as palavras que selariam aquele momento histórico:— Hoje, não celebramos apenas a chegada de novos irmãos e irmãs à nossa matilha. Celebramos a continuidade de nossa história, a união de corações que, mesmo feridos pelo passado, se recusam a se dividir. Cada um de vocês carrega em si a essência de Garra Sangrenta, e é com imenso orgulho que os acolhemos de braços abertos.Houve uma breve pausa enquanto suas palavras se espalhavam pelo salão, fazendo com que os olhares se encontrassem e os corações se aquecessem com a sensação de pertencimento. Entre os rostos, era possível ver
Uma chuva fina começou a cair lá fora quando Clarice finalmente chegou à casa de Loren. O caminho de terra parecia interminável, e cada passo carregava o peso de uma noite longa e de um coração inquieto. Estava exausta mas conseguiu despistar os renegados depois de algum tempo de corrida, então o esforço havia valido a pena. Ao avistar a silhueta da casa, uma construção simples de madeira com janelas que brilhavam sob a luz amarelada de uma lareira que vinha de dentro, Clarice sentiu um alivio tão grande que a fez suspirar.Logo na entrada, Loren a aguardava, seus olhos, grandes e cheios de preocupação, se iluminaram ao ver a luna que, naquele momento, já considerava sua amiga, mas logo se fecharam em traços de cansaço e inquietude.— Que bom que chegou bem! — disse Loren, abraçando-a com um afeto que misturava alívio e ansiedade.— Os rogues são muito insistentes, precisei correr muito para despistar todos antes de vir pra ca. Não se preocupe, não vão achar sua casa, ao menos não hoj
A dualidade daquele ser era um tormento, pois, por um lado, ele não era completamente bestial, mas, por outro, a violência pulsava em suas veias como um chamado irresistível.Sem conseguir mais suportar a dor, Eidan se contorceu na cama, sua pele, marcada pelos símbolos, parecia arder como se estivesse em chamas. Num instante de desespero, ele tentou controlar o feitiço, mas a força de Fhenrir foi maior, muito maior. Seu corpo se transformou diante de seus próprios olhos, enquanto a essência do lycan assumia o controle total. Um rosnado gutural ecoou pelo quarto e, num impulso violento, Eidan levantou-se de forma descontrolada, seus movimentos eram rápidos e ferozes; ele rasgou a roupa, deixando para trás o homem que ali se escondia. A criatura que emergia era imensa, com olhos ferozes e um olhar que misturava dor e fúria, as runas do feitiço brilhando nas queimaduras entre os pelos negros e espessos. Sem conseguir conter-se, o lycan saiu do quarto, rosnando e uivando, destruindo tu
Loren se afastou e, junto a Clarck Clarice e Gael, levaram Eidan para dentro novamente, deixando-o no sofá, já que o outro quarto estava destruído. A madrugada seguiu seu curso, e apesar dos esforços para restabelecer a calma, o incidente com Fhenruir e Solara deixava uma marca indelével na mente de todos. Loren, mesmo tendo conseguido neutralizar a ameaça momentânea, sabia que a situação era muito mais complexa do que aparentava.No quarto Eidan tentava se acalmar. Estava apavorado porque pela primeira vez Fhenrir parecia disposto a não assassinar a todos ao redor. Havia encontrado sua companheira… Mas como um monstro como ele poderia ficar com alguém? E se, num momento de descontrole, ele a matasse?Tinha medo e o medo o deixou paralisado, a dor, a febre, tudo parecia pequeno diante da possibilidade de acabar matando a sua companheira destinada. “Eu não mereço uma companheira…”, sussurou para si mesmo. “Somos… Perigosos…”, Fhenrir confirmou com a voz grossa entristecida. Em uma
No quarto de hóspedes, durante o dia haviam improvisado uma nova parede com mais madeira, Eidan sentia o peso do feitiço se aproximar novamente. A cada minuto, os símbolos em sua pele pulsavam com uma intensidade crescente, como se estivessem prestes a explodir em dor. Ele se revirava na cama, tentando, em vão, encontrar uma posição que aliviasse a sensação ardente. A angústia o consumia, e a mente começava a se inundar com as mesmas vozes perturbadoras.“Não… por favor, não de novo…”, sussurrava, a voz embargada pelo desespero.Mas o feitiço era implacável, e antes que ele pudesse reagir, os sinais começaram a brilhar com força total. Sem conseguir conter a transformação, Eidan sentiu seu corpo se contorcer, e o homem se esvaiu, dando lugar à fera que habitava em seu ser.Num instante brutal, o lycan despertou com toda a sua fúria. Ele rasgou a roupa, deixando para trás um rastro de sangue e de símbolos incandescentes. Porém, dessa vez, Fhenrir não estraçalhou nada. O lycan arrastou-
Depois de uma longa e árdua jornada, marcada por lutas intensas e momentos de quase desespero, o grupo finalmente alcançou o que tanto ansiavam: o abrigo da matilha Garra Sangrenta. Clarice, Clarck, Eiden e Loren caminhavam com passos lentos e cansados, mas com os olhos brilhando de alívio e felicidade. Cada gota de suor e cada ferida, mesmo aquelas que mal se viam sob a penumbra da noite, eram agora testemunhas silenciosas de uma batalha vencida e de um reencontro esperado há tanto tempo.Os traços de cansaço se misturavam aos sorrisos discretos que iluminavam os rostos marcados pela luta. No instante em que ultrapassaram a fronteira que separava o mundo lá fora daquele que chamavam de lar, o coração de cada um batia mais forte, não apenas pela exaustão, mas também pela emoção de retornar à casa, à família, à matilha que os aguardava de braços abertos.Enquanto o grupo se aproximava, os sons de passos apressados e risos contidos começaram a se destacar na penumbra do acampamento. Sar
Sarah, que observava a cena com um sorriso emocionada, se aproximou e passou a mão no braço de Clarck.— Eles sentiram muito a sua falta.Clarck assentiu, incapaz de falar por um momento. Depois, respirou fundo e beijou a testa de Caleb antes de olhar para Edla com carinho.— Eu prometo que nunca mais vou deixá-los de novo. Estarei aqui para vocês. Sempre.Edla sorriu entre as lágrimas e o abraçou mais uma vez, enquanto Caleb resmungava algo e segurava seu rosto com as mãozinhas pequenas. Clarck sentiu seu coração se aquecer. Pela primeira vez em muito tempo, ele se sentia completo.*****Na grande sala de jantar, sob a luz suave de candelabros e tochas, o ambiente estava carregado de emoção e de segredos por revelar. Todos os presentes se acomodaram em torno de uma longa mesa de madeira, onde pratos simples e deliciosos já aguardavam para serem compartilhados. O clima era de intimidade, de partilha e de um reencontro que prometia ser o marco de um novo capítulo na história da matilha
Na manhã seguinte, o sol despontou timidamente, tingindo o céu com tons de laranja e rosa. A casa da matilha acordava devagar, com os primeiros raios de luz penetrando pelas janelas, e os membros já se mobilizavam para enfrentar um novo dia. Enquanto alguns se dirigiam à cozinha para preparar o café da manhã, outros se reuniam em pequenos grupos para conversar sobre os planos para o ritual.— Hoje é o dia, — disse Sarah a Guillaume, enquanto ambos caminhavam juntos até a porta da casa. — Precisamos partir logo para coletar as ervas e os minerais. O tempo é precioso.Guillaume, com o rosto sério, mas com os olhos cheios de determinação, respondeu:— Estamos juntos nessa, Sarah. Vamos fazer o possível para que esse ritual traga a liberdade que tanto buscamos.Do lado de dentro, Clarice, Clarck e seus filhos já se despediam com abraços apertados, enquanto Loren, acompanhada por Eiden, observava com um misto de orgulho e nervosismo. Os pais de Loren, ainda maravilhados com o retorno da fi