Narrado por Havenna Eu respirei fundo, tentando manter a calma diante da pressão que sentia no ar. Quando entreguei o bilhete a Asael, ele o leu com atenção, seus olhos focados nas palavras de Amália. Mas, antes que ele pudesse me perguntar algo, a porta do apartamento se abriu de forma brusca, e eu levei um susto, quase caindo para trás. Elion estava ali, imponente como sempre, com aquele olhar gelado que me fazia sentir como se o tempo estivesse desacelerando ao nosso redor.A tensão na sala era palpável. As palavras de Elion cortaram o silêncio com uma frieza que me fez estremecer.— Teremos uma conversa civilizada ou terei que te torturar? — A pergunta saiu de seus lábios com uma calma assustadora, mas com uma ameaça latente por trás.Meu corpo se enrijeceu instantaneamente. Eu sabia que ele não estava brincando. Elion não era de fazer ameaças vazias. E embora eu não temesse tanto a dor física, o peso da situação me sufocava. Eu estava em suas mãos agora, e ele sabia disso.Olhe
Narrado por Elion Eu não queria acreditar que Alora estava tão perto e eu não a havia encontrado. Cheguei ao apartamento, interrogando Havenna, e pude ver o medo em seus olhos, mas eu sabia que ela não mentiria para nós.Peguei o bilhete das mãos dela e li, sentindo meu coração se partir a cada palavra escrita._“Eu sempre sonhei em encontrar o amor, aquele amor que dizem arder como fogo. Por um momento, achei que tivesse encontrado.Mas a verdade por trás do amor é mais dolorosa do que eu imaginava. O amor machuca, Havenna. Dói ao ponto de nos rasgar ao meio. E talvez esse tenha sido o meu maior erro: acreditar no amor.Eu vou em busca de mim mesma e de minha família, nem que isso seja a última coisa que eu faça.Obs.: Diga a Asael que me dê um tempo. Eu preciso disso.”_Aquelas palavras estavam me consumindo, e uma raiva silenciosa queimava dentro de mim. Eu não queria admitir, mas sabia que o motivo maior para a fuga de Alora era minha culpa. Isso estava me corroendo, lembrar da n
Narrado por Alora Acordei no dia seguinte ainda sentindo o peso do cansaço em cada fibra do meu corpo. Cada movimento parecia exigir um esforço imenso, mas eu sabia que não podia me dar ao luxo de permanecer na cama por mais tempo. Olhei para o teto, desejando que o dia pudesse esperar, mas a realidade era implacável.Levantei, tomei um banho rápido e vesti algo confortável. Saí para caminhar até a padaria mais próxima, comprando um pão e um café. Enquanto esperava meu troco, olhei ao redor. Tudo aqui era absurdamente calmo, como se o tempo corresse em um ritmo diferente do resto do mundo. Mas os olhares… Ah, os olhares. Era impossível ignorá-los. Os poucos moradores que cruzavam o meu caminho me observavam como se eu fosse uma estranha, uma alienígena invadindo seu pequeno pedaço de paz.Resolvi perguntar ao atendente, um homem de rosto cansado, mas amigável:— Oi, moço, você sabe se o sítio aqui perto está contratando?Ele me lançou um olhar curioso antes de responder:— Olha, moça
Narrado por Alora— Sempre é, não é? — Eu dei um passo à frente, apontando para ele. — Você acha que me enrolar com meias verdades vai funcionar? Acha que vou simplesmente aceitar isso e ir embora?— Eu não estou tentando te enrolar. — Ele rebateu, sua voz ganhando força. — Mas você precisa entender que há coisas que não são tão simples quanto parecem, Alora.— Não me chame assim. — Eu disparei. — Você não tem o direito de usar meu nome como se me conhecesse.Ele fechou os olhos por um momento, inspirando profundamente, antes de abrir e me encarar novamente.— Você não faz ideia do que está pedindo, do que está desenterrando. — Ele falou, o tom carregado de advertência. — Mas se quer respostas, vai tê-las. Só não diga que eu não te avisei.Eu o encarei, meu peito subindo e descendo com a respiração pesada.— Então comece a falar. — Disse, cruzando os braços. — E não omita nada, Victor.Ele assentiu lentamente, como se estivesse se preparando para abrir uma porta que nunca mais poderia
Narrado por Alora — Sinto muito, Alora, mas temo que você seja a última Blackwood viva. Sua mãe morreu no dia do seu nascimento, Charlie foi baleado na frente de seu avô, e o mesmo foi sequestrado pelo Samuel. Provavelmente, ele deve estar morto também. Eu fui jurado pelo Samuel e, desde então, venho me escondendo como um rato, sempre um passo à frente dele, mas nunca sabendo o que vai acontecer.Ele se aproximou de mim, seus olhos cheios de uma mistura de pesar e raiva, e pude sentir o peso de tudo o que ele estava carregando.— Você… você foi a única sobrevivente, Alora. A única chance de nossa família continuar. O que Samuel fez com sua linhagem foi cruel demais para ser falado em voz alta. E agora, você está aqui, frente a mim, e eu não sei mais o que fazer.As palavras dele me atingiram como um golpe. Tudo o que eu sabia até agora parecia ser uma mentira ou uma distorção da verdade. Eu sempre busquei por respostas, mas a dor de descobrir tudo de uma vez só era quase insuportável
Narrado por Elion Eu nunca pensei que sentiria isso de novo. Achei que quando estava com Emalyn, eu era apaixonado por ela. Mas ouvir as palavras de “adeus” saindo da boca de Alora, tudo o que eu sabia sobre mim, sobre o que era ser fraco e vulnerável, desmoronou. Meu corpo grita por ela, como se o universo tivesse me dado uma segunda chance de amar, e eu estava prestes a deixá-la escapar de novo.“Adeus” ecoava em minha mente, uma sentença dolorosa que não queria aceitar. Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, a chamada caiu. O som do silêncio depois disso me cortou mais do que qualquer palavra que ela pudesse ter dito.Asael dirigia o carro a uma velocidade absurda, o olhar fixo na estrada enquanto a tensão tomava conta de cada movimento. No banco de trás, Havenna estava imóvel, com o rosto pálido, assustada com o que poderia acontecer a qualquer momento. A preocupação com Alora estava estampada na expressão de todos. Sabíamos que não tínhamos muito tempo. E minha cabeça, me
Narrado por Alora Havia tantas coisas que eu queria dizer a Elion, mas meu coração estava despedaçado. A dor era insuportável, tão intensa que parecia roubar o ar dos meus pulmões. A verdade que eu tanto busquei veio fria, cruel, como uma lâmina afiada cortando tudo o que ainda restava de esperança dentro de mim. Eu realmente estava sozinha. Não havia mais uma família para chamar de minha.Cada passo que eu dava pelas ruas vazias parecia pesar toneladas. As luzes fracas dos postes lançavam sombras ao meu redor, mas o que mais me assombrava era o vazio dentro de mim. A sensação de estar perdida, abandonada, era avassaladora. Meu avô estava morto, minha mãe nunca teve a chance de me conhecer, e o resto da minha família foi apagado como uma chama ao vento.Foi quando percebi que um carro estava me seguindo. Meu corpo reagiu antes mesmo que minha mente processasse o que estava acontecendo. Meu coração acelerou, e minhas mãos tremiam enquanto eu segurava o telefone. Com um impulso irracio
Narrado por Elion Havia tanta coisa que eu queria dizer a Alora, mas não houve tempo. O telefonema foi cortado antes que eu pudesse responder às palavras que soaram como uma despedida definitiva. Meu peito apertava de uma maneira que eu não sentia desde Emalyn, mas, diferente daquela dor antiga, essa era devastadora. Não era arrependimento ou culpa, era desespero.Alora me mudou, mesmo quando eu não percebi. A força dela, a determinação de não se curvar a ninguém, nem mesmo a mim, era o que a tornava única. E agora… ela estava em perigo, talvez pagando o preço por minha própria inação.“Finalmente te encontrei.” As palavras que ela repetiu antes de desaparecer ecoavam na minha mente, seguidas pelo silêncio que tomou conta da linha. Asael, sempre atento, acelerou ainda mais, enquanto Havenna se encolhia no banco de trás.Chegamos ao sítio de Victor. O lugar era rodeado por grandes portões, cercado de uma atmosfera que parecia ao mesmo tempo segura e sufocante. Apertamos a campainha, e