Capítulo 29
Naomi e Steve ficaram um tempo olhando as composições de outros cantores que Ryan gostava de cantar. Eles não tinham chegado a nenhum consenso até então, mas combinaram de tentar outra coisa depois.
Ela o ajudou a organizar a pequena pilha de papéis e depois viram um filme, após a invasão dos gêmeos.
A noite estava calma, tranquila e alegre, até então.
***
Alguns diriam que Amy estava vestida para matar. Mas ela usava um simples vestido preto, com um decote que valorizava seus seios e com um corte no meio das pernas. E claro, não podia esquecer seu elegante salto alto.
Ela entrou no carro e suspirou. Ela batia os dedos constantemente em sua bolsa, que estava sobre seu colo. O frio na barriga não era nervosismo por encontrar Andrew Noah, era por enfim estar na empresa de um dos homens mais ricos e influenciadores do mundo empresarial. E sem ninguém ao redor.
Ela carregava dentro da bolsa um spray de pimenta,
Amy deixou que sua consciência a influenciasse para saber que não seria justo com a pobre Ella.— Ei, Ella.Ella se virou, com a porta do carro aberta.— Não quer entrar e dividir a comida? Acho que tem muito para um estômago só.— Não quero atrapalhar. Você parece bem sozinha.— As aparências enganam.Amy abaixou a cabeça e suspirou. O olhar ficou diferente de imediato, mais distante, triste, o oposto do que ela costumava ser. Sua voz saiu um pouco baixa, mas sabia que Ella tinha escutado.— Eu não ia recusar comida mesmo.Ella deu de ombros, fechou a porta e voltou até a casa. Amy balançou a cabeça, pegou a sacola e abriu mais a porta.— Só não fique à vontade demais. E nem falando muito.— Tudo bem, mas não prometo nada.O restante da noi
Naomi respirou fundo. Não podia esconder dele o que tinha acontecido. Mas como sempre, tinha medo de sua reação. Até então Ryan estava bem controlado, mesmo depois de saber de tudo, mas sempre há um limite. E se ele ultrapassasse e quisesse reagir, não acabaria bem para ele. E ela não suportaria vê-lo machucado e muito menos morto, como viu Adam.Mas mentir não era uma alternativa. Afinal, estava bem ali, diante de todos. Não tinha como esconder daquela forma. E nem inventar uma histórinha qualquer. Ryan não era nada bobo. E ela mesmo não ficaria bem mentindo para ele.Naomi segurou sua mão e o puxou para sentar-se.Steve já podia sentir seus músculos tensos e rígidos. Não gostara nem um pouco de ver aquela marca em seu pescoço e podia sentir que gostaria bem menos da história por trás dela.Naomi suspirou olhando para suas mãos juntas. Nunca fora de fugir da verdade, e nem de ficar sem coragem, mas naquele instante estava sendo difícil. Ela não s
Naomi acompanhou Steve até parte do caminho para sua casa. Mesmo não querendo, precisavam ficar afastados, para não levantar tantas suspeitas.Agora mais do que nunca ela estava determinada a encontrar uma saída para a vida que o destino lhe dera. Não seria fácil, ela sabia disso, conhecia o perigo e os riscos, mas se não tentasse, ficaria presa para sempre até que a hora de Andrew chegasse e ele fosse dominar o inferno. Não, ela iria tentar e conseguiria. Seu futuro dependia disso.Naomi estava mais do que decidida que não ficaria mais na mira do destino, e sim iria jogar com ele. Apresentar as suas cartas e se livrar da maldição que a cerca e que ronda a mansão como uma alma perdida entre os dois mundos.Naomi Benedict estava pronta para escolher seu objetivo e mirar, deixando em fim de ser o alvo.Ainda naquela noite, ela teve uma conversa com a governanta da mansão, Anna, que concordou em ajudar-lhe nessa empreitada.No dia seguinte, Andrew ac
Ella e Anna entraram em posição logo após.Pegar o celular de Andrew não seria uma tarefa fácil. Ele vivia grudado com o mesmo. Passou-se longos minutos e não surgira nenhuma oportunidade para Naomi. A quase todo instante homens viam cumprimentá-los. Em alguns momentos ele ficava um tempo conversando. Naomi estava impaciente, temendo não conseguir fazer a troca.Steve então se aproximou e a puxou para uma dança. Usando um terno tradicional preto e branco, ele a conduziu com leveza pela pista.— Eu poderia desligar o celular do seu pai por alguns minutos. Não apenas o dele, mas de todos daqui, assim dava pra tentar a senha e se errar e enviar alguma coisa, ele só veria depois.— E o que faremos quando ele ver?— Com sorte ele não vai. Quando perceber o que aconteceu, vou me prontificar em ajudá-lo e substituo o chip, depois apago as fotos do original e quando a Ella acertar a combinação ele não vai mais alarmar. Porque tem a opção de te
Naomi sentou sobre a cama. Os outros papéis estavam impressos, mas Ella deixou todos reunidos ao lado do computador. Ela virou a cadeira para olhar Naomi, que ainda não tinha pego o papel. Depois do que pareceu uma eternidade, ela enfim pegou o documento, respirou fundo e começou a ler.A essa hora Steve já tinha religado os celulares e voltado a festa. Ele observava a todos, sentindo-se como um pequeno gato em meio aos leões. Bastava olhar para qualquer pessoa ali para saber que não pertencia a este mundo. E não era pelas roupas caras, pelos seguranças em voltas ou as mulheres a seus pés, mas pela falta de alegria, de sinceridade, honestidade estampadas em seus rostos muito bem disfarçados.A maioria fazia o que fazia por dinheiro, poder, estabilidade social. Nada daquilo o atraía. E ele sabia que a Naomi também não, talvez por isso se apaixonou por ela. Por ela ser diferente deles, mesmo tendo suas semelhanças. Naomi podia ter seu passado sombrio, marcado, fodido, como
Ella levantou gemendo de dor. A cadeira até era confortável, mas a oposição acabou com suas costas. Quando notou Steve e Naomi dormindo de conchinha, procurou abafar seu som e se colocou no modo mudo.Saiu do quarto e respirou fundo.É engraçado como sempre imaginamos uma coisa e no fim, é totalmente diferente.Ontem deveria terminar em mais festa ao descobrir a saída para a obsessividade de Andrew e, de repente, Naomi estava prestes a voar em seu pescoço e arrancar-lhe cada pedaço até não sobrar nada nem pros urubus. Era justificável sua fúria, afinal tratava-se de algo que sua mãe havia deixado. Mas aquele descontrole era inovador para Ella.Em silêncio, ela foi pra cozinha e começou a preparar alguma coisa.Steve se espreguiçou lentamente, e notou um vazio entre seus braços. Ele abriu os olhos e viu Naomi em frente a enorme janela de vidro, observando os ventos soprando as árvores.— Naomi?Ela continuou imóv
— Então minha filha, estão mesmo namorando? É coisa séria? Porque meu Ryan é menino pra casar.Steve arregalou os olhos e começou a tossir o suco de laranja que havia se engasgado.— Steve? Meu Deus, você está bem?Ele deu sinal de positivo e bebeu um copo de água.Eve continuou comendo tranquilamente enquanto o observava se recuperar.Mãe, não precisa de interrogatório ok?— Está tudo bem, até que está sendo divertido.— Viu, ela não se importa.Naomi passou a mão no ombro dele e sorriu, voltando a comer.— Espero que estejam usando camisinha, não quero netos ainda sabe.Foi a vez de Naomi se engasgar com a comida e precisar da ajuda de Steve para não acabar morrendo por sufocamento de bolo de carne.Depois de alguns minutos inquietos na mesa, tudo voltou ao normal.— É melhor não comer e nem beber até ela terminar.Ryan sussurrou, próximo a ela. Naomi apenas assentiu.— Cadê o Robbie, s
Naomi fechou os olhos, e só por um segundo, não quis acreditar que era Andrew quem estava ali. Apenas por um segundo. Porque logo depois, ela jurava que com as mãos livres, poderia estrangulá-lo.— Enlouqueceu? O que pensa que está fazendo Andrew?Ele riu e sentou na cadeira trazida por um de seus homens. Ele cruzou as pernas, ajeitou o paletó em seu corpo e a encarou com um sorriso sublime. Parecia prestes a noticiar que haviam ganhado na loteria.— Eu enlouqueci? Achou que ia namorar escondido e eu jamais iria saber? Oh Naomi, você me subestimou demais.Naomi relaxou a expressão de ódio estampada em seu rosto e engoliu em seco. Ele sabia. Tudo fazia sentido. Andrew não colocaria tanto em risco a menos que perdesse o controle de vez. E agora ele sabia que não tinha nenhum.— O que vai fazer com a gente?Steve perguntou, com uma sobrancelha arqueada e um tom de desafio. A raiva também crescia e ardia em seu peito como em suas veias.Andrew l