— Sonhando acordada de novo Day? — E sim, eu sou uma sonhadora,
que na maior parte do tempo sonha acordada. Olhei para Harvey com carade tédio e ele sorriu mostrando seus dentes brancos perfeitos ealinhados— Espero que seja comigo.—Só em seus sonhos — Harvey, um dos garotos mais populares docolégio e meu melhor amigo. Tenho que admitir, às vezes ele me torra apaciência, mas longe de outros olhos ele é simplesmente o melhor amigoque já pude ter. Carinhoso, atencioso e de brinde bonito e encantador-
mas seu encanto some quando ele abre a boca para falar com seres quetenha peitos- um colírio para os olhos como vovó diz quando o vê. O típico
bad boy dos filmes clichês que arranca suspiros e olhares por onde passa.Acredite se quiser, sua maior preocupação é estar no topo da cadeiaalimentar da popularidade.E ele consegue. Com esse rosto angelical e esse sorrisinho que elesempre dá faz o coração das garotas derreter feito sorvete no sol de verão.Harvey é como se fosse uma brisa de verão, quente e agradável. Mas temmomentos em que ele se parece mais com uma brisa de inverno, frio egelado.Eu já tive uma queda pelo Harvey, quando tínhamos 14 anos e issoaumentou quando jogamos aquele jogo estupido da garrafa. E pelo meuazar eu não consegui nada de bom nesse jogo, prefiro deixar em off. Mashoje em dia, essa paixão de criança foi embora- eu acho- e continuamosamigos- claro que eu nunca contei isso para ele-.— Você viu a Elie? — Me virei na cadeira e olhei para seus olhos azuisprofundos. Elie, minha melhor amiga, a garota latina com o temperamentomais apimentado- e bota pimenta nisso- de cabelos cacheados que nãopassam despercebido por nenhum garoto no colégio West. Viramosamigas no ano em que mamãe morreu. Ela foi a única que parou para vero que estava acontecendo.Ela também é quase popular, a mesma também arranca suspiros dos
garotos por onde passa. Não vou mentir, ela arranca suspiros até mesmode mim quando ela passa seus cabelos cacheados e volumosos sebalançam no ritmo em que ela anda. Minha amiga é simplesmente perfeita— Vi ela no corredor com o Warren. — Warren? Aquele Warren? O babacado ex dela que supostamente a traiu? — Porque? Algum problema? — Euvou matar a Eliza se ela der uma chance para aquele asqueroso doWarren— Não, nenhum. Ela ficou de trazer meu livro de anatomia hoje porque na
última aula ela não tinha trago. — Ele balançou a cabeça e virou o troncopara frente. Além de ser um dos garotos mais desejados do colégio,Harvey tem o cérebro mais inteligente que eu já vi, tirando o de papai,claro. Sendo um colírio para os olhos não só para vovó mas para todos osprofessores da West High. E eu? Bem, eu sou inteligente quando se tratade literatura apenas. Meu hobby se resume em ler os romances de JaneAusten, livros de suspense e assassinato e sanguinários.— Ei gata? Aceita dividir esse livro comigo? — Meu Deus Harvey, quecantada merda. Dei um tapa em seu braço e peguei o livro da sua mão—Aí! Isso doeu sua ogra. — é por essa razão que ele me torra a paciência.— Se você não calar a boca eu vou virar algo pior que uma ogra seu...— Bom dia, alunos queridos. — Não terminei meu falar e Harvey sorriufechado mostrando sua única covinha no canto esquerdo da bochecha. Eleapontou os dedos longos para o professor e eu bufei abrindo o livro.Depois da aula de Anatomia me levantei e guardei minhas coisas comHarvey ao meu lado fazendo o mesmo. Agora começa a aula em que eusou inteligente o suficiente e que me faz sonhar.— Ei. — Me chamou e virei a cabeça para olhá-lo. —Estou preparando
uma festa lá em casa. Final de semana.— E? — Ele revirou os olhos e me olhou com tédio. Ele sabe muito bem
que eu odeio ir a festas, ainda mais quando tem álcool misturado com suore cigarros.— E que dessa vez você vai, de um jeito ou de outro nem que eu tearraste até meu carro. — Saímos da sala e fomos para os corredoreslotados. Me espremi na multidão de jovens com hormônios à flor da pele efui até meu armário com Harvey ainda ao meu lado.— Qual é Ben— Ah, Bernard é o sobrenome dele e eu o uso para deixá-loconstrangido já que ele acha o nome super feio, horrendo,deprimente-palavras do próprio Harvey. — Eu odeio esse tipo deconfraternização— fiz aspas com os dedos e peguei meu livro logo mevirando vendo ele bem perto- muito perto na verdade- coloquei minha mãolivre em seu peito e o afastei minimamente.— Dessa vez vai ser legal, eu prometo. — Ele levantou o dedinho paracima. Da última vez que ele prometeu que ia ser legal foi uma bagunçaenorme, e de novo para o meu azar eu estava lá. Ele definitivamente sóme traz problemas, mas se eu não estiver lá para ajudá-lo fica bem pior.Abaixei sua mão e encarei seus olhos pidões. — Hum? Por favor— Por que você quer tanto que eu vá? E seus pais foram viajar de novo?—Ah, os pais do Ben sempre o negligenciam, mas pelo menos ele tem oapoio dos avós. Ele coçou a nuca e eu franzi as sobrancelhas.— Por que eu quero te tirar da sua zona de conforto? Por que mais séria?— Explicou um pouco rápido parecendo desconfortável. Eu nunca vejo oHarvey ficar desconfortável ou corar perto de outras garotas, excetoquando estamos juntos quando consigo o deixa constrangido. Doido. — Etambém para nos divertirmos, certo? Faz tempo que não saímos para sedivertir. — Isso é verdade, por conta da época de provas eu fiquei bastante
ocupada estudando, não tive tempo para quase nada. Talvez, mas sótalvez eu vá, e fique por uns, sei lá dez minutinhos.— Eu vou pensar. Te mando uma mensagem quando chegar em casa. —Ele sorriu radiante e fez um joinha com as duas mãos. Passei por ele e deium tapinha em seus ombros.Sai do corredor e entrei na sala repleta de conversas e fofocas. Me senteie esperei o professor Oliver- de literatura- chegar para começar a sonharacordada com romances de época. Mas isso logo foi para os ares quandoDarci- é, eu sei- se sentou ao meu lado, os cabelos negros e escorridosroçando meu ombro. Se Harvey é popular imagina Darci, filha de pais ricose conservadores-diferente dela- e a garota mais gata-como dizem osgarotos- do colégio West. Olhei para seus olhos cor de mel que maisparecem verdes. Ela piscou os longos cílios e finalmente falou o quequeria.— Fiquei sabendo que seu amigo Harvey vai dar uma festa no sábado.—Lá vem, as vezes é comum me fazerem de pombo correio. — Você sabese ele está saindo com alguém? — Passou as enormes unhas na minhamão. Senti até um calafrio.—Não, até porque eu não gosto de ficar sabendo com quem o Harvey
anda transando por aí. — Falei de uma vez e afastei minha mão. Elaestalou a língua e fez um som desaprovador.— Isso é nojento mesmo. Fala... — Ela ia falar de novo quando umamochila verde é jogada em cima da mesa em que ela estava. Elie. Olheipara cima e vi a morena sorrir, os enormes brincos de argola balançandoem suas orelhas.— Meu lugar fofa! — Ironizou e curvou o corpo para chegar mais perto.
Elie simplesmente odeia- é pouco para o sentimento que ela sente- Darci,por que o rumor de que seu ex estava a traindo foi com ela. Não acho que
Darci ficaria com um cara como ele. Vai saber. Darci revirou os olhos e selevantou indo para o quase fundo onde costuma ficar com suas amigas. —Vaca. — Sussurrou— Calma campeã. — Alisei suas costas e me virei para a frente quando o
professor finalmente chegou. — Depois das aulas, na minha casa. —Sussurrei e peguei minhas coisas.Sai do colégio com Elie ao meu lado e fomos para o estacionamento onde seu carro estava. Ainda não tirei minha carteira por que minha aula de direção foi um desastre. Eu mal saí do lugar e o professor me deu zero. Mas claro, se ele não tivesse gritado e me deixado nervosa aquilo não teria acontecido. Nunca mais pego em um volante.— Então, sobre o que queria conversar. — Colocou o sinto e jogou sua mochila no banco de traz, fiz o mesmo e depois coloquei meu sinto. Antes de dar partida ela tirou um gloss do bolso traseiro e começou a passar.— Você não voltou com o Warren, certo? — Perguntei e ela parou de passar o gloss me encarando em seguida.—Claro que não. A minha vontad
Entrei no carro de Harvey já sentindo o familiar cheiro de menta misturada com cigarro. Ele da partida no carro e começa a sair da minha rua. Odeio sentar no banco de traz do carro dele por que provavelmente ele já ficou com alguém lá.—Não se preocupe Day, meu carro é o lugar mais limpo e sagrado que você vai estar. — Ele passou a língua nos lábios e sorriu mostrando os dentes.— Pensei que você tivesse parado de fumar. — Ele parou de sorrir e ficou sério. Os olhos perdendo um pouco do brilho habitual.— Eu tentei— Ele diz com a voz baixa tirando os olhos da estrada para me olhar.. — Mas não é tão fácil Day.
Me virei para olhar o dono da voz e encontrei um Harvey confuso. Ele se aproximou em passos largos e parou do meu lado olhando meio estranho para o garoto a minha frente que sorria para ele. Ele se virou para mim e perguntou:— Tudo bem? — Balancei a cabeça que sim e olhei para Alex a minha frente que agora estava apoiado a parede com as pernas cruzadas. — Você demorou, pensei que tivesse acontecido algo.— Alguns contratempos, mas nada demais. — Contei passando a mão por seus ombros. — Onde está a Elie?— Quem é ele? —Perguntou ignorando totalmente minha pergunta. Examinei seu rosto sério e depois olhei novamente para Alex que parecia não estar nem aí. Harvey adotou uma postura ereta
Alex parou em frente ao meu colégio e percebi a entrada ainda cheia. Felizmente as aulas ainda não tinham começado. Destravei o sinto e peguei a mochila preta no banco de trás.— Obrigada pela carona. — Agradeci e ele examinou meu rosto. O cabelo loiro escuro e meio ondulado bagunçado caindo sobre os olhos. Ele é irritantemente bonito. — O que foi?— Nada. — Ele tirou o celular do bolso e me entregou. — Seu número. Sei que te passei o meu, mas é só por precaução para no dia você não me deixar plantado lá. — Eu sorri. Por que isso realmente podia acontecer. Salvei meu número no seu celular e desci do carro com alguns olhares direcionados para mim. Odeio chamar muita atenç
Amanhã seria festa de Harvey, e por coincidência a formatura de Alex. Eu devia ter pensado mais antes de aceitar fazer uma coisa dessas. Ahhh, e agora? Talvez eu consiga conciliar os dois, afinal, Alex disse que seria só por duas horas e esse tipo de festa que Harvey costuma frequentar só começa as dez. Tudo bem. Da tempo.Olhei para Elie que penteava o cabelo no espelho em frente a sua cama. Ela não sabia de nada, exceto que Alex era meu "amigo". Talvez eu devesse contar certo? Ou não já que ela conta tudo para o Harvey. Suspirei e ela me olhou pelo espelho.— Tudo bem?— Sim. Estava apenas pensando. — Ela balançou a cabeça e voltou a pentear os cabelos cheios. — Ta com fome?
Desci do carro e fui para o gramado da casa. Dei uma olhada na casa de Harvey por fora antes de entrar. A casa dele é de dois andares e a parede é de cor bege com enormes janelas de vidro e uma porta grande, preta e quadrada, bem moderna. A casa não estava cheia, mas daqui de fora consegui ver algumas pessoas, o som da musica também não estava alta mas dava para ouvir de fora. Eu perdi a conta de quantas vezes já vim a casa de Harvey, mas eu sempre fico admirada com o seu tamanho.Depois de alguns segundos me imaginando com um príncipe naquela linda fachada, ouvi Alex falar e olhei para seu rosto pálido por conta do vento frio. Ele caminhou até mim dançando na batida da musica o que me fez ri.— Bela casa. — Concordei e entramos juntos na enorme casa.
Ah, se a vida fosse como o filme Curtindo a vida adoidado seria tão mais fácil e tão incrível. Por que a nossa vida não pode apenas se basear a um filme? Ou livro? Queria ter um roteiro para seguir, assim eu não faria besteiras sem pensar.— Finalmente caiu em você Dayse. — A garota ruiva que eu descobri ter o nome de Samantha falou. A voz irritantemente fina e melodiosa, ela é do nosso colégio mas nunca a vi. Ela devia se valorizar mais, ficou o jogo todo dando em cima de todos os caras que estava na roda. Eu realmente não entendo esse tipo de relacionamento dos adolescentes hoje em dia. Prefiro ter uma atitude de velhos do que ser assim. — Então Day...— Dayse. — corrigi, apenas amigas e pessoas mais próximas me chama
Acordei e abri um olho de cada vez. Ainda com o rosto no travesseiro senti um cheiro familiar vindo do mesmo. Me espreguicei e so então lembrei de ontem.Me levantei num pulo vendo tudo ao meu redor girar. Olhei ao redor e meu coração errou as batidas quando percebi não estar em meu quarto.Meu Deus, o que eu fiz? Levantei o lençol de uma vez para ver se estava vestida e graça aos céus eu estava. Deu uma forma ou de outra isso sempre acontecia nos filmes, e eu precisei checar se não aconteceu comigo. Coloquei os pés no chão e uma vontade absurda de vomitar me atingiu. Deixei a cama e corri para o banheiro entrando no mesmo com tudo. Me curvei e coloquei tudo o que bebi ontem para fora.Nunca mais na minha vida eu beb