KathyAbri os olhos e reconheci o quarto de Jeff . Bocejei e me virei de lado. Diferente das outras vezes que havia acordado ali, Jeff não estava na cama. Me acostumei em acordar e ele estar do meu lado, as vezes dormindo e outras vezes acordado e me encarando com um sorriso safado no rosto. Será que dormi demais?Me sentei e percebi que sequer tirei o vestido da noite anterior. Respirei fundo e tentei não pensar no que aconteceu.— Jeff ! — chamei por ele, mas não obtive resposta.Ao sair do quarto constatei que o apartamento estava vazio.Voltei para o quarto em busca do meu celular para ligar para ele e ver que horas eram, ele nunca me deixou sozinha no apartamento e isso me preocupou.Peguei o celular e vi que estava cedo, não era nem oito e meia da manhã, Abri o aplicativo de mensagens e vi que de Lissa me mandou um link seguido de alguns pontos de interrogação.Assim que cliquei no link fui direcionada para um tabloide de fofoca e o que estava escrito fez meu sangue gelar.Uma f
Jeff Eu entendia o fato de Kathy se preocupar com a possibilidade de Bervely terminar o noivado, afinal, essa era o meu objetivo quando nos conhecemos. Tudo que eu queria a alguns meses atrás era ler uma nota como aquela nas redes sociais, com toda certeza estaria eufórico. No entanto, agora eu conseguia sentir nada além de pena de Bervely por estar passando por algo assim de forma pública. Não gostava de Edgard, entretanto, não imaginava que ele fosse capaz de traí-la, mas isso não era da minha conta, Bervely não era mais problema meu, havíamos nos separado, ela quis isso e hoje sabia que foi o melhor para nós dois.Eu estava feliz com Kathy, essa garota trouxe algo novo para minha vida, algo que nunca senti, era como se eu voltasse a ser o Jeff dezoito anos, ela fazia com que me sentisse mais leve, com que tudo ao meu redor ficasse assim. Kathy não fazia cobranças, era divertida, conseguia me arrancar sorrisos nos momentos mais inoportunos. E não posso me esquecer do sexo enlouque
KathyEu sentia que a qualquer momento o chão se abriria debaixo dos meus pés. A voz embargada da minha mãe e suas palavras não saiam da minha mente. Eu sabia que o quadro de Maddie piorou e o tratamento mais agressivo não estava ajudando, porém, eu não conseguia imaginar o pior, não conseguia aceitar que a minha menininha poderia me deixar. Ela iria ficar bem, ela tinha que ficar bem.Cada parte do meu corpo tremia enquanto chorava em meio aos soluços.Jeff tentava incansavelmente me manter calma enquanto o elevador parecia demorar uma eternidade para chegar ao nosso andar.— Droga! Devíamos ter descido de escada! — gritei e soquei a parede do elevador sentindo meus dedos arderem.Assim que o elevador abriu, eu sequer esperei por Jeff e saí correndo em disparada em direção ao meu apartamento. Tudo que eu conseguia pensar era em Maddie e em como ela estaria.Abri a porta e entrei esbaforida.— Mamãe! — gritei e olhei ao redor.Minha mãe estava sentada no sofá em meio as lágrimas, pál
Jeff Já passou uma semana desde que o estado de Maddie piorou e com isso a péssima notícia de que o tratamento não estava surtindo o efeito desejado, a única solução seria um transplante de medula. Infelizmente Kathy e Silvya não eram compatíveis, até fiz um teste na esperança de uma compatibilidade, mas foi em vão. Sabia o quanto era difícil encontrar um doador compatível, era praticamente uma corrida contra o tempo.Meu coração ficava dolorido ao ver o quanto a baixinha estava definhando, não conseguia aceitar o fato de uma criança ter que passar por algo tão doloroso. Já havia tentado contato com inúmeros hospitais e bancos de doadores, porém não obtinha sucesso.Kathy estava arrasada, e doía em mim vê-la assim e não poder fazer nada para mudar a situação. Eu não me apaixonei só por Kathy, aquela baixinha de sorriso fácil e olhar expressivo conquistou o meu coração, ativando até então um desejo que eu sequer sabia que poderia sentir, o desejo de ser pai.Quando me casei não pensav
JeffA droga da campainha continuava a soar aumentando ainda mais minha dor de cabeça.Me levantei e fui até a porta, abrindo sem se quer me lembrar de olhar pelo olho mágico para saber de quem se tratava.A figura esguia de Bervely surgiu na minha frente.— Jeff , querido, eu sinto muito — disse com pesar e se jogou em meus braços.A última coisa que eu precisava era lidar com Bervely naquele momento. Sequer conseguia pensar direito.— O que faz aqui Bervely? — Me afastei com delicadeza.— Eu vi nas redes sociais e não consigo imaginar como você está se sentindo — Ela retirou os óculos de sol e se aproximou do sofá — Aquela carinha de inocente! Quem diria que ela se tratava de uma stripper! — Seu tom de voz debochado me irritou.Obviamente ela imaginava que eu não sabia sobre Kathy ser uma dançarina naquela boate. Era bem provável que a mídia também pensasse o mesmo. Eu não sabia o que dizer ou como agir diante de tudo aquilo.E saber que era o causador me deixava ainda pior.— Não é
KathyMeus últimos dias se resumiu a ficar de olho em Maddie, passava a maior parte do meu tempo com ela. Tinha medo de que ela se sentisse mal e eu não estivesse por perto.Eu e minha mãe buscávamos agir com naturalidade para não deixar Maddie descobrir seu real estado. Tentava manter a esperança viva, mesmo sabendo que a possibilidade de encontrarmos um doador era limitada. Não iria pensar no pior, não queria pensar.Os sintomas da minha mãe estavam estáveis, era possível notar pela sua coordenação motora. Algo que me deixava aliviada, visto que não seria nada fácil lidar com tudo caso sua doença estivesse progredindo.Tudo que eu mais desejava era vê-las saudáveis e sem nenhuma limitação. Queria ver Maddie na escola como uma criança normal, brigar com ela por não querer fazer o dever de casa e surtar quando aparecer com o primeiro namorado. Queria ver minha mãe voltando a costurar e trabalhando com o que ela amava.Era grata por Jeff estar em nossas vidas, ele fazia de tudo para qu
KathyMeu corpo treme.— O que faz aqui? — Nem sei como essas palavras escapuliram da minha boca.Mas era a única coisa que eu precisava saber naquele momento.Meu coração estava tão acelerado que parecia que eu ouvia suas batidas frenéticas.Tudo deveria ser uma mal-entendido, tinha que ser um mal-entendido.— Não que te deva alguma satisfação, mas imaginei que Jeff estivesse precisando de mim.As suas palavras responderam a minha pergunta, seu tom de voz meloso e cínico ao mesmo fizeram meu estômago revirar.— Eu que devo perguntar o que faz aqui — cruzou os braços sem sair da porta — Não acha que já prejudicou a imagem de Jeff o suficiente?— O que você quer dizer com isso? — senti meu corpo tremer de raiva. Ela não tinha o direito de falar comigo dessa maneira e muito menos de estar ali.— Não se faça de sonsa garota, você sabe o estrago que fez...— Onde o Jeff está? — perguntei atônita demais com essa situação.— E você acha que ele quer saber de você?— Isso não diz respeito
KathyOlhei o meu reflexo no espelho e quase gritei assustada. Estava péssima, as olheiras e os olhos inchados deixavam evidente a noite mal dormida e chorosa.Não consegui dormir nem por dez minutos, era fechar os olhos e tudo se repetia, as palavras daquela mulherzinha cruel e Jeff me ignorando como se eu não significasse nada.Talvez eu quisesse uma explicação ou um pedido de desculpas, que Jeff viesse até mim e dissesse que tudo era uma grande mal-entendido, que Bervely surgiu no seu apartamento sem que ele soubesse. Que não era nada do que pensei, mas na verdade nem sabia o que pensar.Eu estava magoada, decepcionada, com raiva, não sabia descrever o que realmente sentia. A única coisa que talvez ilustraria o emaranhado de emoções era a dor. E como estava doendo!Não receber uma mensagem ou ligação deixava claro o que viria a seguir. E não deveria esperar algo diferente.Não queria amar Jeff , me esforcei tanto para não sentir. Me sentia uma grande idiota agora, arrependida de nã