Ser diferente não é um problema, o problema é tratado de forma diferente.
(Autor desconhecido)
Livro Completo.
1♡
ESTAVA BASTANTE NERVOSA E ansiosa para me apresentar na entrevista de emprego . Precisava urgentemente de um, pois minha mãe sempre me pressionava, por esta há um ano e meio sem trabalhar num emprego fixo. Meu último com carteira registrada foi como secretária em um consultório odontológico, fiquei dois anos por lá, mas, como nada nessa vida é para sempre, fui demitida. Para ser mais específica o meu ex chefe fechou o consultório para morar em outro país, pois se apaixonou por uma dentista da Argentina e foi viver com ela, e juntos pretendem abrir um consultório por lá.
Mas enfim, voltando ao que interessa, não me dou muito bem com entrevistas. Tenho crises nervosas. Minhas mãos ficam suando, meu coração b**e forte e muito acelerado. Para mim a sensação sempre é que estou diante de um juiz que está pronto para dar uma sentença ao réu, no caso sou eu. Mas é o sacrifício que tinha que fazer para não escutar as reclamações de minha mãe.
Eu sabia que aos vinte e três anos deveria estar no mercado de trabalho, mas, poxa, precisava de tanta pressão assim? Eu nunca me dava bem com pressão, na verdade.
Pesquisei na internet uns sites de empregos e me deparei com três que se encaixam melhor ao meu perfil, e tão logo enviei o currículo, sem muitas esperanças, porém para minha surpresa, um deles entrou em contato comigo. E era para ele que eu estava indo para agora. Na descrição dizia que precisavam de uma secretária para um pianista. Não tinha experiência para algo assim, contudo aceitei. Estava sem condições de escolher. E desde que eles paguem bem, estava disposta a tentar
Sinceramente estava mais interessada nos outros dois, contudo não me encontrava em posição de negar, então aceitei assim que me ligaram.
Lá estava eu em frente a uma casa enorme de primeiro andar na cor marfim com janelas de vidro. Era uma casa bastante sofisticada.
Logo que cheguei perto de um muro de pedra com portão grande de metal ajeitei a minha saia ao corpo. Com as mãos suadas apertei a campainha e não demorou para escutá-lo sendo destrancado, e logo em seguida um homem alto de camisa de manga comprida social, acompanhado de uma gravata cinza aparece.
— Bom dia. Você é a garota para entrevista, né isso? — O homem engravatado me perguntou.
— Bom dia. Sim, sou eu, Alice Andrade.
— Pode entrar! A senhora Lincoln está à sua espera— Ele se afastou me dando passagem.
Quanto mais próxima estava de ser entrevistada, mais nervosa e ansiosa ficava.
Parei um pouco em um caminho de pedras bastante bonitas, para me recompor.
Respirei profundamente tentando me acalmar. O caminho onde estava me levava até a porta de entrada da casa e prossegue até a garagem que ficava ao lado. A garagem está ocupada com dois carros e tinha espaço para mais um. O primeiro carro era um Jaguar cinza maravilhoso, o outro era um Audi R8 Spyder. Este carro é espetacular! Ele era o mais esportivo desta marca. Sei porque o papai era amante por carros de luxo, mesmo sem condições de possuir. Eu sempre olhava esses carros na internet, revistas, programas de TV... Faço isso porque é um jeito que encontrei de matar a saudade que ele deixou depois que partiu sem um aviso prévio após sofrer um AVC.
Parece que essa família não brinca quando o assunto é luxo.
Ajeitei mais uma vez minha saia lápis preta que está acompanhada de uma blusinha de cetim de alça, na cor creme e um blazer na mesma cor da saia.
"Alice! Você tem que enfrentar essa entrevista para conseguir o emprego. Até porque não era um bicho de sete cabeças."
Respirei fundo, e soltando o ar devagar, me sentindo pronta aproximei da porta. Quando estava em frente, fiquei ereta e apertei a campainha. Enquanto esperava, minhas pernas bombeavam e meu coração batia mais acelerado do que antes, até parecia que tinha fobia de entrevistas.
Esperei alguns segundos até que uma senhora que aparenta estar na casa dos cinquenta anos, abriu a porta. Ela era loira de altura média, estava com cabelo impecável para trás em um coque muito elegante, me lança um sorriso discreto.
— Alice Andrade, não é mesmo? — A senhora Lincoln estendeu sua mão para mim, ao qual aperto firme querendo demonstrar segurança, algo que eu não tinha naquele momento.
— Sim! Bom dia senhora Lincoln.
— Bom dia! Pode entrar. — Ela abriu um pouco mais a porta permitindo-me passar por ela e a fechou logo em seguida.
Ao entrar me deparei com uma sala ampla, impecavelmente perfeita como a dona. A sala é clara na cor branca com móveis também claros, possui um conjunto de sofás com dois e três lugares na cor cinza platinado com almofadas lisas. O piso era de mármore, na parede do lado de um dos sofás tinham vários quadros espelhados que davam um ar de modernidade ao ambiente. O lustre de cristal em formato oval ilumina de maneira harmônica todo o local. A mesa de centro era toda de vidro e estava em cima de um tapete na cor cinza que aparenta ser bastante aconchegante. A vontade que eu tinha era de tirar os meus sapatos e colocar os meus pés nele.
Percebi que entre um sofá e outro tinha uma planta que me pareceu ser palmeiras, mas não sei informar ao certo, já que não conheço muitas plantas. Minha mãe com certeza saberia, ela conhece muitas espécies de plantas e flores.
A senhora Lincoln me indicou uma poltrona na cor bege-claro para me sentar e logo em seguida se sentou em uma identica ao lado.
— Eu irei fazer a entrevista aqui mesmo, tudo bem para você, minha querida? — Ela me perguntou assim que sentamos. A poltrona era bem confortável como eu imaginava.
— Para mim está ótimo, senhora.
— Muito bem — Ela colocou suas mãos no seu colo enquanto me analisava com atenção. — Você trouxe as recomendações que lhe pedi?
Recomendações? Ah, claro! As recomendações que eu falei para ela que tinha, mas na verdade não tenho, pois dei uma forjei no currículo.
— Então... — Comecei um pouco insegura. — Foi tão rápido que não deu tempo de tê-las em mãos hoje, mas se a senhora me contratar eu as trarei.
Ela me lançou um olhar de quem não acredita muito no que eu acabei de dizer.
— Está bem. Você sabe que não é conveniente vir para uma entrevista de emprego sem trazer as recomendações que disse que tinha? — Me remexo desconfortavelmente na poltrona ao ouvir isso.
"Será que ela descobriu? Eu queria tanto arrumar um emprego para minha mãe me deixar finalmente em paz."
— Eu sei, mas houve um contratempo que me impossibilitou de obtê-las. Contudo, como falei, as entregarei num futuro próximo, assim que for possível. — A senhora Lincoln levantou uma de suas sobrancelhas o que me deixou extremamente tensa.
— Primeiro de tudo — Ela falou levantando uma de suas mãos e nesse momento percebi um homem que tinha uns quarenta anos, baixo e um pouco robusto se aproximou lhe entregando uma pasta azul transparente.
Passei os dedos atrás na orelha.
— Quero que você assine esse contrato de confidencialidade. — Fiquei espantada com seu desejo, e ela percebeu, pois logo tratou de me explicar o porquê do contrato.
— Eu preciso de sua confidencialidade por escrito, as informações que lhe darei são de sigilo familiar. É algo que nós não queremos que a imprensa fique sabendo. Você entendeu, senhorita Andrade? — Ela abriu a pasta e pegou duas folhas e me entregou junto com uma caneta.
— Não se preocupe, senhorita. Esse contrato é para que eu tenha plena confiança em você, afinal de contas, é do meu filho que estamos falando.
Imprensa? O filho dela é famoso? Eu não sabia. Achei que fosse um pianista anônimo de uma família rica que fazia pequenos shows. Como eu sou tola!
Dei uma breve olhada no contrato e assinei as duas folhas que ela me pediu. Me sentia ansiosa para saber quais informações eram essas, mas tento não demonstrar. Não quero passar uma ideia errônea sobre mim, não queria nada interferindo na sua decisão.
— Seu filho é famoso? Eu não sabia! — Ela me olhou um tanto espantada e franzi a testa para mim.
— Você não conhece o meu Liu Lincoln, um dos maiores pianistas da atualidade?
2♡SENTI-ME ENVERGONHADA POR não conhecer uma pessoa que eu deveria conhecer. Eu não estava muito atenta à mídia em geral. É claro que acessava a internet e tenho redes sociais, mas nunca me interessei por esse mundo da música.Deveria ter feito o meu dever de casa antes de vir. “Ah, deveria.”Fiquei pensando se isso iria me prejudicar para a vaga, eu sinceramente esperava que não. Em que buraco eu fui me enfiar por não vim preparada. Me remexi na cadeira passando a mão na borda da saia.— Desculpe-me, Sra. Lincoln! Eu não sou uma pessoa muito atualizada no mundo da música. Se a senhora me contratar eu lhe digo com certeza que me dedicarei para consertar. — Ela me encarou ainda sem acreditar que eu não conhecia o seu filho.— Meu filho é um dos maiores pianista, e não é por
3♡ QUANDO CHEGUEI EM CASA, a minha mãe mal me deixou entrar e já foi perguntando se eu passei na entrevista. Ela era tão inconveniente às vezes. Falei apenas que iria aguardar a ligação. No entanto, enquanto seguia para o meu quarto, pude escutá-la gripar:— Do jeito que você é, provavelmente não vai conseguir a vaga. Ao ouvir isso, bati com força a porta do quarto para ela saber que eu fiquei chateada com as suas palavras.Minha mãe continuou falando mais algumas coisas, porém não dei a mínima atenção. Não sabia o porquê dela ser sempre rude comigo.Tirei o blazer, os sapatos e me sentei na minha cama de solteiro, um pouco desanimada.Fiquei pensando em tudo que eu já vivi na minha vida e o quanto ela mudou desde que papai morreu. Ele era tudo para mim. Era o meu amigo,
4♡ ACORDEI COM BARULHO DO despertador do celular. E já me levantei otimista. Algo dentro de mim dizia que aquele emprego era meu. Eu sintia isso! A minha entrevista foi numa sexta-feira e, como consequência, eu fiquei o final de semana ansiosa pela ligação a ponto de não largar o celular de jeito nenhum. Eu não era uma pessoa muito religiosa, mas naquele final de semana eu orei a Deus para permitir que a senhora Lincoln me ligasse. Eu só não sabia se Ele iria me escutar, já que eu não era de orar ou conversar com Ele. Pode ser que Deus me achasse uma interesseira e não permitiria que o meu desejo se realizasse, afinal de contas, eu não era como meu pai era, um servo bom a Deus. Meu pai era o ser humano mais maravilhoso que eu já vi, e não estou exagerando. Ele sempre estava disposto a ajudar o seu próxi
5♡ FICAMOS BEM DESCONFORTÁVEL com a situação. Não sabíamos muito bem como agir. Eu tinha um pouco de receio de falar algo que ele não gostasse, por isso achei melhor esperar pelo Sr. Lincoln— Vamos para a minha sala. Lá têm as agendas e algumas coisas que você vai precisar para o trabalho. — Assim que ele terminou de falar, entrou no lado direito da sala que tem um corredor enorme com algumas portas.Eu não sabia o porquê, mas não conseguia ficar com as mãos quietas, mexia direto na alça da bolsa que estava em meu ombro. Logo que parou no fim do corredor em frente a uma porta de madeira maciça, alta e larga, Liu entrou e deixou a porta aberta. Devagar, entrei e dei de cara com uma sala ampla com piano de cauda na cor marrom escuro mu
6♡ A SEMANA PASSOU RAPIDAMENTE e entre os dias ocorreram alguns contratempos. O mais importante deles foi que eu não consegui fazer com que meu chefe viesse no sábado ou domingo de madrugada. O motivo era porque ir do Brasil até Paris era, mais ou menos, onze horas de voo e, além do fuso horário, ser diferente entre umas 3 ou 5 horas. Isso me deixou muito chateada, já que eu falei que conseguiria fazer o senhor Lincoln chegar. Não sabia que demorava esse tempo de viagem entre o Brasil e a França. Eu nunca saí do Brasil como já falei, então acreditava que era aceitável o meu erro. Eu jurava que era no máximo umas 7hs de voo, olha a inocência ou ignorante minha.Conversei com a Sra. Lincoln para tentar fazer o meu filho entender, o que não foi muito fácil. E pela primeira vez eu vi Sr. Lincoln, um homem grande fica frágil em uma crise, e sinc
7♡ LÁ NA MINHA CASA, NÃO PAREI de pensar no sentimento pelo Sr. Lincoln que descobri. Isso me perturbou um pouco, principalmente por não ser uma garota de gostar facilmente de um cara. Isso tinha uma parte boa pois eu não me desmanchava e nem me derretia por qualquer cara. A parte ruim era que quando eu gostava, eu gostava de verdade. Por isso fiquei um pouco assustada com a tal descoberta.E se eu me apaixonar? O que eu estava pensando? Ele é meu chefe! Tinha que esquecer. Eu mal conhecia já estava me sentindo atraída por ele, o que o meu chefe tinha de diferente para conseguir me deixar assim? Eu não posso...Interrompi meus pensamentos e fui para frente do meu guarda-roupa onde se encontra um espelho colado na porta. Parada de frente para ele, fiquei olhando a garota magra que me encara pelo reflexo.— Olha aqui! Crie juízo nessa sua ca
8♡ ESTAVA SENTADA EM UMA CADEIRA de praia na laje da minha casa olhando para as estrelas. O céu estava repleto delas, eram lindas e brilhantes como sempre. Às vezes eu ficava pensando: se as estrelas falassem o que elas contariam da humanidade? Eu acredito que muita coisa.Eu, particularmente, não tenho medo do que elas poderiam falar. Fiz alguma besteira? Sim. Envergonho-me delas? De alguns sim. Mas eu não teria medo se elas pudessem revelar.Olhar para o céu também me fez pensar no Sr. Lincoln que estava em alguma parte desse imenso céu em uma ave gigante. Depois que eu percebi que estava gostando dele, tudo me fazia lembrar dele. O que era bem chato às vezes, principalmente porque eu não queria alimentar esse sentimento dentro de mim. Não tinha cabimento.Aconcheguei-me mais um pouco no meu casaco por causa da brisa fria que e
9♡ QUE COISA! EU FUI ALI PARA questioná-lo sobre o presente e onde fomos parar, prestes a nos beijar.Liu é alto, por isso fiquei na ponta dos pés para poder satisfazer a minha ânsia de beijá-lo. A minha mão queima como brasa ao tocar pele alva do pescoço do Lincoln. Ele respirou profundamente tentando manter-se concentrado. Acredito que estava bastante nervoso.Senti quando a sua mão foi de encontro a minha cintura. O seu toque despertou em mim sensações perturbadoras. Como uma amante, encostei a boca entreaberta em seus lábios quente e senti seu hálito fresco e doce e os suguei delicadamente antes de me afastar devagar.Olhei para a imensidão dos seus olhos verdes e neles encontrei coragem para prosseguir. Voltei a beijá-lo, dessa vez com mai