Joseph
Estou na minha sala assinando e analisando alguns documentos quando escuto a voz da Sarah, o que será que ela está fazendo aqui? Fico próximo à parede para ouvir o que ela dizia, e fico admirado com a inteligência e talento que ela tem.
— Bom dia, senhor Gutierrez, eu sou Sarah Bummer, a design que o senhor recusou hoje mais cedo, por não ser conhecida.
— Se te recusei o que veio fazer aqui? — Como ele pode ser grosso assim?
— Sei que não tenho nome no mercado, mas não posso admitir que me recuse por isso, como vou ter nome no mercado, se nem ao menos me dão uma chance de mostrar meu potencial! E outra coisa, duvido que olhou minhas peças.
— Como se atreve, olhei meio por cima, e não gostei do que vi. — Ele responde com desdém.
— Então me diga, como é um item dos meus designs? — Eu admito, ela é boa, dou um sorriso pela audácia dele, o Gutierrez nem soube responder.
— Como imaginei, nem olhou o que te enviei. Mas posso te garantir que as peças são perfeitas. Eu crio cada peça com o coração, o que as tornam especiais, eu não posso negar o amor que tenho por cada design que crio. Acredito que minhas joias são únicas e especiais porque representam o meu amor e a minha paixão pela arte. É como se eu tivesse criado vida dentro das minhas criações e, independente de serem adquiridas ou não, eu não posso admitir que recuse, algo que nem sequer avaliou. — Ela vai contando o quando ama cada peça, de onde tirou a imaginação. — E foi assim que criei esta coleção.
— Vendo seus desenhos e sua dedicação, está realmente perfeito, posso reconsiderar e assinar o contrato com você?
— É para isto que estou aqui. — Ela diz decidida.
— Ótimo, vou pedir ao setor responsável fazer o contrato e agendar uma data para você vir assinar o contrato.
— Perfeito, obrigada pela oportunidade. — Assim que percebo que ela está saindo da sala, eu vou ao corredor para vê-la.
— Sarah, — Eu a chamo, ela me olha surpresa, eu estico minha mão e lhe entrego o brinco que ela perdeu na rua.
— Oh, obrigada! — Percebo que ela está surpresa e confusa ao mesmo tempo, quando eu ia convidá-la para um café ela diz — Tenho que ir, obrigada! — Ela levanta o brinco para indicar que o agradecimento é por entregar o brinco, e sai sem me dar a chance de convidá-la.
Tenho que admitir que ela está muito linda, e sua apresentação foi impecável, ela sempre foi extraordinária, porque ela teve que me machucar no passado, a odeio por isso, pelo menos tenho que odiá-la, tento me convencer.
Fico a observando até que ela some de minhas vistas, então entro na sala do Gutierrez e digo:
— Arrume suas coisas, está demitido. Sua atitude dele foi inadmissível.
…
Na empresa…
Sarah
Com muito custo eu consegui o contrato com a empresa Martinelli S/A, eu fiz um discurso lindo mostrando a minha paixão pelo que faço e pelo, o que eu crio, no final graças a Deus deu tudo certo, e agora eu tenho uma nova equipe de design para empresa. Então digamos que foi um sucesso absoluto, toma besta, o otário achou que eu ia ficar sentada chorando.
O que está me deixando intrigada é como o meu brinco foi parar nas mãos do Joseph. Para mim, ele estava fora do país. Não o via desde os tempos da faculdade. Lembro-me de que a cobra Giulia e a irmã Melissa me disseram que ele iria voltar. Isso foi um dos motivos que me aproximei do Enzo. Mas enfim deixa eu trabalhar, porque tenho muitas joias para criar, o lançamento está chegando.
…
Estou aqui mais uma vez até sei lá que horas, estou morrendo de dor de estômago, nem lembro o que comi hoje, não sei se a dor é por fome, ou por comer aquele lanche de fastfood, a dor está tão forte que chego ficar com ânsia.
— Está tudo bem? — Pergunta Paloma, minha secretária.
— Estou com uma dor insuportável de estômago.
— Mas também, a senhora não anda se alimentando direito, — Eu a olho com um olhar de advertência e a mesma já fala — Tenho remédio para dor de estômago, você quer?
— Sim, por favor! — Ela se retira e logo volta com um comprimido e um copo com água.
— Eu já estou indo, mas garanto que mais uns minutinhos e a dor vai embora.
— Obrigada e bom descanso Paloma.
Ela se retira e eu volto ao trabalho, tenho tantos documentos para analisar, e ainda preciso fazer mais alguns designs.
Minha dor começa a passar, e me faz lembrar dos medicamentos que recebi naquele dia no hotel, quem será que me enviou os medicamentos?
Sigo por mais algumas horas, fazendo meu trabalho, mas por vezes me pego pensando no bom samaritano que me enviou os remédios, será que foi o Enzo? Não é impossível, ele é escroto demais para isto.
Vou para meu apartamento, pego a sacolinha, mas não tem nenhum bilhete, nem nada, nem mesmo o valor que ficou tudo…
— Quem será que me enviou? — Vou tomar banho pensando nisso, mas aliviada por minha dor ter finalmente passado, eu faço um lanchinho leve, ligo o computador, trabalho por mais algumas horas, só quando estou bem cansada, vou dormir.
No dia seguinte chego bem cedo como de costume, antes de todos os funcionários, mas quando vou tomar um café para esticar as pernas um pouco, eu observo só funcionários chegando e suas conversas, conforme chegam os funcionários, as conversas fúteis vão aumentando, começo a reparar nos cochichos, nas panelinhas; até ouvi uns comentários que muitos acionistas, empregados com cargos de gerências estão como urubus atrás de carniça, mas no caso atrás do meu cargo de diretora, pois devido aos eventos recentes, muitos acreditam que eu não tenho capacidade para ser a presidente.
Mas quer saber, estou pouco me fodendo para eles, eu sei meu potencial e sei que sou capaz.
Por volta das treze e trinta, minha secretária me ligou perguntando se eu poderia atender o senhor Batistella, ele é um dos meus concorrentes.
— Pode deixá-lo entrar.
Eu cruzo minhas pernas, apoio meus cotovelos na mesa e o aguardo com cara de paisagem. Ele entra me medindo onde os olhos conseguem ver. — Boa tarde, Senhor Batistella, no que posso te ajudar. — Ele dá, um sorriso sínico e fala.
— Não precisamos de formalidades, até porque estudamos juntos senhorita Sarah e o senhor deixe para o meu pai.
O pai de Pedro fundou a empresa há muitos anos, recentemente ele se aposentou e Pedro tornou-se o Presidente, ele sempre quis competir comigo, acredito que não seja diferente agora.
— Ok, Pedro, o que te traz a minha empresa. — Vou direto ao ponto.
— Como sempre, direta, diz as más línguas que você está falindo. — Ele diz em tom de deboche.
— Apenas boato, acabei de fechar um grande projeto com um parceiro, não tenho porque me preocupar, e você, como está sua empresa?
— Sarah, Sarah, você é uma dama para essa corja de executivos sanguessugas, saia enquanto pode, mas se decidir ficar, tem o apoio da minha empresa — Ele ainda fala com tom de deboche.
— Agradeço seu apoio Pedro, mas não será necessário.
— Estou aqui para o que der e vier, mas claro se o Enzo não atrapalhar, até porque são casados não?
— Estamos nos divorciando, na verdade, só falta sair a papelada.
— Então é verdade que ele te trocou pela fácil dá Giulia?
— Não estamos falando de negócios? Ou prefere fofocar da vida alheia, se for esse o caso, está no departamento errado.
— Mil desculpas, eu não quis te ofender, de forma alguma essa não foi a minha intenção, eu só estava preocupado com seu bem-estar. — Ele continua falando com deboche, que vontade de quebrar a cara desse desaforado.
— Me poupe, se poupe, nos poupe Pedro, se não tem mais nada para falar, pode se retirar, porque se você não tem o que fazer, eu tenho e muito.
— Desculpe Sarah, estou aqui em nome da minha empresa, estaremos de portas abertas para te ajudar.
— Obrigada Pedro, se não tem mais o que dizer, sabe onde fica a saída. Pedro me dá um sorriso sínico e sai da minha sala.
Sarah Passam-se alguns dias e Pedro retorna na empresa, percebo que, na verdade, ele não está lá para prestar ajuda e sim para zombar de mim, como se ele tivesse ganhado de mim, pela primeira vez a propósito, coitado (risos), então que os jogos comecem. — Está querendo ser contratado Pedro? — Ele olha para mim e sorri com deboche. — Não, minha cara, eu tenho uma empresa sólida. — Então, ao que devo a honra da sua visita? — Vim reforçar que eu e minha empresa estamos aqui para ajudar. — Fico feliz em saber que posso contar com você e sua empresa — Sei que ele sempre teve uma quedinha por mim, então vou usar os meus dotes femininos. Vou até ele seguro sua gravata, ele engole em seco e dá um sorrisinho de lado, achando que finalmente vai ficar comigo, então vou até seu ouvido e falo: — Posso ser a mocinha ingênua, quer saber como? — Ele ajeitou sua postura, como se realmente esperasse algo, então eu começo a gargalhar, ele olha para mim sem entender o que está acontecendo. — Você é
Joseph — Acredito que foi apenas uma falta de comunicação, pois se a senhora Sarah tivesse nos explicado desde o início que vocês eram nossos cooperados, não precisaria desta reunião, desculpe a inexperiência dela, e fazer com que o senhor viesse até aqui. — Diz Enzo, Joseph o olha com um sorriso zombeteiro e lhe diz. — Deixe-me lhe corrigir em duas coisas — digo sentado, bem relaxado — primeiro que ela é senhorita, pois você foi burro o suficiente para trocá-la por outra, segundo que ela é a mais inteligente desta sala. — Todos o olha sem entender, então ele continua, com um sorriso de deboche nos lábios. — A partir da analogia que vocês usaram na reunião, simplificarei para que vocês compreendam. — Ele diz, um a um, — enquanto estavam desesperados, correndo de um lado para o outro, vendo o barco afundar, alguns até queriam abandonar, a única pessoa que segurou o leme e tapou os buracos foi a senhorita Sarah, com seu talento extraordinário. — Obrigada pelas palavras, senhor Joseph.
Sarah — Oi, mãe, estou entrando — Minha mãe vem me abraçar. — Oi, meu amor, que saudades, que carinha é essa? — Ela pergunta, fazendo um carinho no meu rosto. — São tantas coisas, que nem sei por onde começar. — Digo soltando um suspiro alto. — Foi o Enzo? — Ela pergunta preocupada. — Aí mãe é tudo, a empresa, eu estar longe do Ian, sua doença, o contrato com a empresa Martinelli, o Joseph, o contrato de casamento — coloco a mão na boca, quando percebo que falei de mais. — Que contrato de casamento Sarah? — Ela pergunta surpresa, conto tudo para ela, que fica um tempo me olhando, depois segura em minhas mãos e fala: — Tem certeza, que está preparada para entrar em um casamento de fachada, minha filha? Ainda mais com Joseph! — Eu o amei uma vez, quem sabe não o amo de novo. — Digo com os ombros encolhidos, com tamanho constrangimento ela sentia naquele momento. — Não se iluda, minha filha, aja com a cabeça e não com o coração. — Onde está o Ian? Estou morrendo de saudades! — M
Joseph — Nossa, você realmente está maravilhosa! — Digo, ela cora um pouco, fica mais linda ainda. — Obrigada! — Eu tenho que odiá-la, mas quando estou com ela, eu fico parecendo um adolescente na puberdade, postura Joseph. Eu estou levando-a no restaurante que nos vimos pela primeira vez, há muitos anos, é um restaurante pequeno, mas muito aconchegante, costumávamos nos encontrar aqui. — Tem reserva? — A recepcionista diz assim que adentramos o local. — Sim, Joseph Martinelli. — Ok, me sigam por favor. — Eu puxo a cadeira para ela. — Que cavaleiro! — Brinca comigo, então assim que sentamos, vou direto ao ponto. — Bom, vamos direto ao ponto. — Quero acabar logo com isso, porque está sendo impossível odiá-la, eu só quero pegá-la, jogar na minha cama e amá-la até não aguentar mais. — Eu, eu confesso que ainda não tenho uma resposta, se fosse apenas eu, já teria aceitado, mas não sei se você sabe, mas tenho um filho. — Ela diz meio sem jeito. — Sim, o pequeno Ian, tem quatro ano
Sarah Desço do carro sem nem olhar em sua direção, ao entrar no meu quarto tomo um banho para tirar o vestígio da noite de hoje, já deitada em minha cama eu olho para o teto do quarto, sentindo-me tão confusa, ou mais do antes. Me pergunto se tomei a decisão certa ao aceitar esse contrato. Eu não queria me envolver com alguém tão cedo, e ele se mostrou possessivo quando Enzo entrou no restaurante, também tem essa oscilação de humor. Pego o telefone e ligo para Mariah, conto tudo que aconteceu, a mesma me apoiou na decisão, disse que teria feito o mesmo, no meu lugar, e também que ela grudaria meus caquinhos sem problemas, como da última vez. Ficamos conversando por mais um tempinho e logo eu desligo. Ainda encarando o teto, fico pensativa, tenho que encarar a verdade, preciso desse contrato, se ele cumprir sua palavra, meu menino pode ser curado, nem ligo tanto para a empresa, para mim a vida do meu filho é o mais importante, até mais que minha vida. … Chego cedo na empresa, pego
Joseph Eu não posso ficar com ela, não, depois do que ela me fez, eu definitivamente não posso me apaixonar de novo por ela. Tenho que resistir ao desejo de possuí-la. Saí da casa dela, esqueci até de deixar o contrato, mas amanhã eu levo pra ela na empresa, agora eu preciso relaxar, vou na minha boate, sigo até o bar, bebo algumas doses de whisky, fico curtindo o movimento, beijo algumas mulheres, preciso tirar Sarah da minha cabeça, vou até a área VIP, minha irmã está lá com suas amigas, tomo mais algumas doses de whisky, observo que uma das amigas da Mel fica me olhando, me seduzindo de longe. — Para de ser frouxo, a Nina está louca para ficar com você. — Já me sinto alterado, e a consciência começa a pesar, como posso amar e odiar essa mulher ao mesmo tempo? — Eu fiquei noivo hoje, Mel. — Digo encarando o meu copo de whisky — Você, o quê? Vai levar isso a sério? — Ela pergunta indignada. — Sim, sabe que mesmo ela fodendo comigo eu sempre a amei. Mas estou determinado a fazê-l
Joseph Eu saí da sala da Sarah atordoado e confuso. Eu não pretendia beijá-la, muito menos fazer sexo, mas aquela mulher me enlouquece, e vê-la de sorrisinho com aquele babaca me deixou possesso de ciúmes, quando estou com ela, eu só consigo ver a pessoa que eu costumava amar. A emoção veio em onda, como um tsunami. Como eu poderia estar tão perto dela e sentir tudo de novo? Como se não houvesse passado anos. Por mais que tenha passado anos, o sentimento de dor ainda estava fresco na minha mente, eu sou esse homem defeituoso por culpa dela, eu a odeio, mas, ao mesmo tempo, eu ainda a amo. Eu me sentia dividido entre amor e ódio. Eu queria amá-la, mas eu também queria feri-la. Eu estava preso entre o que eu queria e o que eu deveria fazer. Eu não sei como lidar com minhas emoções. Tudo o que sei é que eu estou perdido entre o amor que eu sinto e a dor que ela me causou, e com esse contrato eu pretendo resolver tudo, eu vou me vingar pelo que ela fez, preciso tirar esse sentimento d
Sarah Chego no hotel extremamente, cansada, estou trabalhando muito ultimamente, jogo minhas coisas no sofá, tomo um banho relaxante, deito na cama apenas de roupão, para descansar um pouco, acordo com batidas fortes na porta, dou um pulo assustada, vou até a porta e dou de cara com o Enzo. — O que está fazendo aqui? Como me encontrou? — Você é previsível demais, eu só vim te dar um recado. — Eu não tenho nada para conversar com você — Quando vou fechar a porta ele entra com tudo e me prensa na parede, dava para sentir o cheiro de álcool que exala dele, é forte, chega a me enjoar. — Você está tentando me fazer ciúmes, por isso que está com o Joseph? Não deixarei você voltar com ele, mesmo sendo seu primeiro amor, porque fui eu quem te ajudou a superar esse babaca de merda. Você esqueceu de quantas noites chorou em meu ombro? — mordo os lábios apreensiva, triste, por lembrar de um tempo que tanto sofri, dói lembrar o tempo que ficava colada ao celular aguardando notícias, nem que f