5. Eu admito ela é boa.

Joseph

Estou na minha sala assinando e analisando alguns documentos quando escuto a voz da Sarah, o que será que ela está fazendo aqui? Fico próximo à parede para ouvir o que ela dizia, e fico admirado com a inteligência e talento que ela tem.

— Bom dia, senhor Gutierrez, eu sou Sarah Bummer, a design que o senhor recusou hoje mais cedo, por não ser conhecida.

— Se te recusei o que veio fazer aqui? — Como ele pode ser grosso assim?

— Sei que não tenho nome no mercado, mas não posso admitir que me recuse por isso, como vou ter nome no mercado, se nem ao menos me dão uma chance de mostrar meu potencial! E outra coisa, duvido que olhou minhas peças.

— Como se atreve, olhei meio por cima, e não gostei do que vi. — Ele responde com desdém.

— Então me diga, como é um item dos meus designs? — Eu admito, ela é boa, dou um sorriso pela audácia dele, o Gutierrez nem soube responder.

— Como imaginei, nem olhou o que te enviei. Mas posso te garantir que as peças são perfeitas. Eu crio cada peça com o coração, o que as tornam especiais, eu não posso negar o amor que tenho por cada design que crio. Acredito que minhas joias são únicas e especiais porque representam o meu amor e a minha paixão pela arte. É como se eu tivesse criado vida dentro das minhas criações e, independente de serem adquiridas ou não, eu não posso admitir que recuse, algo que nem sequer avaliou. — Ela vai contando o quando ama cada peça, de onde tirou a imaginação. — E foi assim que criei esta coleção.

— Vendo seus desenhos e sua dedicação, está realmente perfeito, posso reconsiderar e assinar o contrato com você?

— É para isto que estou aqui. — Ela diz decidida.

— Ótimo, vou pedir ao setor responsável fazer o contrato e agendar uma data para você vir assinar o contrato.

— Perfeito, obrigada pela oportunidade. — Assim que percebo que ela está saindo da sala, eu vou ao corredor para vê-la.

— Sarah, — Eu a chamo, ela me olha surpresa, eu estico minha mão e lhe entrego o brinco que ela perdeu na rua.

— Oh, obrigada! — Percebo que ela está surpresa e confusa ao mesmo tempo, quando eu ia convidá-la para um café ela diz — Tenho que ir, obrigada! — Ela levanta o brinco para indicar que o agradecimento é por entregar o brinco, e sai sem me dar a chance de convidá-la.

Tenho que admitir que ela está muito linda, e sua apresentação foi impecável, ela sempre foi extraordinária, porque ela teve que me machucar no passado, a odeio por isso, pelo menos tenho que odiá-la, tento me convencer.

Fico a observando até que ela some de minhas vistas, então entro na sala do Gutierrez e digo:

— Arrume suas coisas, está demitido. Sua atitude dele foi inadmissível.

Na empresa…

Sarah

Com muito custo eu consegui o contrato com a empresa Martinelli S/A, eu fiz um discurso lindo mostrando a minha paixão pelo que faço e pelo, o que eu crio, no final graças a Deus deu tudo certo, e agora eu tenho uma nova equipe de design para empresa. Então digamos que foi um sucesso absoluto, toma besta, o otário achou que eu ia ficar sentada chorando.

O que está me deixando intrigada é como o meu brinco foi parar nas mãos do Joseph. Para mim, ele estava fora do país. Não o via desde os tempos da faculdade. Lembro-me de que a cobra Giulia e a irmã Melissa me disseram que ele iria voltar. Isso foi um dos motivos que me aproximei do Enzo. Mas enfim deixa eu trabalhar, porque tenho muitas joias para criar, o lançamento está chegando.

Estou aqui mais uma vez até sei lá que horas, estou morrendo de dor de estômago, nem lembro o que comi hoje, não sei se a dor é por fome, ou por comer aquele lanche de fastfood, a dor está tão forte que chego ficar com ânsia.

— Está tudo bem? — Pergunta Paloma, minha secretária.

— Estou com uma dor insuportável de estômago.

— Mas também, a senhora não anda se alimentando direito, — Eu a olho com um olhar de advertência e a mesma já fala — Tenho remédio para dor de estômago, você quer?

— Sim, por favor! — Ela se retira e logo volta com um comprimido e um copo com água.

— Eu já estou indo, mas garanto que mais uns minutinhos e a dor vai embora.

— Obrigada e bom descanso Paloma.

Ela se retira e eu volto ao trabalho, tenho tantos documentos para analisar, e ainda preciso fazer mais alguns designs.

Minha dor começa a passar, e me faz lembrar dos medicamentos que recebi naquele dia no hotel, quem será que me enviou os medicamentos?

Sigo por mais algumas horas, fazendo meu trabalho, mas por vezes me pego pensando no bom samaritano que me enviou os remédios, será que foi o Enzo? Não é impossível, ele é escroto demais para isto.

Vou para meu apartamento, pego a sacolinha, mas não tem nenhum bilhete, nem nada, nem mesmo o valor que ficou tudo…

— Quem será que me enviou? — Vou tomar banho pensando nisso, mas aliviada por minha dor ter finalmente passado, eu faço um lanchinho leve, ligo o computador, trabalho por mais algumas horas, só quando estou bem cansada, vou dormir.

No dia seguinte chego bem cedo como de costume, antes de todos os funcionários, mas quando vou tomar um café para esticar as pernas um pouco, eu observo só funcionários chegando e suas conversas, conforme chegam os funcionários, as conversas fúteis vão aumentando, começo a reparar nos cochichos, nas panelinhas; até ouvi uns comentários que muitos acionistas, empregados com cargos de gerências estão como urubus atrás de carniça, mas no caso atrás do meu cargo de diretora, pois devido aos eventos recentes, muitos acreditam que eu não tenho capacidade para ser a presidente.

Mas quer saber, estou pouco me fodendo para eles, eu sei meu potencial e sei que sou capaz.

Por volta das treze e trinta, minha secretária me ligou perguntando se eu poderia atender o senhor Batistella, ele é um dos meus concorrentes.

— Pode deixá-lo entrar.

Eu cruzo minhas pernas, apoio meus cotovelos na mesa e o aguardo com cara de paisagem. Ele entra me medindo onde os olhos conseguem ver. — Boa tarde, Senhor Batistella, no que posso te ajudar. — Ele dá, um sorriso sínico e fala.

— Não precisamos de formalidades, até porque estudamos juntos senhorita Sarah e o senhor deixe para o meu pai.

O pai de Pedro fundou a empresa há muitos anos, recentemente ele se aposentou e Pedro tornou-se o Presidente, ele sempre quis competir comigo, acredito que não seja diferente agora.

— Ok, Pedro, o que te traz a minha empresa. — Vou direto ao ponto.

— Como sempre, direta, diz as más línguas que você está falindo. — Ele diz em tom de deboche.

— Apenas boato, acabei de fechar um grande projeto com um parceiro, não tenho porque me preocupar, e você, como está sua empresa?

— Sarah, Sarah, você é uma dama para essa corja de executivos sanguessugas, saia enquanto pode, mas se decidir ficar, tem o apoio da minha empresa — Ele ainda fala com tom de deboche.

— Agradeço seu apoio Pedro, mas não será necessário.

— Estou aqui para o que der e vier, mas claro se o Enzo não atrapalhar, até porque são casados não?

— Estamos nos divorciando, na verdade, só falta sair a papelada.

— Então é verdade que ele te trocou pela fácil dá Giulia?

— Não estamos falando de negócios? Ou prefere fofocar da vida alheia, se for esse o caso, está no departamento errado.

— Mil desculpas, eu não quis te ofender, de forma alguma essa não foi a minha intenção, eu só estava preocupado com seu bem-estar. — Ele continua falando com deboche, que vontade de quebrar a cara desse desaforado.

— Me poupe, se poupe, nos poupe Pedro, se não tem mais nada para falar, pode se retirar, porque se você não tem o que fazer, eu tenho e muito.

— Desculpe Sarah, estou aqui em nome da minha empresa, estaremos de portas abertas para te ajudar.

— Obrigada Pedro, se não tem mais o que dizer, sabe onde fica a saída. Pedro me dá um sorriso sínico e sai da minha sala.

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