RosaVer Nina correr até a casa da Rosa fez meu peito se aquecer. Mas o sorriso em meu rosto morreu quando a lembrança do pedido dela voltou à minha mente."Papito, posso convidar o tio Christopher para o meu aniversário?"Respirei fundo. Ter outro homem na vida da minha filha não era nada fácil de imaginar. Não porque eu nao quisesse que Rosa fosse feliz em nenhum momento, pensei nisso, mas porque, por tanto tempo, fui o único homem presente na vida dela. E agora, outro estava entrando nesse espaço, tornando-se familiar para Nina, alguém que ela queria ter em um momento especial.Sacudi a cabeça, afastando esses pensamentos, e fui para a cozinha preparar o jantar. Liguei o som, deixando a música preencher o ambiente, e comecei a cortar os legumes, movendo o corpo no ritmo da melodia. Cozinhar sempre me ajudava a relaxar.O celular vibrou ao lado da pia. Peguei-o e franzi a testa ao ver uma mensagem de um número desconhecido. Mas, ao abrir a conversa e ver a foto, sorri. Era Naomi.Na
Rosa FernándezSaí do apartamento do Juan me sentindo péssima. O jeito como ele olhou para mim antes de eu sair... Ele é um pai maravilhoso, e vê-lo se sentindo impotente por não conseguir acalmar a própria filha partiu meu coração.Entrei em casa e fui direto para o chuveiro. Não sei bem o motivo, mas, assim que a água quente deslizou pelo meu corpo, as lágrimas vieram sem aviso. Chorei. Chorei por Nina, por Juan, por mim. Passei boa parte da noite pensando neles, até que o cansaço me venceu.Na manhã seguinte, acordei atrasada. Xinguei mentalmente o despertador e me apressei para sair.— Apareceu a margarida.Revirei os olhos ao ouvir a voz do professor que parecia ter prazer em me provocar. Apenas entrei na sala e me sentei em silêncio. Ele me lançou um olhar crítico antes de continuar a aula.No final, ele me chamou.— Gostei que não trouxe a criança para minha aula.Cruzei os braços, sentindo o sangue ferver.— Se eu trouxe minha filha para aula, foi porque não tinha com quem dei
RosaDepois da aula, meu celular vibrou. Duas mensagens surgiram na tela, trazendo um turbilhão de sentimentos: uma de Juan e outra de Christopher. Ambas me deixaram com o coração disparado.Mensagem de Juan:"Boa tarde, a Nina está bem. Vamos sair um pouco, ela quer ir ao parquinho aqui perto de casa. Nos vemos mais tarde. Boa aula."Eu respirei fundo, tentando me concentrar. A mensagem de Juan, sempre calma e prática, tinha um tom de familiaridade. Ele cuidava da Nina como se fosse sua própria filha, e isso me aquecia por dentro. Mas, ao mesmo tempo, meu peito apertava com o medo de ser insuficiente.Mensagem de Christopher:"Linda, vou te esperar na entrada principal."Meu estômago deu um salto. O "Linda" era simples, mas me deixava com uma sensação de conforto e, ao mesmo tempo, algo mais profundo. Sentia uma mistura de emoção e ansiedade. Será que ele sabia o quanto aquilo me mexia?Guardei o celular rapidamente, tomando um momento para organizar os sentimentos antes de sair. Qua
RosaSento-me para terminar as atividades da semana quando escuto uma vozinha que tanto amo.— Mamãe! — Ela vem correndo e me abraça apertado.— Oi, meu amor! — Falo, beijando sua testa e largando os papéis na mesa. Meu óculos fica por lá, esquecido.— Eu estava com saudade... A senhora demorou muito! Quer brincar comigo? — Ela pergunta, os olhinhos angelicais brilhando de expectativa.— Eu também estava morrendo de saudade da minha filha linda. E vamos brincar do quê?— Da hora do chá! — Ela responde, pulando no sofá com empolgação.— Vou pegar as xícaras e você arruma nossos convidados.Ela sai correndo para o meu quarto, e eu arrumo as xícaras na mesinha de centro. Logo, ela volta trazendo uma coroa para cada uma de nós.— Mamãe, o Sapolino já está pronto! — Ela coloca o boneco de pelúcia ao lado do Bilu, organizando tudo com seriedade. — Achei nossas coroas também!Ela coloca uma na minha cabeça e outra na dela.— Rainha Mamãe, você quer uma colher ou duas de açúcar?— Duas, por f
Juan CarlosObservar Rosa com minha filha sempre me causa um misto de admiração e conforto. Para mim, é como se sempre tivesse sido assim, como se fosse natural que ela fosse a mãe de Nina. Talvez porque, no fundo, eu desejasse que fosse verdade.Às vezes, me pego imaginando... E se fosse? Se tivesse sido Rosa a engravidar de mim e não Nicole? Como seriam nossas vidas agora?Entro na sala e encontro Rosa sentada no sofá, as mãos entrelaçadas sobre os joelhos, um olhar distante.— Ela dormiu, Vitória — digo, tentando dissipar a tensão que ainda paira no ar. — Desculpa por isso hoje.Ela suspira, parecendo realmente abalada.— Eu é que peço desculpas. Não medi as palavras antes de falar... Sei que a nossa filha é sensível, mas estava tão concentrada nas besteiras da minha irmã que nem imaginei que ela fosse levar a sério.A forma como ela diz nossa filha aquece algo dentro de mim.— Tudo bem, Rosa. Isso poderia acontecer com qualquer um.Ela hesita por um instante, como se estivesse reu
Juan CarlosChego ao hospital em cima do horário, ajustando os botões do jaleco conforme caminho pelos corredores movimentados. O dia foi tranquilo, sem grandes complicações, o que é raro.À tarde, sou chamado à sala do diretor hospitalar e já imagino o motivo. Bato na porta antes de entrar e, assim que o faço, vejo que outro médico já está lá, sentado à frente da mesa do diretor.— Pode se sentar, por favor, doutor Hernández — o doutor Garcia diz, com seu tom sempre sereno, mas firme.Me sento na cadeira ao lado do outro médico, o doutor Martins, um dos cirurgiões mais habilidosos que temos.— Como vocês sabem, três cirurgiões se aposentaram recentemente e estamos desfalcados. Chamei vocês porque são os melhores que temos no momento. Precisamos de um de vocês para cobrir o horário da noite. Atualmente, temos apenas um cirurgião no turno noturno, o que é inaceitável. Durante o dia, contamos com dez profissionais, mas estamos procurando reforços. Até lá, precisamos de um de vocês na eq
Rosa FernándezEu ainda estava na sala quando Juan me chamou. Ao ouvir sua voz, um sorriso involuntário surgiu em meus lábios. Ele é um homem incrível, de um jeito que às vezes me surpreende. Forte, protetor, mas ao mesmo tempo tão gentil. Queria tê-lo conhecido há muito mais tempo. Ao seu lado, me sinto segura. Me sinto... confiante.Assim que ele saiu, meus olhos voltaram para a rosa branca em minhas mãos. Era delicada, perfeita, e eu a segurei com cuidado, sentindo o perfume suave. Eu amo flores, e as rosas brancas sempre foram minhas favoritas. Um gesto simples, mas que aqueceu meu coração.Depois de finalizar algumas coisas, saí e fui direto para a sorveteria.Assim que chego, ouço uma vozinha animada me chamando.— Mamãe!Viro a tempo de ver um pequeno furacão correndo na minha direção. Largo minhas coisas na mesa e a pego no colo com facilidade.— Oi, minha vida! — respondo, enchendo seu rostinho de beijos, enquanto ela solta risadinhas.— Oi, Roseta! Como está a minha menina?
Juan Carlos HernándezSaímos os três juntos em direção à concessionária. O dia estava bonito, e eu gostava da sensação de estar ao lado delas. Rosa e Nina iluminavam minha vida de um jeito que eu nunca imaginaria ser possível.Olhar carros sempre foi algo que me animava, mas hoje parecia diferente. Rosa estava empolgada, talvez até mais do que eu. Era contagiante vê-la desse jeito, analisando os veículos com aquele brilho no olhar.Assim que entramos na concessionária, Nina correu para perto de um dos carros e passou a mão na lataria brilhante.— Papito, esse é bonito! — ela disse animada, apontando para um modelo esportivo.Sorri e balancei a cabeça.— Sim, princesa, mas acho que não serve muito para levar você e sua mamãe confortáveis, né?Ela fez um biquinho e voltou para perto de Rosa, segurando a barra da blusa dela.— E então, Rosa? Gostou de algum? — perguntei, curioso. Eu adorava ouvir a opinião dela sobre qualquer coisa.Ela passou os dedos pelo capô de um dos carros, analisa