FabiAlgumas semanas depois...O promotor segura o envelope que me trará de volta a vida em questão de minutos. Apreensiva é pouco para o que estou sentindo agora. Eu sei quem sou de fato e mesmo assim não consigo evitar o nervosismo que me assola. Parece que meu estômago porá tudo o que ingeri para fora a qualquer momento. Eu sei que Alex está bem atrás de mim e sei que seus olhos estão em mim o tempo todo, mas queria tanto que segurasse a minha mão e me acalmasse. Penso. Um dos policiais que fica em pé próximo da entrada do salão se aproxima sutilmente, enquanto o promotor e o juiz estão em uma conversa quase que muda, e me entrega um pedaço de papel. Eu o seguro receosa, olho para os lados e vejo que ninguém além de mim percebeu. Baixo a cabeça sutilmente e abro o pedaço de papel branco rasgado, abrindo um sorriso ao observar a letra masculina.Estou bem aqui, não se esqueça disso.Ergo a cabeça e amasso o papel na palma da minha mão, quando o promotor volta para o seu lugar e o ju
FabiAlex abre a porta do escritório e logo Helena entra em meu campo de visão. A mulher está sentada confortavelmente em um dos sofás do cômodo, com as pernas cruzadas e segurando um copo de conhaque. Meu noivo lança um olhar especulativo para Jordan, que dá de ombros. Adentro o cômodo e a olho de pé. Ela simplesmente toma um gole da bebida e me encara altiva, pedante até. Definitivamente não sei o que me deu, mas simplesmente esqueci minha timidez e com ela, a minha educação, e começo a falar de maneira rude:— Helena Rios, o que faz em minha casa? — Ela me olha por um tempo.— Me desculpe por vir sem avisar! Mas precisava falar com você. —Arqueio as sobrancelhas com desdém.— Eu ofereceria uma bebida para você, mas vejo que tomou a liberdade de se servir — ralho, apontando para o copo. Ela parece constrangida com meu comentário. Automaticamente, a mulher olha para o copo e toma o resto da sua bebida.— Me desculpe a indelicadeza! — Sorri sem graça. — Estava muito nervosa, precisava
Fabi O banho demorado me fez relaxar um pouco. Após desligar o chuveiro e soltar uma respiração baixa, envolvo o meu corpo em uma toalha macia e diante do espelho solto os meus cabelos. Sorrio ao ver que agora, já passam um pouco da altura dos ombros.Penso, passando as pontas dos dedos espalhando os fios negros e lisos.Diante da bancada, observo uma grande quantidade de produtos de beleza que Anita comprou. Pego um hidratante e começo a passar pelo meu corpo. O cheiro suave de flores me envolve e após fazer a higiene bucal, saio do banheiro. Paro abruptamente na porta, quando vejo que o quarto está iluminado apenas pela luz amarelada dos abajures. Alex está vestido com um roupão negro e está em pé diante da janela. O corpo alto e forte diante das sombras, se torna ainda mais imponente. Ele se vira lentamente, como se sentisse a minha presença no lugar e eu solto mais um suspiro baixo, abrindo um sorriso sugestivo para o meu noivo. Ao se aproximar, carinhosamente Alex acaricia o meu
FabiTrês meses depois...Abro os meus olhos preguiçosamente e encontro o Alex em um belo conjunto de terno preto. Por dentro uma caminha branca e uma gravata cor de vinho faz um lindo contraste em seu vestuário. Ele passa os dedos levemente nos fios, arrumando-os e ajeita a sua postura. Sorrio. Ele está perfeito e procura defeitos que não existem. Alex não percebe que o estou observando. Ele respira fundo e mexe na gravata, vai até o closet e volta com outra, dessa vez com uma gravata vermelho-claro. Põe em frente ao corpo e se olha no espelho outra vez e quando faz menção de tirá-la, resolvo falar:— Está perfeito, amor! — Ele me olha através do espelho e sorri.— A quanto tempo está me olhando? — A pergunta tem um tom divertido, que me faz rir. Espreguiço-me na cama e o lençol revela parte do meu corpo nu. Seus olhos logo passeiam gulosos pelo meu corpo no mesmo instante.— Você não tem uma reunião importante hoje? — O provoco, fazendo-o olhar em meus olhos.— Infelizmente sim, e j
FabiJá é noite, quando abro os olhos e encontro Alex sentado na pequena poltrona, olhando para mim. Ao me ver abrir os olhos, ele se levanta e se aproxima de mim, deitando-se ao meu lado na cama. Seu indicador ajeita algumas mechas dos meus cabelos, que estão espalhadas pelo meu rosto e carinhosamente, ele beija a ponta do meu nariz e me abre um sorriso triste.— Quer falar sobre o que aconteceu essa manhã? — inquire baixinho. Faço um sim, com a cabeça e ele assente para mim. — Ótimo! — Senta-se na cama e abre os braços. — Vem aqui. Aproximo-me mais dele e deito minha cabeça em suas pernas e automaticamente suas mãos mexem em meus cabelos, calidamente o tempo todo. Procuro as palavras certas e principalmente, procuro forças para pôr tudo para fora. Começo a falar sobre como a casa está mudada e linda, sobre os quadros caros, as obras de arte e os móveis luxuosos. — O que quero saber é, o que mexeu tanto com você, amor? Não quero saber o luxo e nem nada disso. — Alex vai direto ao ass
FabiApós estarmos bem acomodados, ele pede comida para todos e mais uma vez, noto que pagou com dinheiro. Isso me faz lembrar de um filme que assisti, onde o assassino pagava toda estadia com dinheiro para não deixar rastros. Julgo que esteja fazendo o mesmo. Depois de um banho rápido e relaxante, volto a sala e encontro os homens reunidos. No mesmo instante a campainha toca e Hermes se afasta para atender. Uma jovem entra, empurrando um carrinho com pelo menos umas seis bandejas nele. Ela nos olha, abre um sorriso profissional, nos cumprimenta e quando recebe sua gorjeta, sai satisfeita do quarto.— Ok, senhor Alex, esta é a localização de Olavo. Nosso amigo ainda está com ele e fique tranquilo, o nosso homem confia plenamente no detetive. Essas são as novas imagens. — Jordan fala, espalhando algumas fotos no tampo da mesa, onde estamos acomodados para o almoço.— Helena está lá? — Procuro saber, segurando uma foto dos dois abraçados em uma varanda.— Sim, senhora, o filho e os neto
Alex Três meses antes... Rio de Janeiro... Pensei que nunca mais pisaria nesse lugar outra vez. Aqui as lembranças são mais fortes e criam raízes mais profundas. Observar Fabi debruçada na janela do carro, feito uma garotinha encantada com tudo que ver a sua frente, me deixar maravilhado. Para me distrair dos meus pensamentos mais obscuros, começo a apresentar alguns lugares e rezo para não chegar a um ponto especial da minha vida... O Cristo Redentor. Sei que ela percebe que estou estranho, mas não consigo evitar. O Rio é o retrato da minha vida, de toda a minha história, cada parte dela. Uma história podre e suja, e eu havia prometido para mim mesmo, que nunca mais voltaria. Depois que os homens saem, para fazer as suas tarefas, finalmente ficamos a sós e aproveito para amar a garota mais fantástica desse mundo. O sexo além de me preencher, me faz relaxar também e acredito que o mesmo acontece com Fabi. Algumas horas depois, a deixo dormindo e volto para sala e encaro o lado de for
Alex Já passa das duas da tarde quando paro o carro em frente a comunidade e constato que nada mudou por aqui. Há alguns jovens animados, de corpo tatuado, usando brincos e argolas, e segurando as suas armas bem na entrada do morro, as escadarias têm pouco movimento a essa hora e as lembranças desse lugar me envenenam imediatamente. Foi aqui que tudo começou na minha vida, que perdi a minha infância para o submundo, que conheci o terror cara-a-cara e me tornei amigo dele. A maldade do ser humano sem a sua máscara, a dor física e a dor da alma. Sem pensar duas vezes, saio do carro e começo a subir cada degrau, um a um e sem pressa. A cada passo que dou, uma pessoa que destruí a vida, me vem a mente. Alguns comerciantes, moradores, muitos jovens devedores, viciados, dona Delia... Pensar nela me machuca ainda mais. Eu nunca fiz nada contra ela, mas também não a ajudei quando mais precisou. Assistir Cicatriz matar a jovem senhora naquele momento, não mexeu em nada comigo, mas hoje, é como