Alguns dias depois...Mônica SampaioAs oito e meia da manhã, entro em meu escritório e espalho alguns papéis sobre a minha mesa, para estudar e separar alguns novos fatos do meu caso. É um processo melindroso. Não posso deixar escapar um detalhe, por mínimo que seja. A investigação está um peso, quase não durmo explorando cada ponto, cada pista que surge, esperando apenas um vacilo do grupo de traficantes de pessoas e por isso, quase não tenho tempo para minha pequena, nem para mim mesma. Ainda bem que Marcos está viajando a semana toda, seria desastroso ter que dizer para ele que não poderíamos ficar juntos por esses dias. Estou concentrada no caso, quando alguém bate à porta e sem tirar os meus olhos da minha bagunça profissional, eu falo.— Entre. — Ouço o barulho que vem de fora da minha sala, quando a porta é aberta, mas logo se vai, quando torna a fechá-la e depois os sons dos passos firmes em minha direção e de repente algumas flores atrapalham a minha visão sobre os papéis. E
— Capitão Rogério, eu sei que o senhor gostaria de me manter bem longe do seu trabalho, mas a sua atitude atrapalha o meu trabalho. Eu preciso do senhor, tanto quanto o senhor precisa de mim. Acho que deveria pensar melhor nisso — digo de um modo calmo, porém ríspido o bastante para ele fechar a cara pra mim.— Não estou querendo atrapalhar seu trabalho Sampaio. Só tenho a vida agitada demais, você sabe. Eu corro atrás de criminosos, não tenho tempo para ficar dando satisfações dos meus passos — As palavras ditas de forma dura e direta não me atingem como ele pensou que aconteceria. Muito pelo contrário. Eu me inclino sobre o tampo da mesa e os olhos rígidos me encaram sem titubear.— Para isso dar certo capitão Rogério, nós teremos que nos entender. Prometo que não vou atrapalhar o seu trabalho, mas preciso das informações de antemão se quisermos jogar esse infeliz na cadeia — sou direta. — A final isso aqui não é uma concorrência. É uma questão importante, onde vidas estão em jogo.
Marcos AlbuquerqueNão acredito. Ela disse que estava com dor de cabeça? É sério isso? Dor de cabeça? Isso está ficando cansativo, eu querendo ficar juntinho e o destino conspirando contra mim. Bom, é aquela história... " Se Maomé não vai a montanha, a montanha vai a Maomé". De banho tomado, uma roupa casual e um bom vinho em mãos, eu entro no meu carro e sigo para casa da minha advogada preferida. Quando estaciono o carro em frente à sua casa, olho as horas e merda!— Meia noite e meia — resmungo. — Espero não a assustar com a minha vinda sem aviso — falo baixinho saindo do carro. Alcanço a porta, toco a campainha e aguardo ansioso que abra a porta. Estranho a sua demora em fazer isso e começo a me sentir culpado. Será que ela realmente estava com dor de cabeça e dormiu como disse que ia fazer? Por debaixo da porta, noto algum movimento na sala.— Quem é? — escuto a voz de Mônica do outro lado da porta. Abro um sorriso que não tem tamanho e penso afobado, ela está acordada.— Ab
— Aaah, é? E que segundas intenções seriam essas? — pergunta curiosa. Em seus olhos há um brilho de felicidade genuína, sorrio por dentro por saber que sou o responsável por isso.— Acho que você pode imaginar quais seriam essas segundas intenções senhorita Sampaio. — Pisco um olho e pego um pedaço do queijo, o levando a boca.— Huuum! Se for o que eu estou pensando, quero cada uma dessas más intenções — sussurra Caralho! Essa mulher vai me levar ao limite. Solto uma gargalhada, olhando para o berço imediatamente e vejo que Isabelly nem se mexeu. Eu a beijo na boca e o beijo segue pelo seu queixo, trilhando um caminho curto até o seu ouvido e eu sussurro lá.— Safada! Amo sua safadeza, sabia? Você é uma loba na cama, Mônica Sampaio. — Deixo uma mordidinha ao terminar, sentindo a pele se arrepiar deliciosamente em minhas mãos e eu solto um grunhido.— Uma loba? — Ela solta uma risada baixa e eu a acompanho. Tomamos o nosso café da manhã entre uma brincadeira maliciosa e outra, entre b
Alguns dias depois... Mônica SampaioUma semana perfeitamente tranquila, por essa eu não esperava. Não houve mais nenhum tipo de ameaça, tudo está muito quieto e não sei dizer se isso é um bom sinal ou se devo ficar em alerta. Isabelly ainda está com Juliana e com a minha tia em Maceió. Sabe como é, seguro morreu de velho e tia Lupi é a única pessoa que eu conheço e em que posso confiar a criação de Belly caso algo me aconteça. Destemida, continuei com as investigações e essas andam melhor do que jamais imaginei. Através da denúncia do clube, descobrimos mais alguns cativeiros no subterrâneo como Mariana havia mencionado em seu depoimento, e consequentemente encontramos mais três boates espalhadas pela grande Rio, usadas pelos traficantes de mulheres e nessa ação, a federal conseguiu libertar pelo menos cento e cinquenta mulheres em uma única noite. Todas deram seus depoimentos e estão resguardadas no quadro de proteção às testemunhas e não posso deixar de dizer a parte que eu m
— Mônica, estou muito feliz em ver vocês juntos. — Ela começa um diálogo com um sorriso no rosto. — Vocês são tão lindos juntos! Foram feitos um para o outro — cantarola, pegando algumas coisas dentro da geladeira e as põe em cima do balcão. Eu apenas sorrio sem jeito para ela, sentindo as minhas bochechas queimarem no ato. Garanto que se eu não fosse morena, com certeza estaria igual a um tomate nessa hora.— Sabe, o Marcos precisava de alguém assim como você para colocá-lo na linha. Ele tinha uma vida muito desregrada, estávamos quase enlouquecendo com seu sistema de vida — diz enquanto corta alguns cubinhos de queijo branco e os põe em uma travessa quadrada de porcelana. Eu só consigo pensar... Isso porque ela não sabe como era a minha vida antes de conhecê-lo! Rio dos meus pensamentos. A verdade, é que é ele quem está me colocando na linha e ela não faz a menor ideia disso. Começo a ajudá-la com alguns cortes e enquanto a deixo falar. Minutos depois, montamos uma bela tábua de fr
Mônica Sampaio— Então doutora Mônica, a senhora representará a senhorita Aline Jordana de Alencar e Mariana Vieira de Vasconcelos. Elas são nossas testemunhas principais e só comparecerão ao fórum no instante em que pegarmos o Alessandro e seu braço direito, o Pimentel. Estamos perto, descobrimos alguns rastros deles, seria bom se a senhora andasse com seguranças a todo instante. A senhora tem muitas provas que podem vir a destruir de vez essa quadrilha. Sem falar que foi a senhora quem desbaratou e entregou boa parte dos locais onde efetuamos várias prisões. Eles podem estar de olho na senhora, em seus movimentos... O capitão Rogério explica e orienta, mas posso dizer que fiquei tensa com as palavras dele.— E o tal Fassini? — procuro saber.— Desse não descobrimos nada. Talvez o cara nem exista de verdade.— Não podemos descartar nenhuma possibilidade capitão.— Achamos que o nome Fassini pode ser um tipo de código. — Ele me interrompe. Eu bufo impaciente. — Sobre os seguranças...
— Isso é o que eu chamo de sorte nos negócios e sorte no amor — Jordana fala entrando na minha sala logo depois da Clara. Finjo irritação para as duas e solto o verbo.— Vocês não têm o que fazer não? — Ambas arqueiam as sobrancelhas e saem da sala dando risadinhas. Meu sorriso não morre esse parece que se tornou eterno. Então com um suspiro e volto o meu olhar para a minha mesa...— Temos muito para fazer doutora Mônica Sampaio! — Escuto a voz da Jordana que põe rapidamente a cabeça na porta e sai o mais rápido possível dali.— Tchau, sua vaca sortuda! — Clara replica saindo e fechando a porta atrás de si.— Malucas! — digo ainda sorrindo feito uma boba.***Entre uma audiência e outra, não paro nem para almoçar. Faço apenas um lanche na sala mesmo, enquanto estudo o mais novo caso que recebi. Uma simples acusação de roubo. Anoto alguns tópicos em minha agenda para pesquisa e coloco alguns papéis dentro da minha pasta para estudar depois. Já é final de tarde quando resolvo parar e i