Minha Morte, Sua Loucura!
Minha Morte, Sua Loucura!
Por: Mário Lima
Capítulo 1
Kennard olhou para o calendário e seu rosto ficou ainda mais frio.

— Três dias já, e Irene, essa mulher maldosa, ainda não admite seu erro!

Agnes se aproximou por trás de Kennard, massageando suavemente seus ombros.

— Talvez devêssemos deixar pra lá, Luna não trancou o depósito de propósito...

Kennard virou-se, segurou a mão de Agnes, e sua expressão suavizou.

— Como esposa de um Alfa, ela não pode ser tão maldosa! Foi ela quem te trancou no depósito e ainda quer fugir da responsabilidade, recusando-se a admitir o erro. Com um temperamento tão arrogante, ela não merece ser a luna da alcateia, nem ser respeitada! Se Irene fosse tão compreensiva quanto você, seria melhor.

— Irene só está com medo de que eu te afaste dela, por isso me trancou no depósito, para me punir e me manter longe.

Kennard ficou em silêncio por um momento e então chamou o secretário.

— Irene já admitiu o erro?

— Não, não há som algum do frigorífico, Alfa. Talvez devêssemos soltá-la, antes que algo ruim aconteça.

— Continue a mantê-la lá! Até que ela implore por perdão!

Kennard, com o rosto fechado, dispensou o secretário com um gesto impaciente, enquanto Agnes sorria, satisfeita.

Minha alma pairava ao lado, sorrindo amargamente.

Três dias atrás, já estava sem vida.

Este frigorífico abandonado era utilizado para congelar e interrogar prisioneiros de alcateias vizinhas, mas depois de um curto-circuito, nunca foi consertado.

As paredes escuras estavam marcadas com profundos arranhões de lobisomens, manchados de sangue.

Após me trancarem, por algum motivo, o frigorífico foi ligado.

A névoa fria encheu o espaço em um instante.

Em pouco tempo, a temperatura caiu para menos cinquenta graus!

Eu gritei desesperadamente, mas ninguém respondeu.

No início, ainda havia vozes esporádicas do lado de fora, mas meus apelos foram recebidos com frieza pelos guardas.

— O Alfa Kennard quer que Luna reflita bem aqui, não nos coloque em apuros.

— Abra a porta, o frigorífico está ligado, está frio e escuro demais aqui, chame o curandeiro da alcateia!

Mas não houve resposta do lado de fora, todos se foram.

Apertei as roupas contra o corpo, procurando desesperadamente por algo que pudesse me aquecer.

Usei minhas garras de loba para arranhar e tatear ao redor, na esperança de encontrar uma saída secreta.

Lutando contra o medo do frio e da escuridão, corria de um lado para outro para me aquecer.

Mas, depois de tatear todos os arranhões de lobisomens e manchas de sangue seco, ainda não encontrei saída.

Quando percebi que morreria congelada ali, senti uma dor aguda e fria no coração.

Não sei quando, mas vi algo encolhido no canto - era o meu corpo.

Meus olhos, cheios de desespero e resistência, estavam abertos, minhas garras sangrentas, unhas quebradas, revelando os ossos brancos.

Novas marcas de sangue e garras se misturaram às antigas.

Tentei me aproximar do meu corpo, mas no segundo seguinte, minha alma foi sugada por uma força e transportada instantaneamente para junto de Kennard.

Observando a interação entre eles dois e ouvindo o que diziam, tudo parecia tão absurdo e cômico.

"Kennard, você quer que eu troque minha vida por esse pedido de desculpas ridículo? Na próxima vida, eu não quero te encontrar novamente!"

Eu os acompanhava de lado, vendo Kennard e Agnes trocarem olhares, o amor nos olhos de ambos quase transbordando.

Meu coração doía profundamente.

— Kennard, amanhã tem a exposição, você pode ir comigo?

— Claro, mas descanse cedo hoje.

Assim que Agnes se virou, um trovão ribombou do lado de fora da janela.

A luz do relâmpago iluminou o quarto por um instante, e Agnes, fingindo medo, se jogou nos braços de Kennard.

— Vai chover à noite, e você sempre teve medo de trovões desde pequena. Vou dormir com você esta noite.

Agnes, fingindo ser forte, se afastou, ficando a um passo de Kennard. Sua mão pairou no ar por um momento, como se saboreasse o abraço recém-interrompido.

— A Luna sempre se incomoda com a minha presença. Se souber que você ficou comigo, ela vai fazer um escândalo, agir como uma criança mimada...

Kennard levantou-se, contrariado, segurando a mão de Agnes.

— Você e eu crescemos juntos, como irmãos. Irene é a mimada, sempre implicando com tudo. Não se preocupe com ela.

Agnes se agarrou ao braço de Kennard, manhosamente.

— Com o Alfa da alcateia ao meu lado, esta noite sou a pessoa mais feliz do mundo. Podemos dormir no mesmo quarto e você vai me contar histórias de ninar, como nos velhos tempos!

Kennard olhou para Agnes, tocou levemente o nariz dela com carinho e a levou para o quarto.

Eu os observava, pareciam um casal apaixonado, enquanto eu me sentia como a intrusa espiando a felicidade alheia.

Um mês atrás, Agnes voltou para o local onde ela e Kennard cresceram, alegando querer reviver as alegrias da infância, e se instalou em nossa casa.

Eu me opus, mas Kennard reagiu com raiva, me acusando de ser insensível e sem coração.

— Ela está sozinha agora, e crescemos juntos. Não vou deixar ela morar sozinha, não é seguro!

Antes de nos tornarmos parceiros, Kennard me deixou sozinha, dizendo para eu encontrar um apartamento qualquer, sem se preocupar com a minha segurança.

Na época, ele disse: — Irene, quero que esperemos até a noite de núpcias para morarmos juntos. Até lá, vamos manter uma certa distância para manter nosso amor fresco.

Pensando agora, talvez Kennard nunca tenha me amado. Só de pensar nisso, meu coração se aperta tanto que mal consigo respirar.

Kennard levou Agnes para o quarto principal.

Aquele deveria ser meu quarto, mas desde que Agnes chegou, Kennard me pediu para deixá-lo.

Tudo isso porque Agnes disse que gostava da luz do sol que entrava no quarto principal.
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