Sarah Chego ao meu apartamento e paro em frente minha porta sentindo o olhar do Philip sobre os meus ombros. — Quer entrar? — pergunto segurando o choro. — Sim — ele fala. Entramos juntos e tiro os sapatos, bolsa e todas as peças adicionais a roupa, como o casaco que usava. — Desculpa pelo que aconteceu, não deveria ter deixado me envolver tanto, perdi o controle da situação. — Não tem o que se desculpar, eu vi como sua família te desgasta, nunca tinha visto essa Sarah, nem quando brigava comigo no trabalho — ele diz e solto uma risada fraca. — Ah — ele diz sorrindo. — Um sorriso, é alguma coisa. Philip sempre tentava me alegrar, até quando me irritava me fazia rir, odiava perder a pose perto dele, mas era inevitável. Como alguém consegue te fazer sentir tão bem, só por existir? — Quer conversar? — ele pergunta e eu nego com a cabeça, não falo pois sei que minha voz estava embargada. As lágrimas que tanto segurei teimavam em cair, olho para baixo na intenção de me
Sarah Ficamos em silêncio de novo, até que ele volta a perguntar. — Eu sei o que te trouxe de volta para essa cidade fria, mas o que levou a Sergipe? Sei que foi o trabalho, mas o que te fez pensar nesse lugar? Nunca contei a história completa, na verdade nunca ninguém quis saber, mas ele parecia realmente interessado em saber. Vencendo meus medos, respiro fundo e começo a contar. — Eu comecei a pensar nisso logo depois de ficar noiva... — ele me interrompe. — Já foi casada? — Não — tomo um gole do vinho tentando fazer ele perceber o incômodo que tenho desse assunto. — Oh, desculpe, continue — ele fala num tom compreensivo. - Não me leve a mal, essa parte da história tem haver com o meu pai, e vai ter que ficar para uma outra noite — digo e ele sorri. — Ah, teremos outra noite? — Está me dispensando? — Jamais, por mim nem iria mais embora do seu apartamento — ele diz e sorri. Sorri com isso. Ele fica em silêncio esperando que eu continue contando. — Eu pensei no emprego
SarahO fim de semana passou voando, assim como a semana seguinte. Mais uma semana concluída, é uma semana a menos aqui em Porto Alegre. No domingo fomos jantar com a irmã, o cunhado e as sobrinhas do Philip, foi uma tarde tranquila, mesmo eu estando com receio de encontrar com minha família naquele bairro, o Philip conseguiu me convencer a ir, e agradeço aos céus por isso. Apesar do dia caótico que tive, ir com ele no domingo alegrou e iluminou o meu final de semana. As crianças e a Mônica fazem falta por aqui. Depois do jantar, ficamos um pouco para conversar e brincar com as crianças, mas não demoramos muito, pois íamos trabalhar no dia seguinte, todos nós adultos, e a Laurinha tinha aula, e a Liz acordava cedo para ir a creche. Fico feliz por as coisas estarem dando certo para eles.A semana que seguiu foi bem calma no trabalho, apesar das dificuldades que sempre passo, e os problemas surpresas que aparecem.Eu e o Philip conseguimos sobreviver há algumas horas perto um do outr
SarahDepois desse dia cheio, a única coisa que preciso é de uma boa comida, um banho longo e uma boa noite de sono.Falo isso enquanto vejo os segundos passarem no meu relógio. Finalmente o fim do expediente chega e posso fazer o que tanto planejava, ir embora. Arrumo minhas coisas rapidamente antes de sair do prédio.Saio do trabalho o mais rápido que o de costume, sei que tenho que falar com o Phil em algum momento a respeito da conversa animadora que tive com a Britney, mas não quero que esse conversa seja aqui na empresa, e sei que apesar de saber controlar a língua não sei controlar a cara, prefiro não o ver até lá.— Sarah — ouço ele me chamar. Assim que passo pelo seu setor no intuito de chegar até à garagem. Paro de caminhar no mesmo segundo.— Obrigada universo — digo olhando para cima. — Oi — digo me virando para ele que vinha logo atrás de mim.— Para onde vai com tanta pressa e... — ele faz uma pausa e olha para o relógio em seu pulso. — E tão cedo.— Não estava com press
Sarah Ficamos ali nos olhando por longos segundos, que mais pereciam horas. Ele finalmente me olha nos olhos e fica assim por um tempo. Não sei o que ele espera ou o que está pensando, só sei que ele parece apreensivo, e também parece estudar bem o que vai dizer. Ainda espero uma resposta dele. Podem ter si passado apenas dois minutos, mas para mim, faziam horas que estávamos ali. Não sinto mais fome ou vontade de olhar para essa comida. Estávamos apenas a luz da lua e das velas, e aquilo me incomodava ainda mais, e acho que a ele também. Aqueles olhos que me fuzilaram por tanto tempo agora estão fixados no chão. Ele se levanta e acende a luz, e depois apaga as velas na mesa. — Acho melhor eu ir embora — digo para ele assim que ele volta a se sentar. — Eu nunca namorei com a Britney, mas ela se insinuou para mim algumas vezes, saímos uma vez e depois disso todo o escritório estava sabendo, ela inventou muitas coisas e espalhou para todo o escritório que estávamos namorand
Sarah Depois vejo a mensagem da Sami e era uma foto dos três, Sami, Antony e Paulinha, segurando a foto da ultrassom do Paulinho. Essa sim é a mais perfeita das fotos. A alegria deles me deixa feliz, amo essa família. Paro de sorrir ao encarar a última mensagem não lida na lista. Penso algumas vezes antes de abrir a mensagem do Philip, vejo que foi mandada já mais ou menos 20 minutos atrás. Mensagem on. Estou te esperando com uma bela torta de desculpas. Você não fez nada. Alguns segundos se passam... Eu disse bobeiras, não penso da forma que disse, podemos conversar? Está tarde, falamos amanhã. Mensagem off. Ele não respondeu mais nada, acho que ouviu meu conselho. Deixo o meu celular no sofá, e encaro a vista pela minha varanda. Nada muda, não importa o quanto eu tente, não consigo parar de pensar nele. Fico perdida em meus pensamentos e de repente ouço algumas batidas leves na porta. Respiro fundo, levanto e abro a porta, já sabendo quem estava do outro lado da por
Sarah Nos últimos sábados e domingos que passei com o Phil não trabalhei nada, passeamos pela cidade, ficamos fazendo nada no apartamento ou ficamos com as sobrinhas dele e a sua irmã e cunhado. Fomos ao shopping algumas vezes, visitamos os parques que tem na cidade, as crianças amam quando fazemos esses passeios. As vezes buscamos elas para os pais terem um pouco de privacidade, um casal merece um tempo sozinhos para se curtir. Lembro de levá-las ao parque perto da casa da Mônica novamente, aquele que ia quando criança. Ela foi brincar com as crianças. Mas sempre a pegava me olhando, assim como eu fazia com a minha mãe, quando era criança. Eu estava com a Liz no colo aquele dia, uma das babás sentou ao meu lado e conversamos. O Philip não pode ir comigo e fui apenas com as crianças, quando vi já estava cercada de mães e babás, elas brincavam com a Liz ainda no meu colo e conversamos. Fiquei feliz em fazer amizades tão rápido. Vi elas outras vezes quando ia com as meninas. S
Sarah — Desculpa vim sem avisar, mandei mensagem e você não respondeu — ele diz percorrendo os olhos pelo meu corpo e em seguida olhando para os meus amigos. — Está linda — ele me elogia. Sei que estou vermelha agora. — Bem vindo — Sami fala. — Ela nunca nos responde. — Que exagero — digo para eles. — De qualquer forma, já vou indo, não sabia que estava com visitas — ele fala sem graça. — Não precisa — digo para ele. — Esses são meus amigos, aqueles que te falei e também os que você falou uma vez por chamada de vídeo. A Sami, a minha afilhada Paulinha e o meu amigo e marido e pai dela, o Antony - falo os apresentando. - Esse é o Philip. Eles se cumprimentam com os olhares apenas e sorrisos largos. — É, pode ficar se quiser — Antony fala e estranho sua súbita gentileza. — É que estou com a mesa posta para o café lá em casa — ele tenta explicar o motivo porque tem que ir. Me lembro que ele havia me convidado, mas eu havia ignorado o convite. — Mas vocês não querem tomar café co