— Anda, fala logo e para com esse suspense! — Exigi, preocupado.— Segundo as informações que tivemos, o Marcos Montreal, ou Marcos Montez, morreu há três anos, certo? — Balancei a cabeça, confirmando e ele continuou: — Mas segundo a investigação que eu fiz esses últimos dias essa informação não é correta não. — Como assim? Você não está querendo dizer que ele… — Exatamente! — Diz, interrompendo minhas últimas palavras. — Mas isso é impossível. Segundo as investigações, ele morreu no acidente. Como ele está vivo? Como você chegou a essa conclusão?— Perguntei, com um misto de surpresa e descrença. — Você me mandou investigar a Famat e limpar o nome da Jules dos contratos, pois bem, eu fiz isso. Enquanto estava investigando, eu descobri algumas informações que não estavam batendo. — Como assim? Vá direto ao ponto, Daniel! — Digo, ansioso. Não estou conseguindo assimilar essa informação. O Marcos Montreal, vivo? Isso não pode ser. — Calma aí, nervosinho! Eu estou contando as minhas
— Eu não tenho nada para falar com você! — Ela responde, irritada, e, pelo tom alterado, está pronta para desligar, mas eu sou mais rápido. — Tem certeza? É sobre o seu marido e umas descobertas que fiz — falei rápido, impedindo-a. — Janete, eu sei que você não gosta de mim e pode ter seus motivos para isso, mas eu realmente preciso falar com você. Ouço seu suspiro pesado. Ela não responde por um bom tempo, mas só de estar pensando já é um bom sinal. — Sobre o que é? Você por acaso descobriu algum podre do Marcos e está pensando em usar isso para ameaçar a Jules? — Pergunta sarcástica. É, toda aquela simpatia que ela tem por mim, aparentemente já não existe mais. — Não, eu não estou querendo usar nada para ameaçar a Jules, os problemas que eu tinha com ela não existem mais. — Mesmo? Então agora você gosta dela? — Fala irônica. — Janete, eu estou falando sério. Além do mais, você pode ter ficado com raiva e tudo mais, mas sua filha foi quem começou isso tudo, não eu e muito menos
— Pronto, já terminamos o nosso jantar, podemos começar logo o que viemos fazer aqui? — Diz, depois de terminar o prato principal. Eu já terminei faz um tempo. Depois que os garçons limpam nossa mesa, eu pego o notebook na minha bolsa e também os arquivos que trouxe. — Janete, antes de começar, eu quero pedir que esteja preparada — aviso e ela me olha com preocupação. Acho que ela não era assim tão inocente, deve saber que o marido não era muito correto. — O que você descobriu é assim tão grave? — Questiona olhando os arquivos na minha mão. — Sim, é bastante grave. — faço uma pausa enquanto arrumo os papéis na mesa e ela se ajeita na cadeira demonstrando ansiedade— Bom, vamos começar do começo. Quando eu decidi tirar a Jules da presidência, eu investiguei todos os investimentos, contratos assinados e todas as contas, a minha intenção era comprar as dívidas e assim tomar o controle pagando os processos e foi isso que eu fiz inicialmente.— Você é muito calculista! — Fala entredent
— Você não sabe mesmo qual é o meu objetivo? — Perguntei e ela negou com a cabeça. — Sinceramente, eu não faço ideia. Eu acho que se sua intenção fosse prejudicar minha filha para continuar com sua vingança, você teria ido direto pra ela, com essas informações, certo? Apesar do seu semblante estar acabado, essas descobertas realmente fizeram um estrago nela, mas ainda assim, sua voz está firme agora. Eu balanço minha cabeça concordando e ela ergue a sobrancelha. — Então desembucha, o que você quer com isso? E por quê vir falar comigo? — Para a primeira pergunta, a minha resposta é que eu quero proteger a Jules— assim que ouve minhas palavras ela ri sarcástica—, você pode não acreditar, mas é exatamente esse o meu objetivo, o que nos leva à resposta da sua segunda pergunta. Janete, você sabe e já me contou que a Jules guarda até hoje as cicatrizes por ter brigado com o pai e ele ter morrido— faço aspas com os dedos— sem falar com ela, então você pode imaginar que esse homem está vi
— Eu não quero a cabeça dele, isso seria fácil demais— digo também rindo. — Quer tortura primeiro? Para mim é bom também— bocejou de novo. — Cara, você não dormiu a noite não? Que sono todo é esse? — questiono e ele gargalha. — Tem coisas mais interessantes para fazer a noite além de dormir, você sabe, né! — bufa— Mas isso não vem ao caso agora. Então o que você quer que eu faça, quem é o sujeito e o que exatamente ele te fez? — Ele pergunta e depois vem um barulho de algo caindo. — Caralho! — O que houve? Tá vendo, isso que dá ficar se divertindo a noite toda— falei rindo e ele grita mais alguns xingamentos do outro lado. Esse tem um vocabulário bem peculiar. — Continue rindo, daqui a pouco mando você se foder junto com essa porcaria de cafeteira! Que porra de trem ruim do caralho! É melhor eu pedir um café, não vai sair nada que preste dessa merda!— rosna e pelo barulho, parece que acaba de jogar a cafeteira no lixo. Esse tem paciência zero para lidar com problemas. — Cadê seu
JULES MONTEZ Olho as marcas no meu corpo e sinto as lágrimas escapando dos meus olhos. Eu não deveria ter deixado isso acontecer, foi muita burrice da minha parte, mas já foi, aconteceu e ponto. Foi a última vez. Solto um longo suspiro e entro embaixo do chuveiro, preciso de um bom banho para acordar e reagir, pois lá no apartamento eu não me lavei direito, não queria correr o risco do Samuel acordar e eu ainda está lá. Tento não pensar nele enquanto a água quente escorre pelo meu corpo e eu esfrego os lugares onde ele tocou e beijou, eu tentei, mas não resisti em não pensar e desejar sentir tudo de novo. — Jules, está aí? — Minha mãe grita da porta quando já estou me secando. — Está tudo bem? — Pergunta encarando-me atentamente. — Sim, eu estou bem. Por quê? —Minto, mas pela sua cara, ela sabe bem do meu real estado. — Você dormiu com ele, não é? — Olha as marcas no meu pescoço e arqueia a sobrancelha. — Mãe, eu…— Tudo bem, está tudo bem — me puxa para sentar na cama. — Jules,
— Fala! Agora eu fiquei curiosa, o que aconteceu para você ficar com essa cara aí! E não adianta mentir, eu conheço bem você e vi sua mudança. — Digo quando ele fica calado. — Não foi nada. — Ah, Edu, pra cima de mim! Pode falar o que houve, nós somos amigos ou não? — Puxo-o e nos sentamos no sofá que tem no canto do escritório. — Vocês se encontraram e ela não te recebeu bem?— Jules, eu até tentei me encontrar com ela, mas aparentemente ela está me evitando — diz cabisbaixo. — Por que você acha isso? — Eu fui vê-la no apartamento que ela tá ficando, lá onde você mora…— Morava! — Corrijo.— Morava?— ergue as sobrancelhas, demonstrando claramente que não acredita muito nisso, pelo menos, não que isso seja definitivo. — Então, continue. — Bom, eu fui lá e a funcionária disse que ela não estava, mas eu sei que estava, ela só não quis me receber. Depois eu a vi de longe no restaurante, ela estava com aquela Verônica que agora está trabalhando na sua Construtora— torci a cara assi
— Tem certeza que ela ainda não te procurou? — Pergunta e agora está mais frio do que antes. — Léo, o que aconteceu dessa vez? — Nem preciso forçar uma irritação. O Léo sempre se considera o certo da história, não aceita ser contrariado, nunca, e todas as vezes é a Marina quem sai perdendo na briga. — A Marina realmente não me ligou hoje— minto descaradamente, tenho certeza que ele merece— o que foi que você fez com ela, você intimidou ela de novo? — Pergunto e o ouço resmungando algo que não entendi e depois suspirar.— Pergunta pra sua amiga! E quando ela te ligar, avise que não adianta ela fugir, e é melhor ela vir resolver logo essa porra! — Esbraveja e desliga. Agora além de grosso, virou sem educação também. Bom, isso só me deixou ainda mais preocupada com minha amiga e o que aconteceu entre esses dois. Coloquei o endereço no gps, mas antes de sair envio uma mensagem para minha mãe avisando que vou me atrasar, eu não sei que horas vou voltar. O lugar é longe pra caramba e eu d