KAELA:Entrar em minha casa foi surrealista e doloroso; a ausência de meu pai era aterradora. O lar, que antes transbordava de sua clara presença, agora estava imerso em um silêncio quase tangível. Olhei para meu Beta sem esconder minhas lágrimas. Uns passos arrastados fizeram com que eu me virasse para ver minha avó com os braços estendidos para mim. Deixei-me abraçar e ser examinada em tudo o que quis; seu toque caloroso era um consolo que me fazia falta.Depois, passos firmes ressoaram na entrada da casa. Ao me virar, encontrei um jovem impressionante, como ver meu Beta em sua juventude. —Meu Alfa, não sei se se lembra do meu filho Ancel; supõe-se que ele será seu Beta —apresentou-o Rouf com um sorriso de orgulho que iluminava seu rosto.—Meu Alfa, estou à sua inteira disposição —disse Ancel, inclinando-se respeitosamente diante de mim.—Levante-se, Ancel. Claro que me lembro de você, mas por enquanto desejo que seu pai continue sendo o Beta. Você será meu assistente pessoal, se n
KAESAR:Estava furioso, tanto que queria ver sangue. Aproveitando que já tinha meus guerreiros ali, exigi que me seguissem. Iríamos caçar, entre o cio e a raiva de ter falhado com Kaela, a minha Lua. Estávamos descontrolados; precisava de ação para não correr em direção a ela.Somos lobos; ninguém se perguntou por que eu queria caçar em um dia como aquele, em que a neve não parava de cair. O ar me trouxe o uivo da minha Lua; ela estava segura em sua matilha, e isso me fez reagir. Nos aprofundamos mais na floresta, a neve rangia sob nossas patas. Seguímos uma manada de búfalos; precisava liberar toda a frustração.Meus guerreiros e eu nos lançamos atrás deles, um arranque de pura adrenalina que avivava em mim um sentimento de liberdade desenfreada. À medida que nos aproximávamos de nossas presas, por um momento, tudo parece
KAESAR:Aproximei-me devagar da janela. Podia ouvir o roçar das garras contra a pedra, cada vez mais próximo, seguindo exatamente o mesmo caminho que eu havia trilhado minutos antes. Permaneci nas sombras, contendo minha energia para não alertar o intruso, enquanto ouvia o padrão familiar de movimentos: primeiro a beirada do primeiro andar, depois a saliência de pedra, e agora as trepadeiras que subiam até esta janela.O aroma que chegava do exterior me soava inquietantemente familiar, mas a escuridão da noite e a posição da lua nova me impediam de identificar claramente quem se aproximava. Meus músculos se tensionaram, preparados para defender Kaela se fosse necessário, enquanto observava como uma silhueta começava a se desenhar no caixilho da janela.—É um lobo dos Arteones, conheço seu cheiro —sussurrou meu lobo Kian em minha mente, fazendo com que e
KAELA:Olhei para meu Beta, que parecia nervoso; meu olfato me dizia que não era ele, mas que estavam tentando separá-lo de mim. Olhei para Kaesar, que aparentemente compartilhava minhas mesmas suspeitas. —Meu alfa, alfa Kaesar —falou o Beta, caindo de joelhos diante de mim—. Juro que não tenho nada a ver com isso. Fui fiel toda a minha vida ao alfa e à matilha. Caminhei devagar e fechei a porta, ciente de que havia outros ouvindo e murmurando sobre o que havia acontecido e minha suspeita em relação ao Beta. Mas, acima de tudo, era pela presença de Kaesar em meu quarto. Sentia que precisava manter a calma para desenterrar a verdade que se escondia entre as sombras da traição. A confiança, um laço frágil, pendia dos fios daquelas palavras pronunciadas com tanta desesperação. —Levante-se —ordenei suavemen
KAELA:Olhei fixamente para ele, tentando controlar o tremor e o calor que me percorriam. Em seu olhar havia algo que eu não havia visto antes: uma certeza carregada de ternura que cutucou meu coração.—Sim, estou certa —afirmei com mais convicção do que realmente sentia.Kaesar soltou uma risada suave que não era zombaria, mas a certeza de que eu estava mentindo. Nós nos conhecíamos desde crianças; nunca consegui esconder nada dele. Ele conhecia minhas emoções, podia me ler como um livro aberto; sempre pôde fazê-lo.Senti minha loba, Laila, inquieta, ciente de que não conseguiríamos resistir a ele. Ele era nossa metade, nosso companheiro destinado pela deusa Lua. Mas, acima de tudo, apesar de eu ter lhe dito que havia usado supressores, ele podia sentir que eu não o havia feito; estávamos no cio.—Não é isso que estou sentido, minha Lua —disse com um tom que prometia uma noite tumultuada—. Nem você nem eu conseguiremos aguentar. Prometo não marcar você nem fazer nada que não queira,
LUNA ARTEMIA: Todo ao meu redor estava quebrado; eu havia explodido em fúria devido ao fato de que todo o meu plano havia desmoronado pela imprudência de Artemí, a garota que escolhi da matilha dos Arteones, da qual eu procedia. Meu plano meticulosamente traçado com a ajuda do meu irmão, o alfa da minha matilha, agora estava despedaçado. Artemí, de joelhos no meio do seu quarto, me olhava aterrorizada. — Minha Lua, eu realmente não acreditava que Kaesar ficasse furioso porque eu o visitasse em seu quarto. Você me disse que ele havia entrado no cio e que era minha oportunidade, mas aquela ômega... — ela parou, esquivando-se de um vaso que eu havia lhe lançado. — Tudo está destruído por sua causa. Eu sabia que você era uma menina mimada pelo seu pai, mas você é bela e imaginei que meu filho não conseguiria resistir aos seus encantos, mas não, você teve que estragar tudo — gritei, com os olhos vermelhos de fúria. O ar havia se tornado pesado, carregado com a tensão e o ressentimen
LUNA ARTEMIA:Olhei para Artea com ódio e, ao mesmo tempo, com curiosidade. Precisava entender mais sobre Kaela e tudo o que havia acontecido, mas, acima de tudo, como ela havia conseguido escapar do palácio. Ordenei que a vigiassem bem, não importando que o beta Otar a tivesse escolhido junto com a ômega Nina para que passassem o cio com o alfa, algo que era normal entre eles. O poderoso colar mágico que Kaela usava no pescoço, que os bruxos me garantiram que seria invisível para todos, impediria que a reconhecessem. — Vão me dizer ou eu tenho que adivinhar? — perguntei ao ver que não falavam. — O que foi que aconteceu? — Kaela se tornou uma loba Alfa Real! — exclamaram os dois ao mesmo tempo, ainda com a incredulidade refletida em seus rostos. — Isso é impossível, só resta um alfa real, meu filho! — quase gritei, sem conseguir acreditar nas palavras deles. — A Lua do alfa Ridel não era um alfa real. Eles não puderam gerar uma filha de seu linhagem. Fiquei atônita com essa no
KAELA:Havia dormido toda a minha vida sozinha; eu adorava isso. Ter a cama só para mim me fascinava, mas ao dormir abraçada ao corpo de Kaesar —quente, forte, viril—, sentindo seus fortes braços envolvendo meu corpo e sua respiração compassada, não conseguia imaginar voltar a fazer isso sem ele. Olhei para ele com incredulidade; era bonito. Apesar de ter crescido, seu rosto ainda era o mesmo que eu lembrava da nossa infância. Acomodei seu cabelo longe de seu rosto com delicadeza para não despertá-lo.Sorri ao lembrar tudo o que ele tinha feito na noite anterior. Lembro do seu rosto quando me levantei sem roupa para ir ao banheiro; ele me olhava com verdadeira complacência e admiração. Depois, correu atrás de mim, assim como eu, nu. E o que aconteceu no banheiro foi algo que eu jamais tinha imaginado. Mesmo quando hesitei e pedi para ele me fazer sua, ele não o fez