— Eu aconselho que você não venha até a delegacia – Ricardo disse a ela do outro lado da linha –, sua presença pode confundir o delegado e ele até mesmo pensar que Giovana está agindo sob pressão.— Eu compreendo – ele passou a mão sobre o rosto, sem saber se sentia aliviado ou preocupado com aquilo –, quais as chances de isso dar certo?— Não tem porque não dar – a voz firme de Ricardo transparecia segurança a ele, mas nem mesmo assim Antony sentia-se confiante – o Xavier já solicitou as filmagens do hospital. Em breve esse pesadelo terminará.Antony fechou os olhos e soltou um longo suspiro, antes de, enfim, prosseguir.— Cuide da Giovana por mim – o pedido pegou Ricardo de surpresa, mas ele decidiu não comentar nada –, eu irei para casa descansar um pouco.— Não se preocupe, ela voltará para os seus braços em breve – ironizou, mas Antony não se importou, apenas sorriu porque ninguém estava ali para ver.Logo a ligação foi encerrada. Atrás de Ricardo, Giovana esperava impaciente ele
Xavier se apressou em direção ao delegado e se reuniram com portas fechadas por vários minutos. Ricardo insistia para que Giovana voltasse para casa, mas ela não estava disposta a sair da delegacia sem entender os fatos.Depois de muito insistir, ela concordou. Eram mais de nove horas quando eles chegaram à mansão.— Tem certeza de que consegue fazer isso? –, Ricardo segurava nos dois ombros dela e olhava profundamente em seus olhos, – eu posso subir com você e falar com ele.Ricardo conhecia Antony tão bem que previa qual seria a reação dele. Tentava poupar Giovana de mais um estresse, mas ela permanecia irredutível na sua decisão.— Eu preciso fazer isso –, disse ela com os olhos marejados, – tudo o que está acontecendo é culpa minha.— Não piore mais as coisas carregando um peso que não é seu –, a puxou, abraçando-a fortemente, – o Xavier dará um jeito de impedir que isso aconteça.Essa ainda era a única esperança que Giovana tinha, que Xavier livrasse Antony da prisão. Giovana se
Giovana franziu os lábios em um sorriso ao ouvir isso - Giovana franziu os lábios em um sorriso ao ouvir isso. O pedido feito com tanto carinho amoleceu o seu coração. Parecia até um sonho, ver seu marido apaixonado, ou seria um delírio? Por um instante ela quis recuar, mas os olhos de Antony não permitiram.— Tudo bem – disse ela suavemente.Quando Antony levantou a mão acariciando o seu rosto e a beijando novamente, ela lembrou das palavras dele. Ser o seu marido pela última vez parecia uma sentença precipitada e injusta, e Giovana não queria que isso acontecesse.Com o toque dos lábios o desejo por ela foi despertado. Ele não tinha pressa. Dessa vez era diferente que todas as outras. A sua respiração era quente como fogo contra sua pele. Ela ficou finalmente sem folego quando se afastou para olhá-lo mais uma vez.— Não será a última vez – Antony segurou o queixo dela e o ergueu, mordendo seus lábios como se ainda estivesse insatisfeito – eu não vou embora.— Eu também não vou – bei
Xavier corria atrás dos policiais antes deles saírem da mansão com Antony algemado.— Tire as algemas dele – pediu, embora o policial que levava Antony não tivesse gostado nada do tom que ele havia usado –, por favor.— Não – respondeu em um tom autoritário e irritado e continuou levando Antony para fora da casa, ignorando completamente o advogado.Antony olhou para ele, antes de ser colocado no carro, indicando para Xavier não insistir. Além dos portões da mansão, os jornalistas cercavam a casa. Antony ficou extremamente irritado quando viu o delegado responsável pela sua prisão dando uma entrevista com um sorriso no rosto, como se Antony fosse um prêmio que ele havia conquistado.O caminho até a delegacia foi o mais longo de toda a vida de Antony. Era como um filme passando diante dos seus olhos e tudo o que ele conquistou fosse ficando lentamente para trás. Logo o seu rosto estaria em todos os meios de comunicação e ele seria a notícia principal por vários meses, como bilionário qu
Giovana continuava sentada no último degrau da escada, com as mãos no rosto, de olhos fechados, enquanto as lágrimas escorriam pelos seus olhos. Tania havia lhe oferecido uma xícara com café, que ela prontamente recusou. A empregada insistia que Giovana precisava se alimentar pelo bem do bebê, mas Giovana sentia que nada poderia descer pela sua garganta.A dor era insuportável, tanto no coração dela quanto em sua cabeça, que latejava sem parar.— Eu sei que esse não é o momento de falarmos sobre isso –, Ricardo tocou-lhe os joelhos delicadamente, – mas o Antony pediu para que eu levasse você para longe daqui.Embora tivesse concordado com Antony, Giovana ainda resistia à ideia de ter que partir, deixando tudo para trás. O coração dela se contorceu em agonia e Ricardo desejou sofrer no lugar dela.— Você também concorda com ele sobre eu vender minhas ações? – Perguntou ela com uma voz trêmula.— Sim, eu concordo –, disse Ricardo, abaixando o olhar, – a empresa começou a passar por séri
O céu, daquela manhã de outono, estava nublado encobrindo todo o sol. Antony olhava pelas grades, acima da sua cabeça, onde conseguia ver as nuvens negras. Na noite passada teve muito tempo para pensar sobre o que de fato tornou-se sua vida. Tinha consciência do que viria depois da sua prisão e das consequências que teria que enfrentar, embora o seu coração estivesse ferido, ele não se desesperou. Ele era inocente, e certamente provaria isso ao mundo.Ainda vestia a mesma roupa de quando foi preso. Estava sujo e com fome e ninguém, além de Xavier, havia ido visitá-lo. Certamente Giovana o visitaria se ele não a tivesse impedido. Lembrou-se dela e o seu coração sangrou ainda mais. Pela primeira vez estava odiando ter que decepcioná-la e imaginou os olhos tristonhos dela ao ouvir que ele não queria mais vê-la.Passos vindo em sua direção rompeu seus pensamentos. Quando Antony se virou, viu dois guardas, encarando-o com severidade. Presumiu que eles haviam vindo buscá-lo para levar até o
Quando Giovana chegou na casa cercada por montanhas e árvores, percebeu que Antony havia pensado muito sobre onde a esconderia das maldades de Irma. Ali ninguém a encontraria.Quando pisou os pés na casa, foi recebida pela mulher do caseiro. No entanto, as palavras dela lhe causaram uma enorme dor.— Seja bem-vinda, Giovana – a mulher a abraçou, agindo como se a conhecesse há muito tempo – , preparamos tudo como o senhor Antony pediu, para a chegada de vocês.Que sensação foi essa que veio com a dor? Indagou Giovana sem saber distinguir o que de fato acontecia.— Quando a senhora conversou com o Antony?Giovana não pretendia de modo algum ser mal-educada e não cumprimentar a mulher, agradecendo a ela todo o empenho em recebê-la tão bem, no entanto, a curiosidade em saber dos passos do marido foi maior que ela mesma.— Há dois dias, senhora – respondeu-lhe – , mas desse assunto o senhor Antony sempre tratou com o meu marido. Eu fui encarregada apenas de preparar a casa para a senhora
Antony sentiu como se vivesse o inferno na terra. Suas impressões digitais foram coletadas e uma foto registrada, antes dele caminhar por aqueles corredores e ser jogado em uma cela individual. O lugar cheirava mal, mas não era tão sombrio como a cela da delegacia.O colchão desgastado e sem forro revelou os dias difíceis que ele passaria ali. Agora vestido como um prisioneiro, Antony olhou para as paredes amareladas de sujeira e se perguntou em que momento ele enlouqueceria de vez.O tempo demorou a passar. Quando saiu para fazer sua primeira refeição junto aos outros detentos, percebeu o quanto sua vida seria difícil a partir dali. Sentou-se isolado dos outros e tentou não manter contato visual com nenhum deles. Antony não tinha nenhuma intenção de fazer novos amigos no presídio e só quando chegou ali, percebeu o quanto precisava ser inocentado rapidamente.Quando já entardecia, os guardas vieram o buscar e o levaram a sala de visitas. Antony nunca imaginou que ficaria tão feliz em