Quando os seus olhos abriram, Giovana sentiu a visão ficar embaçada. Ela amassou o cobertor branco do hospital em suas mãos e mordeu o lábio inferior com tanta força e irritação que poderia machucá-los.Estava tudo escuro e silencioso. Ela não sabia por quanto tempo havia dormido. Sua cabeça já não doía tanto, mas ela precisava se levantar e ir ao banheiro imediatamente. Ergueu o corpo com dificuldade e sentiu sua coluna estalar. Quando se colocou de pé, quase caiu para trás. Sua cabeça girou e suas pernas perderam completamente as forças.Não havia ninguém ali para socorrê-la. De repente ela viu vagamente alguém do lado de fora. A sombra parecia ser de uma mulher. Seu coração se aliviou quando ela pensou poder ser a enfermeira que veio para ajudá-la, mas quando a porta do quarto se abriu, Giovana empalideceu e segurou o lençol da cama com tanta força que suas mãos ficaram sem cor, enquanto encarava a mulher a sua frente com raiva.Irma vestia uma roupa de enfermeira e tinha uma bande
Passando um longo tempo, Giovana abriu finalmente os olhos lentamente e se viu em um quarto totalmente diferente. Ela arregalou os olhos em pânico, quando se lembrou de Irma cortando os seus pulsos. Uma dor latejante tomou seus braços. Era quase insuportável. Quando levantou a cabeça para observar, percebeu que já não havia sangue. Seus braços estavam com ataduras e uma agulha intravenosa penetrava sua pele.Enquanto ela se mexia na cama, escutou uma voz abafada e quando se virou deparou-se com Matteo ao seu lado.Giovana se encolheu assustada. Quem seria o próximo a lhe fazer mal?—Não precisa ficar com medo — a voz dele era doce, como quando ela o conheceu pela primeira vez.Matteo ergueu o braço e acariciou os cabelos de Giovana com afeto.—O que você está fazendo aqui? — Dessa vez, ela se ergueu sentando-se na cama, —onde está o Antony?A pergunta dela fez o comportamento dele mudar. Matteo recolheu a mão e o seu semblante ficou sombrio de repente.—Você se lembra do que aconteceu
Vendo a expressão inquieta no rosto de Antony, Giovana só conseguiu pensar no pior. Tomada pelo medo, ela se enrolou na pequena cama e com um gesto agarrou as mãos dele.— Eu sei que ela tentou me matar, Antony – as palavras quase perdiam na sua ofegância, como se Giovana estivesse com dificuldade para respirar – não denuncie a Irma. Ela ainda não superou a morte da Gina.— E por isso quer matar a única filha que sobrou? – era claro que Antony não se conformava com aquilo – mas eu já deveria estar preparado para isso.— Do que está falando? Uma ruga se formou na testa dela.Antony pensou que talvez fosse melhor não contar toda a verdade para Giovana. Ela parecia tão cansada e fraca e certamente precisava descansar para se recuperar o mais rápido possível. As emoções daquele dia já haviam sido suficientes para ela.— Vamos conversar sobre isso depois – ele desviou o olhar para longe do dela e se afastou, quebrando qualquer contato – você precisa descansar, pelo bem do nosso filho.— Fa
Aquela foi a noite mais perturbadora dos últimos dias para Antony. Deitou-se na cama vazia e observou o lado que Giovana sempre dormiu. A sensação da solidão consumiu o seu sono. Ele odiava sentir-se vulnerável como se dependesse de alguém para viver.No dia seguinte levantou-se decidido a voltar a trabalhar. Reuniu seus seguranças e ordenou que alguns deles fossem para o hospital garantir a segurança de Giovana. Ele não permitiria nem que Matteo e Irma se aproximassem dela novamente.Embora sentisse vontade de ir até o hospital certificar de como Giovana estava naquela manhã, Antony seguiu direto para a empresa. Ele queria ocupar a mente para não pensar tanto nos últimos acontecimentos. Ele apenas garantiria a segurança da mulher sem precisar vê-la.Ligou para a Tania ainda no caminho, avisando a ela para que permanecesse no hospital, que ele não voltaria naquele dia para visitá-la. Chegou ao trabalho debaixo de um céu límpido, sem nenhum vestígio da tempestade da noite anterior.Enq
Andreas olhava para Antony, que tinha o rosto contorcido pelo ódio. O que havia em Matteo que fazia o meio-irmão o odiar tanto? Observou a secretaria entrar com uma bandeja nas mãos trêmulas. Ela certamente derrubaria aquilo a qualquer momento, fazendo o humor de Antony piorar.— Pode deixar que eu faço isso – ele agarrou as mãos de Valeria, amparando a bandeja, enquanto sorria para ele.Antony lançou um olhar questionador até Andreas, perguntando quais eram as verdadeiras intenções dele. O observou encher um copo e o servir, enquanto Ricardo se retirava do escritório em completo silêncio.Melhor assim, Antony não estava com humor para lidar com outro traidor. Quando se deu conta, Andreas já tinha colocado o copo sobre sua mesa e estava sentado de frente para ele, como se esperasse ansiosamente para ter uma longa conversa com o meio-irmão.Aliás, meio-irmão era um termo que Andreas simplesmente odiava. Ele não via Antony assim, por mais que fossem irmãos apenas por parte de pai, para
Giovana não deveria ficar perplexa com o comportamento de Antony. Quando observou ele passar por ela em silêncio, ela congelou. Antony também se sentia nervosa, embora jamais admitisse, ele queria saber como Giovana estava, mas se silenciou.Ouviu a porta do quarto bater e quando saiu do banheiro se viu sozinho com ela novamente.Giovana não parecia disposta a iniciar uma conversa. Ela continuava evitando olhar para Antony e fingindo que a indiferença dele não a atingia.— Deveria ter me avisado que recebeu alta – disse pigarreando, com a voz fria.— Eu deveria ter avisado? – Giovana observou o homem com perplexidade, – você realmente iria querer saber Antony?No instante em que ela disse isso, uma expressão estupefata surgiu no rosto de Antony.— Se eu não me importasse com a sua segurança, não teria enviado os meus funcionários para protegê-la.Dizendo isso, Antony virou as costas para ela, disposto a sair dali o mais rápido possível. Ele havia tido um dia ruim. Discutir com Giovana
Em seus dias ruins, Antony era cruel, mas naquele dia ele resolveu colocar um sorriso no rosto e ignorar completamente a imaturidade da mulher. Só podia ser a gravidez deixando Giovana louca, não tinha outra explicação, pensou ele. Ainda assim, ele olhou para os dois e fingiu não se importar com Matteo abraçando sua esposa.O rosto de Giovana ficou vermelho e ela arregalou os olhos para Antony sabendo que havia cometido uma grande loucura. Quando se aproximava dele, viu-o virar as costas e em um tom frio dizer-lhe.— Já que concluiu o que queria aqui, pode voltar para casa – sentou-se na sua mesa em frente a ela, mas evitou olhar em seus olhos, – vou pedir para que o meu motorista a leve.Giovana engoliu todas as palavras que estavam na ponta da língua e virou-se para sair. Embora soubesse que Antony estava furioso, ele não demonstrava e isso a deixou bastante confusa.— Você fica, Matteo – a voz dele interrompeu as intenções do homem que parou ainda em frente à porta, observando Giov
Caía um temporal lá fora. O vento gelado que batia contra a cortina foi de encontro à pele de Giovana, fazendo ela se encolher. Vestia uma camisola de seda vermelha, bem acima do joelho. Estava descalça, enquanto olhava pela janela esperando Antony voltar.Seu relógio já ia marcar dez horas da noite e Antony ainda não havia chegado.Certamente fazia aquilo para puni-la pela sua desobediência. Embora soubesse o quanto Antony esperou pelo momento exato para demitir Matteo, ela jamais poderia permitir tal injustiça. O seu atraso era apenas para puni-la.Giovana deixou escapar um suspiro de alívio quando viu Antony chegar em casa. Agora ela poderia se deitar e dormir, ainda que sentisse um enorme desejo de ir até o seu quarto vê-lo como estava. Apenas escutou a porta do quarto de hóspedes abrir e se fechar logo em seguida.Esperou que ele fosse vê-la, saber como estava, mas Antony não foi. Ela deveria ficar frustrada com isso? Claro que não, a própria Giovana havia determinado que eles do