Aquela foi a noite mais perturbadora dos últimos dias para Antony. Deitou-se na cama vazia e observou o lado que Giovana sempre dormiu. A sensação da solidão consumiu o seu sono. Ele odiava sentir-se vulnerável como se dependesse de alguém para viver.No dia seguinte levantou-se decidido a voltar a trabalhar. Reuniu seus seguranças e ordenou que alguns deles fossem para o hospital garantir a segurança de Giovana. Ele não permitiria nem que Matteo e Irma se aproximassem dela novamente.Embora sentisse vontade de ir até o hospital certificar de como Giovana estava naquela manhã, Antony seguiu direto para a empresa. Ele queria ocupar a mente para não pensar tanto nos últimos acontecimentos. Ele apenas garantiria a segurança da mulher sem precisar vê-la.Ligou para a Tania ainda no caminho, avisando a ela para que permanecesse no hospital, que ele não voltaria naquele dia para visitá-la. Chegou ao trabalho debaixo de um céu límpido, sem nenhum vestígio da tempestade da noite anterior.Enq
Andreas olhava para Antony, que tinha o rosto contorcido pelo ódio. O que havia em Matteo que fazia o meio-irmão o odiar tanto? Observou a secretaria entrar com uma bandeja nas mãos trêmulas. Ela certamente derrubaria aquilo a qualquer momento, fazendo o humor de Antony piorar.— Pode deixar que eu faço isso – ele agarrou as mãos de Valeria, amparando a bandeja, enquanto sorria para ele.Antony lançou um olhar questionador até Andreas, perguntando quais eram as verdadeiras intenções dele. O observou encher um copo e o servir, enquanto Ricardo se retirava do escritório em completo silêncio.Melhor assim, Antony não estava com humor para lidar com outro traidor. Quando se deu conta, Andreas já tinha colocado o copo sobre sua mesa e estava sentado de frente para ele, como se esperasse ansiosamente para ter uma longa conversa com o meio-irmão.Aliás, meio-irmão era um termo que Andreas simplesmente odiava. Ele não via Antony assim, por mais que fossem irmãos apenas por parte de pai, para
Giovana não deveria ficar perplexa com o comportamento de Antony. Quando observou ele passar por ela em silêncio, ela congelou. Antony também se sentia nervosa, embora jamais admitisse, ele queria saber como Giovana estava, mas se silenciou.Ouviu a porta do quarto bater e quando saiu do banheiro se viu sozinho com ela novamente.Giovana não parecia disposta a iniciar uma conversa. Ela continuava evitando olhar para Antony e fingindo que a indiferença dele não a atingia.— Deveria ter me avisado que recebeu alta – disse pigarreando, com a voz fria.— Eu deveria ter avisado? – Giovana observou o homem com perplexidade, – você realmente iria querer saber Antony?No instante em que ela disse isso, uma expressão estupefata surgiu no rosto de Antony.— Se eu não me importasse com a sua segurança, não teria enviado os meus funcionários para protegê-la.Dizendo isso, Antony virou as costas para ela, disposto a sair dali o mais rápido possível. Ele havia tido um dia ruim. Discutir com Giovana
Em seus dias ruins, Antony era cruel, mas naquele dia ele resolveu colocar um sorriso no rosto e ignorar completamente a imaturidade da mulher. Só podia ser a gravidez deixando Giovana louca, não tinha outra explicação, pensou ele. Ainda assim, ele olhou para os dois e fingiu não se importar com Matteo abraçando sua esposa.O rosto de Giovana ficou vermelho e ela arregalou os olhos para Antony sabendo que havia cometido uma grande loucura. Quando se aproximava dele, viu-o virar as costas e em um tom frio dizer-lhe.— Já que concluiu o que queria aqui, pode voltar para casa – sentou-se na sua mesa em frente a ela, mas evitou olhar em seus olhos, – vou pedir para que o meu motorista a leve.Giovana engoliu todas as palavras que estavam na ponta da língua e virou-se para sair. Embora soubesse que Antony estava furioso, ele não demonstrava e isso a deixou bastante confusa.— Você fica, Matteo – a voz dele interrompeu as intenções do homem que parou ainda em frente à porta, observando Giov
Caía um temporal lá fora. O vento gelado que batia contra a cortina foi de encontro à pele de Giovana, fazendo ela se encolher. Vestia uma camisola de seda vermelha, bem acima do joelho. Estava descalça, enquanto olhava pela janela esperando Antony voltar.Seu relógio já ia marcar dez horas da noite e Antony ainda não havia chegado.Certamente fazia aquilo para puni-la pela sua desobediência. Embora soubesse o quanto Antony esperou pelo momento exato para demitir Matteo, ela jamais poderia permitir tal injustiça. O seu atraso era apenas para puni-la.Giovana deixou escapar um suspiro de alívio quando viu Antony chegar em casa. Agora ela poderia se deitar e dormir, ainda que sentisse um enorme desejo de ir até o seu quarto vê-lo como estava. Apenas escutou a porta do quarto de hóspedes abrir e se fechar logo em seguida.Esperou que ele fosse vê-la, saber como estava, mas Antony não foi. Ela deveria ficar frustrada com isso? Claro que não, a própria Giovana havia determinado que eles do
Matteo mal podia acreditar que precisaria acordar cedo todas as manhãs para ir servir Antony, o homem que ele odiava. No caminho ao trabalho lembrou-se de Valeria. A secretaria era certamente apaixonada pelo patrão muito antes do primeiro divórcio dele. Ela seria uma arma poderosa para separar Antony de Giovana.Pensando que não havia mais nada a perder, Matteo engoliu a indignação e apressou o passo em direção à empresa. Antony pagaria por cada humilhação que fizera ele passar e de sobra, perderia Giovana para sempre.Chegou mais cedo do que de costume. Vestiu seu uniforme, que ele detestava e esperou pacientemente Valeria chegar, enquanto fingia trabalhar.Quando avistou a mulher sair do elevador e o olhar dela se encontrou com o seu, Matteo respirou fundo, como se estivesse tomando coragem e disse:— Bom dia, senhorita, Valeria.Mas Valeria nem sequer olhou em seus olhos. Abaixou a cabeça e em um tom seco o respondeu sem grande animação.— Bom dia – declarou ela, sentando-se e igno
Xavier observava as intenções de Valeria, enquanto escutava o relato de Antony. Ele parecia tão transtornado que mal percebeu o erro que cometera. Quando a secretaria saiu da sala, Xavier indagou curioso.— Há quanto tempo essa moça trabalha para você? – a pergunta fez Antony parar o que estava falando e olhar intrigado para Xavier.— De quem você estaria falando? – Lembrou-se então a presença de Valeria minutos antes, – da minha secretaria?— Exatamente –, Xavier esperou ansioso e preocupado pela resposta dele.— Não me diga haver interesse nela –, um olhar malicioso atravessou o olhar de Antony, fazendo Xavier ficar visivelmente incomodado.— De modo algum, eu sou um homem muito bem-casado –, pigarreou, limpando a garganta.— Não me diga que continua fiel a sua esposa mesmo após tantos anos de casado?Antony soltou um sorriso, de modo algum com intenções de ofender Xavier, mas porque ele realmente não acreditava que aquilo deveria ser possível.— Da mesma maneira que você foi fiel a
Giovana estava apreensiva. Ao mesmo tempo em que pensava em não aceitar o pedido de Antony, sentia que aquela era a sua grande chance de provar a ele o seu valor. Caminhava de um lado ao outro quando o seu celular tocou.Olhou o identificador de chamada e seu coração se apertou ainda mais. Atendeu a ligação fechando os olhos sabendo exatamente o que a pessoa do outro lado diria.— Oi Giovana – Ricardo parecia triste, ela conseguiu perceber isso na sua voz – a essa altura o Antony fez o pedido a você.Ela inspirou o ar com pungência antes de abrir os olhos e responder.— Sim, ele fez – respondeu rapidamente, coçando o couro cabeludo. Ela sentia o suor coçar sua cabeça – presumo que foi ele quem pediu para você me ligar.— Está enganada – uma longa pausa ocorreu do outro lado da linha. Era nítido que Ricardo sentia-se incomodado em falar sobre aquilo – eu e o Antony brigamos.Outra longa pausa e Giovana ficou se perguntando qual parte da história ela havia perdido. Em que momento