Clair subiu rapidamente para o quarto, sentindo o peso das emoções da viagem junto com o cansaço do voo. Colocou as malas no canto, trocou de roupa para algo mais confortável e respirou fundo antes de voltar para a cozinha.Denise a esperava com um sorriso curioso e uma panela borbulhando no fogão.— Agora me conta tudo! — ela disse, servindo dois pratos e se sentando à mesa com Clair.Clair pegou o garfo e ficou mexendo na comida, tentando organizar seus pensamentos.— A viagem foi… intensa — ela começou, escolhendo as palavras com cuidado.Denise arqueou a sobrancelha.— Intensa? Isso tem nome?Clair suspirou, olhando para a tia.— Cedrick.Denise sorriu, como se já soubesse.— Eu imaginei. E o que aconteceu entre vocês?Clair desviou o olhar, mordendo o lábio inferior.— Eu não sei bem… Ele é diferente do que imaginei. Às vezes, é frio e mandão, mas em outros momentos, parece querer me proteger de tudo. E então… — Ela parou, hesitante.— E então? — Denise a encorajou.— Nós nos apr
Clair achava que estava conseguindo manter tudo sob controle, mas, no fundo, sentia falta da presença intensa de Cedrick. Ele não fazia mais investidas, não a chamava para almoçar, não a segurava pela cintura em eventos… Era como se a viagem à Espanha nunca tivesse acontecido.Porém, o que ela não sabia era que Cedrick a observava sempre. Disfarçadamente, acompanhava seus passos pelas câmeras de segurança, como se precisasse confirmar que ela estava ali, que ainda era dele de alguma forma.Certa noite, quando Clair estava terminando de revisar um relatório, recebeu um e-mail curto e direto de Cedrick:“Preciso falar com você. Sala de reuniões, agora.”Seu coração acelerou. Fazia tempo que eles não ficavam sozinhos em um ambiente fechado. Respirando fundo, pegou seu bloco de anotações e foi até lá.Quando entrou, ele estava de pé, com as mãos nos bolsos da calça social e a expressão indecifrável.— Feche a porta, Clair.Ela hesitou, mas obedeceu.— O que foi, senhor Lorenzze?Ele estre
Denise sabia que algo estava acontecendo com sua sobrinha. Clair sempre foi uma menina doce, mas ultimamente estava distante, com um olhar perdido e pouco apetite.Suspirou, olhando para a panela no fogão. Queria ajudar, mas sabia que Clair só falaria quando estivesse pronta.— Essa menina está diferente… — murmurou para si mesma.Decidida, preparou um chá de camomila e bateu levemente na porta do quarto de Clair.— Filha, posso entrar?Clair, que estava deitada olhando para o teto, demorou um instante antes de responder:— Pode, tia.Denise entrou, colocou a xícara de chá na mesinha ao lado e se sentou na beira da cama, olhando para a sobrinha com carinho.— Querida, sei que algo está te incomodando. Você quer conversar?Clair engoliu em seco. Parte dela queria desabafar, contar tudo o que estava sentindo, mas a outra parte…O que ela poderia dizer? Que estava confusa porque seu chefe, um homem arrogante e lindo, a beijou e despertou nela sentimentos que nem ela sabia que tinha?— Eu
Clair tentou se concentrar no trabalho, mas a ansiedade a consumia. Cada minuto parecia uma eternidade. Ela digitava alguns relatórios, organizava a agenda de Cedrick, mas sua mente estava longe dali.Cedrick percebeu seu comportamento estranho.— Você está bem, Clair? — Ele perguntou, encostado na porta de sua sala.Ela forçou um sorriso e assentiu.— Sim, senhor Lorenzze, só uma noite difícil.Ele arqueou a sobrancelha, claramente não convencido, mas não insistiu.O tempo passou lentamente até que, perto do horário do almoço, o celular de Clair vibrou. Era uma mensagem de Denise:“Filha, pode vir para casa? Peguei o resultado.”O coração de Clair disparou. Ela respirou fundo e levantou-se.— Senhor Lorenzze, preciso sair por uma hora, é algo pessoal — informou, tentando manter a voz firme.Cedrick apenas assentiu, mas seus olhos a seguiram com atenção enquanto ela saía apressada da empresa.Assim que chegou em casa, encontrou Denise sentada à mesa com o envelope do exame nas mãos.—
Denise preocupada com a demora de Clair, resolveu ligar para a sobrinha, porém quem atendeu foi Cedrick.Ela ficou surpresa ao ouvir a voz do chefe de Clair do outro lado da linha.— senhor Cedrick? O que você está fazendo com o telefone da Clair? Cadê minha sobrinha? — sua voz denunciava a preocupação.Cedrick respirou fundo antes de responder.— Dona Denise, Clair desmaiou no corredor da empresa. Estou levando ela ao hospital agora.Do outro lado da linha, o silêncio de Denise foi cortado por um suspiro pesado.— Eu vou para lá agora! Em qual hospital vocês estão indo?— Estou levando para o melhor hospital da cidade. Assim que chegarmos, mando a localização. Não se preocupe, estou cuidando dela.— Só me avise assim que chegarem — disse Denise, tentando manter a calma.Cedrick desligou e apertou o volante com força. Algo dentro dele dizia que esse desmaio era mais do que apenas cansaço. E ele precisava saber a verdade.Cedrick caminhava de um lado para o outro na sala de espera, im
Quando Clair recebeu alta e foi levada para casa por Cedrick, tia Denise estava ao lado dela, como sempre, oferecendo o apoio necessário. Apesar do dia difícil e das incertezas que rondavam Clair, Denise era seu alicerce. Cedrick, por sua vez, parecia estar mais atento do que nunca, suas atitudes carregadas de uma preocupação visível.— Clair, você precisa descansar, — Cedrick disse com um tom sério, ao entrar na sala e ver Clair se ajeitando no sofá. — Farei tudo o que for preciso para garantir que você tenha o melhor cuidado.Tia Denise concordava com ele, já organizando o ambiente para garantir que Clair tivesse um espaço confortável para se recuperar. Ela sempre confiou no julgamento de Cedrick, especialmente em questões de trabalho e organização, mas agora ela também se via dividida, tentando equilibrar o lado protetor da mãe com a responsabilidade profissional de Cedrick.— Ela precisa de calma, Cedrick. — Denise falou suavemente enquanto ajeitava um cobertor sobre Clair. — Mas
Cedrick avisou que Clair tinha uma consulta hoje pela manhã, com um obstetra que ele mesmo tinha marcado. Clair suspirou, sabendo que não adiantaria discutir. Cedrick era insistente, e, no fundo, ela sabia que ele só queria garantir que tudo estava bem com o bebê.— Você já marcou a consulta sem nem me perguntar? — ela cruzou os braços, olhando para ele.— Se eu perguntasse, você teria aceitado? — Cedrick arqueou a sobrancelha. — Prefiro garantir que você e nosso filho estejam bem.Tia Denise riu baixinho, achando graça na dinâmica dos dois.— Ele tem um ponto, Clair. Vá se arrumar, minha filha.Clair revirou os olhos, mas não conseguiu conter um sorriso discreto. Cedrick sempre tinha um jeito autoritário, mas, de alguma forma, aquilo a fazia sentir-se protegida.Pouco depois, já vestida com um vestido confortável, Clair desceu e encontrou Cedrick a esperando na sala. Sem dizer nada, ele segurou sua mão e a guiou até o carro.O caminho até a clínica foi silencioso, mas um silêncio co
Denise e Vaiola estavam completamente imersas nos preparativos da recepção. Embora Clair e Cedrick tenham concordado em algo simples, as duas não deixariam que o casamento passasse despercebido.— Nada de exageros, apenas um toque de sofisticação e aconchego. — Vaiola comentou, analisando um catálogo de arranjos florais.— Exatamente! Algo que combine com a Clair. Ela nunca gostou de muita ostentação. — Denise concordou, enquanto anotava ideias em um caderno.Clair, sentada no sofá da cobertura, observava as duas animadas, sem ter muito espaço para opinar.— Vocês perceberam que a noiva está aqui, certo? — Ela disse, cruzando os braços com um sorriso divertido.Denise piscou para ela.— Sim, mas sabemos que você vai concordar com tudo. Confiamos no seu bom gosto.Cedrick entrou na sala naquele momento, terminando uma ligação, e arqueou a sobrancelha ao ver sua mãe e Denise empolgadas.— Isso parece perigoso. Já estão planejando algo grandioso?— Nada disso. Algo simples e elegante. —