O livroO som dos sapatos de salto de Elvira ecoava pelas escadas do casarão. Desde o momento em que tocou a barriga daquela humana, e teve aquela visão, um pressentimento sombrio se alojou em sua mente. Havia algo naquela mulher… algo que a deixava inquieta, como se um fio invisível as ligasse de uma forma que Elvira não podia compreender.“Será que você é ela?”, Elvira sussurrou.Seus pensamentos estavam tão dispersos que quase não percebeu o cheiro estranho que invadiu suas narinas.Um cheiro metálico e acre, que desapareceu tão rápido quanto surgira, e ela o ignorou.Elvira estreitou os olhos e continuou descendo as escadas, seus movimentos graciosos escondendo a inquietação que sentia. Chegou à biblioteca, um lugar onde os segredos mais obscuros e proibidos estavam guardados.Ali, talvez, encontrasse respostas. Caminhou até uma estante no canto mais afastado, onde livros que ninguém ousava abrir estavam reunidos. Sua mão parou em um volume de capa negra, adornado com uma boca cos
HeleonoraElvira entrou pela janela estava entreaberta, permitindo que o cheiro de ervas e sangue fresco escapasse para fora. Ela se esgueirou para dentro, silenciosa como uma sombra.No centro do aposento, Elena estava deitada na cama, pálida como cera. Uma bolsa de sangue estava conectada ao braço dela, enquanto a velha bruxa, vestida com um manto escuro, aplicava uma substância espessa na ferida que antes parecia fatal. Para a surpresa de Elvira, a ferida estava cicatrizando com uma rapidez sobrenatural. A carne já se fechava diante de seus olhos, como se o tempo tivesse sido acelerado.“Ah, você finalmente apareceu,” disse a velha bruxa, sem desviar o olhar do que fazia. Sua voz era fria e cansada, como se a chegada de Elvira fosse tanto uma benção quanto um incômodo.Antes que Elvira pudesse responder, a porta do quarto foi escancarada. Rocco entrou com passos firmes, as botas deixando marcas de lama no chão. Ele segurava dois corações ensanguentados, seus dedos apertando os ór
Salve ElenaRocco recuou como se tivesse levado um golpe. Seus punhos se cerraram automaticamente, e seus olhos vibraram em puro ódio. Não podia ser verdade, mas ele sabia, no fundo, que não estava enganado. Heleonora, a mulher que o condenara à escuridão eterna, estava diante dele, no corpo da mãe de seus filhos."Heleonora…?" Ele sussurrou, tentando manter o controle de sua raiva. "O que faz no corpo dessa mulher?"Elena, ou melhor, Heleonora, inclinou a cabeça para o lado, analisando-o com um ar de superioridade. Ela passou os dedos pelo próprio braço, como se testasse o corpo que ocupava."Ah, meu querido, é tão bom ver que você ainda me reconhece." Ela deu uma risadinha cruel. "Estava ficando entediada. Esse corpo… ah, é uma ferramenta temporária. Mas tenho que admitir, é confortável o suficiente.""Saia dela agora!" Ele rosnou, avançando alguns passos."Calma, calma…" Heleonora levantou uma mão como se estivesse acalmando uma criança birrenta. "Você não quer machucar a mãe
ElenaOlhar estranhoAo abrir os olhos, a luz do quarto parece uma invasão de pequenos raios agudos, ofuscantes. Minha visão está embaçada, e sinto minha boca tão seca que parece um deserto. Tento me mover, mas meu corpo parece pesado demais, como se tivesse pedras amarradas aos meus membros. Vozes indistintas ecoam à distância, mas logo se tornam mais claras conforme minha consciência volta, trazendo com ela uma leve pontada de dor na cabeça."Foi um ataque de animal," diz uma voz feminina, que identifico como a de uma enfermeira."Que tipo de animal faz isso?" indaga outra voz, masculina, provavelmente do médico. "Viu as mordidas?""Sim, doutor," responde à enfermeira. "Mas nunca vi nada parecido. E... de quem será que ela está grávida? Sempre ouvi rumores sobre ela e o prefeito.""Isso não é da nossa conta," corta o médico, ríspido. "Ela está acordada, mas parece que ainda não está realmente aqui."Tento focar, mas minhas pálpebras estão pesadas. Respiro fundo, e um cansaço indescri
Elena Lembrei Saio do closet e, me deito com um suspiro pesado, o corpo cansado, como se cada movimento fosse um esforço. "Perguntei ao médico como estão os bebês.""Os bebês?" repito, surpresa. A ansiedade começa a crescer dentro de mim. "Como sabe que são dois?"Elvira não responde imediatamente. Ela me olha, antes de falar, sua voz distante, como se estivesse em outro mundo."Ele disse que o ferimento foi grave," ela diz, como se fosse algo rotineiro. "Mas que, se seguir as orientações, eles ficarão bem. Você precisa obedecer, Elena."“Porque disse ‘os bebês’?” insisto."Intuição", ela responde, olhando para mim não consigo decifrar. "Quando sua cabeça estiver boa, você entenderá."“Estou cansada disso. Fale o que aconteceu aqui, seja mais clara.” Minha voz sai mais firme do que eu queria.Nesse momento, uma voz rouca e forte chama por ela."Elvira."Nos viramos juntas, e um homem alto, de cabelos negros e olhar intenso, está à porta. Ele parece seguro de si, imponente, como se
RoccoPassei os últimos quinze dias tentando rastrear a criatura que atacou Elena, mas sem sucesso. Nem mesmo Bill conseguiu encontrar qualquer pista. A frustração começava a tomar conta de mim, um sentimento estranho e novo. Algo que, para alguém como eu, era um incômodo maior do que qualquer ferida. Decidi voltar para casa. Elena devia estar no casarão.“Bill, vamos embora,” ordenei, ainda examinando os arredores em busca de qualquer vestígio ou cheiro deles.“Quem atacou a loira gostosa escondeu bem seus rastros,” ele comentou, casualmente, mas as palavras fizeram meu sangue ferver como as lavas do inferno. Sem pensar duas vezes, avancei sobre ele, agarrando sua garganta. Meu lado híbrido emergiu, misturando-se à minha raiva.“Nunca mais se refira a ela dessa maneira,” rosnei, arremessando-o contra um carvalho enorme.Seu rosto apavorado trouxe uma satisfação sombria. Caminhei até onde ele estava caído, seus olhos arregalados de medo.“D… desculpe, senhor. Não pretendia ofendê-la,”
Ao entrar na sala e encontrar os dois juntos, uma onda de satisfação percorreu meu corpo. O todo-poderoso Rocco e sua humana patética. Não consegui evitar o sorriso que se formou em meus lábios. Tão clichê, tão previsível. Tenho certeza de que essa mulher será sua ruína. E eu estarei aqui para assistir.“Nieta, posso ouvir seus pensamentos,” sua voz grave cortou meus devaneios. Ele não parecia irritado, mas o suficiente para me lembrar de que ele sempre estava atento.“Querido, sabe muito bem que estou apenas dizendo a verdade. Vocês dois… simplesmente não combinam,” provoquei, deixando meu olhar repousar sobre a humana, que parecia pronta para responder, mas permaneceu em silêncio.Rocco estreitou os olhos. “Guarde sua opinião para você. E, a propósito, onde esteve es
Boa Leitura!💖Olá espero que estejam gostando desse livro,curta comente por favor ajuda muito o meu trabalho e assim fico sabendo se estão gostando se puderem add na sua biblioteca,me seguir na plataforma.Rocco acordou cedo como de costume, ansioso para observar o sol nascer pela imponente janela do castelo. Seus olhos brilhavam com a luz matinal, e o ritual era algo que ele realizava há quatro séculos. Lembrava-se de quando era um ser humano frágil e doente, que se afastava da pequena aldeia onde vivia para se embrenhar na mata e alcançar uma colina, onde se sentava para sentir o calor do sol em seu corpo fragil e doente,não queria morrer jovem,toda manhã ele fazia isso precisava se sentir vivo de algum jeito. Tudo isso mudou no dia em que encontrou Eleonora, sentada na mesma colina, esperando por ele. Sem cerimônia, ela o mordeu e lhe disse:"Se você gosta tanto da vida, lhe darei a imortalidade. Claro, se passar pelo processode transformação, nos encontraremos novamente", ele po