Um mês depois, terça-feira à noite.NatashaAndré me olha com firmeza.—Quero que marque ginecologista.—Ginecologista?—Sim. Inclusive fiz um convênio médico para você. Agora você é uma mulher e precisa de cuidados especiais.Ele pega uma carteirinha e a estende para mim.—Está certo eu marco —pego das mãos dele—Quero que peça algum contraceptivo. Outro dia ficamos tão loucos um pelo outro que nos esquecemos completamente da camisinha.Estudo seu rosto.—Você um dia planeja ter filhos comigo?—Claro. Que pergunta é essa agora?Fujo de seus olhos e observo minhas mãos nos colo, consciente que seus olhos estão fixos na minha figura de cabeça baixa.Foram essas íris acinzentadas, profundas e intensas que me conquistaram. Imediatamente me senti cativa delas.... Não era para menos, ele simplesmente é o homem mais lindo que eu já coloquei os olhos.Lindo, humano, apaixonado mas tudo isso entre quatro paredes. Nunca fomos a um lugar público.Cada dia que passa está sendo difícil acreditar
AndréSaio do banho, com uma toalha ao redor do meu quadril e sigo para o terraço para olhar o tempo.Sol. Poucas nuvens.Que bom. Não gosto de viajar com o tempo ruim.Recostado na grade da sacada sorrio com a bela visão de Natasha. A curva suave de seu lindo corpo está coberta pelo lençol branco. Apenas uma de suas lindas pernas está exposta.Uma parte dos cabelos castanho-escuros estão espalhados sobre o travesseiro a outra parte está encobrindo seu rosto de traços perfeitos. Ela se movimenta na cama. Abre os olhos e quando não me vê se senta assustada na cama. Seus olhos então me procuram pelo quarto e encontram os meus.Solto um longo suspiro e vou até ela. —Buongiorno (Bom dia) —digo e me sento na beirada da cama sentindo um grande aperto no coração por deixa-la esses dias sozinha.Ela me dá um sorriso triste e se senta segurando o lençol para cobrir seus seios.—Buongiorno.Ficamos um tempo calados nos olhando.—Vou sentir sua falta—confesso.—Eu também —diz e me olha silenci
AndréEstamos participando de mais um jantar entre tantos outros que já participamos. Fora as festinhas fora de ora.Arthur Romano é como meu pai. Um festeiro. Com a diferença que ele gasta o que tem. Não o que não tem.Hoje sustento as festas de meu pai, mas antes de assumir a construtora ele quase nos faliu com esse seu jeito de querer passar uma imagem diferente para a sociedade de sua realidade.Terminamos o jantar. Agora estamos falando sobre assuntos bobos e sem importância. Na verdade Helen. Eu apenas me abstenho em dar minha opinião sobre alguma coisa.O intuito é esse mesmo. Ela brilhar. Ela conquistar o cliente.Observo a equipe que trouxemos conosco. Eles conversam entre si. Sabem que não estou para conversas.Como sempre um jornalista se aproxima de nós para tirar uma foto. Quando ele se afasta fecho os olhos cansado de tudo isso.—Tudo bem?Sinto minha mão direita sendo tocada. Abro os olhos e encaro Helen com sua mão ainda em cima da minha. Nessa hora somos iluminados p
Sábado à noite...AndréEstou agora no suntuoso salão da casa de Arthur Romano. Trajando um smoking observo Helen dançar com o anfitrião da festa.Estou acostumado a esse tipo de evento. Conheci essa vida cedo e não preciso dizer que foi por causa de meu pai.Festas desse nível fizeram parte do meu mundo desde pequeno, mas hoje eu me sinto deslocado, sentindo-me forçado a desempenhar minha parte nesse espetáculo.Os minutos se arrastam lentamente enquanto observo o salão irradiando beleza e ostentação.Não vejo a hora de dar adeus a tudo isso. Estar num lugar paradisíaco ao lado da minha princesa.Quando a música chega ao seu final, Helen e Romano imediatamente me procuram com os olhos. Sem alternativa avanço na direção deles, mas no meio do caminho sou brecado por uma mulher que segura o meu braço.—André Sorrentino Nicolo. Sempre quis conhecê-lo pessoalmente. Você é bem mais alto do que eu imaginava. As fotos não fazem jus a você.—Obrigado. Com sua licença —eu a corto e avanço na d
Segunda, bem cedo.NatashaA imagem de Helen Narjan dançando coladinho com André e depois sentada no colo dele lhe dando um beijo na boca ainda pisca no meu cérebro.Até a lua brilhava atrás deles!Deus! Essa cena foi a gota d’agua.Sinto uma vontade enorme de chorar para ver se alivia está dor que domina meu peito.À despeito do que Lola dizia acreditei que André me realmente me achasse especial! Que ele gostasse de mim de verdade.E eu confiava nele!Mesmo sem entender fiz seu jogo. Permiti que ele levasse sua vida porque ele parecia precisar disso. Ele parecia realmente precisar desse tempo.No fundo, eu também achava que era muito cedo para exigir alguma coisa dele.Fui tão idiota!Deus! A confiança traída é um sentimento tão amargo. Como está sendo doloroso encarar a realidade que os sentimentos de André eram tão superficiais por mim. Com lágrimas nos olhos afasto os pensamentos que só me levam à beira do descontrole e começo a arrumar minha mala. Não vou levar nada do que ele m
Caminho roboticamente até a cama e me sento nela.Mas que catso! Minha mente tinha que falhar justo agora?—André, o que foi?Aperto os olhos a respiração ofegante. Fico por uns momentos assim.—Vou buscar um copo de água.Helen sai.Respire fundo e pense.Mal Lola abre a porta de seu apartamento eu já vou entrando.—André?—Onde ela está?—Quem?—Não brinque comigo, Lola. Claro que é Natasha!—Ela não está aqui.Eu não acredito!Caminho por todo seu apartamento. Nem cumprimento Jonas quando o encontro no meio do caminho. O esposo de Lola me olha sem entender. Lola me segue, tentando também entender minha reação.Quando caio na realidade que o apartamento de Lola está vazio e não há nenhum sinal de Natasha, meu coração se aperta em desgosto, as forças me abandonam e eu praticamente me jogo sentado no sofá de dois lugares de Lola. A cor some do meu rosto.—Jonas. Pega um copo de água com açúcar. Vamos! Rápido!Lola se senta ao meu lado. Eu encaro Lola como um morto vivo.—Ela me deixou
André—Come um pouco André.Dio! Eu tive tantos pratos diversificados na minha frente desde que Lola voltou....—Meu mal não é comida —digo pausadamente. Eu pareço uma vitrola riscada.—E eu sei disso, mas hoje você quase não comeu no almoço. Come esse lanche que eu fiz. Está gostoso.Sim ele está com uma cara boa. O problema é que essa angústia que sinto dentro do meu peito tem me arrancado a fome. Não saber o paradeiro de Natasha está atormentando minha mente dia e noite.Mordo sem vontade o sanduiche e o empurro para dentro com um gole do suco de laranja.—Isso. Está indo bem. Continue assim. Um pedaço do sanduiche, um gole do suco, um pedaço do sanduiche....Como o sanduiche inteiro sem saborear nada. Na verdade meus gestos ultimamente têm sido bem robóticos. Repetitivos. Levantar-me.Comer.Descansar.Comer de novo.Tomar banho.Tentar me distrair com a televisão.Dormir.Uma coisa posso dizer. Estou bem melhor de saúde. Por incrível que pareça. Aquela tremedeira que eu tinha de
Momentos depois estou vestindo por baixo de um vestido de algodão branco o biquíni que encontrei e que por coincidência é meu número. Pego a toalha e sigo pelo corredor que me levará até a cozinha. Há uma senhora cuidando do almoço. Ela imediatamente se vira para mim quando me avista.—Lisa, essa é Natasha Becker. Ela nos ajudará amanhã com a arrumação da festa —Eleonora diz e dá uma piscada para ela.Ela me avalia com os olhos por tempo demais. Chega a me incomodar. Acredito que por mal ter chegado e já poder desfrutar a praia.—Prazer em conhecê-la, Lisa—digo sem graça.Ela não diz nada, apenas acena um sim. Sinto a mão de Eleonora pinçando meu braço.—Antes de ir, sente-se.Ela me leva até uma mesa posta. Há mamão cortados em cubinhos. Pão francês, geleia, manteiga, croissant que parece ser de presunto e queijo e um bule de café fumegante. —É para mim? —Sim. Saco vazio não para em pé.A adrenalina corre minhas veias. Tá tudo meio esquisito. —Não gostou? —Eleonora corta os meus p